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Buenos Aires tem ótimos museus que combinam direitinho com o
roteiro clássico pelas atrações da cidade. O Malba (acima) fica em Palermo e tem um acervo sensacional |
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O Museu Fortabat (esq) combina com um passeio em Puerto Madero. O Museu Gardel está em Abasto, bairro marcado pelas memórias do Tango |
Entre as muitas coisas legais que tem pra ver e fazer em Buenos Aires estão cinco museus que eu curto e recomendo pra todo mundo.
Tem a maravilhosa coleção de arte moderna latino-americana do Malba e o acervo variado e "clássico" do Museu Nacional de Belas Artes.
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O Museu Nacional de Belas Artes (esq) está a um pulinho do Cemitério da Recoleta. A visita ao Museu de Arte Moderna de Buenos Aires (dir) encaixa direitinho em um roteiro pelo Bairro de San Telmo |
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Rodin: modelo em gesso para O Beijo, no Museu Nacional
de Belas Artes, na Recoleta |
Tem as vanguardas do Museu de Arte Moderna e o rico painel artístico do Museu Fortabat.
E tem, claro, as memórias do maior intérprete de tangos do planeta no Museu Casa de Carlos Gardel, lembrança de quem cantou a alma portenha como ninguém.
Localizados nos bairros da Recoleta, Palermo, San Telmo, Puerto Madero e Abasto, esses cinco cinco museus em Buenos aires têm acesso fácil (fora o Malba, todos são alcançáveis com o metrô) e estão próximos a outras atrações e combinam facilmente com outros passeios (que eu indico aqui no post).
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O Abaporu, de Tarsila do Amaral, no Malba, em Palermo |
No final do post tem um mapinha com todos os endereços desta viagem a Buenos Aires (passeios, restaurantes, shoppings, cafés, livrarias, museus...)
5 Museus em Buenos Aires
⭐Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (Malba)
Avenida Figueroa Alcorta 3415, Palermo
De quinta a segunda, das 12h às 20h. Quartas, até 21h. Fechado às terças-feiras.
Entrada: 900 pesos (R$ 39 no câmbio oficial ou R$ 23 no câmbio blue). Às quartas, 450 pesos. Estudantes, professores, aposentados e maiores de 60 anos pagam meia e entram grátis às quartas-feiras.
Malba
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A arquitetura do Malba é bem bacana e uma imensa parede
envidraçada integra o interior do museu ao verde do jardim ao redor |
O acervo do Malba é um painel riquíssimo do que foi produzido na nossa região em uma época especialmente ousada, criativa e efervescente nas artes visuais aqui nas nossas paragens.
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O Abaporu é a obra mais importante da coleção do Malba.
Em casa, a tela é exibida com uma proteção de vidro que atrapalha as fotos. A
imagem abaixo eu fiz na espetacular exposição
de Tarsila do Amaral no MoMA de Nova York, em 2018, quando o quadro foi
mostrado sem o vidro |
Foi no século passado que os artistas da América Latina sacudiram o verniz eurocêntrico das academias e buscaram uma estética que falasse de verdade sobre quem somos. Basta lembrar dos modernistas brasileiros e mexicanos para entender do que estou falando.
Sou fã incondicional do Malba, museu que me permite mergulhar nessa busca genial pelas identidades dos nossos países, em movimentos como o Neocriollo argentino, a Antropofagia dos modernistas brasileiros, o Universalismo Construtivo uruguaio e o Muralismo mexicano.
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Argentinos: Fitas (1924), de Xul Solar, e Vallombrosa (1916), de Emilio Pettoruti |
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Rua de Nova York (1920) e Construtivo com Rua e Peixe Grande (1945), do uruguaio Joaquín Torres García |
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Três Figuras em Marcha (1943), do venezuelano Héctor
Poleo |
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Che Morto (1967), do brasileiro Claudio Tozzi |
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Os mexicanos são sensacionais. Diego Rivera (Retrato de Ramón Gómez de la Serna, de 1915), e Frida Kahlo (Autorretrato com Macaco e Papagaio, de 1942) |
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Mais mexicanos: acima, Miguel Covarrubias, Mulher de
Tehuantepec (1945). Abaixo, Soldados Mexicanos (1930), de José Clemente Orozco |
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Um dos meus maiores motivos para ir ao Malba: Manifestação (1934),
do argentino Antonio Berni |
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Di Cavalvanti, Seresta (1925). Abaixo, Candombe,
do uruguaio Pedro Figari (1921) |
O Abaporu é realmente espetacular, estrela incontestável do acervo. Mas, assim como o Louvre não é a Mona Lisa, o Malba vai muito além dessa obra-prima de Tarsila.
