Amor é amor e eu nem tento disfarçar. Nafplio merece uma
viagem inteirinha, só pra ela. Repare o Forte Bourtzi lá no mar |
O Teatro de Epidauros é um dos maiores espetáculos do
Peloponeso |
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Nafplio é uma cidade cheia de camadas históricas. No alto, uma fonte otomana. Acima, um detalhe das pinturas da Catedral |
➡ Para ver essas 10 atrações históricas do Peloponeso, programe de 4 a 5 noites em Nafplio (acredite, você não vai querer ir embora dessa cidade adorável) e depois siga para o Sul, onde está Monemvasia. Programe pelo menos duas noites lá (mas dá pra ficar ficar por umas quatro encarnações).
Agora em 2024 eu fiquei hospedada a menos de 4 km do Centro de Nafplio, em Tirinto, numa pousada muito fofa e barata chamada Ancient Tiryns.
Você vai se apaixonar por Monemvasia |
Com quatro dias inteiros em Nafplio, separe um dia para o bate e volta a Micenas, outro para o bate e volta a Epidauros e dois dias para visitar as fortalezas e outros encantos da cidade e ver as ruínas de Tirinto, que ficam do ladinho.
Programe e visita a Corinto como uma parada no caminho entre Atenas e Nafplio.
➡ Os sítios arqueológicos do Peloponeso têm entrada gratuita
para todo o público nos seguintes feriados:
- 6 de março (Memória de Melina Mercouri)
- 18 de abril (Dia Internacional dos Monumentos Históricos)
- 18 de maio (Dia Internacional dos Museus)
- Último final de semana de setembro (Dia do Patrimônio na Europa)
- 28 de outubro (Independência da Grécia)
➡ Os horários de abertura dos sítios arqueológicos e museus administrados pelo Ministério da Cultura da Grécia mudam, de tempos em tempos. Essas atrações também fecham em alguns feriados, especialmente religiosos. Cheque no site Odisseus, mantido pelo ministério.
➡ Ingresso combinado das atrações históricas da Argólida: se você vai
visitar vários sítios na região, vale a pena considerar a compra do passe válido para o Museu e Sítio Arqueológico de Micenas (com Tesouro de
Atreu), Sítio Arqueológico de Tirinto, Sítio Arqueológico de Asine, Fortaleza
de Palamidi, Museu Arqueológico de Nafplio e Museu Bizantino da Argólida (em
Argos).
Esse passe custa € 20 e é válido durante 3 dias
consecutivos.
Githio (no alto) e Areópolis são as estrelas do próximo post: a Península de Mani merece uma postagem só pra ela |
➡ Todos os ônibus de Atenas para o Peloponeso partem da Estação Rodoviária de Kifissou (também chamada de Terminal A). As estações de metrô mais próximas desse terminal são Eleonas (Linha 3), a cerca de 2 km, e Agios Antonios (Linha 2), a 1,4 km.
Atrações históricas do Peloponeso
Micenas, centro de poder da primeira grande civilização da Europa Continental, e suas muralhas construídas por gigantes |
Sítio Arqueológico de Micenas
Minha primeira visita a Micenas, em 2012, foi uma das coisas
mais emocionantes que as viagens já me deram. Quando atravessei a monumental
Porta dos Leões, que dá acesso à cidade de Perseu e Agamenon, meu coração
estava aos pulos.
É claro que quando voltei a Micenas, em maio/2024, ia pela estrada achando que desta vez veria a cidade com um olhar mais frio e distanciado — mais jornalístico — e poderia trazer um relato mais objetivo do que o que fiz da primeira visita.
Micenas continua a ser escavada pelos arqueólogos e as
descobertas não param |
Mas, ai, como eu sou boba: a taquicardia e as pernas bambas foram talvez até mais intensas do que na primeira visita.
Afinal, se realizar um sonho é sempre um momento especialíssimo, imagine como é realizar um grande sonho pela segunda vez. E Micenas esteve nos meus sonhos desde que eu tinha uns seis anos de idade.
