Valeta é linda vista assim, de longe e de "corpo
inteiro". Mas é de pertinho e nos detalhes que ela arrebata o coração |
Em uma área com menos de 1 km² (menos de um terço do tamanho do Centro Histórico de Salvador) estão concentradas atrações que rendem facinho dois ou três dias de passeios muito lindos.
Chegar a Valeta de ferry, atravessando o Grand Harbour, dá direito a essa paisagem |
Sim, Valeta é pequenininha e compacta. Tem cerca de 6 mil habitantes e pode ser atravessada de uma ponta à outra em meia hora — a distância do Forte Saint Elmo, à beira-mar, até a divisa com a cidade de Floriana é de apenas 1,5 km.
Na divisa entre Valeta e Floriana, a Fonte dos Tritões virou uma das logomarcas da capital maltesa |
Depois do cerco otomano, os cruzados fundaram Valeta para
ser uma praça forte inexpugnável. Mas nem só de muralhas e bastiões se fez a
capital maltesa, como prova a Co-Catedral de São João |
Os balcões típicos de Malta dão um colorido especial à paisagem urbana de Valeta |
Além de caminhar à toa por Valeta, reserve tempo para ver com calma atrações imperdíveis, como a Co-Catedral de São João, a Casa Rocca Piccola, os Upper Barrakka Gardens e o Museu Nacional de Arqueologia de Malta.
Bora passear em Valeta?
O que fazer em Valeta, Malta
Como chegar e como explorar Valeta
Antes (e depois, também) de visitar as atrações mais
famosas, experimente caminhar à toa pelas ruas de Valeta. E prepare as
panturrilhas, porque esses passeios vão colocar muitas ladeiras e escadarias no
seu roteiro.
As principais atrações de Valeta (aquelas que a gente entra
e vê por dentro, geralmente pagando ingresso) ficam no “cocuruto” da cidade, no
alto da península onde foi construída a capital. O trajeto entre elas é
relativamente plano.
A paisagem noturna de Valeta, vista de Sliema |
Se você chegar a Valeta de ônibus, vai caminhar até os Upper Barrakka Gardens, Co-Catedral
de São João, Museu Arqueológico Nacional, Palácio do Grão-Mestre e Casa Rocca Piccola, por exemplo, sem enfrentar muitos desníveis de terreno. O terminal
rodoviário da capital maltesa fica nesse mesmo cocuruto, bem pertinho de todas
essas pontos turísticos.
Como é fácil de imaginar, Valeta está conectadíssima a todas
as cidades de Malta e, onde quer que você se hospede, vai encontrar muitas
linhas de ônibus que levam à capital.
Não importa quão estreito seja o beco, a vista é sempre para o mar |
Agora, se você chegar a Valeta de ferry boat (como eu
gostava de fazer), vai ter que escalar ladeiras até o alto da cidade. Pra quem vem
das Três Cidades tem a alternativa do Elevador dos Upper Barrakka Gardens (Barrakka Lift), que conecta o cais de Valeta aos jardins, quase
60 metros acima da beira d’água.
⇨ A passagem do Barrakka Lift custa € 1. Mas se você apresentar o tíquete do ferry (€ 1,50), não precisa pagar para usar o serviço.
O Barrakka Lift é um elevador panorâmico que liga o cais de Valeta à parte alta da cidade |
Se você vier de ferry de Sliema para Valeta, como era o meu
caso, vai ter mesmo que encarar as ladeiras. E, ainda que os joelhos reclamem,
garanto que você vai adorar a caminhada. Suba com calma, saboreando as belas
fachadas e os lampejos azuis do mar, que aparece ao fim de cada bequinho
transversal.
Veja como se locomover em Valeta e em outras cidades de
Malta
Transporte em Malta: ah, como é fácil!
O que ver em Valeta
Os edifícios mais bonitos de Valeta são obras dos cruzados, que construíram a cidade (a partir de 1566) e a cobriram de palácios, igrejas e jardins ao longo de mais de dois séculos — até serem desalojados de Malta por Napoleão, 1798.
Os ingleses, que ocuparam Malta a partir de 1800, também deram uma forcinha, mas é inegável que as fachadas barrocas legadas à capital maltesa pelos cavaleiros da Ordem de São João são muito mais impressionantes.
