15 outubro 2024

10 atrações históricas do Peloponeso


Nafplio na Grécia
Amor é amor e eu nem tento disfarçar. Nafplio merece uma viagem inteirinha, só pra ela. Repare o Forte Bourtzi lá no mar

Creio que já derramei bastante do meu amor pelo Peloponeso nos dois posts anteriores, então está na hora de ser mais prática e trazer dicas de como explorar a riqueza de atrações que você vai encontrar nessa península encantada da Grécia.

As atrações históricas do Peloponeso são virtualmente inesgotáveis. Não bastasse a região ter sido o berço do que a gente entende como Civilização Grega (não esqueçamos que Civilização Micênica era uma potência 1.000 anos antes do esplendor de Atenas), a península não ficou congelada na Antiguidade, quando floresceram não apenas Micenas, mas outras cidades-Estados como Esparta e Corinto.

Teatro de Epidauros na Grécia

O Teatro de Epidauros é um dos maiores espetáculos do Peloponeso


Quem percorre a região encontra uma síntese da Grécia. As atrações históricas do Peloponeso nos contam sobre a Idade do Bronze, a Antiguidade Clássica, a ocupação romana, o Império Bizantino, a expansão marítima de Veneza, os 400 anos de domínio otomano, a Guerra de Independência da Grécia e a construção da Grécia Moderna, que teve Nafplio como sua primeira capital.

Pra este post não ficar enorme, concentrei aqui as atrações históricas da Coríntia (Corinto), da Argólida (Micenas, Epidauros, Nafplio, Tirinto e Argos) e da Lacônia (Monemvasia), regiões do Peloponeso que visitei nas minhas duas viagens à Grécia (em 2012 e 2024).

Sítio Arqueológico de Olímpia na Grécia
O frio na barriga é inevitável quando a gente se depara com o Estádio de Olímpia. Ao fundo, repare na pista onde, por 1.200 anos, atletas competiram em homenagem a Zeus. A visita ao berço dos Jogos Olímpicos vai ganhar um post exclusivo

A bela, misteriosa e pouco povoada Península de Mani, que fez parte do meu segundo roteiro na Grécia, vai ganhar um post só pra ela. O mesmo vale para a emocionante Olímpia, na Élida, onde o Santuário de Zeus sediou, por 1.200 anos, os jogos que sedimentaram a identidade grega e eu finalmente pude visitar, no meu retorno ao país em 2024.

Para saber sobre a Atlântida da Argólida, dá uma olhadinha no post sobre as praias do Peloponeso

Para ler sobre outras atrações históricas do Peloponeso, como o Templo de Zeus em Nemeia, o Templo de Apolo Epicúrio, na Élida, e a cidade bizantina de Mystras, na Lacônia, aguarde a minha terceira viagem à Grécia 😁 — conto com sua torcida e com a bênção de Painho Hermes, deus das viagens e das comunicações, pra que isso ocorra logo.

Espero que as dicas deste post inspirem você ainda mais a descobrir o meu amado Peloponeso.

Leia também:

Dicas práticas do Peloponeso
Hospedagem no Peloponeso
7 razões pra visitar o Peloponeso
Onde comer no Peloponeso
Roteiro de carro na Grécia
Como viajar de carro na Grécia
Um roteiro na Grécia, o país azul

Dicas gerais sobre as atrações históricas do Peloponeso

Fonte otomana em Nafplio na Grécia
Catedral de Nafplio na Grécia
Nafplio é uma cidade cheia de camadas históricas. No alto, uma fonte otomana. Acima, um detalhe das pinturas da Catedral

Para ver essas 10 atrações históricas do Peloponeso, programe de 4 a 5 noites em Nafplio (acredite, você não vai querer ir embora dessa cidade adorável) e depois siga para o Sul, onde está Monemvasia. Programe pelo menos duas noites lá (mas dá pra ficar ficar por umas quatro encarnações).

Agora em 2024 eu fiquei hospedada a menos de 4 km do Centro de Nafplio, em Tirinto, numa pousada muito fofa e barata chamada Ancient Tiryns.

Monemvasia na Grécia
Monemvasia na Grécia
Você vai se apaixonar por Monemvasia

Com quatro dias inteiros em Nafplio, separe um dia para o bate e volta a Micenas, outro para o bate e volta a Epidauros e dois dias para visitar as fortalezas e outros encantos da cidade e ver as ruínas de Tirinto, que ficam do ladinho. 

Programe e visita a Corinto como uma parada no caminho entre Atenas e Nafplio.

Os sítios arqueológicos do Peloponeso têm entrada gratuita para todo o público nos seguintes feriados:

- 6 de março (Memória de Melina Mercouri)
- 18 de abril (Dia Internacional dos Monumentos Históricos)
- 18 de maio (Dia Internacional dos Museus)
- Último final de semana de setembro (Dia do Patrimônio na Europa)
- 28 de outubro (Independência da Grécia)

Mosteiro de Panagia Katakekrymeni Portokalousa em Argos na Grécia

Mosteiro de Panagia Katakekrymeni Portokalousa (“Nossa Senhora Escondida nas Laranjeiras”), do Século 18, em Argos. O nome se refere a um ícone escondido pelos monges para a evitar a pilhagem pelos otomanos

Tesouro de Atreu em Micenas na Grécia
O Tesouro de Atreu é uma impressionante tumba micênica ocultada sob um morro. Descoberta no Século 19, guardava oferendas preciosas aos governantes aí sepultados, como a chamada "Máscara de Agamenon", hoje exposta no Museu Nacional de Arqueologia de Atenas

➡ Os horários de abertura dos sítios arqueológicos e museus administrados pelo Ministério da Cultura da Grécia mudam, de tempos em tempos. Essas atrações também fecham em alguns feriados, especialmente religiosos.  Cheque no site Odisseus, mantido pelo ministério.

