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O Mosteiro do Arcanjo Miguel de Panormitis e, à direita, garrafas com mensagens que chegam de toda parte. Qual será a força que as traz até aqui? |
Desde a Antiguidade, o temperamento inconstante do Mar Egeu é um edificador de devoções fervorosas: tão plácido e, de repente, ele rugia, indócil, levando mais uma trirreme para o fundo de suas águas azuis.
Os navegadores do Egeu mantêm as divindades ocupadas com suas preces desde tempos imemoriais.
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A entrada da Enseada de Panormitis, na Ilha de Sými |
Fé que estava estampada no rosto do tripulante do Panagia Skiadeni, o ferry que me trouxe a Symi. Era um marinheiro muito jovem, que esperava na fila para acender as duas velinhas de cera de abelha que recebem todos os visitantes do Mosteiro do Arcanjo Miguel (Moni Taxiárchi Michail), em Panormitis, a primeira escala da embarcação na ilha.
O olhar do rapaz, enquanto ele murmurava suas preces, foi uma das imagens mais comoventes que vi nessa temporada na Grécia e na Turquia.
Uma visita ao Mosteiro do Arcanjo Miguel de Panormitis é um jeito muito especial de ver a alma da Grécia, um país profundamente devotado ao mar.
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Esse moinho tipicamente grego guarda a entrada da Enseada de Panormitis |
O olhar do rapaz, enquanto ele murmurava suas preces, foi uma das imagens mais comoventes que vi nessa temporada na Grécia e na Turquia.
Uma visita ao Mosteiro do Arcanjo Miguel de Panormitis é um jeito muito especial de ver a alma da Grécia, um país profundamente devotado ao mar.
Veja como foi o meu passeio ao Mosteiro de Panormitis:
A história do Mosteiro do Arcanjo Miguel de Panormitis
Para entender a devoção do jovem marujo, é preciso conhecer um pouco da história de Panormitis.
Grécia: visita ao Mosteiro do Arcanjo Miguel de Panormitis
A história do Mosteiro do Arcanjo Miguel de Panormitis
Para entender a devoção do jovem marujo, é preciso conhecer um pouco da história de Panormitis.
O povo do Dodecaneso atribui muitos milagres ao ícone do Arcanjo, tesouro maior da igrejinha do mosteiro.
As velas que o marinheiro acendeu naquela manhã servem para acompanhar um pedido e uma promessa a São Miguel. Uma vez alcançada a graça, é preciso voltar a Panormitis para agradecer e retribuir.
E nem pense em tentar driblar o Arcanjo: dizem que ele é capaz de parar o motor dos barcos e levantar tempestades, impedindo a partida de quem estiver em dívida com ele.
Ninguém sabe como o ícone do Arcanjo Miguel de Panormitis chegou a essa enseada de beleza mágica, com uma entrada muito estreita, que se alarga e se recorta, sinuosa, nas montanhas áridas e pontilhadas por moinhos.
O que o povo conta, porém, é que a imagem teimava em voltar a Panormitis, misteriosamente, toda vez que a igreja tentava instalá-la em Gialós, principal porto e "capital" da Ilha de Sými, 19 km ao Norte.
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O mosteiro de Panormitis foi construído no Século 18 para guardar o ícone do Arcanjo Miguel |
E nem pense em tentar driblar o Arcanjo: dizem que ele é capaz de parar o motor dos barcos e levantar tempestades, impedindo a partida de quem estiver em dívida com ele.
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Ex-votos: cada um desses barquinhos conta a história de um milagre no mar |
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O campanário do Mosteiro de Panormitis parece um bolinho confeitado |
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Decoração da porta de acesso ao Mosteiro de Panormitis |
O que o povo conta, porém, é que a imagem teimava em voltar a Panormitis, misteriosamente, toda vez que a igreja tentava instalá-la em Gialós, principal porto e "capital" da Ilha de Sými, 19 km ao Norte.
A profunda ligação da imagem milagrosa com a Enseada de Panormitis levou à construção do Mosteiro do Arcanjo Miguel, no Século 18.
Desde então, marujos de todo o mundo passam por lá, pedindo proteção contra os caprichos do mar.
Os que não conseguem chegar a Panormitis contam com o encanto das águas para apresentar seus pedidos ao Arcanjo Miguel: mensagens encerradas em garrafas, atiradas ao mar nas mais diversas latitudes, boiam até chegar à prainha em frente ao mosteiro.
Muitas dessas garrafas estão expostas no pequeno museu que funciona ao lado da igrejinha do Mosteiro de Panormitis.
Desde criança, sou fascinada por ex-votos. Nas primeiras sextas-feiras de cada mês, quando minha mãe me levava à Igreja do Bonfim, em Salvador, passava horas tentando decifrar as histórias de cura, salvação e amparo contadas pelos traços ingênuos das pinturas ou contidas nas figuras de cera que reproduziam partes do corpo livres de alguma doença pela intervenção divina.