Entre muitos edifícios anônimos e às atrações que já citei,
preste atenção ao Auberge de Provence (hoje sede do Museu Nacional de
Arqueologia), ao Auberge de Castille (que abriga os escritórios do primeiro
ministro de Malta) e aos Lower Barrakka Gardens, a 800 metros de distância de
seu “irmão mais alto”.
Desafio você a resistir à paixão pelos balcões malteses |
Mas o traço mais marcante e encantador da paisagem urbana de Valeta (e de todas as cidades mais antigas de Malta) não são legado dos cruzados nem dos britânicos. O multicoloridos balcões malteses foram herdados da tradição árabe.
Pendurados nas fachadas históricas, os balcões malteses apaixonam até o olhar mais distraído.
A fonte dos Upper Barrakka Gardens refresca esse oásis urbano herdado dos cruzados italianos |
Upper Barrakka Gardens
Endereço: 292 Triq Sant Orsla (Rua Santa Úrsula nº 292)
Horários: diariamente, das 7h às 22h
Entrada gratuita
Se eu tivesse que recomendar um lugar para você começar a explorar Malta — e veja que eu disse Malta, não apenas Valeta — seria os Upper Barrakka Gardens.
O Forte Saint Elmo, lá na pontinha da península de Valeta, fotografado do terraço dos Upper Barrakka Gardens |
Os jardins embelezam as fortificações do Bastião de São Pedro e São Paulo. Essa foto foi feita de dentro da gaiolinha do Barrakka Lift |
Nos Upper Barrakka Gardens você vai encontrar banquinhos à sombra de árvores frondosas, uma fonte para refrescar o ambiente, um café e tudo mais que se espera de um oásis urbano.
A principal razão para ir aos Upper Barrakka Gardens é esta vista escandalosa para as Três Cidades. Os canhões são da Salute Battery, que saudava os navios que entravam no Grand Harbour |
Os Upper Barrakka Gardens foram construídos para servir de espaço de lazer para os cavaleiros de língua italiana da Ordem de São João e permaneceram como área privada até a expulsão dos cruzados de Malta pelas tropas de Napoleão.
O terraço emoldurado por arcos é a parte mais concorrida dos Upper Barrakka Gardens, mas o espaço todo é um charme |
Por incrível que pareça, encontrei uma mesa livre, à sombra de um guarda-sol, no café que funciona nos jardins |
Endereço: Triq San Gwann s/n (St John’s Square ou Praça de São João)
Horários: de segunda a sexta, das 9:30h às 16:30h Sábados, das 9:30h às 12:30h. Fechada aos domingos e feriados.
Ingressos: € 15.
A Co-Catedral é todinha preciosa. Não perca essa visita por nada |
Já escrevi um post inteirinho e cheio de fotos sobre a igreja-sede da Ordem dos Cavaleiros de São João. Então, esse item é só para insistir que você nem pense em deixar o esplendor barroco da Co-Catedral de fora do seu roteiro em Malta.
Vá sem pressa para explorar cada detalhe.
As dicas dessa atração estão aqui: Malta: visita à Co-Catedral de São João, em Valeta
A arrebatadora beleza barroca da decoração interior da Co-Catedral de São João é responsabilidade, principalmente, do artista calabrês Mattia Preti (1613–1699), que também era cavaleiro da Ordem de Malta.
Se você quiser ver
mais da obra de Pretti, vale a visita ao Museu Nacional de Belas Artes de Malta
(Mużew Nazzjonali tal-Arti), o MUŻA,
que funciona no antigo Auberge d’Italie (a residência dos cruzados de língua
italiana, na Merchants Street/Triq il-Merkanti). A entrada do museu custa € 10.
Tá vendo aquela cúpula presidindo a paisagem? É a Igreja das Carmelitas |
(Madonna tal-Karmnu)
Endereço: Triq it-Teatru, ou Old Theater Street, entre Triq Marsamxett e West Street
Horários: segundas, quartas, sextas e domingos, das 6:30h ao meio-dia. Às terças, quintas e sábados, a igreja abre das 15:30h às 19h
Entrada gratuita.
Do piso à cúpula, a basílica é linda |
Eu aposto que você não vai resistir à curiosidade de conhecer de perto essa igreja que vai cativar muito seu olhar, vista de longe, cada vez que contemplar o skyline de Valeta.