➡ Ingresso combinado das atrações históricas da Argólida: se você vai visitar vários sítios na região, vale a pena considerar a compra do passe válido para o Museu e Sítio Arqueológico de Micenas (com Tesouro de Atreu), Sítio Arqueológico de Tirinto, Sítio Arqueológico de Asine, Fortaleza de Palamidi, Museu Arqueológico de Nafplio e Museu Bizantino da Argólida (em Argos).

Esse passe custa € 20 e é válido durante 3 dias consecutivos.

Githio na Grécia
Areópolis na Grécia
Githio (no alto) e Areópolis são as estrelas do próximo post: a Península de Mani merece uma postagem só pra ela

➡ Todos os ônibus de Atenas para o Peloponeso partem da Estação Rodoviária de Kifissou (também chamada de Terminal A). As estações de metrô mais próximas desse terminal são Eleonas (Linha 3), a cerca de 2 km, e Agios Antonios (Linha 2), a 1,4 km.


Atrações históricas do Peloponeso


1 - Micenas

Sítio Arqueológico de Micenas na Grécia
Micenas, centro de poder da primeira grande civilização da Europa Continental, e suas muralhas construídas por gigantes

Sítio Arqueológico de Micenas

Minha primeira visita a Micenas, em 2012, foi uma das coisas mais emocionantes que as viagens já me deram. Quando atravessei a monumental Porta dos Leões, que dá acesso à cidade de Perseu e Agamenon, meu coração estava aos pulos.

É claro que quando voltei a Micenas, em maio/2024, ia pela estrada achando que desta vez veria a cidade com um olhar mais frio e distanciado — mais jornalístico — e poderia trazer um relato mais objetivo do que o que fiz da primeira visita. 

Micenas na Grécia
Micenas na Grécia
Micenas continua a ser escavada pelos arqueólogos e as descobertas não param

Mas, ai, como eu sou boba: a taquicardia e as pernas bambas foram talvez até mais intensas do que na primeira visita.

Afinal, se realizar um sonho é sempre um momento especialíssimo, imagine como é realizar um grande sonho pela segunda vez. E Micenas esteve nos meus sonhos desde que eu tinha uns seis anos de idade.

Mas o que há de tão especial em Micenas, aqueles restos de muralhas e construções que vão subindo em ziguezague rumo ao topo de um morro?

Micenas na Grécia
Caminhei para a entrada de Micenas com o coração aos pulos
Porta dos Leões em Micenas na Grécia
Atravessar a Porta dos Leões pela segunda vez foi muito emocionante
Micenas na Grécia
Além de ver a cidade, não esqueça de olhar a paisagem

Em primeiro lugar, basta olhar os vestígios da cidade, 3 mil anos depois de seu apogeu, pra perceber a imponência que teve o núcleo central da primeira grande civilização da Europa Continental.

Na Idade do Bronze, quando o tal do Ocidente mal tinha saído das cavernas, a Civilização Micênica estava começando a inventar a Grécia que tanto nos fascina — contemporânea de civilizações da Ásia, onde resplandeciam a China e a Mesopotâmia, e da África, onde florescia o Egito.

Micenas na Grécia
Nesta tumba circular, logo na entrada da cidade, foram escavados artefatos preciosos, exibidos no Museu Arqueológico de Micenas

Plantada em sobre uma elevação protegida por outras montanhas, muito perto do mar, a cidadela de Micenas domina os vales ao redor e oferece o Golfo Sarônico, 32 km a Leste, como moldura da paisagem que se contempla lá do alto (e o Golfo da Argólida está ainda mais próximo, a apenas 16 km) .

O poder de Micenas, porém, ia muito além de onde a vista alcança, expandido para poderosas cidades da Idade do Bronze como Pilos, Argos e Tirinto, que os micênicos fundaram ou conquistaram.

Micenas na Grécia
Micenas na Grécia
Micenas na Grécia
O poder de Micenas ia muito além de onde a vista alcança

A bordo de suas negras naus, como disse Homero, os micênicos conquistaram terras como Creta, onde antes havia florescido a Civilização Minóica, as Ilhas Cíclades e um bom naco da futura Ásia Menor, que corresponde à atual Anatólia.

Helena que me permita tirar seu protagonismo, mas a Guerra de Troia, liderada pelas cidades micênicas, foi uma disputa inspirada por interesses expansionistas e comerciais em torno do controle do estratégico Estreito de Dardanelos, acesso ao Mar de Mármara.

Micenas na Grécia
Micenas na Grécia
Micenas na Grécia
Um ziguezague de rampas conduz o visitante ao topo da cidadela

E nem só de conquistas militares viveu Micenas, uma potência comercial que estendeu sua rede de trocas por todo o Mediterrâneo, especialmente sua porção Oriental. 

Não bastasse a história, ainda tem o mito. Afinal, Micenas foi a cidade fundada por Perseu. E ele convocou os ciclopes para erguer suas poderosas muralhas —aquelas que até hoje fazem a gente se sentir pequenininha.

Na mitologia, aquelas muralhas, construídas por gigantes com um olho só no meio da testa, viram de tudo. Especialmente porque a dinastia dos Átridas, que governou a cidade, faria o mais disfuncional dos clãs parecer a Família Dó-Ré-Mi. 

Micenas na Grécia

Pense em Agamenon sacrificando a filha Ifigênia pra aplacar a ira da deusa Artemis e poder partir para a atacar Troia. Ou em sua mulher, Clitemnestra, urdindo planos de vingança por uma década. Lembre-se de seu filho Orestes assassinando a mãe para vingar a morte do pai...

Não, os Átridas não foram exemplos edificantes, mas inspiraram uma penca de tragédias gregas — ajudaram a inventar o teatro, como se não bastasse Micenas ter inventado a Grécia.

Micenas na Grécia
Micenas na Grécia

A biografia real e as lendas de Micenas caminham com a gente desde o momento que se enxerga as leoas que adornam a Porta dos Leões (é, são leoas, esclarecem os arqueólogos) e começa a lenta subida das rampas que levam ao Megaron, cume onde se assentavam o Palácio Real e os principais templos da cidade.