Mas o que há de tão especial em Micenas, aqueles restos de
muralhas e construções que vão subindo em ziguezague rumo ao topo de um morro?
Caminhei para a entrada de Micenas com o coração aos pulos |
Atravessar a Porta dos Leões pela segunda vez foi muito emocionante |
Além de ver a cidade, não esqueça de olhar a paisagem |
Em primeiro lugar, basta olhar os vestígios da cidade, 3 mil anos depois de seu apogeu, pra perceber a imponência que teve o núcleo central da primeira grande civilização da Europa Continental.
Na Idade do Bronze, quando o tal do Ocidente mal tinha saído
das cavernas, a Civilização Micênica estava começando a inventar a Grécia que
tanto nos fascina — contemporânea de civilizações da Ásia, onde resplandeciam a China
e a Mesopotâmia, e da África, onde florescia o Egito.
Nesta tumba circular, logo na entrada da cidade, foram
escavados artefatos preciosos, exibidos no Museu Arqueológico de Micenas |
Plantada em sobre uma elevação protegida por outras montanhas, muito perto do mar, a cidadela de Micenas domina os vales ao redor e oferece o Golfo Sarônico, 32 km a Leste, como moldura da paisagem que se contempla lá do alto (e o Golfo da Argólida está ainda mais próximo, a apenas 16 km) .
O poder de Micenas, porém, ia muito além de onde a vista
alcança, expandido para poderosas cidades da Idade do Bronze como Pilos, Argos
e Tirinto, que os micênicos fundaram ou conquistaram.
O poder de Micenas ia muito além de onde a vista alcança |
A bordo de suas negras naus, como disse Homero, os micênicos conquistaram terras como Creta, onde antes havia florescido a Civilização Minóica, as Ilhas Cíclades e um bom naco da futura Ásia Menor, que corresponde à atual Anatólia.
Helena que me permita tirar seu protagonismo, mas a Guerra
de Troia, liderada pelas cidades micênicas, foi uma disputa inspirada por interesses
expansionistas e comerciais em torno do controle do estratégico Estreito de Dardanelos,
acesso ao Mar de Mármara.
Um ziguezague de rampas conduz o visitante ao topo da cidadela |
E nem só de conquistas militares viveu Micenas, uma potência comercial que estendeu sua rede de trocas por todo o Mediterrâneo, especialmente sua porção Oriental.
Não bastasse a história, ainda tem o mito. Afinal, Micenas foi
a cidade fundada por Perseu. E ele convocou os ciclopes para erguer suas
poderosas muralhas —aquelas que até hoje fazem a gente se sentir pequenininha.
Na mitologia, aquelas muralhas, construídas por gigantes com um olho só no meio da testa, viram de tudo. Especialmente porque a dinastia dos Átridas, que governou a cidade, faria o mais disfuncional dos clãs parecer a Família Dó-Ré-Mi.
Pense em Agamenon sacrificando a filha Ifigênia pra aplacar a ira da deusa Artemis e poder partir para a atacar Troia. Ou em sua mulher, Clitemnestra, urdindo planos de vingança por uma década. Lembre-se de seu filho Orestes assassinando a mãe para vingar a morte do pai...
Não, os Átridas não foram exemplos edificantes, mas
inspiraram uma penca de tragédias gregas — ajudaram a inventar o teatro, como
se não bastasse Micenas ter inventado a Grécia.
A biografia real e as lendas de Micenas caminham com a gente desde o momento que se enxerga as leoas que adornam a Porta dos Leões (é, são leoas, esclarecem os arqueólogos) e começa a lenta subida das rampas que levam ao Megaron, cume onde se assentavam o Palácio Real e os principais templos da cidade.
É emocionante, é catártico, é mágico. Todo mundo merece ver
Micenas uma vez na vida — ou duas, quem sabe...
O Megaron, no topo da cidadela, era onde ficavam o Palácio Real e os principais templos de Micenas |
Museu Arqueológico de Micenas
Não perca por nada neste mundo o Museu Arqueológico de Micenas, que funciona no interior do sítio. Ele é uma fantástica aula pra ajudar o visitante a compreender o que vai ver nas ruínas.
