O Diogo é pra esquecer do mundo |
Até hoje, lá para as bandas da Península Ibérica, quando alguém some no mundo diz-se que o gajo “deu às de Vila-Diogo”. A origem da expressão vem do direito de santuário assegurado aos judeus pelo rei castelhano Fernando III, no Século XIII: vítimas de uma feroz perseguição, eles estavam a salvo em Villadiego, graças à ordem real.
Essa história está a sete séculos e um oceano de distância da Vila do Diogo, Bahia, uma preciosidade do Litoral Norte do estado.
A força do nome, porém, parece persistir: poucos lugares inspiram tanto o desejo de trancar o mundo lá fora e esquecer da vida quanto a Vila do Diogo, onde a única turbulência é o balanço da rede na brisa leve do cair da tarde.
Essa história está a sete séculos e um oceano de distância da Vila do Diogo, Bahia, uma preciosidade do Litoral Norte do estado.
A força do nome, porém, parece persistir: poucos lugares inspiram tanto o desejo de trancar o mundo lá fora e esquecer da vida quanto a Vila do Diogo, onde a única turbulência é o balanço da rede na brisa leve do cair da tarde.
No final da tarde, é hora de se esbaldar nas moquecas do restaurante de Sandra e Ivan |
O mais fascinante na Vila do Diogo ("no Diogo", como dizem os íntimos), é como essa pequena comunidade permanece distante da agitação do Litoral Norte.
A 18 quilômetros da praia do Forte e a 12 km da muvuca de Porto Sauípe, a Vila do Diogo permanece fiel a sua origem de aldeia de jesuítas (como Trancoso) e seus cinco séculos como comunidade de pescadores e de pequenos agricultores. É como estalar os dedos e chegar à placidez idílica da velha Arembepe.
Veja as dicas:
O sossego da Vila do Diogo
A 18 quilômetros da praia do Forte e a 12 km da muvuca de Porto Sauípe, a Vila do Diogo permanece fiel a sua origem de aldeia de jesuítas (como Trancoso) e seus cinco séculos como comunidade de pescadores e de pequenos agricultores. É como estalar os dedos e chegar à placidez idílica da velha Arembepe.
Veja as dicas:
Vila do Diogo, Bahia
O sossego da Vila do Diogo
Quem dá o nome à Vila do Diogo é Diogo Álvares Correia, o Caramuru, primeiro português a se estabelecer na Bahia, em 1509.
Caramuru teria dado início à povoação no Litoral Norte da Bahia como base para a exploração de pau-brasil.
Caramuru teria dado início à povoação no Litoral Norte da Bahia como base para a exploração de pau-brasil.
Eu (à direita) e minha irmã Simone começando a travessia das dunas do Diogo, a caminho da Praia de Santo Antônio |
Pequeno, sossegado, envolto pela mata nativa e debruçado sobre uma curva suave do Rio Imbassaí, o Diogo é tudo que aquela sua tia hippie lhe contou sobre os paraísos de outrora: rua de terra, galinhas ciscando nos terreiros sem muro e a cordialidade de um lugar onde todo mundo se conhece.
Tudo na Vila do Diogo acontece devagar e com uma suavidade que a gente esquece que existe, mas continua por aí, esperando o cenário certo para dar as caras.
Tudo na Vila do Diogo acontece devagar e com uma suavidade que a gente esquece que existe, mas continua por aí, esperando o cenário certo para dar as caras.
"Cena urbana" no Diogo |
A comunidade original da Vila do Diogo vem ganhando cada vez mais a companhia de “refugiados” das grandes cidades, gente que chega de todas as partes do mundo para viver perto da natureza, sem afetação e sem qualquer apego à parafernália da vida moderna.
Há alguns anos, uma empresa de telefonia celular inventou de colocar uma antena na Vila do Diogo. Longe de ser celebrado, o magérrimo monumento é alvo da mais sincera antipatia, por interferir na paisagem.
Um dos segredos da preservação do Diogo é que a vila fica afastada do mar. Para chegar à Praia do Santo Antonio, é preciso atravessar o Rio Imbassaí (hoje já tem ponte. Há alguns anos, era uma pinguela digna de Indiana Jones) e cruzar as belíssimas dunas, muito bem preservadas e que dão um charme especial ao lugar.
