Claustro Real do Mosteiro da Batalha, terceiro monumento
mais visitado de Portugal |
É o caso do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, ou Mosteiro da Batalha. Terceiro monumento mais visitado de Portugal, ele atrai meio milhão de turistas por ano à pequena vila de Batalha, a 120 km de Lisboa.
A distância da capital é curta e a beleza é muita. O Mosteiro da Batalha vale cada pedacinho de estrada que você vai percorrer até lá e merece demais entrar em seu roteiro em Portugal.
A igreja da Mosteiro da Batalha: imponência é isso |
O Mosteiro da Batalha foi construído como um agradecimento do rei D. João I pela vitória portuguesa na Batalha de Aljubarrota, em 1385. A contenda livrou o país de voltar a ser um vassalo do reino de Castela e preservou a independência de Portugal.
Dedicado a Nossa Senhora, essa beleza talhada em calcário cor de mel, pedra abundante na região, começou a ser construída ainda no Século 14.
Mais que um espaço religioso, o Mosteiro da Batalha é um
símbolo do Reino de Portugal independente de Castela |
O exterior do Mosteiro da Batalha foi realizado no estilo
gótico-flamejante |
O que ver no Mosteiro da Batalha
A Ordem Beneditina foi a encarregada de administrar o mosteiro desde sua fundação.
A visita ao Mosteiro da Batalha tem quatro etapas. Não
desgrude de seu ingresso, pois você terá que mostrá-lo ao entrar em cada uma
das dependências do percurso |
➡️ É importante não esquecer disso, porque você vai ter que apresentar seu ingresso na entrada de cada uma dessas áreas.
Pedra e luz, receita de beleza da igreja gótica |
As colunas góticas da igreja se alongam a mais de 30 metros
de altura, sobre um vão de 80 metros de comprimento. No piso, repare as lápides da nobreza |
Ao entrar na igreja, prepare-se para o impacto da beleza de suas colunas, que se alongam a mais de 30 metros de altura sobre o vão que se estende por mais de 80 metros comprimento, da porta principal até o altar.
Na Capela do Fundador fica o Panteão da Casa de Avis. No
centro do espaço octogonal estão os túmulos de D. João I e da rainha Felipa de
Lencastre |
A Casa de Borgonha foi a primeira dinastia a reinar em Portugal, iniciada por D. Afonso Henriques, fundador do país.
Decoração do teto da Capela do Fundador |
Túmulos dos filhos de D. João I. Acima, o túmulo do Infante
D. Henrique |
Preste atenção ao túmulo de um dos filhos do rei, o Infante navegador D. Henrique, herói da conquista de Ceuta e grande incentivador das explorações marítimas portuguesas.
Os vitrais da Capela do Fundador também são lindos |
Mesmo assim, o efeito da luz filtrada pelas cores suaves dos vitrais é impressionante. E não deixe de olhar para cima, para ver o rendilhado que decora o teto da Capela do Fundador.
O Claustro Real, já com franco sotaque manuelino, é um dos
pontos altos da visita. Sua decoração, assim como a dos salões que o cercam, é
primorosa |
Atravessando a antiga sacristia, você chega ao Claustro Real.
Essa parte do mosteiro é do Século 14, mas sua decoração foi concluída no comecinho do Século 16 e já é escancaradamente manuelina, com aquelas colunas retorcidas e profusão de entalhes com temas florais e marítimos que a gente vê também no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.
A antiga Sala do Capítulo abriga o Túmulo do Soldado
Desconhecido de Portugal |
Em torno do Claustro Real estão as principais dependências do Mosteiro da Batalha.
A antiga Sala do Capítulo (espaço onde os religiosos se reuniam para ouvir a leitura das escrituras) é hoje o abrigo do Túmulo do Soldado Desconhecido de Portugal.
No antigo dormitório dos frades há uma pequena exposição de esculturas sacras.
O Lavatório é um dos elementos mais bonitos do Claustro Real |
⭐Capelas Imperfeitas
Novamente, você terá que apresentar o seu ingresso para entrar nesse espaço.
Balãozinho com meus pensamentos: “Ah, se toda imperfeição
fosse assim...” |
Apesar de iniciadas no Século 15, as Capelas Imperfeitas jamais foram concluídas. Com a morte de D. Duarte, as obras foram desaceleradas (também porque o artista responsável, Huguet, morreu logo em seguida).
No Século 16, D. Manuel e D. João III deixaram alguns “palpites” na construção, sem, contudo, concluí-la.
Os entalhes das Capelas Imperfeitas são requintadíssimos. Acima
e no centro, o portal manuelino que dá acesso ao recinto |
O resultado disso a gente já sabe: D. Sebastião morreu tentando conquistar o Marrocos, deixou Portugal sem herdeiro do trono e o país caiu sob domínio espanhol, concretizando o desastre evitado em Aljubarrota, 193 anos antes.
Essa história, porém, é contada em outro mosteiro, no túmulo vazio de D. Sebastião, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa — o corpo do soberano jamais foi encontrado, o que ajudou a insuflar a lenda de que ele estava vivo e voltaria para devolver a glória de potência a Portugal.