É emocionante, é catártico, é mágico. Todo mundo merece ver Micenas uma vez na vida — ou duas, quem sabe...

Micenas na Grécia
Micenas na Grécia
O Megaron, no topo da cidadela, era onde ficavam o Palácio Real e os principais templos de Micenas

Museu Arqueológico de Micenas

Não perca por nada neste mundo o Museu Arqueológico de Micenas, que funciona no interior do sítio. Ele é uma fantástica aula pra ajudar o visitante a compreender o que vai ver nas ruínas.

Museu Arqueológico de Micenas na Grécia
Museu Arqueológico de Micenas na Grécia
Antes de explorar as ruínas, aproveite a aula no Museu de Micenas

O acervo do museu é composto por objetos encontrados nas escavações realizadas não apenas em Micenas, mas em vários outros assentamentos micênicos, resgatando uma história que começa a pelo menos 5 mil ano e chega até à época do domínio romano sobre o Peloponeso (no Século 2º da nossa era).

Tesouro de Atreu

Tesouro de Atreu em Micenas na Grécia
Tesouro de Atreu em Micenas na Grécia
A tumba dos reis de Micenas estava oculta sob um morro e foi descoberta no final do Século 19

Com o mesmo ingresso que dá acesso à cidadela e ao museu, visite o espetacular Tesouro de Atreu, uma tumba escondida sob um morro, 1,5 km abaixo das ruínas de Micenas, onde eram sepultados governantes e outros dignitários de Micenas.

A tumba é simplesmente de cair o queixo: uma câmara circular de 14 metros de diâmetros, sobre a qual se ergue uma abóbada de 13 metros de altura, sem qualquer coluna ou outro tipo de sustentação, exceto o assentamento das pedras, que vai afunilando para dar o formato cônico da cúpula.

Tesouro de Atreu em Micenas na Grécia
A porta de acesso à tumba tem mais de 6 m de altura

É bem comum ver gente cochichando alguma coisa bem pertinho das paredes, para que alguém escute do outro lado da câmara (brincadeira semelhante à que fazem os visitantes, nas paredes curvas da Catedral de Brasília. Lá, funciona. No Tesouro de Atreu eu não sei, porque não tentei).

O Tesouro de Atreu, datado do Século 13 a.C., é apontado como a obra de engenharia mais prodigiosa da Antiguidade até a reforma feita pelo imperador Adriano dotar o Pantheon de Roma com sua famosa abóbada, 15 séculos mais tarde.

Tesouro de Atreu em Micenas na Grécia
Tesouro de Atreu em Micenas na Grécia
Tesouro de Atreu em Micenas na Grécia
Não se espante de ver gente cochichando para as paredes. Parece que o cochicho pode ser ouvido do outro lado da câmara
Tesouro de Atreu em Micenas na Grécia
O Tesouro de Atreu é um dos maiores prodígios de engenharia da Antiguidade

E com todo esse espetáculo, ainda ganhei uma memória muito terna do Tesouro de Atreu na minha segunda visita: o delicioso cheiro de endro que vinha da mata em torno da tumba. Quando eu digo que a Grécia é um país muito cheiroso, o povo acha que eu sou doida.


Saiba mais: Micenas, terra de gigantes

Tesouro de Atreu em Micenas na Grécia

Como chegar a Micenas: o sítio arqueológico está na Argólida, a 120 km de Atenas e a pouco mais de 20 km de Nafplio. A estrada até lá é bem sinalizada e o Google Maps indica o caminho muito direitinho pra quem vai dirigir.

Entre abril e setembro, a empresa de ônibus KTEL Argolidas faz a rota Nafplio-Micenas em 45 minutos, com uma parada em Argos. A partida é da “rodoviária” de Nafplio (na verdade, o escritório da KTEL que funciona em um sobrado da rua Andrea Siggrou (entre as ruas Vasileos Konstantinou e 25is Martiou), bem na linha divisória entre o Centro Histórico e a parte mais nova da cidade.

Trajeto de Nafplio a Micenas na Grécia

Como os sites da KTEL são infernais (só funcionam em grego, mesmo quando a gente escolhe a versão em inglês), não consegui checar os horários e os preços atuais das passagens. Mas na primeira vez que estive em Nafplio também não tive acesso antecipado à informação e, no fim, deu tudo certo.

Pra quem vem de ônibus de Atenas, o serviço (também da KTEL Argolidas) funciona o ano inteiro. A viagem dura 1h40 e a partida da capital é do Terminal A (a Estação Rodoviária de Kifissou). O destino final é Fichti, uma vila com 700 habitantes, a 2 km do sítio arqueológico, mas o ônibus passa na porta das ruínas.

Sítio Arqueológico de Micenas na Grécia
Com uma lupa (😁) dá pra ver o estacionamento lá ao fundo, clicado das muralhas de Micenas 
Sítio Arqueológico de Micenas na Grécia
Nosso valente Citroën C3 estacionado na estrada que dá acesso ao Sítio Arqueológico de Micenas. Até que demos sorte de achar vaga no topo da ladeira

Onde estacionar: se você vem de carro para Micenas, é bom saber que há um estacionamento público e gratuito em frente à portaria do Sítio Arqueológico. 

O espaço não é muito grande e também é usado pelos ônibus de excursão. Se não achar vaga, é permitido estacionar na estrada que dá acesso à cidadela, mas chegue cedo pra não parar muito longe e ter que subir a ladeira debaixo do sol.

2 - Sítio Arqueológico de Corinto
(Archaia Korinthos, na Coríntia)

Sítio arqueológico de Corinto na Grécia
O Templo de Apolo (no alto da foto) é a estrutura mais estudada no Sítio Arqueológico de Corinto

Há mais de 120 anos, os arqueólogos vêm realizando escavações em Corinto. Mesmo assim, muito pouco da antiga cidade — tão poderosa que rivalizou com Atenas e Esparta no período Clássico — já foi trazido de volta à luz.