Euzinha (em primeiro plano, à direita) com amigos na praia de Santo Antônio |
Quando bate a preguiça de ir à praia — ou quando o sol está muito forte para se caminhar nas dunas — basta descer as encostas suaves até o Rio Imbassaí e se refrescar nas suas águas cristalinas.
Na Praia do Santo Antônio, algumas barracas garantem cerveja gelada e petiscos. No centro da pequena povoação, tem o Restaurante de Tomás, super recomendado, e o Maria Moqueca.
À noite, graças à parcimônia com que se usa a luz elétrica na Vila do Diogo, dá para lembrar que o céu tem muito mais estrelas do que a gente consegue ver na cidade.
As diárias no Chalé de Consuelo ficam em de R$ 150,00.
Sem túnel do tempo e tão perto de Salvador, ainda é possível saborear o prazer de estar a anos luz de um mundo cada vez mais trepidante. Da próxima vez que eu sumir, podem apostar: dei às de Vila Diogo.
O entardecer no Diogo clicado da sacada do chalé de Genô |
Dicas práticas da Vila do Diogo
Paraíso é um artigo cada vez mais escasso, portanto, se você vier à Vila do Diogo, seja fiel ao espírito do lugar: recolha seu lixo, não faça barulho (para ouvir "Ai se eu te pego", basta descer alguns quilômetros até a cidade cenográfica de Porto do Sauípe) e respeite o modo de viver da comunidade.
Como recompensa, o Diogo estará sempre lá, maravilhoso, esperando por sua próxima escapada.
O Diogo é conhecido pelo artesanato de piaçava. Com a palha tingida, as mulheres tecem belos tapetes, bolsas e outros objetos.
O Diogo é conhecido pelo artesanato de piaçava. Com a palha tingida, as mulheres tecem belos tapetes, bolsas e outros objetos.
Como chegar à Vila do Diogo
A Vila do Diogo está a cerca de 90 km de Salvador, pela Estrada do Coco/Linha Verde (Rodovia BA-099).
Uma estradinha de terra — de humor imprevisível, a depender do tempo — liga a Vila do Diogo à Linha Verde, 5 km depois da entrada do Imbassaí.
Na chegada, deixe o carro no estacionamento de Dona Maruzinha (que também serve uma galinha caipira de responsa) e desacelere.
Uma estradinha de terra — de humor imprevisível, a depender do tempo — liga a Vila do Diogo à Linha Verde, 5 km depois da entrada do Imbassaí.
Na chegada, deixe o carro no estacionamento de Dona Maruzinha (que também serve uma galinha caipira de responsa) e desacelere.
Da Rodoviária de Salvador partem ônibus para Sauípe e dá para descer antes, na entrada do Diogo, e caminhar até a vila.
Se for essa sua opção, você vai precisar de disposição para vencer as subidas e descidas da estradinha que leva à Vila do Diogo.
A bagagem para o Diogo pode ser leve: qualquer coisa além de biquíni, camiseta e sandália havaiana é o cúmulo da peruagem. Mas não esqueça o chapéu, o protetor solar e o repelente.
Restaurante Caminho do Rio: uma super moqueca, conversa boa
e preços honestos |
Onde comer e beber na Vila do Diogo
A moqueca do Restaurante Caminho do Rio (ou "Restaurante de Sandra e Ivan", como todo mundo chama) é imperdível, assim como o papo agradável com os dois proprietários. É como almoçar na varanda da casa de amigos.
Pra saber mais, leia o post sobre bons restaurantes na Estrada do Coco/Linha Verde:
B de Babette: Onde comer muito bem no Litoral Norte da BahiaNa Praia do Santo Antônio, algumas barracas garantem cerveja gelada e petiscos. No centro da pequena povoação, tem o Restaurante de Tomás, super recomendado, e o Maria Moqueca.
Mas imperdível mesmo é tomar uma cerveja em Dona Sônia, moradora antiga do Santo Antônio, que faz artesanato de piaçava e adora contar histórias.
Hospedagem na Vila do Diogo
Se você faz questão de ar condicionado, TV a cabo e hidromassagem, escolha outro lugar. As opções de pouso no Diogo são simples, geralmente quartos nas casas dos moradores da vila e dos estrangeiros que decidiram ficar por lá.