Antes de explorar as ruínas, aproveite a aula no Museu de Micenas |
O acervo do museu é composto por objetos encontrados nas escavações realizadas não apenas em Micenas, mas em vários outros assentamentos micênicos, resgatando uma história que começa a pelo menos 5 mil ano e chega até à época do domínio romano sobre o Peloponeso (no Século 2º da nossa era).
Tesouro de Atreu
A tumba dos reis de Micenas estava oculta sob um morro e foi descoberta no final do Século 19 |
Com o mesmo ingresso que dá acesso à cidadela e ao museu, visite o espetacular Tesouro de Atreu, uma tumba escondida sob um morro, 1,5 km abaixo das ruínas de Micenas, onde eram sepultados governantes e outros dignitários de Micenas.
A tumba é simplesmente de cair o queixo: uma câmara circular
de 14 metros de diâmetros, sobre a qual se ergue uma abóbada de 13 metros de
altura, sem qualquer coluna ou outro tipo de sustentação, exceto o assentamento
das pedras, que vai afunilando para dar o formato cônico da cúpula.
A porta de acesso à tumba tem mais de 6 m de altura |
É bem comum ver gente cochichando alguma coisa bem pertinho das paredes, para que alguém escute do outro lado da câmara (brincadeira semelhante à que fazem os visitantes, nas paredes curvas da Catedral de Brasília. Lá, funciona. No Tesouro de Atreu eu não sei, porque não tentei).
O Tesouro de Atreu, datado do Século 13 a.C., é apontado
como a obra de engenharia mais prodigiosa da Antiguidade até a reforma feita
pelo imperador Adriano dotar o Pantheon de Roma com sua famosa abóbada, 15
séculos mais tarde.
Não se espante de ver gente cochichando para as paredes. Parece que o cochicho pode ser ouvido do outro lado da câmara |
O Tesouro de Atreu é um dos maiores prodígios de engenharia da Antiguidade |
E com todo esse espetáculo, ainda ganhei uma memória muito terna do Tesouro de Atreu na minha segunda visita: o delicioso cheiro de endro que vinha da mata em torno da tumba. Quando eu digo que a Grécia é um país muito cheiroso, o povo acha que eu sou doida.
Entre abril e setembro, a empresa de ônibus KTEL Argolidas faz a rota Nafplio-Micenas em 45 minutos, com uma parada em Argos. A partida é da “rodoviária” de Nafplio (na verdade, o escritório da KTEL que funciona em um sobrado da rua Andrea Siggrou (entre as ruas Vasileos Konstantinou e 25is Martiou), bem na linha divisória entre o Centro Histórico e a parte mais nova da cidade.
Com uma lupa (😁) dá pra ver o estacionamento lá ao fundo, clicado das muralhas de Micenas |
Nosso valente Citroën C3 estacionado na estrada que dá acesso ao Sítio Arqueológico de Micenas. Até que demos sorte de achar vaga no topo da ladeira |
(Archaia Korinthos, na Coríntia)
O Templo de Apolo (no alto da foto) é a estrutura mais estudada no Sítio Arqueológico de Corinto |
Há mais de 120 anos, os arqueólogos vêm realizando escavações em Corinto. Mesmo assim, muito pouco da antiga cidade — tão poderosa que rivalizou com Atenas e Esparta no período Clássico — já foi trazido de volta à luz.
No seu apogeu, no Século 4º a.C., Corinto chegou a ter 90
mil habitantes. Dona de um grande exército, a cidade prosperava com o comércio,
muito facilitado por sua posição estratégica que favorecia a navegação para os
lados Oriental e Ocidental do Mediterrâneo.