Meu ateísmo precoce perdia feio para a mágica daqueles relatos cifrados, feitos de cera ou rabiscados numa tela. Eram diálogos entre os agraciados e o milagreiro, que eu esquadrinhava com a curiosidade que não me fez devota, mas que talvez tenha me feito jornalista.
O encanto que encontrei na sala de ex-votos do Mosteiro do Arcanjo Miguel de Panormitis me devolveu à infância.
São centenas de representações de barcos salvos das vagas furiosas das tempestades, dos rochedos traiçoeiros e de piratas perversos pela intervenção do Arcanjo Miguel.
O museu do Mosteiro de Panormitis também exibe peças sacras bizantinas, manuscritos e pinturas.
Desde então, marujos de todo o mundo passam por lá, pedindo proteção contra os caprichos do mar.
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As representações do Cristo morto (esq), muito antigas, estão entre os tesouros do museu do Mosteiro de Panormitis. À direita, as velas acesas para o Arcanjo |
Os que não conseguem chegar a Panormitis contam com o encanto das águas para apresentar seus pedidos ao Arcanjo Miguel: mensagens encerradas em garrafas, atiradas ao mar nas mais diversas latitudes, boiam até chegar à prainha em frente ao mosteiro.
Muitas dessas garrafas estão expostas no pequeno museu que funciona ao lado da igrejinha do Mosteiro de Panormitis.
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O museu exibe ícones bizantinos e manuscritos antigos |
Meu ateísmo precoce perdia feio para a mágica daqueles relatos cifrados, feitos de cera ou rabiscados numa tela. Eram diálogos entre os agraciados e o milagreiro, que eu esquadrinhava com a curiosidade que não me fez devota, mas que talvez tenha me feito jornalista.
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O pátio do mosteiro é tão agradável que mais parece um local de lazer, não de vida monástica, perfumado pelos pezinhos de manjericão nos vasos perfumam o lugar |
São centenas de representações de barcos salvos das vagas furiosas das tempestades, dos rochedos traiçoeiros e de piratas perversos pela intervenção do Arcanjo Miguel.
O museu do Mosteiro de Panormitis também exibe peças sacras bizantinas, manuscritos e pinturas.
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O piso em choklákia é típico do Dodecaneso e usa pedrinhas prestas e brancas (não são pintadas) |
Depois, tratei de relaxar um pouquinho no adorável pátio interno do mosteiro, admirando a decoração do campanário da igreja, com seu jeitinho de bolo confeitado.
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Navegar é um dos prazeres da Grécia |
Como chegar ao Mosteiro do Arcanjo Miguel de Panormitis
O passeio a Panormitis costuma ser combinado com a visita à Vila de Sými (Gialós), com partidas diárias de Rodes. A escala na enseada dura cerca de uma hora.
Ao lado da entrada do mosteiro, um restaurante serve frutos do mar muito tentadores.
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O salão de passageiros do Panagia Skiadeni |
Para quem já está em Sými, há transporte regular para Panormitis, tanto de barco como pela estradinha sinuosa que corta as montanhas.
Visita ao Mosteiro do Arcanjo Miguel de Panormitis
Além do Museu do Mosteiro do Arcanjo Miguel de Panormitis, não deixe de visitar o interior da igreja para ver as belas pinturas que recobrem todas as paredes e o ícone do Arcanjo Miguel, recoberto em prata (essa parte não pode ser fotografada).
Visita ao Mosteiro do Arcanjo Miguel de Panormitis
Além do Museu do Mosteiro do Arcanjo Miguel de Panormitis, não deixe de visitar o interior da igreja para ver as belas pinturas que recobrem todas as paredes e o ícone do Arcanjo Miguel, recoberto em prata (essa parte não pode ser fotografada).
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O convés superior do Panagiá Skiadeni, embarcação que me levou de Rodes a Panormitis e à Vila de Sými |
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O cais de Panormitis |
Para entrar no Mosteiro de Panormitis (e em todos os mosteiros e igrejas da Grécia) é preciso usar roupas "decorosas" (mulheres precisam estar de saia).
Para resolver a indumentária da maioria dos visitantes, geralmente trajados para o banho de mar, funcionários do mosteiro distribuem uma espécie de canga, usada para cobrir os ombros ou enrolar na cintura, cobrindo os joelhos.
Para ver a igreja, é preciso pagar uma contribuição de €2. Em troca, o visitante recebe duas velinhas, um "santinho" reproduzindo o ícone do Arcanjo e um frasquinho de óleo bento, proteção para os navegantes.
Dicas para organizar uma viagem à Grécia
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