Meu amigo Silvio Perera, morador do Santo Antônio por mais de uma década, recomenda a Pousada TooCool, da belga Sophie.
Depois de viajar o mundo inteiro, Sophie montou um lugar super charmoso, com chalés temáticos, decorados com objetos trazidos dessas andanças. O máximo do requinte é acampar numa das tendas que ela trouxe da Índia e arma no quintal.
Depois de viajar o mundo inteiro, Sophie montou um lugar super charmoso, com chalés temáticos, decorados com objetos trazidos dessas andanças. O máximo do requinte é acampar numa das tendas que ela trouxe da Índia e arma no quintal.
Eu super recomendo o chalé da artista plástica Consuelo, rústico e charmosíssimo, e que fica no jardim do sítio onde ela vive, no alto de um morro.
Consuelo e o chalé |
Construído à moda do Litoral Norte, com muita madeira e nenhuma frescura, o chalé de Consuelo tem uma varanda deliciosa, cercada de verde, quarto com cama de casal e mosquiteiro de algodão, banheiro e uma pequena cozinha americana.
À noite, graças à parcimônia com que se usa a luz elétrica na Vila do Diogo, dá para lembrar que o céu tem muito mais estrelas do que a gente consegue ver na cidade.
As diárias no Chalé de Consuelo ficam em de R$ 150,00.
No sítio ao lado, a canadense Genô (Genevieve) também tem um chalé maravilhoso, alugado nas mesmas condições.
A vista da varanda do quarto do Chalé de Genô, que fica no mezanino, é simplesmente matadora.
A vista da varanda do quarto do Chalé de Genô, que fica no mezanino, é simplesmente matadora.
➡️ Para saber mais sobre Caramuru
Para saber um pouco mais sobre essa figuraça que ajudou a inventar Salvador, recomendo Uma História da Cidade da Bahia (Versal Editores), de Antonio Risério, uma leitura deliciosa.
O Litoral Norte na Fragata Surprise
A sossegada Barra do Itariri, presente de Oxum
Imbassaí tem sossego e badalação
Castelo da Praia do Forte: Idade Média nos Trópicos
Mangue Seco, um paraíso resgatado
Onde comer bem no Litoral Norte da Bahia
Três restaurantes que valem a viagem
Do lado da Praia do Forte, um restaurante escondido e delicioso
Banquete pé-na-areia em Mangue Seco
Recôncavo Baiano
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Maravilha, Cyntia! Esse lugar é muito mágico mesmo e a travessia para a praia é um dos programas mais gostosos que temos aqui por perto. Sem falar na comida deliciosa de Sandra no Caminho do Rio. bjs
ResponderExcluirAdoroooo! Faz uma data que não vou para estas bandas mas tenho doces lembranças... Mas uma vez em viagem pela Fragata! Obrigada Cyntia. bjoooo
ResponderExcluirGostaria de saber mais informações sobre a vila Santo Antônio,inclusive onde sai uma lagosta maravilhosa.
ResponderExcluirGostaria de saber como chegar através de ônibus. Onde posso ter acesso? Horários?
ResponderExcluirNa rodoviária tem algum ônibus?
Como eu falei lá no alto, não tem ônibus direto para o Diogo. Vc pode pegar um ônibus para o Imbassaí e, depois seguir de táxi pra lá. Ou pegar o ônibus pra Sauípe, pedir pra descer na estrada, na entrada do Diogo, e seguir os 5 km a pé até a Vila.
ExcluirOlá! Que delícia de texto. Uma linda descrição. Parabéns!
ResponderExcluirEstou indo à Imbassaí no próximo mês e, gostaria de saber se é possível ir caminhando pela areia, de Imbassaí à Costa dos Coqueiros. Gostaria de conhecer essa extensão pela praia mesmo.
Agradeço se puder responder. Ótimas aventuras :)
O melhor é perguntar às pessoas que vivem no Imbassaí. Elas terão uma noção mais apurada da segurança, marés e outros aspectos que vc deve levar em consideração. Não se arrisque sem estar bem informada. Bom passeio 😊
ExcluirMaravilhoso “Diogo”
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