O pacato povoado de Archaia Korinthos se desenvolveu sobre a cidade antiga e isso dificulta as escavações |
Afinal, a cidade ficava bem diante do Istmo de Corinto, o pescocinho de terra de apenas 6 km de largura que unia o Peloponeso à Península da Ática, bem de cara para o Mar Egeu, de um lado, e o Golfo de Corinto (e daí para Mar Jônico), do outro. (Unia, porque o istmo virou um canal para a passagem de barcos)
A construção mais famosa de Archaia Korinthos é o Templo de
Apolo, que ocupava uma elevação e jamais chegou a ser completamente soterrado
pelas areias do tempo.
Corinto vem sendo escavada há 120 anos |
No alto daquela montanha fica a antiga Acrópole de Corinto |
Aos pouquinhos e com cuidado, o trabalho arqueológico vem revelando vestígios da metrópole do istmo na Antiguidade, como os de uma Estoa, um Odeon (teatro), do Templo de Afrodite e de santuários dedicados a Deméter e Esculápio.
Cerca de 2 km ao sul do sítio arqueológico, sobre uma montanha, está a Acrocoríntia, a antiga acópole da cidade.Em Archaia Korinthos, achamos estacionamento com facilidade do ladinho da Igreja da Assunção de Maria |
Ingresso: € 8. Crianças até 6 anos e maiores de 65 pagam meia-entrada.
Horários:
Novembro: diariamente, das 8h às 17h.
Dezembro a março: fecha às terças. De quarta a segunda, das 8h às 15h.
Abril e setembro: diariamente, das 8h às 19h.
Maio a agosto: diariamente, das 8h às 20h
Outubro, diariamente, da 8h às 18h
Da minha pousada em Tirinto, a cerca de 10 km de distância,
o Castelo de Larissa se destacava no horizonte |
Na moderna Argos, o Castelo de Larissa é a visão dominante |
Plantado a 270 metros de altura, o castelo ocupa uma localização
pra lá de estratégica, de onde se enxerga um naco e tanto da Argólida — pra
vocês terem uma ideia, dá pra ver suas muralhas de corpo inteiro lá em Tirinto,
a cerca de 10 km de distância, em linha reta.
Não é à toa que essa essa posição privilegiada foi usada como fortificação e posto de vigia desde a Idade do Bronze pelos micênicos, no Século 13 a.C.
Com a decadência da cidade de Argos, atenienses, macedônios, romanos, ostrogodos, bizantinos e francos usaram o local como fortaleza ao longo dos séculos. As feições que vemos hoje no Castelo de Larissa, porém, foram dadas pelos venezianos no Século 15.
Larissa foi conquistado pelos otomanos no Século 18 e tomado pelos gregos na Guerra de Independência.
Cuidado na estrada, tá? |
O acesso ao Castelo de Larissa é livre e é possível explorar seu pátio central, edificações, torres e muralhas. Como o bichinho está bem machucado pelo tempo, tome cuidado ao fazer isso, tá?
Olha o ziguezague que faz a estradinha que leva ao castelo |
Imagine reunir o esporte, a arte, a ciência e a psicanálise
como instrumentos de cura. Não era bem isso, mas era um pouquinho isso que
acontecia no Santuário de Asclépio de Epidauros, um centro de cura que atingiu
seu apogeu há 2.500 anos.
O Teatro de Epidauros é uma das coisas mais espetaculares que eu vi na Grécia |
Sim, claro, as oferendas aos deuses e outros rituais religiosos eram fundamentais no processo — afinal, era um santuário e Asclépio, que nós conhecemos melhor como Esculápio, era o deus da cura.
Mas as terapias aplicadas no Santuário de Asclépio em
Epidauros incorporava muito mais do que pedir aos deuses a graça da cura.
Templo de Asclépio em Epidauros |
Por exemplo, o Teatro — a catarse buscada pelo teatro grego — como forma de purgar traumas recalcados que poderiam se expressar em adoecimentos.
E é por isso que a principal atração do Santuário de
Asclépio é o famoso Teatro de Epidauros, uma das maiores maravilhas da Grécia.
Estádio do Asclepeion: o esporte também fazia parte da terapia (como prática e como entretenimento) |
Tão maravilhoso que continua em uso até hoje, usado para apresentações musicais e encenações teatrais. O Teatro de Epidauros é famoso por sua acústica impecável — lá no alto da última fila da arquibancada, a 55ª, ouve-se perfeitamente o que alguém diz no centro do palco.