No seu apogeu, no Século 4º a.C., Corinto chegou a ter 90 mil habitantes. Dona de um grande exército, a cidade prosperava com o comércio, muito facilitado por sua posição estratégica que favorecia a navegação para os lados Oriental e Ocidental do Mediterrâneo.

Archaia Korinthos na Grécia
O pacato povoado de Archaia Korinthos se desenvolveu sobre a cidade antiga e isso dificulta as escavações 

Afinal, a cidade ficava bem diante do Istmo de Corinto, o pescocinho de terra de apenas 6 km de largura que unia o Peloponeso à Península da Ática, bem de cara para o Mar Egeu, de um lado, e o Golfo de Corinto (e daí para Mar Jônico), do outro. (Unia, porque o istmo virou um canal para a passagem de barcos)

A construção mais famosa de Archaia Korinthos é o Templo de Apolo, que ocupava uma elevação e jamais chegou a ser completamente soterrado pelas areias do tempo.

Sítio Arqueológico de Corinto na Grécia
Corinto vem sendo escavada há 120 anos
Sítio Arqueológico de Corinto na Grécia
No alto daquela montanha fica a antiga Acrópole de Corinto

Aos pouquinhos e com cuidado, o trabalho arqueológico vem revelando vestígios da metrópole do istmo na Antiguidade, como os de uma Estoa, um Odeon (teatro), do Templo de Afrodite e de santuários dedicados a Deméter e Esculápio.

Cerca de 2 km ao sul do sítio arqueológico, sobre uma montanha, está a Acrocoríntia, a antiga acópole da cidade.

Como chegar a Archaia Korinthos: o sítio fica a 13 km do Istmo de Corinto. Siga a sinalização e use o Google Maps, que não tem erro, tanto pra quem vem de Atenas quanto pra quem vem de Nafplio. 

Só lembre de traçar a rota para Archaia Korinthos ou Ancient Corinth, pra não ir parar na Corinto moderna, que fica 7 km ao Norte do sítio arqueológico.

Igreja da Assunção de Maria em Corinto na Grécia
Em Archaia Korinthos, achamos estacionamento com facilidade do ladinho da Igreja da Assunção de Maria

Se você estiver de carro, vai ficar bem mais fácil chegar a Archaia Korinthos, pois não há ônibus direto para lá, nem de Nafplio, nem de Atenas. O jeito é descer no Istmo e pegar outro transporte.

Onde estacionar: é fácil achar estacionamento público e gratuito no entorno do sítio arqueológico, onde há um pequeno povoado.

Trajeto do Sítio Arqueológico de Corinto ao Sítio Arqueológico de Corinto

Ingresso: € 8. Crianças até 6 anos e maiores de 65 pagam meia-entrada.

Horários:
Novembro: diariamente, das 8h às 17h.
Dezembro a março: fecha às terças. De quarta a segunda, das 8h às 15h.
Abril e setembro: diariamente, das 8h às 19h.
Maio a agosto: diariamente, das 8h às 20h
Outubro, diariamente, da 8h às 18h

3 - Castelo de Larissa em Argos

Castelo de Larissa na Grécia
O castelo que vemos hoje é obra dos venezianos

Já falei aqui na Fragata sobre meu fascínio por Argos, um dos assentamentos humanos mais antigos do Ocidente, com 6 mil anos de povoação contínua. 

A cidade contemporânea, porém, não tem muita graça. É é basicamente uma cidadezinha com 22 mil habitantes, sem qualquer atração mais digna de nota — até porque o outrora elogiado Museu Arqueológico de Argos está fechado há mais de uma década para reformas.

Castelo de Larissa na Grécia
Da minha pousada em Tirinto, a cerca de 10 km de distância, o Castelo de Larissa se destacava no horizonte
Castelo de Larissa na Grécia
Na moderna Argos, o Castelo de Larissa é a visão dominante

Nos arredores da cidade, porém, vale subir a estradinha cascuda, super íngreme e retorcida em muitas curvas beirando precipício, para dar uma olhada no Castelo de Larissa.

Plantado a 270 metros de altura, o castelo ocupa uma localização pra lá de estratégica, de onde se enxerga um naco e tanto da Argólida — pra vocês terem uma ideia, dá pra ver suas muralhas de corpo inteiro lá em Tirinto, a cerca de 10 km de distância, em linha reta.

Castelo de Larissa em Argos

Não é à toa que essa essa posição privilegiada foi usada como fortificação e posto de vigia desde a Idade do Bronze pelos micênicos, no Século 13 a.C. 

Com a decadência da cidade de Argos, atenienses, macedônios, romanos, ostrogodos, bizantinos e francos usaram o local como fortaleza ao longo dos séculos. As feições que vemos hoje no Castelo de Larissa, porém, foram dadas pelos venezianos no Século 15.

Larissa foi conquistado pelos otomanos no Século 18 e tomado pelos gregos na Guerra de Independência. 

Castelo de Larissa na Grécia
Castelo de Larissa na Grécia
Cuidado na estrada, tá?

O acesso ao Castelo de Larissa é livre e é possível explorar seu pátio central, edificações, torres e muralhas. Como o bichinho está bem machucado pelo tempo, tome cuidado ao fazer isso, tá?

Como chegar ao Castelo de Larissa: a fortaleza fica a 6 km do centrinho de Argos. A subida até lá, muito é cascuda e sempre meio à beira do abismo. Dirija com cuidado. Pelo que apurei, não há transporte público até lá.

Trajeto de Argos ao Castelo de Larissa
Olha o ziguezague que faz a estradinha que leva ao castelo
 
Onde estacionar: no topo da montanha onde fica o castelo é bem fácil achar lugar pra deixar o carro.

Horário e ingresso: a entrada no castelo é livre

4 - Santuário de Asclépio e Teatro de Epidauros

Imagine reunir o esporte, a arte, a ciência e a psicanálise como instrumentos de cura. Não era bem isso, mas era um pouquinho isso que acontecia no Santuário de Asclépio de Epidauros, um centro de cura que atingiu seu apogeu há 2.500 anos.

