12 de novembro de 2019

Barcelona: Montjuïc e a Fundação Miró


Barcelona vista das escadarias do Palau Nacional, em Montjuïc
Barcelona vista das escadarias do Palau Nacional, em Montjuïc

Cheia de museus e atrações ao ar livre, Montjuïc é uma área de Barcelona que merece ser explorada com atenção. Nas viagens anteriores, não tinha dedicado muito tempo ela, mas corrigi essa lacuna nesta visita de setembro/outubro e gostei muito do que vi.

Tem muito o que fazer em Montjuïc e o passeio por lá pode preencher um dia inteiro, facinho — ou até mais, como foi o meu caso.

No meu roteiro de cinco dias em Barcelona, fui duas vezes a Montjuïc — pelo apelo verde da área, pela vista para a cidade e, principalmente, para ver os maravilhosos Museu Nacional de Arte de Catalunha e a Fundação Joan Miró.

Afresco de uma igreja românica e escultura sacra do Museu Nacional de Arte da Catalunha, em Barcelona

Afresco de uma igreja românica e escultura sacra do Museu Nacional de Arte da Catalunha


Interessante e fácil de chegar, Montjuïc me deixou à vontade para ver cada um desses museus em um dia, bem do jeito que eu gosto.

Mas nada impede que você combine as duas visitas em um único dia, pois o Museu Nacional de Arte de Catalunha e a Fundação Joan Miró estão a apenas 800 metros de distância um do outro.

Fundação Joan Miró, Montjuic, Barcelona

Uma sala da adorável Fundação Joan Miró


O Museu Nacional de Arte da Catalunha já ganhou um post só pra ele. Veja agora as dicas para aproveitar outros encantos de Montjuïc e a Fundação Miró:

O que fazer em Montjuïc


"Mulher rodeada por pássaros na noite" (1968), de Joan Miró

Miró: Mulher rodeada por pássaros na noite (1968)


⭐Fundação Joan Miró
Avinguda Miramar, Parque de Montjuïc, a 300 metros da estação do Funicular

➡️ Horário: De terça a sábado, das 10 às 18h, no inverno (novembro a março) e até as 20 horas no resto do ano. Domingos, das 10 às 15 (inverno) e até as 18 de abril a outubro.

➡️ Ingresso: € 13

"Casal de namorados", de Joan Miró

Casal de namorados (no alto, à esquerda), de 1975, é a maquete para um conjunto de esculturas feitas para La Défense, em Paris


Como é que eu demorei tanto pra ir visitar a Fundação Joan Miró? Logo eu, fã de carteirinha do artista, um dos mais interessantes do Século 20 — talvez a demora se explique pela possibilidade de encontrar obras de Miró em qualquer museu de primeira linha do planeta, o que me deixou mal acostumada.

Mas não importa quantos Mirós lindos eu já tenha visto por aí, visitar a fundação idealizada e organizada pelo próprio artista é daqueles momentos de “educação estética e paparico da visão” que todo merece viver.

Obras de Joan Miró em Barcelona

Pintura (1949, à esquerda) e O céu meio aberto nos dá esperança (1954, ao centro) destaques de uma das salas de exposição


sala da Fundação Joan Miró, em Barcelona

Eu amo os títulos que Miró dava a suas obras. A tela no centro da foto se chama “A asa da cotovia cercada de azul dourado reencontra o coração da papoula adormecida no prado cravejado de diamantes”

 
Escultura "Personagem" e "Pintura", obras de Joan Miró

O ETzinho na escultura Personagem (1970) recebe os visitantes na porta da Fundação Miró. À direita, eu vejo um monte de cachorrinhos em Pintura (1933)


A Fundação Joan Miró é um testamento vivo do artista. Lá estão “217 pinturas, 178 esculturas, 9 tapeçarias, 4 cerâmicas, cerca de 8 mil desenhos e praticamente todas as gravuras” do dono da casa, como orgulhosamente anuncia o site da instituição.

A maioria dessas peças foi doada pelo próprio Miró, que fez em vida a curadoria de seu acervo para a posteridade. Um luxo — pra ele, sim. Mas muito mais pra quem vai visitar esse museu pulsante, muito mais um centro de reflexão e criação do que apenas um espaço expositivo.