Ele é uma concha colossal, talhada em pedra e assentada
sobre uma encosta. Tem capacidade pra 14 mil espectadores e seu palco tem 20
metros de diâmetro.
O Katagogéion (alojamento dos pacientes) é um dos edifícios mais preservados do Santuário de Asclépio |
Imaginem a sofisticação do povo que constrói um teatro desses dentro de um complexo hospitalar. E não só: o Santuário de Asclépio tinha um estádio e um ginásio para competições esportivas — realizava jogos nos moldes dos olímpicos a cada quatro anos, inclusive —, templos religiosos, salas de terapias, refeitório, alojamento...
Na Antiguidade, esse centro de cura atraia gente de todo o
mundo — do mundo que conhecia a Grécia, naturalmente — em busca de tratamento.
O Labirinto de Hades já estava em reformas em 2012 e continua a ser reconstruído, 12 anos depois |
O sítio arqueológico do Asklepeion (o nome grego do santuário) oferece uma visita deliciosa. Ele fica dentro de um bosque de pinheiros muito cheiroso (o que foi que eu disse sobre a Grécia mais acima?). Todo o vale ao redor é tombado pelo patrimônio histórico grego, afastando o risco de que construções venham preservar a paz e a harmonia da paisagem emoldurada por montanhas.
À sombra dos pinheiros, é um prazer percorrer as trilhas que
levam às diversas estruturas do centro de cura. O sítio arqueológico é muito
bem sinalizado, com placas explicativas em grego e em inglês, pra o visitante
entender direitinho a função de cada uma das construções.
Ver o Teatro de Epidauros é uma emoção que eu nem consigo explicar |
Talvez o edifício mais instigante do complexo (depois do Teatro de Epidauros, claro) seja o "Labirinto de Hades". É um altar circular com uma câmara subterrânea onde há uma espécie de labirinto, uma simulação dos caminhos de Hades (o deus governante do mundo dos mortos). Essa trilha era percorrida pelos sacerdotes que buscavam respostas e curas para os pacientes em sua marcha.
A rotina terapêutica no Asklepeion incluía a frequência aos
banhos, oferendas aos deuses e sonhos: acreditava-se que, sonhando, os doentes
recebiam respostas e orientações para seus tratamentos — acho que Freud ia adorar
essa atenção ao inconsciente.
O Museu Arqueológico de Epidauros é pequeno, mas muito bacana |
Estátua da deusa Atena |
Antes de ser um santuário de Asclépio, o local foi dedicado ao culto de Apolo. Com a mudança de dedicação, a casa ficou em família, já que Asclépio é filho do deus Sol. No Asklepeion também era praticado o culto a Higeia, filha de Esculápio, deusa da limpeza e sanidade — de seu nome vem a palavra higiene.
Museu do Santuário de Asclépio
Elementos decorativos dos templos e outros edifícios do Asklepeion são a grande atração do museu |
Funcionando desde 1909, o Museu Arqueológico de Epidauros está instalado dentro do Santuário de Asclépio e exibe uma bonita coleção de peças escavadas no sítio arqueológico.
Ainda que pequeno, é um museusinho imperdível, com seu
acervo de elementos decorativos dos templos e edifícios do complexo, estatuária
e ex-votos oferecidos por pacientes aos deuses que ajudaram a curá-los.
Saiba mais: Epidauros, espetacular!
Como chegar a Epidauros: de Nafplio ou Tirinto, siga pela rodovia E-070. São apenas 27 km de distância. De Atenas, siga até o Istmo de Corinto (75 km) e daí tome a Estrada Isthmou Archaias Epidavrou até a portaria do sítio arqueológico (64 km). De Atenas, a distância é de 140 km.
A rota de ônibus de Atenas para o Sítio Arqueológico de Epidauros agora exige uma baldeação em Nafplio, o que vai consumir quase quatro horas de viagem. Segundo o site da KTEL Argolidas, há frequências a cada 3 horas partindo do Terminal de Kifissou.