Teatro de Epidauros na Grécia
O Teatro de Epidauros é uma das coisas mais espetaculares que eu vi na Grécia

Sim, claro, as oferendas aos deuses e outros rituais religiosos eram fundamentais no processo — afinal, era um santuário e Asclépio, que nós conhecemos melhor como Esculápio, era o deus da cura.

Mas as terapias aplicadas no Santuário de Asclépio em Epidauros incorporava muito mais do que pedir aos deuses a graça da cura.

Templo de Asclépio em Epidauros na Grécia
Templo de Asclépio em Epidauros na Grécia
Templo de Asclépio em Epidauros

Por exemplo, o Teatro — a catarse buscada pelo teatro grego — como forma de purgar traumas recalcados que poderiam se expressar em adoecimentos.

E é por isso que a principal atração do Santuário de Asclépio é o famoso Teatro de Epidauros, uma das maiores maravilhas da Grécia.

Estádio do Asclepeion de Epidauros na Grécia
Estádio do Asclepeion de Epidauros na Grécia
Estádio do Asclepeion: o esporte também fazia parte da terapia (como prática e como entretenimento)

Tão maravilhoso que continua em uso até hoje, usado para apresentações musicais e encenações teatrais. O Teatro de Epidauros é famoso por sua acústica impecável — lá no alto da última fila da arquibancada, a 55ª, ouve-se perfeitamente o que alguém diz no centro do palco.

Ele é uma concha colossal, talhada em pedra e assentada sobre uma encosta. Tem capacidade pra 14 mil espectadores e seu palco tem 20 metros de diâmetro.

Alojamento dos pacientes no Santuário de Asclépio em Epidauros
Alojamento dos pacientes no Santuário de Asclépio em Epidauros
Alojamento dos pacientes no Santuário de Asclépio em Epidauros
Alojamento dos pacientes no Santuário de Asclépio em Epidauros
O Katagogéion (alojamento dos pacientes) é um dos edifícios mais preservados do Santuário de Asclépio

Imaginem a sofisticação do povo que constrói um teatro desses dentro de um complexo hospitalar. E não só: o Santuário de Asclépio tinha um estádio e um ginásio para competições esportivas — realizava jogos nos moldes dos olímpicos a cada quatro anos, inclusive —, templos religiosos, salas de terapias, refeitório, alojamento...

Na Antiguidade, esse centro de cura atraia gente de todo o mundo — do mundo que conhecia a Grécia, naturalmente — em busca de tratamento.

Labirinto de Hades no Santuário de Asclépio em Epidauros
O Labirinto de Hades já estava em reformas em 2012 e continua a ser reconstruído, 12 anos depois

O sítio arqueológico do Asklepeion (o nome grego do santuário) oferece uma visita deliciosa. Ele fica dentro de um bosque de pinheiros muito cheiroso (o que foi que eu disse sobre a Grécia mais acima?). Todo o vale ao redor é tombado pelo patrimônio histórico grego, afastando o risco de que construções venham preservar a paz e a harmonia da paisagem emoldurada por montanhas.

À sombra dos pinheiros, é um prazer percorrer as trilhas que levam às diversas estruturas do centro de cura. O sítio arqueológico é muito bem sinalizado, com placas explicativas em grego e em inglês, pra o visitante entender direitinho a função de cada uma das construções.

Teatro de Epidauros na Grécia
Teatro de Epidauros na Grécia
Teatro de Epidauros na Grécia
Teatro de Epidauros na Grécia
Ver o Teatro de Epidauros é uma emoção que eu nem consigo explicar

Talvez o edifício mais instigante do complexo (depois do Teatro de Epidauros, claro) seja o "Labirinto de Hades". É um altar circular com uma câmara subterrânea onde há uma espécie de labirinto, uma simulação dos caminhos de Hades (o deus governante do mundo dos mortos). Essa trilha era percorrida pelos sacerdotes que buscavam respostas e curas para os pacientes em sua marcha.

A rotina terapêutica no Asklepeion incluía a frequência aos banhos, oferendas aos deuses e sonhos: acreditava-se que, sonhando, os doentes recebiam respostas e orientações para seus tratamentos — acho que Freud ia adorar essa atenção ao inconsciente.

Teatro de Epidauros na Grécia
Museu Arqueológico de Epidauros
O Museu Arqueológico de Epidauros é pequeno, mas muito bacana
Museu Arqueológico de Epidauros
Estátua da deusa Atena

Antes de ser um santuário de Asclépio, o local foi dedicado ao culto de Apolo. Com a mudança de dedicação, a casa ficou em família, já que Asclépio é filho do deus Sol. No Asklepeion também era praticado o culto a Higeia, filha de Esculápio, deusa da limpeza e sanidade — de seu nome vem a palavra higiene.

Museu do Santuário de Asclépio

Museu Arqueológico de Epidauros na Grécia
Museu Arqueológico de Epidauros na Grécia
Elementos decorativos dos templos e outros edifícios do Asklepeion são a grande atração do museu

Funcionando desde 1909, o Museu Arqueológico de Epidauros está instalado dentro do Santuário de Asclépio e exibe uma bonita coleção de peças escavadas no sítio arqueológico.

Ainda que pequeno, é um museusinho imperdível, com seu acervo de elementos decorativos dos templos e edifícios do complexo, estatuária e ex-votos oferecidos por pacientes aos deuses que ajudaram a curá-los.

Saiba mais: Epidauros, espetacular!

Acesso ao Teatro de Epidauros na Grécia

Como chegar a Epidauros: de Nafplio ou Tirinto, siga pela rodovia E-070. São apenas 27 km de distância. De Atenas, siga até o Istmo de Corinto (75 km) e daí tome a Estrada Isthmou Archaias Epidavrou até a portaria do sítio arqueológico (64 km). De Atenas, a distância é de 140 km.

A rota de ônibus de Atenas para o Sítio Arqueológico de Epidauros agora exige uma baldeação em Nafplio, o que vai consumir quase quatro horas de viagem. Segundo o site da KTEL Argolidas, há frequências a cada 3 horas partindo do Terminal de Kifissou.