Tem Portinari, Di Cavalcanti, Hélio Oiticica, tem os mexicanos Diego Rivera e Frida Kahlo, o uruguaio (meu amor!) Joaquín Torres García, os argentinos Antonio Berni e Emilio Pettoruti... Uma festa.
E prepare-se para encontrar ótimas mostras temporárias, também. Nesta recente visita ao Malba, fui premiada por uma exposição espetacular da fotógrafa americana Diane Arbus.
Passeios para combinar com o Malba
O Malba está a 750 metros do Jardim Japonês e dos Bosques de Palermo. Se fizer a visita em um sábado, estique até a feirinha de design e artesanato da Plaza Serrano, que está a pouco mais de 3 km.
Veja aqui: Palermo, o bairro com cheiro de maçã
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O argentino Antonio Berni é maravilhoso. Acima, Primeiros
Passos (1936). Abaixo, Madalena (1980) |
De terça a sexta, das 11h às 20h. Sábados e domingos, das 10h às 20. Fechado às segundas. Entrada gratuita.
MNBA
Você não tem desculpas pra deixar o Museu Nacional de Belas Artes fora de seu roteiro em Buenos Aires.
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A figura feminina no MNBA: A Mulher do Mar (1892), de Paul Gauguin, na sala dos Impressionistas |
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Mulher Deitada, de Pablo Picasso |
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Mulher Chorando, de Cândido Portinari |
Segundo, porque o MNBA tem entrada gratuita e zero de fila. Terceiro e mais importante: este museu tem um dos acervos de artes plásticas mais importantes da América Latina.
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Quer ver Van Gogh? O MNBA tem. Este é O Moinho de la Galette |
Museu Nacional de Belas Artes de Buenos Aires foi fundado em 1895. Nos seus primeiros tempos, funcionou no edifício que hoje todo mundo conhece como Galerías Pacífico, a mais popular das mecas de consumo dos brasileiros que passam pela capital argentina.
Na década de 30, o museu foi transferido para a antiga Casa de Bombas, parte do sistema de abastecimento de água da cidade, onde está até hoje.
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Um bom museu tem que ter Torres García.
O MNBA tem nada menos do que oito obras do pintor uruguaio que eu adoro. Estas
são Arte Construtiva de 1942, e Catedral Construtiva (abaixo), de
1931 |
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El Greco, Jesus no Monte das Oliveiras, e Anjo com
a Cabeça de São João Batista, obra de Alonso Cano (Século 17) |
Nesta visita, por exemplo, senti falta das marinas de Courbet, telas que mostram um mar furioso e desafiador bem ao gosto do romantismo do pintor.
Mas não dá pra reclamar do que vi por lá: tem El Greco, Renoir, Picasso, Chagal, Rodin...
Como um bom museu fundado no Século 19, é claro que a coleção do MNBA tem um sotaque evidentemente europeu.
A presença de mestres consagrados, da Renascença ao Impressionismo, é uma das características da casa.
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A Ninfa Surpresa (1861), de Manet, uma das grandes
estrelas no acervo do MNBA |
A obra mais famosa e mais divulgada do MNBA, por exemplo, é A Ninfa Surpresa, de Édouard Manet. Também é significativa a presença da tapeçaria e objetos decorativos trazidos do Velho Continente.
O melhor do MNBA, porém, é o vasto painel das artes visuais argentinas que se encontra por lá. A pintura argentina não é muito conhecida no Brasil, mas tem um belíssimo currículo.
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La Hamaca ("A Cadeira de Balanço", 1932), do
argentino Raul Soldi, e (abaixo) Rosanna (1929), do italiano Felice
Casorati |
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Retrato de Homem (1925), do mexicano Julio Castellanos,
e (abaixo) Praça Maior de Paucartambo (1937), do peruano Henrique
Camino Brent |
Numa trajetória paralela à nossa, mas tão singular quanto, é possível acompanhar a caminhada artística dos hermanos desde a arte pré-colombiana, passando pela ênfase nos temas sacros da pintura colonial, período marcado pela busca de uma estética “sincrética” que incorporasse elementos das culturas nativas (coisa que não tivemos no Brasil).
O Século 19 da arte argentina tem forte presença da “pintura cívica”, no período pós-independência, até explodir na ousadia do modernismo de Antonio Berni (tô cada dia mais fã desse cara), Emilio Pettoruti, Xul Solar e muitos outros.