O sítio arqueológico é muito bem sinalizado |
O ônibus de Nafplio para o Asklepeion faz o trajeto em 50 minutos, com uma parada na localidade de Ligourión. O serviço é oferecido o ano inteiro. A partida é do escritório da KTEL (veja os detalhes mais acimas, nas dicas de como chegar a Micenas) e a chegada é em frente à portaria do sítio arqueológico.
Onde estacionar: em frente ao sítio arqueológico tem um estacionamento publico e gratuito enoooooorme. Se chegar cedo, você pode até dar sorte de encontrar uma vaguinha na sombra pra deixar o carro — um baita luxo, porque, em matéria de calor, o Peloponeso é a Bahia.
Horários: o Sítio Arqueológico do Asklepeion fica aberto desde as 8h até as 17h. No verão (de abril a agosto), o horário de visitas se estende até as 20h, exceto quando há espetáculos no Teatro de Epidauros à noite.
Ingresso: A entrada do sítio arqueológico, também válida para o museu, custa € 12.
Fortalezas de Nafplio
5 - Fortaleza de PalamidiPalamidi tem uma vista deslumbrante para o Golfo da Argólida |
A fortaleza domina o horizonte de Nafplio |
A Fortaleza de Palamidi consegue a proeza de ser a imagem mais impactante de Nafplio. E pra ganhar esse campeonato, em uma cidade cheia de coisas lindas pra ver, é claro que essa senhora, construída pelos venezianos no Século 17, não brinca em serviço.
Começa pela altura: a fortaleza está localizada na elevação
mais alta entre os morros que cercam Nafplio, 216 metros acima da cidade. É
praticamente impossível não vê-la.
Os venezianos construíram Palamidi para ser inexpugnável. Mas a verdade é que deram a Nafplio seu mais belo belvedere |
Não importa em que pedacinho de Nafplio a gente esteja, basta olhar e lá está Palamidi, bela e altaneira, com seus cinturões de muralhas, oito bastiões e uma barbacã que se derrama escarpa abaixo, protegendo o 999 degraus que ligam a cidade à fortaleza.
E se ela é linda de ver, aqui de baixo, Palamidi retribui a
gentileza e mostra uma Nafplio simplesmente arrebatadora, quando a gente
contempla a cidade lá de cima.
Capela de Agios Andreas (Santo André) em Palamidi |
O leão alado, símbolo de Veneza, adorna algumas paredes de Palamidi |
As muralhas e bastiões de Palamidi são realmente impressionantes |
Coloque essa visita no topo de sua lista de prioridades em Nafplio, que você não vai se arrepender nem um pouquinho.
Além de linda, Palamidi tem um papel fundamental na história
de Nafplio, nos séculos 18 e 19.
Ela foi construída pelos venezianos para ser inexpugnável
(e, olhando pra ela, dá pra acreditar muito nisso). Mas a fortaleza foi tomada pelos
otomanos apenas um ano após a conclusão das obras, em 1715.
O domínio turco sobre Nafplio e sobre Palamidi só seria encerrado mais de um século mais tarde, quando tropas gregas lideradas por Theodros Kolokotronis tomaram a instalação militar drante a Guerra de Indepedência da Grécia, em 1929.
Como chegar à Fortaleza de Palamidi: a rua 25is Martiou começa bem na divisa entre a Nafplio moderna e o Centro Histórico. Siga por ela e vá subindo, acompanhando as placas indicativas, que não tem como errar.
Se preferir subir a pé, esteja ciente de que são 999 degraus até a entrada de Palamidi. A escadaria parte do Parque Stoikopoulos.
Se você não estiver de carro, a melhor opção é subir de táxi e descer pela escadaria. Foi isso que eu fiz na primeira vez que visitei a Fortaleza de Palamidi. É fácil conseguir táxis no ponto em frente à parada de ônibus da KTEL (a "rodoviária" de Nafplio).