Sítio Arqueológico de Epidauros
O sítio arqueológico é muito bem sinalizado

O ônibus de Nafplio para o Asklepeion faz o trajeto em 50 minutos, com uma parada na localidade de Ligourión. O serviço é oferecido o ano inteiro. A partida é do escritório da KTEL (veja os detalhes mais acimas, nas dicas de como chegar a Micenas) e a chegada é em frente à portaria do sítio arqueológico.

Onde estacionar: em frente ao sítio arqueológico tem um estacionamento publico e gratuito enoooooorme. Se chegar cedo, você pode até dar sorte de encontrar uma vaguinha na sombra pra deixar o carro — um baita luxo, porque, em matéria de calor, o Peloponeso é a Bahia.

Horários: o Sítio Arqueológico do Asklepeion fica aberto desde as 8h até as 17h. No verão (de abril a agosto), o horário de visitas  se estende até as 20h, exceto quando há espetáculos no Teatro de Epidauros à noite.

Ingresso: A entrada do sítio arqueológico, também válida para o museu, custa € 12.

Fortalezas de Nafplio

5 - Fortaleza de Palamidi

Fortaleza de Palamidi em Nafplio na Grécia
Palamidi tem uma vista deslumbrante para o Golfo da Argólida
Fortaleza de Palamidi em Nafplio na Grécia
A fortaleza domina o horizonte de Nafplio

A Fortaleza de Palamidi consegue a proeza de ser a imagem mais impactante de Nafplio. E pra ganhar esse campeonato, em uma cidade cheia de coisas lindas pra ver, é claro que essa senhora, construída pelos venezianos no Século 17, não brinca em serviço.

Começa pela altura: a fortaleza está localizada na elevação mais alta entre os morros que cercam Nafplio, 216 metros acima da cidade. É praticamente impossível não vê-la.

Fortaleza de Palamidi em Nafplio na Grécia
Fortaleza de Palamidi em Nafplio na Grécia
Fortaleza de Palamidi em Nafplio na Grécia
Os venezianos construíram Palamidi para ser inexpugnável. Mas a verdade é que deram a Nafplio seu mais belo belvedere

Não importa em que pedacinho de Nafplio a gente esteja, basta olhar e lá está Palamidi, bela e altaneira, com seus cinturões de muralhas, oito bastiões e uma barbacã que se derrama escarpa abaixo, protegendo o 999 degraus que ligam a cidade à fortaleza.

E se ela é linda de ver, aqui de baixo, Palamidi retribui a gentileza e mostra uma Nafplio simplesmente arrebatadora, quando a gente contempla a cidade lá de cima.

Capela de Agios Andreas na Fortaleza de Palamidi na Grécia
Capela de Agios Andreas (Santo André) em Palamidi
Leão de Veneza Fortaleza de Palamidi na Grécia
O leão alado, símbolo de Veneza, adorna algumas paredes de Palamidi
Fortaleza de Palamidi na Grécia
As muralhas e bastiões de Palamidi são realmente impressionantes

Coloque essa visita no topo de sua lista de prioridades em Nafplio, que você não vai se arrepender nem um pouquinho.

Além de linda, Palamidi tem um papel fundamental na história de Nafplio, nos séculos 18 e 19.

Ela foi construída pelos venezianos para ser inexpugnável (e, olhando pra ela, dá pra acreditar muito nisso). Mas a fortaleza foi tomada pelos otomanos apenas um ano após a conclusão das obras, em 1715.

Fortaleza de Palamidi em Nafplio
Fortaleza de Palamidi em Nafplio

O domínio turco sobre Nafplio e sobre Palamidi só seria encerrado mais de um século mais tarde, quando tropas gregas lideradas por Theodros Kolokotronis tomaram a instalação militar drante a Guerra de Indepedência da Grécia, em 1929.

Saiba mais: Fortaleza de Palamidi em Nafplio

Acesso à Fortaleza de Palamidi na Grécia

Como chegar à Fortaleza de Palamidi: a rua 25is Martiou começa bem na divisa entre a Nafplio moderna e o Centro Histórico. Siga por ela e vá subindo, acompanhando as placas indicativas, que não tem como errar.

Se preferir subir a pé, esteja ciente de que são 999 degraus até a entrada de Palamidi. A escadaria parte do Parque Stoikopoulos.

Fortaleza de Palamidi em Nafplio na Grécia

Se você não estiver de carro, a melhor opção é subir de táxi e descer pela escadaria. Foi isso que eu fiz na primeira vez que visitei a Fortaleza de Palamidi. É fácil conseguir táxis no ponto em frente à parada de ônibus da KTEL (a "rodoviária" de Nafplio).

Horários: de novembro a março, das 08:30h às 15:30h. Em abril e setembro, das 8h às 19h. De maio a agosto, das 8h às 20h.

Ingresso: € 8 (de novembro a março, € 4)

6 - Acronafplia

Fortaleza de Acronafplia na Grécia
Olha a Acronafplia pousada no cocuruto da águia

A cidade de Nafplio tem um desenho semelhante a uma águia, com um promontório em formato de bico avançando sobre o golfo da Argólida. A Acronafplia é uma vasta fortaleza que ocupa exatamente o cocuruto da ave.

A Acronafplia é o núcleo original da povoação que hoje conhecemos como Nafplio (a “cidade baixa”, contam os historiadores, só começou a ser construída no Século 15, pelos venezianos).

Fortaleza de Acronafplia em Nafplio na Grécia
Fortaleza de Acronafplia em Nafplio na Grécia
Antes de Nafplio houve Acronafplia: o núcleo original da povoação foi cá em cima

O conjunto de fortificações da Acronafplia chegou a abrigar três castelos, além de muralhas em diversos níveis, alojamentos, diversos bastiões e capelas bizantinas.