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Planos Virtuais (1965), do venezuelano Jesús Soto, um dos meus xodós entre os artistas latino-americanos |
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O MNBA fica do ladinho da Floraris Genérica, onde muita
gente faz questão de ir tirar uma selfie. À direita, um Arlequim do argentino
Emílio Pettorruti |
Passeios para combinar com o MNBA
A famosa Floralis Genérica, escultura em forma de flor que abre e fecha, a depender da hora do dia, está bem atrás do MNBA, ao lado da Faculdade de Direito.
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O edifício do Museu Fortabat, em Puerto Madero, foi
projetado pelo arquiteto Rafael Viñoli, o mesmo que desenhou o aeroporto de
Montevidéu |
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O Museu Fortabat fica em Puerto Madero |
⭐ Coleção de Arte Amalia Lacroze de Fortabat
Olga Cossettini 141, Puerto Madero
Metrô Alem (Linha B) a 1,1 km
Taí outro museu que você precisa experimentar. Ele fica em Puerto Madero — um lugar onde você certamente vai dar um passeio quando estiver em Buenos Aires.
O museu abriga a coleção particular que a multimilionária Amalia Lacroze de Fortabat reuniu em seus 91 anos de vida e está instalado em um edifício bacanão, projetado pelo arquiteto uruguaio Rafael Viñoli.
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Antonio Berni: Domingo na Chácara |
A ênfase do acervo é a arte argentina. De todos os museus de Buenos Aires que já visitei, este foi o que me “educou” mais neste quesito.
Foi no Museu Fortabat que descobri todo um mundo de pintores interessantíssimos como os modernistas Roberto Aizeberg, Antonio Alice, Carlos Alonso e Antonio Berni e o célebre Prilidiano Pueyrredón, que no Século 19 retratou com paixão a Argentina criolla dos pampas.
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Retrato de Amalia Lacroze de Fortabat, de Andy Wahrol, e Boleando Avestruzes, de Rugendas |
Tem um post exclusivo sobre a Coleção Amalia Lacroze de Fortabat aqui na Fragata:
Buenos Aires - o Museu Fortabat
Passeios para combinar com a visita à Coleção Fortabat
A visita ao museu encaixa direitinho com um passeio por Puerto Madero. Dá para almoçar por lá antes, ou jantar depois, aproveitar o final de tarde caminhando à beira d'água e curtindo as demais atrações da área, como o Museu da Imigração e o Faena Arts Center.
Se você curte histórias do mar, vai gostar de visitar dois barcos museus ancorados em Puerto Madero, a Fragata Sarmiento e a Corveta Uruguay.
Avenida San Juan 350, San Telmo. Metrô San Juan (Linha C) a 900 metros.
Ingresso: 500 pesos para estrangeiros, 250 pesos para
cidadãos do Mercosul (R$10/ R$ 6,50). Às quartas, a entrada é gratuita. Aposentados, menores de
12 anos, pessoas com deficiência e acompanhante e estudantes têm entrada
gratuita todos os dias.
Se você curte novidades, este é o seu lugar. A principal missão do Museu de Arte Moderna de Buenos Aires é exatamente mostrar a produção de vanguarda argentina.
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Meu Vaso de Flores (1944) de Emilio Pettorruti |
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A Confissão de Pettoruti ou A Ordem Interrompida (1994),
óleo e maçarico sobre tela, de Oscar Bony |
O MAMBA fica em San Telmo, a uma curta caminhada da Praça Dorrego. Está instalado em uma antiga fábrica de cigarros inaugurada no comecinho do Século 20.
O contraste da fachada em tijolos e a arquitetura clean do interior do museu é bem interessante — adorei a escadaria de ferro que leva ao andar superior, que me pareceu a sugestão de uma coluna vertebral retorcida de dinossauro.
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O super instigante jogo de vazios, sombras e espelhos
em A Verificação Esquemática (1968), de Antonio Trotta |
Você até vai se deparar com trabalhos de Berni, Xul Solar e Pettoruti, por exemplo. Mas o barato de uma visita ao MAMBA é descobrir e explorar novas estéticas em pintura, escultura, gravura, instalações, fotografia, vídeo e artes gráficas. Eu achei bem instigante.
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A antiga fábrica de cigarros ganhou uma reforma bacanérrima
pra abrigar o MAMBA. A escadaria é uma obra tão interessante quanto o acervo |
Coloque na sua lista de visitas uma passada pelo Mercado de San Telmo, uma olhadinha nos antiquários concentrados na Calle Defensa e uma esticada ao Parque Lezama, jardim agradável onde está o Museu Histórico Nacional da Argentina e onde são organizadas feirinhas de artesanato.