Túmulo de D. Duarte e da rainha Leonor |
Inacreditável, pois pouco mais de seis mil portugueses, apoiados por uma centena de arqueiros ingleses, derrotaram 30 mil homens das tropas invasoras de Castela, inclusive dois mil integrantes da temida cavalaria francesa, que apoiava as forças espanholas.
Corria o ano de 1383 e Portugal estava em risco de voltar a ser súdito da Coroa de Castela. O rei Fernando I (filho de Pedro I, famoso pelo romance com Inês de Castro, enterrado no Mosteiro de Alcobaça) morreu sem deixar herdeiro masculino.
Detalhes da decoração das Capelas Imperfeitas |
João era o mestre da Ordem de Avis, uma organização religiosa de monges combatentes, no estilo dos templários. Foi ele quem comandou as tropas portuguesas em Aljubarrota contra os invasores, ao lado do Condestável (título que era dado ao comandante militar supremo) Nuno Álvares Pereira.
Embora em minoria, os portugueses contaram com a vantagem de escolher o terreno onde esperariam o confronto com os inimigos, o Campo de São Jorge, uma elevação que, em segredo, trataram de fortificar, o que acabou sendo mortal para a cavalaria franco-castelhana.
Os arqueiros ingleses e portugueses se encarregaram de dar o golpe final nos cavaleiros que, sob pesadas armaduras, precisavam apear das montarias para prosseguir no terreno coalhado de trincheiras.
Portugal perdeu cerca de 1.000 homens em Aljubarrota, mas conquistou o direito de coroar seu rei, D. João I, fundador da Dinastia de Avis, que mandou construir o Mosteiro de Santa Maria da Vitória nas imediações do campo de batalha.
Igreja Matriz da Vila de Batalha |
Também no centrinho de Batalha, preste atenção ao bonito portal manuelino da Igreja da Exaltação de Santa Cruz, a matriz da vila.
Como organizar a visita ao Mosteiro da Batalha
Em frente ao mosteiro, o centrinho bem arrumado da vila conta com restaurantes, lanchonetes e lojinhas de suvenir. Nós almoçamos lá, no Pap Oliva. Sem queixas, mas nada memorável.
Estátua do Condestável Nuno Álvares Pereira, comandante
militar na Batalha de Aljubarrota |
Um passeio interessante, caso queira saber mais sobre a história que inspirou a construção do mosteiro, é visitar o Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota, uma exposição multimídia e de objetos históricos, a 3 km de distância, na freguesia (distrito) de São Jorge.
Como chegar ao Mosteiro da Batalha
Eu visitei Batalha saindo de Alcobaça, que fica a 20 km e tem boas opções de restaurantes e hospedagem e também um mosteiro belíssimo e imperdível.
Vale muito a pena combinar a visita aos dois mosteiros. Para quem está de carro (e conseguir sair cedinho de Lisboa), é possível fazer tudo em um bate e volta.
➡️Entre Alcobaça e Batalha não há transporte direto, mas é possível contratar um táxi.
⭐Mosteiro da Batalha
🏠 Largo do Infante D. Henrique, Vila de Batalha
🕒 De outubro a março, das 9h às 18h. De abril a setembro, das 9h às 19h. Fechado em 1º de Janeiro, Domingo de Páscoa, 1º de Maio, 20 de Agosto e 25 de Dezembro.
💲 Ingressos: € 6. Maiores de 65 e estudantes pagam meia entrada. Gratuito no primeiro domingo do mês.
Do início de sua construção, no Século 14, até o Século 19,
o mosteiro sofreu muitas alterações, mas continuou sendo o exemplar máximo da
arte gótica em Portugal |
🏠 Avenida D. Nuno Álvares Pereira, nº 120, Vila de São Jorge
🕒 Horário: 10h às 17h30. Fechado às segundas-feiras. Espetáculos multimídia aos sábados, domingos e feriados às 11:30h, às 15h e às 16:30h.
É possível agendar uma apresentação fora desses dias e horários para grupos. Entre em contato com a Fundação (fone 244-480-062 ou e-mail servico.educativo@fundacao-aljubarrota.pt ) para saber mais.
💲 Ingresso: €7. Aluguel de audioguia: €3.
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Lindo lugar!!!!! Tô doida pra voltar a Portugal, não conheci esse mosteiro.
ResponderExcluirBjs!
Vale a pena a esticadinha, Karla. Com um pouquinho de disposição para acordar cedo, dá pra fazer o passeio em bate e volta a partir de Lisboa :)
ExcluirCyntia,a empresa de ônibus RodoTejo faz a ligação entre Alcobaça e Batalha.A viagem dura uns 40 minutos e há diversos horários de saída,é só olhar no site da empresa.
ResponderExcluirBoa dica essa da Rodotejo!! Todas as minhas pesquisas indicaram a necessidade de trocar de ônibus em Rio Maior, o que consumia muito tempo.
ExcluirEntão, interessados em ir de ônibus de Batalha a Alcobaça (e vice-versa),já sabem como fazer :)