As primeiras fortificações do local datam do Século 4º a.C., uma mistura de posição defensiva para uma povoação e acrópole. O historiador grego Pausânias, que viveu no Século 2º d.C. (época da ocupação romana da Grécia), relata a existência de um templo de Poseidon na Acronafplia, que ele conheceu abandonada e em ruínas.

Fortaleza de Acronafplia em Nafplio na Grécia
Praia de Arvanitia em Nafplio na Grécia
A maior porção das muralhas da Acronafplia se debruça para a Praia de Arvanitia
Fortaleza de Acronafplia em Nafplio na Grécia
Forte Bourzi visto da Acronafplia

Depois do período Romano, cada povo que ocupou a atual Nafplio — bizantinos, cruzados francos, turcos e venezianos — contribuiu com mais algumas toneladas de pedras para as estruturas defensivas da Acronafplia.

A fortaleza entrou em declínio no Século 17, quando os venezianos construíram a poderosa e ainda mais inexpugnável (acreditavam eles) Fortaleza de Palamidi.

Mas garanto que subir e descer pedras e pensar em funções militares é a menor das atrações dessa fortaleza. A Acronafplia é, sim, uma sucessão de mirantes espetaculares para o Golfo da Argólida, as montanhas e a cidade de Nafplio (ô moça fotogênica, essa Nafplio, viu?).

Nafplio na Grécia
Nafplio na Grécia
O melhor motivo para encarar as ladeiras e escadarias até a Acronafplia é ver Nafplio do alto

Saiba mais: O melhor de Nafplio

Como chegar à Acronafplia: estando no Centro Histórico de Nafplio, você vai ficar com a impressão de que todos os caminhos levam à Acronafplia. São muitas ladeiras e escadarias escalando o morro até as muralhas da fortaleza, que é enorme e se espalha por boa parte do cocuruto da águia.

Horário e ingresso: o acesso à Acronafplia é livre.

7 - Forte Bourtzi

Forte Bourtzi em Nafplio na Grécia
Acho esse menino muito lindinho 💙

Se você procurar imagens de Nafplio no Google, o resultado mais recorrente da busca vai ser esse castelinho quase encantado que protege — e adorna — a entrada do porto da cidade. Acho esse bichinho muito lindo, até porque ele parece um castelo de bonecas, comparado com a imponência das fortalezas de Palamidi e da Acronafplia.

O Forte Bourtzi (ou Castelo Bourtzi) é uma construção veneziana do Século 15, quando a Sereníssima República consolidou seu domínio sobre Nafplio.

Forte Bourtzi em Nafplio na Grécia
Forte Bourtzi em Nafplio na Grécia
O Bourtzi visto de Palamidi (no alto) e da Acronafplia (acima)

Um dado curioso é que o engenheiro encarregado das primeiras fortificações do Bourtzi se chamava Barancaleone — mas basta olhar o resultado das obras pra perceber que ele era bem menos desastrado do que seu xará do filme de Mario Monicelli.


O Bourtzi foi construído sobre um afloramento de rochas diante Porto de Nafplio. No tempo dos venezianos, uma corrente presa a suas muralhas e à terra firme barrava embarcações hostis de se aproximarem da cidade, numa época em que não eram comuns os ataques de piratas.

Forte Bourtzi em Nafplio na Grécia

Ver Nafplio do forte Bourzi é uma das grandes experiências que se pode ter na cidade.

As visitas ao castelo foram retomadas em 2023, depois do Bourtzi passar uma década em restauração. No passeio, é possível percorrer as muralhas e dependências do forte, que nos meses de junho, sedia um concorrido festival de música grega tradicional.

Forte Bourtzi em Nafplio na Grécia
Pra chegar ao Bourtzi, pegue um barquinho. A viagem é bem curtinha

Como chegar ao Bourtzi: do porto turístico de Nafplio (em frente à Plateia/praça Philellion) partem barcos para o Bourtzi a cada 30 minutos, diariamente. O bilhete do barco custa € 5 e vale para a ida e a volta.

Entre abril e outubro, o serviço funciona das 9h às 20h (horário do último barco voltando do forte). De novembro a março, as viagens são feitas também a cada 30 minutos, das 9:15h às 16h.

Ingresso: além da passagem do barco, é preciso pagar mais € 5 para entrar no Bourtzi.

8 - Museu de Arqueologia de Nafplio

Plateia Syntagma s/n, Centro Histórico

Museu de Arqueologia de Nafplio na Grécia
Os vasos chamados de cratera eram usados para misturar o vinho com água, antes de ser servido. Essas peças foram encontradas em Tirinto
(Foto de Davide Mauro - Own work, CC BY-SA 4.0
Museu de Arqueologia de Nafplio na Grécia
Figuras femininas datadas do Período Neolítico escavadas na Caverna de Franchthi
(
Foto de Zde - Own work, CC BY-SA 4.0
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=98501131)


Que lugar danadinho de bacana é o Museu de Arqueologia de Nafplio. Instalado nos antigos alojamentos das forças militares venezianas, na Praça Syntagma, ele é um excelente programa pra quem quer ter uma ideia da presença humana na Argólida, desde o Mesolítico até o período Romano.

Aa peças mais antigas exibidas no Museu de Arqueologia de Nafplio são achados da Caverna Franchthi (a 60 km de Nafplio), ocupação humana com 40 mil anos do idade, um dos sítios pré-históricos mais importantes da Europa) e do Desfiladeiro de Kleisoura (com até 38 mil anos de idade).

A coleção da Idade do Bronze reúne artefatos escavados em diversas cidades, como Tirinto, Asine (cidade destruída por Argos, localizada onde hoje está a vila de Tolo) e Epidauros.

Museu de Arqueologia de Nafplio na Grécia
Figuras funerárias do Século 12 a.C. escavadas em Micenas
(Foto de Mary Harrsch, CC BY-SA 4.0
Museu de Arqueologia de Nafplio na Grécia

Joias da Idade do Bronze (Período Heládico) encontradas em Asine
(Foto de Zde - Own work, CC BY-SA 4.0)
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=97265371


Pra vocês terem uma ideia de como é bacana esse museusinho localizado bem no coração de Nafplio — sem desculpas pra não ir, portanto — quando o visitei, na minha primeira estadia na cidade, fiquei tão absorvida pelo acervo que não fiz uma foto sequer. 