"A esperança de um condenado à morte", tríptico de Joan Miró
O tríptico A esperança de um condenado à morte (1974) foi concluído no dia da execução do militante anarquista catalão Salvador Puig Antich, supliciado com o garrote-vil aos 25 anos de idade, por ordem do ditador Franco

Tapeçaria de Miró na Fundação Joan Miró, Barcelona

Sobreteixim com oito guarda-chuvas, tapeçaria de 1973. Em catalão, sobreteixim significa "remendo"


"Sol, Lua e estrela", escultura de Miró

Lua, sol e estrela, de 1968


Além das obras de Miró, o acervo da fundação também exibe peças de outros grandes artistas, como meu xodó Alexander Calder, Marcel Duchamp, Max Ernst e Fernand Léger, só pra citar alguns do timaço reunido na casa.

A sede da Fundação Joan Miró é um show à parte, um edifício cheio de luz que faz a visita fluir de maneira sempre muito prazerosa. O projeto é do arquiteto Josep Lluís Sert, amigo de Miró e entusiasta da instituição.

Fonte de Alexander Calder e tapeçaria de Miró na Fundação Joan Miró, Barcelona

Fonte Mercúrio foi criada por Alexander Calder para o Pavilhão da República Espanhola na Exposição Universal de Paris, em 1937, onde foi instalada ao lado da Guernica de Picasso. Muitos anos depois, foi doada pelo artista à fundação. À direita, tapeçaria criada por Miró especialmente para a sede da instituição


Edifício Sert, sede da Fundação Joan Miró, Barcelona

O Edifício Sert, sede da fundação Miró, é uma recriação moderna da tradição mediterrânea 


Edifício Sert, sede da Fundação Joan Miró, Barcelona

Edifício Sert, sede da Fundação Joan Miró, Barcelona

"A vila e a igreja de Monte Roig" (1919) e "Mulher e pássaros na noite" (1974), obras de Joan Miró

A vila e a igreja de Monte Roig (1919) e Mulher e pássaros na noite (1974)


⭐Montjuïc – um belo mirante para Barcelona
A cerca de 180 metros de altitude, a montanha de Montjuïc é um excelente camarote para admirar Barcelona do alto.

Montjuïc: escadaria do Palau Nacional e vista de Barcelona

Programe uma paradinha no alto da escadaria do Palau Nacional, sede do MNAC, para contemplar Barcelona


Um parêntese: eu preferia ver a cidade flutuando no Teleférico do Porto, na companhia de Jack Nicholson, em uma das grandes cenas de Profissão: Repórter (1975) 😊.

Esse baita filme de Michelangelo Antonioni valeu como meu primeiro city tour em Barcelona, décadas antes que eu colocasse os pés lá, e até hoje me acompanha nos passeios pela cidade.

parque público em Montjuïc, Barcelona

Montjuïc tem muito verde e áreas agradáveis para paradinhas relaxantes, como este parque público no caminho entre a estação do teleférico e a Fundação Miró 


Mas já que entrar no filme está além das minhas possibilidades, é sempre bom olhar Barcelona da escadaria que leva ao Palau Nacional, sede do Museu Nacional de Arte da Catalunha (MNAC), descortinando a área do Porto e os bairros históricos.

Montjuïc tem vários outros mirantes, apontados pelas placas da boa sinalização que guia os turistas no alto da montanha. O mais famoso deles é o Mirador del Migdia.

Peças das coleções Românica e Gótica do MNAC de Barcelona
O MNAC tem um belíssimo acervo de arte sacra românica e gótica

Peças das coleções Românica e Gótica do MNAC de Barcelona

Peças das coleções Românica e Gótica do MNAC de Barcelona

⭐Museu Nacional de Arte da Catalunha (MNAC)

Palau Nacional, Parc de Montjuïc, s/n, Metrô Plaça d’Espanya (linhas 1 e 3) ou Funicular de Montjuïc.

➡️ Horários: de outubro a abril, o MNAC abre de terça a sábado das 10h às 18h. Domingos e feriados, das 10h às 15h. De maio a setembro, o horário do domingo é o mesmo, mas o encerramento é às 20 horas, de terça a sábado.

➡️ Ingresso: €12. A entrada é válida para dois dias, ao longo de um mês, a partir da data da compra.

Modernismo Catalão no Museu Nacional de História da Cataluna, em Barcelona

O Modernismo Catalão dá show no MNAC


Modernismo Catalão no Museu Nacional de História da Cataluna, em Barcelona

O Museu Nacional de Arte da Catalunha é tão bacana que ganhou um post só pra ele (siga o link pra ver). O Palau Nacional, onde ele está instalado, é um edifício imponente, construído para a Exposição Mundial de 1929.