Horários: de novembro a março, das 08:30h às 15:30h. Em abril e setembro, das 8h às 19h. De maio a agosto, das 8h às 20h.
Ingresso: € 8 (de novembro a março, € 4)
6 - Acronafplia
Olha a Acronafplia pousada no cocuruto da águia |
A cidade de Nafplio tem um desenho semelhante a uma águia, com um promontório em formato de bico avançando sobre o golfo da Argólida. A Acronafplia é uma vasta fortaleza que ocupa exatamente o cocuruto da ave.
A Acronafplia é o núcleo original da povoação que hoje
conhecemos como Nafplio (a “cidade baixa”, contam os historiadores, só começou a
ser construída no Século 15, pelos venezianos).
Antes de Nafplio houve Acronafplia: o núcleo original da povoação foi cá em cima |
O conjunto de fortificações da Acronafplia chegou a abrigar três castelos, além de muralhas em diversos níveis, alojamentos, diversos bastiões e capelas bizantinas.
As primeiras fortificações do local datam do Século 4º a.C.,
uma mistura de posição defensiva para uma povoação e acrópole. O historiador grego
Pausânias, que viveu no Século 2º d.C. (época da ocupação romana da Grécia),
relata a existência de um templo de Poseidon na Acronafplia, que ele conheceu
abandonada e em ruínas.
A maior porção das muralhas da Acronafplia se debruça para a Praia de Arvanitia |
Forte Bourzi visto da Acronafplia |
Depois do período Romano, cada povo que ocupou a atual Nafplio — bizantinos, cruzados francos, turcos e venezianos — contribuiu com mais algumas toneladas de pedras para as estruturas defensivas da Acronafplia.
A fortaleza entrou em declínio no Século 17, quando os
venezianos construíram a poderosa e ainda mais inexpugnável (acreditavam eles)
Fortaleza de Palamidi.
Mas garanto que subir e descer pedras e pensar em funções
militares é a menor das atrações dessa fortaleza. A Acronafplia é, sim, uma
sucessão de mirantes espetaculares para o Golfo da Argólida, as montanhas e a
cidade de Nafplio (ô moça fotogênica, essa Nafplio, viu?).
O melhor motivo para encarar as ladeiras e escadarias até a Acronafplia é ver Nafplio do alto |
Saiba mais: O melhor de Nafplio
Acho esse menino muito lindinho 💙 |
O Forte Bourtzi (ou Castelo Bourtzi) é uma construção
veneziana do Século 15, quando a Sereníssima República consolidou seu domínio
sobre Nafplio.
O Bourtzi visto de Palamidi (no alto) e da Acronafplia (acima) |
Um dado curioso é que o engenheiro encarregado das primeiras fortificações do Bourtzi se chamava Barancaleone — mas basta olhar o resultado das obras pra perceber que ele era bem menos desastrado do que seu xará do filme de Mario Monicelli.
As visitas ao castelo foram retomadas em 2023, depois do Bourtzi
passar uma década em restauração. No passeio, é possível percorrer as muralhas
e dependências do forte, que nos meses de junho, sedia um concorrido festival de
música grega tradicional.
Pra chegar ao Bourtzi, pegue um barquinho. A viagem é bem curtinha |
Como chegar ao Bourtzi: do porto turístico de Nafplio (em frente à Plateia/praça Philellion) partem barcos para o Bourtzi a cada 30 minutos, diariamente. O bilhete do barco custa € 5 e vale para a ida e a volta.
Os vasos chamados de cratera eram usados para misturar o vinho com água, antes de ser servido. Essas peças foram encontradas em Tirinto (Foto de Davide Mauro - Own work, CC BY-SA 4.0 |
Figuras femininas datadas do Período Neolítico escavadas na
Caverna de Franchthi (Foto de Zde - Own work, CC BY-SA 4.0 https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=98501131) |
Aa peças mais antigas exibidas no Museu de Arqueologia de
Nafplio são achados da Caverna Franchthi (a 60 km de Nafplio), ocupação humana com 40 mil anos do
idade, um dos sítios pré-históricos mais importantes da Europa) e do
Desfiladeiro de Kleisoura (com até 38 mil anos de idade).