E não esqueça de experimentar cafés e bares centenários, como o Dorrego, o Británico e o Hipopótamo e almoço tardio em um dos muitos restaurantes de San Telmo.
Para saber mais sobre o Parque Lezama e o Museu Histórico Nacional da Argentina, leia este post: Mi Buenos aires querido
Buenos Aires: a memória boêmia dos cafés, bares e confeitarias "notáveis"
Jean Jaurés 735, Abasto.
Ingresso: estrangeiros pagam 500 pesos (R$ 21/ R$ 13).
Entrada gratuita às quartas feiras e todos os dias para aposentados, estudantes
universitários, pessoas com deficiência e acompanhante e menores de 12 anos.
Visitar esse museu é uma jornada sentimental, não só pelas memórias de Carlos Gardel, mas por uma Buenos Aires de outros tempos, quando o maior dos intérpretes de tango eletrizava multidões, provocava desmaios e arrebatamentos — quem disse que a beatlemania inventou alguma novidade?
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Fotos, objetos pessoais e documentos integram o acervo do
Museu Casa Carlos Gardel. Até dá pra imaginar o rei do tango ouvindo música
nesta vitrola da sala de estar, né? |
O Museu Gardel está instalado no imóvel comprado pelo cantor em 1927, no mesmo bairro de Abasto onde ele perambulou na infância, fazendo pequenos serviços no mercado que funcionava ali (hoje convertido em um shopping center).
Gardel morou na casa simples com a mãe até sua morte, em 1933.
O Museu Casa de Carlos Gardel também é um tributo ao afeto do ídolo ao bairro de Abasto, vizinhança pobre onde cresceu e fez questão de continuar vivendo, mesmo quando a fama o tornou um homem próspero.
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O museu também é um tributo à relação de amor de Gardel com
o bairro de Abasto, "boêmio como o próprio Tango" |
"Vocês podem se perguntar por que eu não moro na Avenida Alvear [um ícone de elegância, na Recoleta], na melhor das casas. Pois eu digo que vivo neste modesto bairro operário porque é meu bairro querido, onde eu, quando pirralho, passei momentos de felicidade que, hoje, com todo o dinheiro que tenho no banco, não posso comprar sequer uma daquelas horas. Além disso, amo este meu bairro porque ele é boêmio como o próprio Tango".
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Fotos históricas do Mercado de Abasto, onde o menino Gardel
ganhava uns trocados como carregador de compras e outros biscates |
Em 2003, a Prefeitura de Buenos Aires transformou a casa de Gardel em um pequeno museu, íntimo e tocante, destinado a preservar documentos, objetos pessoais e outras recordações do ídolo.
Estive no Museu Gardel pouco mais de um ano depois da inauguração. Naquela época, o mais encantador eram as senhorinhas que, 70 anos depois da morte do cantor, ainda zelavam pelas suas recordações, faziam sala para os visitantes e sabiam de cor a história de cada objeto.
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O culto a Gardel é uma espécie de beatlemania particular dos
argentinos |
Nesta nova visita, encontrei o museu mais “profissional”, com o acervo mais organizado e bem multimídia — é possível ouvir as gravações de Gardel e assistir cinejornais com momentos importantes de sua vida, por exemplo.
Não precisa gostar de tango para curtir o Museu Gardel. Mas duvido que você saia de lá sem se encantar ao menos um pouquinho com essa música fantástica.
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A street art contemporânea lembra Gardel em Abasto |
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Fachadas decoradas em castiço fileteado e sem qualquer
pretensão cenográfica no cotidiano de Abasto |
Que tal umas comprinhas no Shopping Abasto? Ele está a 350 metros do museu e de cara para a estação de metrô Carlos Gardel, por onde você, provavelmente, chegará e sairá do bairro.
Uma visita ao Museu Gardel era sempre muito bem complementada com um passeio pelas redondezas para admirar as fachadas decoradas em fileteado. Essa técnica decorativa é tão portenha quanto o tango.
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Estação Carlos Gardel do Metrô de Buenos Aires |
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Abasto é um bairro bem de cara lavada, autêntico lugar onde mora gente |
Nada que impedisse minha diversão, mas, quando você for, fique atenta.
Siga o mapa: todos os endereços desta viagem a Buenos Aires, com foto, links e dicas
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