Minhas últimas férias (final de setembro/começo de outubro) foram um giro bem mediterrâneo de 17 dias. O roteiro por Barcelona, Valência e Malta ficou redondinho na combinação de destinos, na facilidade de deslocamento entre eles e na quantidade de dias para cada parada.
Barcelona é um ótimo ponto de partida para outros destinos europeus, por ser o hub da companhia aérea low cost Vueling. Foi lá que comecei e terminei a viagem, na minha terceira visita a essa cidade fantástica.
No alto, as Torres de Quart, em Valência, do Século 15.
Acima, a famosa Lagoa Azul de Malta |
De Barcelona eu segui para Malta, que esbanja lindas praias, uma história que preencheria algumas bibliotecas e excelente gastronomia.
São só duas horinhas de voo de Barcelona a Malta.
Eu não canso de namorar as fachadas modernistas do Passeig
de Gràcia, em Barcelona |
Um dos menores países da Europa — o pequeno arquipélago no Mediterrâneo tem 316 km² —, Malta está 90 km ao Sul da Sicília e a 280 km ao Norte da África.
Foram sete dias em Malta de muitos passeios, descobertas e paisagens arrebatadoras. Dias que sempre terminavam em banho de mar, aproveitando o calorão que ainda faz por lá, em pleno outubro.
Que tal um mergulho na praia de Sliema, em Malta, com essa
vista para os edifícios históricos de Valeta? |
A terceira ponta do meu triângulo mediterrâneo foi a maravilhosa Valência, uma baita amor à primeira vista.
A 350 km de Barcelona e a igual distância de Madri, Valência consegue reunir tudo o que me interessa: história riquíssima — é uma das mais antigas da Espanha —, com uma vibe muito contemporânea e um astral animadíssimo.
A Llotja de la Seda foi o centro do comércio que assegurou a
pujança de Valência no Século 15 |
➡️ Do Brasil à Europa – meu voo Salvador-Barcelona
Antes de embarcar pra Barcelona, fiz um pit-stop de alguns dias em Salvador pra ver a família e de lá segui com a Aireuropa, com conexão em Madri.
Gosto de voar de Salvador para a Europa porque, além da chance de ver família e amigos na passagem, os voos são mais curtos. Tem o voo da TAP pra Lisboa, com conexões pra tudo quanto é canto, e o da Aireuropa.
O voo Salvador-Madri dura cerca de 8 horas Depois disso, são menos de duas horas até Barcelona.
Catedral de São Paulo, em Mdina, Malta |
Esta foi a minha quinta viagem com a Aireuropa, que tem voos diretos entre Salvador e Madri e oferece conexões para várias cidades europeias.
A companhia aérea espanhola não é exatamente uma low cost, mas costuma ter tarifas mais em conta.
Roteiro baseado em Barcelona
O Sul da França também não está longe: duas horas de trem levam você a Narbonne, de onde é bem fácil seguir para Carcassonne, ou para cidades da Provença, como Arles, Avignon e Aix-e-Provence.
Leia também: Dicas práticas de Barcelona - o que você precisa saber para organizar sua viagem
Catedrais de Girona (esq) e de Tarragona, duas cidades
lindas que rendem ótimas esticadas de Barcelona |
Em 2011, segunda viagem à capital catalã, fiz um roteiro por Barcelona, Girona e Carcassonne que também ficou muito redondinho e eu super recomendo.
Como hub da empresa aérea low cost Vueling, Barcelona também convida a esticadas mais longas por um monte de destinos bacanas na Europa.
Lagoa Azul: o que dizer da cor do mar de Malta? |
Esta minha viagem de setembro/outubro 2019 não foi propriamente uma viagem a Barcelona.
Meus objetivos principais eram Malta, país que estava na minha lista há um tempão, e a apaixonante Valência, um destino-sonho de décadas, mas que só agora consegui encaixar no roteiro — na minha sétima viagem à Espanha.
Todos os detalhes da minha passagem pela cidade: Roteiro em Barcelona - 5 dias adoráveis
Ainda que esta tenha sido minha terceira visita a Barcelona, já estou bem crescidinha para saber que não se pode tratar a espetacular capital da Catalunha apenas como base para explorar outras paragens.
Bairro Gótico de Barcelona: um altar lateral na Igreja de Sant Just i Pastor e a torre da Catedral |
Somando idas e vindas, foram cinco respeitosos dias por lá. É o mínimo que Barcelona merece.