Figuras funerárias do Século 12 a.C. escavadas em Micenas (Foto de Mary Harrsch, CC BY-SA 4.0 |
Joias da Idade do Bronze (Período Heládico) encontradas em Asine (Foto de Zde - Own work, CC BY-SA 4.0)https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=97265371 |
O Museu Arqueológico de Nafplio (ao fundo) fica no coração da cidade, na Plateia Syntagma |
Esta cena de caça ao javali adornava uma parede do Palácio de Tirinto. Hoje a peça é um dos destaques da coleção de afrescos micênicos do Museu Nacional de Arqueologia de Atenas |
Hoje, resta pouco da cidade, que já estava abandonada no
Século 2º d.C. Mas suas muralhas explicam direitinho por que Homero a chamou de
“a poderosa Tirinto amuralhada” — ainda hoje, é impossível olhá-las sem
assombro.
Impossível olhar essas muralhas sem espanto |
Já contei aqui (váááárias vezes) que Tirinto era o repouso de Hércules, o lugar onde o herói e semideus relaxava entre um e outro de seus 12 trabalhos.
Afrescos de Tirinto no Museu Nacional de Arqueologia de Atenas |
Como chegar a Tirinto: as ruínas ficam à beira da Rodovia Argos-Nafplio, a 4,5 km do Centro de Nafplio e a 8 km do Centro de Argos.
Monemvasia, ou "uma única entrada". E depois do Istmo (no alto) tem a muralha |
Monemvasia é uma vila bizantina com 405 habitantes, aninhada em um rochedo imenso, que se projeta do mar e se conecta à terra por um istmo muito estreito.
Bom, essa uma maneira objetiva de descrever o lugar mais mágico
que eu vi na Grécia, cenário que parece ter sido criado pra um sonho, lá no
Século 6º da nossa era.
Como já contei aqui na Fragata, as ruas de Monemvasia
parecem passagens secretas, espremidas entre fachadas de pedra, costinhas rendadas
e vasos de flores.
As rua de Monemvasia são assim |
Monemvasia, em grego, significa “única entrada”. A designação se refere ao único e estreito acesso terrestre a ela, o istmo ligando o rochedo à terra firme. Atravessado o istmo, o invasor ainda teria que vencer as muralhas que guardam a entrada da vila.
Não é à toa que Monemvasia conseguiu ser deixada em paz por quase 700 anos, sob governo bizantino. E é desse tempo que que vêm as feições da vila.
Mas, água mole em pedra dura, a vila bizantina caiu nas mãos de conquistadores insistentes, como os venezianos e otomanos, até ser libertada e incorporada à Grécia Independente, em 1821.
A vila fica aninhada no rochedo e vai se enroscando escarpa acima |
O motivo histórico pra visitar Monemvasia é ver uma vila bizantina viva, em ocupação contínua há 1.500 anos. Mas a Fragata também é um blog hedonista e, portanto, tenho que contar que o banho de mar naquele pedacinho do Egeu é de criar devoção fervorosa e eterna a Poseidon.
Monemvasia merece alguns dias de retiro. Há opção de
hospedagem no Kastro (“castelo”), como é chamada a vila no rochedo. Mas vai ser
bem mais barato ficar alojada do outro lado do istmo, na vila de Gefira — onde,
por sinal, as praias são melhores.
Dá para atravessar o istmo caminhando (são pouco mais de 400 metros) ou com o micro-ônibus que faz o leva e traz gente.
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O anoitecer em Monemvasia é mágico |
Como chegar a Monemvasia: a vila fica a 320 km de Atenas. A empresa de ônibus KTEL Lakonias tem uma frequência diária partindo da capital até lá. A saída é às 8:15h da manhã. Prepare-se para uma viagem de quase 8 horas, com uma baldeação em Esparta (a cidade mais conectada por ônibus com Monemvasia, com 5 frequências diárias).
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