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Uma tarde em Puerto Madero |
Música deste post: Too darn hot, Stacey Kent
Os portenhos da gema não curtem muito Puerto Madero. "Que personalidade tem isso aqui?", vociferava o taxista Estéban, enquanto me levava até o Museu Fortabat, no Píer 4 (uma coleção de 400 obras de primeira linha que você tem que ver). "Para nós, é um outro país".
Os brasileiros, porém, adoram Puerto Madero — pra provar que as divergências entre nós e os hermanos não se limitam à disputa Pelé x Maradona como o melhor no futebol.
É inegável que a antiga zona portuária convertida em área de lazer e compras é bonita e agradável (especialmente quando o sol dá uma trégua, porque ainda deixa muito a dever no quesito arborização).
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Puerto Madero tem vidro e alumínio demais para uma cidade que se orgulha de sua "arquitetura europeia". Mas os brasileiros amam |
Puerto Madero tem museus bacanas, restaurantes elegantes,
bares descolados e a o charme irresistível da beira d’água — no caso, diques
abastecidos pelo Rio da Prata e que serviam à atracação e descarga de navios.
Eu me divido entre argentinos e brasileiros: reconheço que a
área não se parece com Buenos Aires, mas curto passear em Puerto Madero. Olha
só o que tem de bom por lá:
O que ver em Puerto Madero, Buenos Aires
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Um raro toque bucólico em Puerto Madero |
Desconfio que não seja só a arquitetura meio "gringa" de Puerto Madero que os portenhos esconjuram: a revitalização que deu origem ao novo bairro foi obra dileta do governo Meném, uma era da qual a Argentina não gosta muito de lembrar.
Puerto Madero tem mesmo um pouquinho da cara daquela megalomania neoliberal que pretendeu "levar a Argentina ao primeiro mundo" na base da maquiagem e da especulação financeira.
Talvez lembre demais aos argentinos a ilusão de moeda forte (parelha ao dólar) e "modernização" que acabou em crise institucional e poupanças de uma vida inteira virando farelo no curralito bancário, na virada de 2000 para 2001.
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Puente de La Mujer, do arquiteto Santiago Calatrava, a marca visual mais conhecida de Puerto Madero |
Entre a última década do Século 19 e 1926, Puerto Madero
sediou o Porto de Buenos Aires. Depois disso, a área foi abandonada e virou o
que, na Bahia, a gente chama de "Boca de Zero-Nove" — um lugar
perigoso e soturno.
Só em 1989 Puerto Madero voltaria a ressurgir para a cidade, à custa
de um investimento total de US$ 1 bilhão. Hoje, é uma mistura de centro
financeiro, área residencial chique, polo de hotelaria cara e shopping de
lazer.
⭐Museu Fortabat
Olga Cossettini nº 141, Puerto Madero Este. De terça a domingo, das 12h às 20 horas. Entrada 100 pesos.
Se você ainda não visitou um barco-museu, aproveite a chance. É muito interessante descobrir as peculiaridades da vida a bordo de uma embarcação, um cotidiano feito de pouco espaço e distrações e muita disciplina, mas mesmo assim capaz de seduzir tanta gente ao longo dos séculos.
⭐ Barco Museu Corveta Uruguay
Como chegar a Puerto Madero
Puerto Madero está a uma distância bem confortável do chamado Microcentro de Buenos Aires e do bairro de San Telmo. Da Praça de Mayo até lá, por exemplo, são cerca de 600 metros de caminhada.
A estação de metrô mais próxima é a Leandro N. Alem, na linha B.
Instalado em um arrojado edifício projetado pelo arquiteto
Rafael Viñoli— tem até um teto retrátil, para que os visitantes possam ver os
quadros à luz do luar — este museu exibe a coleção particular reunida pela
magnata Amalia Lacroze de Fortabat.
O acervo tem principalmente obras de artistas argentinos,
como os modernistas Roberto Aizeberg, Antonio Alice, Carlos
Alonso e Antonio Berni. Mas também tem uma boa coleção de pintura
europeia de diversas épocas e estilos, com Turner, Brueghel, Chagal, Miró e Salvador
Dalí.
Saiba mais: Buenos
Aires - o Museu Fortabat
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A figura de proa da Fragata Sarmiento é a efígie da República Argentina |
⭐ Barco Museu Fragata Sarmiento
Dique 3, Avenida Alicia Moreau de Justo. Aberta à visitação diariamente, das 10h às 19 horas. A entrada custa 10 pesos.
A Fragata Sarmiento foi construída nos estaleiros de Birkenhead (na margem do Rio Mersey oposta a Liverpool), no finalzinho do Século 19, com capacidade para 350 tripulantes, para servir de embarcação-escola para a Marinha Argentina.
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Os mastros da Fragata Sarmiento desafiando o "paliteiro" de espigões de Puerto Madero |
Com propulsão mista (vela e vapor), como mandava a época, a Fragata Sarmiento foi usada para treinamento até 1961.
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Programa legal: visitar uma embarcação do final do Século 19 e imaginar a vida a bordo |
⭐ Barco Museu Corveta Uruguay
Dique 4, Avenida Alicia Moreau de Justo. Diariamente, das
10h às 19h. Entrada 5 pesos.
A Corveta Uruguai, construída em 1874, é o veleiro mais
antigo ainda inteiro, em toda a América do Sul.
Foi usada em operações militares
em também em muitas viagens científicas, navegando as águas que banham o
extremo Sul do continente e ficou famosa pelo resgate dos exploradores suecos
Larsen y Nordenskjöld, presos no gelo da Antártida, em 1903.
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A Fragata Sarmiento é tombada como monumento nacional da Argentina |
Puerto Madero está a uma distância bem confortável do chamado Microcentro de Buenos Aires e do bairro de San Telmo. Da Praça de Mayo até lá, por exemplo, são cerca de 600 metros de caminhada.
A estação de metrô mais próxima é a Leandro N. Alem, na linha B.
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Puerto Madero no inverno de 2017 |
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