Veja todas as dicas de onde fiquei na cidade: Hospedagem em Barcelona - Gràcia e Eixample
Dediquei esses dois dias em Barcelona a rever a arquitetura modernista no Passeig de Gràcia, o charme do Bairro Gótico e El Born, a luminosidade de Port Vell e da Barceloneta, os museus de Montjuic, a muvuca das Ramblas e as delícias do Mercado da Boqueria.
Veja essas dicas:
Transporte em Barcelona: como chegar e como circular pela cidade
Imperdíveis em Barcelona: as cores do Mercado da Boqueria e
a magnífica coleção de fotos da Guerra Civil Espanhola feitas por Agusti
Centelles, no Museu Nacional de Arte da Catalunha |
É coisa pra caramba, né? Esse intensivão só funcionou porque se tratava de um reencontro com Barcelona — eu já tinha visitado as principais atrações de cada área — e porque eu ainda teria outros quatro dias na cidade.
Flanei muito, sem me preocupar em aprofundar as visitas.
Mas nem pense em dedicar poucos dias a Barcelona em uma primeira viagem, ou querer ver tudo num intervalo curto, pois você corre o sério risco de ir embora muito frustrada com o monte de coisas maravilhosas que não vai dar tempo de ver.
2ª etapa: sete dias (seis noites) em Malta
Veja em detalhes: Roteiro em Malta - 7 dias
Consegui passagens muito baratas: € 60, ida e volta, mas em voos em horários esquisitos: 6h da manhã a ida, com volta à meia-noite, chegando às 2h em Barcelona.
Além do preço do bilhete aéreo, é preciso contabilizar os táxis que precisei pegar em Barcelona para ir e voltar do aeroporto na madruga. Essses deslocamentos custaram cerca de € 40 cada perna.
Em Malta, os horários de chegada e partida dos voos me permitiram fazer o trajeto aeroporto-cidade-aeroporto de ônibus.
As Três Cidades de Malta vistas do Upper Barrakka
Gardens, em Valeta |
Pra ser bem franca, quando montei este roteiro eu tinha dúvidas se valeria a pena dedicar sete dias a Malta — cheguei a pensar em encurtar a estadia e aproveitar o tempo para passear mais pela Catalunha.
Pois quer saber? Caberia mais uma semana na minha estadia em Malta, nem que fosse para esticar indefinitamente o prazer de mergulhar naquele mar delicioso, de água quase quente em pleno início de outono.
A enseada de Sliema vista da varanda do meu quarto de hotel |
Mas não esqueça que os encantos de Malta vão muito além das praias — ainda que uma delas seja a mega famosa Lagoa Azul, na Ilha de Comino.
Afinal, o reduto dos Cavaleiros da Ordem de São João, uma das mais poderosas irmandade de Cruzados, fervilha de memórias da sempre agitada história do Mediterrâneo.
Mesmo em um país onde as cidades parecem bairros, de tão grudadinhas, haja tempo para explorar a herança dos Cruzados pelas ruas estreitas da capital, Valeta, ou o charme de La Vittoriosa (Birgu), Senglea e Cospicua, as “Três Cidades de Malta”.
Em Malta, curtas viagens de ônibus nos levam às cidades amuralhadas de Mdina e da Cittadella, na Ilha de Gozo, a namorar barquinhos coloridos no porto de Marsaxlokk e a sítios arqueológicos mais antigos do que as Pirâmides do Egito, como os templos de Hagar Qim e Mnajdra.
Veja as dicas: Hospedagem em Malta - Sliema
Modernismo em Barcelona: no alto, detalhe de uma fachada do
Eixample. Acima, um salão do Hospital Sant Pau, obra de Domènech i Montaner |
Lagoa Azul de Malta – todas as dicas
O que fazer em Valeta, Malta
Malta: Ilha de Gozo e a Cittadella
3ª etapa: pit-stop (um dia e duas noites) em Barcelona
No retorno de Malta, fiz uma parada de duas noites e um dia inteiro em Barcelona, antes de seguir para Valência.
Como cheguei às duas da manhã, até daria tempo de viajar no mesmo dia pra Valência, mas ficaria muito cansativo — além do mais, se houvesse qualquer problema com o voo de retorno de Malta eu corria o risco de perder o trem.
As obras da Sagrada Família avançaram desde a minha última
visita a Barcelona. O projeto de Gaudí está em construção desde 1882 |
Desta vez, fiquei hospedada no bairro do Eixample. Dediquei o dia em Barcelona a duas maravilhas arquitetônicas do Modernismo Catalão que ficam bem próximas do hostal onde me hospedei.