Mas o show do MNAC está mesmo no acervo, começando pela deslumbrante coleção de Arte Românica (séculos 11 ao 13), que inclui afrescos e pinturas murais trazido de diversas igrejas catalãs de uma beleza que deixa a gente muda.

Acervo sobre a Guerra Civil Espanhola no Museu Nacional de História da Cataluna, em Barcelona
A coleção do MNAC sobre a República Espanhola e a Guerra Civil também é maravilhosa

Acervo sobre a Guerra Civil Espanhola no Museu Nacional de História da Cataluna, em Barcelona

Outro show é a Coleção Modernista do MNAC, que reúne pintura, mobiliário, artes decorativas e artes gráficas.

O acervo fotográfico do MNAC também é mais um grande motivo para você colocar esse museu de primeira na sua lista de o que fazer em Montjuïc (e em Barcelona, porque ele está à altura das melhores atrações da cidade.

Teleférico de Montjuïc, Barcelona

O Teleférico de Montjuïc tem três estações e pode ser um jeito divertido de explorar a área


Mais atrações em Montjuïc

Além de uma bela vista e esses dois excelentes museus, Montjuïc tem muitos outros atrativos. A começar pela extensa área verde que oferece muitos recantos com banquinhos para as indispensáveis pausas no passeio.

Montjuïc foi uma área eminentemente rural até o início das obras dos pavilhões que abrigaram a Exposição Internacional de 1929.

Estação do Teleférico de Montjüic, Barcelona

Estação do Teleférico de Montjüic, bem ao lado da chegada do funicular


O Palau Nacional, hoje sede do Museu Nacional de Arte da Catalunha é uma dessas construções, assim como o Poble Espanyol (um epcot-centerzinho reproduzindo cidades da Espanha que eu nunca tive curiosidade de visitar).

Também estão em Montjuïc o Estádio Olímpico (construído em 1929, reformado para a Olimpíada de 1992), o Castelo de Montjuïc, o Jardim Botânico, os museus de Etnologia e de Arqueologia e o Museu Olímpico.

Montjuïc visto do terraço da Fundação Joan Miró

O verde de Montjuïc visto do terraço da Fundação Joan Miró


O Museu de história de Barcelona (MUHBA) também tem uma seção em Montjuïc, o Refúgio 307, um abrigo anti-aéreo da época da Guerra Civil Espanhola, na base da da montanha.

No topo da montanha, bem ao lado da estação do funicular, fica uma estação do Teleférico de Montjuïc, que circula leva a um mirante e ao castelo. O ingresso de ida e volta neste passeio custa € 12,50.

Trem do Funicular de Montjuïc, Barcelona
Trem do Funicular do Montjuïc

Como chegar a Montjuïc
Eu continuo achando que o jeito mais prático de chegar a Montjuïc é pegar o metrô (linhas 1 ou 3) até a Plaça d'Espanya e seguir a pé.

➡️ Funicular de Montjuïc
Mas se você quiser economizar quase 1 km de caminhada e subida de escadarias, o Funicular de Montjuic, interligado à Estação Paral-lel do metrô (linhas 1 e 2), é uma boa pedida.

Estação do funicular em Montjuïc, Barcelona

Estação do Funicular em Montjuïc


Se você chegar de metrô à Estação Paral-lel, é só fazer a baldeação, sem necessidade de pagar outra passagem, pois o Funicular de Montjuïc é interligado à rede. Caso contrário, o bilhete custa o mesmo que uma viagem de metrô: € 2,20.

O funicular funciona de segunda a sexta, das 7:30h às 20h (horário de outono/ inverno) ou até as 22h (primavera/ verão). Aos sábados e domingos, o serviço é iniciado às 9h e encerra nos mesmos horários dos dias de semana.

Acesso ao Funicular de Montjuïc na Estação Paral-lel do metrô de Barcelona
Acesso ao Funicular de Montjuïc na Estação Paral-lel do metrô de Barcelona

O percurso da Estação Paral-lel até o topo da montanha é curtinho: são 750 metros, cobertos pelo teleférico em menos de 5 minutos. Para subir ou para descer, as partidas dos bondinhos são a cada 10 minutos.

Não espere uma vista espetacular no trajeto do funicular. A maior parte do percurso é por dentro de um túnel e mesmo o trecho ao ar livre não oferece propriamente uma paisagem.

Mais sobre Barcelona
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