Plateia Sybtagma e Museu de Arqueologia de Nafplio na Grécia
O Museu Arqueológico de Nafplio (ao fundo) fica no coração da cidade, na Plateia Syntagma

Tá certo que ele foi minha estreia em museus arqueológicos na Grécia (antes de ver os museus de Micenas, Epidauros e o Museu Nacional de Arqueologia de Atenas), mas pra mim, isso é um sintoma e tanto.

Horário: de quarta a segunda, das 08:30h às 15:30h. Fecha às terças-feiras.

Ingresso:  € 6 (de novembro a março, a entrada custa € 3).

9 - Sítio Arqueológico de Tirinto

Afresco encontrado no Palácio de Tirinto na Grécia
Esta cena de caça ao javali adornava uma parede do Palácio de Tirinto. Hoje a peça é um dos destaques da coleção de afrescos micênicos do Museu Nacional de Arqueologia de Atenas

A origem de Tirinto se perde nas brumas do tempo. Segundo os arqueólogos, há traços de ocupação humana naquele pedacinho de mundo datados de 7 mil anos. Na Idade do Bronze, foi uma das mais poderosas cidades da Civilização Micênica.

Hoje, resta pouco da cidade, que já estava abandonada no Século 2º d.C. Mas suas muralhas explicam direitinho por que Homero a chamou de “a poderosa Tirinto amuralhada” — ainda hoje, é impossível olhá-las sem assombro.

Muralhas de Tirinto na Grécia
Impossível olhar essas muralhas sem espanto

 Agora, em maio/2024, fiquei hospedada quatro dias exatamente em frente a essas muralhas. Conta a lenda que elas também, como as de Micenas, foram construídas pelo ciclopes. E quem sou eu pra discordar dessa origem das minhas vizinhas.

Já contei aqui (váááárias vezes) que Tirinto era o repouso de Hércules, o lugar onde o herói e semideus relaxava entre um e outro de seus 12 trabalhos. 

Afrescos de Tirinto na Grécia
Afrescos de Tirinto na Grécia
Afrescos de Tirinto no Museu Nacional de Arqueologia de Atenas

Como chegar a Tirinto: as ruínas ficam à beira da Rodovia Argos-Nafplio, a 4,5 km do Centro de Nafplio e a 8 km do Centro de Argos.

Horários: diariamente, das 8:30h às 15.30h.

Ingresso: € 4 (de novembro a março, € 2).

10 - Monemvasia

Monemvasia na Grécia
Monemvasia na Grécia
Monemvasia, ou "uma única entrada". E depois do Istmo (no alto) tem a muralha

Monemvasia é uma vila bizantina com 405 habitantes, aninhada em um rochedo imenso, que se projeta do mar e se conecta à terra por um istmo muito estreito.

Bom, essa uma maneira objetiva de descrever o lugar mais mágico que eu vi na Grécia, cenário que parece ter sido criado pra um sonho, lá no Século 6º da nossa era.

Como já contei aqui na Fragata, as ruas de Monemvasia parecem passagens secretas, espremidas entre fachadas de pedra, costinhas rendadas e vasos de flores.

Monemvasia na Grécia
Monemvasia na Grécia
Monemvasia na Grécia
As rua de Monemvasia são assim

Monemvasia, em grego, significa “única entrada”. A designação se refere ao único e estreito acesso terrestre a ela, o istmo ligando o rochedo à terra firme. Atravessado o istmo, o invasor ainda teria que vencer as muralhas que guardam a entrada da vila. 

Não é à toa que Monemvasia  conseguiu ser deixada em paz por quase 700 anos, sob governo bizantino. E é desse tempo que que vêm as feições da vila. 

Mas, água mole em pedra dura, a vila bizantina caiu nas mãos de conquistadores insistentes, como os venezianos e otomanos, até ser libertada e incorporada à Grécia Independente, em 1821.

Monemvasia na Grécia
Monemvasia na Grécia
A vila fica aninhada no rochedo e vai se enroscando escarpa acima

O motivo histórico pra visitar Monemvasia é ver uma vila bizantina viva, em ocupação contínua há 1.500 anos. Mas a Fragata também é um blog hedonista e, portanto, tenho que contar que o banho de mar naquele pedacinho do Egeu é de criar devoção fervorosa e eterna a Poseidon.

Monemvasia merece alguns dias de retiro. Há opção de hospedagem no Kastro (“castelo”), como é chamada a vila no rochedo. Mas vai ser bem mais barato ficar alojada do outro lado do istmo, na vila de Gefira — onde, por sinal, as praias são melhores.

Monemvasia na Grécia

Dá para atravessar o istmo caminhando (são pouco mais de 400 metros) ou com o micro-ônibus que faz o leva e traz gente.

Saiba mais: Monemvasia, o rochedo mais lindo do mundo

Monemvasia na Grécia
O anoitecer em Monemvasia é mágico

Como chegar a Monemvasia: a vila fica a 320 km de Atenas. A empresa de ônibus KTEL Lakonias tem uma frequência diária partindo da capital até lá. A saída é às 8:15h da manhã. Prepare-se para uma viagem de quase 8 horas, com uma baldeação em Esparta (a cidade mais conectada por ônibus com Monemvasia, com 5 frequências diárias).

Também dá pra chegar lá de ônibus partindo de cidades como Nafplio, Corinto e Kalamata.

Monemvasia na Grécia

Os ônibus param na vila de Gefira, do ladinho da parada do micro-ônibus que liga as duas vilas.

Onde estacionar: quem vai de carro a Monemvasia pode escolher entre estacionar em Gefira ou atravessar o istmo e deixar o automóvel do lado de fora da vila medieval, diante da muralha. 



Grécia na Fragata Surprise

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