A Basílica da Sagrada Família, de Antoni Gaudí, dispensa apresentações. Já o espetacular Hospital de la Santa Creu i Sant Pau, obra de Lluís Domènech i Montaner, eu ainda não conhecia e ganhou uma tarde inteira de meus suspiros de encantamento — recomendo que você o coloque no topo da sua lista em Barcelona.
Neste pit-stop em Barcelona, ainda deu tempo de rever amigos queridos, curtir a happy hour no Raval e a noitada em Gràcia.
4ª etapa: três dias em Valência
O percurso entre Barcelona e Valência dura cerca de 4 horas com os trens Talgo.
Embarquei às 9h e na hora do almoço já estava chegando à linda Estaciò Nord, decorada no mais castiço Modernismo.
Meus três dias e meio em Valência foram de pura felicidade. Que cidade, senhoras e senhores!!
A passagem sob as Torres de Quarts, antigo portão na muralha de Valencia. À direita: o grafiti encontra o baixo-relevo art déco em uma fachada da Ciutat Vella |
Com 800 mil habitantes, Valência é a terceira maior cidade da Espanha, mas nem parece.
Suas principais atrações ficam muito próximas, divididas entre a Ciutat Vella (Centro Histórico), onde me hospedei, e a rasgadamente contemporânea Cidade das Artes e Ciências, projetada pelo arquiteto Santiago Calatrava.
Ligando esses dois polos de interesse, o Jardim do Turia é uma atração imperdível, também. Com 110 hectares, ele ocupa o antigo leito do Rio Turia, desviado para prevenir enchentes.
Jardins do Turia, uma adorável área verde em Valência |
O parque é lindo, cheio de recantos sossegados, cortado pelas antigas pontes medievais que cruzavam o rio. Super lugar para muitos passeios.
No Século 11, nos primórdios da Reconquista Cristã, Valência já era próspera e cobiçada — o comandante militar Rodrigo Díaz de Vivar, que entrou para a história como El Cid, foi um de seus conquistadores e governantes.
Catedral de Valência: o deslumbrante altar-mor (esq) e a Capela do Santo Graal — sim, acredita-se que o cálice guardado em um nicho da igreja tenha sido o usado por Cristo na Santa Ceia |
O comércio da seda e outros produtos fez de Valência uma potência econômica do Mediterrâneo.
Esse esplendor econômico está muito bem documentado na Ciutat Vella, em edifícios preciosos como a Catedral de Valência, a Llotja de la Seda, a Igreja de San Nicolás, o Palácio do Marquês de Dos Águas.
A arquitetura de Santiago Calatrava na Cidade de Artes e Ciências de Valência |
De suas antigas muralhas, tantas vezes assediadas por mouros e cristãos, Valência preserva as Torres de Quart e a Torre de Serranos, antigas portas fortificadas da cidade.
Mas o melhor de Valência é seu alto astral, suas ruas e cafés animadíssimos — os valencianos parecem adorar uma farrinha — e o clima quase tropical de uma cidade que, em pleno outubro, faz a mágica de reter o verão, não só na temperatura, mas na vivacidade.
Foi assim que cheguei e me despedi de Valência, cercada pela beleza modernista da Estació del Nord |
5ª etapa: dois dias (três noites) em Barcelona
Para encerrar essa viagem deliciosa, só mesmo uma última temporadinha em Barcelona. Voltei a me hospedar no Eixample, desta vez no trechinho de La Nova Esquerra de l'Eixample, área bem simpática e bem servida por transporte, comércio e restaurantes.
Cheguei de Valência à noite, novamente viajando de trem, e os dois dias seguintes foram muito intensos.
Adoro Miró, mas só nesta terceira visita a Barcelona deu certo de visitar a Fundação Joan Miró, em Montjuic. Amei! |
Aproveitei as últimas 48 horas em Barcelona pra conhecer a Fundação Joan Miró e passear por Montjuic, para rever mais algumas paixões no Bairro Gótico, como a Basílica de Santa Maria del Pi e o Museu de História de Barcelona e para caminhar muito, me despedindo de cada cantinho dessa cidade que adoro e aonde pretendo voltar muitas vezes.
Saiba mais: Barcelona: Montjuïc e a Fundação Miró
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Beleza de viagem. Mande logo Malta, para eu planejar a minha. Acho que a ilha é outra de muitas pérolas escondidas.
ResponderExcluirKenneth
Prepare-se, porque Malta é um espetáculo.
ExcluirSaudades de vc :)