Sim, aquela cúpula enorme, que se eleva a 42 metros de altura e parece presidir o horizonte da capital maltesa, pertence à bonita Basílica de Nossa Senhora do Monte Carmelo, também chamada de Igreja das Carmelitas.
O avesso da cúpula |
A Basílica de Nossa Senhora do Monte Carmelo é uma construção de 1570 — contemporânea da fundação de Valeta, portanto. O velho edifício, porém, foi quase aplastado pelos bombardeios que visavam o porto de Malta, durante a II Guerra Mundial.
Foi necessário um minucioso trabalho de reconstrução — 23 anos de obras — para que a igreja, a construção mais alta em Valeta, voltasse aos dias de glória.
A Basílica do Monte Carmelo foi arrasada por uma bomba, na II Guerra, e passou por um cuidadoso trabalho de reconstrução |
No interior da basílica, claro que a grande atração é ver o “avesso” da famosa cúpula dourada — e descobrir que ela é oval e não redonda, como parece, vista de longe.
Depois de ficar com o pescoço torto de tanto olhar para cima, preste atenção às magníficas colunas em mármore vermelho e ao rico piso da igreja, também em mármore. Muito da decoração interior da Igreja das Carmelitas é herança da reconstrução, iniciada em 1958.
Casa Rocca Piccola: um passeio pelo cotidiano da nobreza maltesa |
Casa Rocca
Piccola
Endereço: 74 Republic Street, Valletta
Horários: de segunda a sábado, das 10h às 17h.
Ingressos: € 9
A Casa Rocca Piccola é outra atração de Valeta que ganhou um
post só pra ela, aqui na Fragata. O palácio do Século 16 é contemporâneo da
fundação de Valeta e ainda é a residência de uma família de nobres malteses (os
Piro).
É bem interessante percorrer as diversas dependências do
palácio, adornados por muitas obras de arte, mobiliário e objetos decorativos.
Saiba mais sobre essa atração: Valeta, Malta: visita à CasaRocca Piccola
Sucumba aos frutos do mar, coelhos e outras delícias da culinária de Malta no Mercado de Valeta |
Valetta Food Market/ Is-Suq Tal-Belt
Endereço: Triq il-Merkanti, s/n.
Horários: diariamente, das 8h às 22h.
Já falei sobre o Mercado de Valeta no post com dicas sobre o que comer e onde comer em Malta. O paladar é um elemento essencial em qualquer viagem e esse mercado é um ótimo lugar para fazer um intensivão sobre a culinária maltesa a preços muito moderados.
Prove os pastizzi, os frutos do
mar, o peixe lampuki, o coelho à moda maltesa e outras delícias de Malta. Siga o link aí em cima para mais informações.
Em vários trechos da muralha de Valeta você vai encontrar sombra, uma mesinha de bar e alguma paisagem linda. No caso dessa foto, a vista é para as Três Cidades |
Muralhas de Valeta
Antes de estabelecer sua praça-forte em Malta, o quartel general cavaleiros da Ordem de São João era a Ilha de Rodes, no Dodecaneso. Até ser tomada pelos otomanos, em 1522, Rodes era considerada a mais inexpugnável fortaleza da cristandade no Mediterrâneo.Tem horas que a gente não sabe dizer se é a muralha que abraça Valeta ou se é Valeta que cerca a muralha |
A perda de Rodes e o susto com o Grande Cerco de Malta, em 1565, certamente inspiraram o “furor fortificante” dos cruzados em Valeta.
O fosso que protegia o Bastião de São João virou um jardim |
À sombra das muralhas, na altura do Valeta City Gate, esse posto de informações turísticas é um bom lugar para pegar um mapa da cidade e confirmar informações sobre as atrações |
O já existente Forte Saint Elmo ganhou um super banho de loja bélico e a nova capital viu-se completamente cercada por cinturões de muralhas, interligados por nada menos do que nove bastiões, além de uma série de contraguardas e baterias.
O prodígio de engenharia militar dos cruzados ainda é bem visível na Valeta contemporânea, mesmo após passar por várias modificações, desde o Século 16.
Ainda que moderna, a sede do Parlamento de Malta, na Porta da Cidade, está bem integradinha à arquitetura tradicional de Valeta |
Renzo Piano é mais conhecido como um dos criadores do Centro Georges Pompidou, o Beaubourg, em Paris.
Palácio do Grão-Mestre: de símbolo do poder dos cruzados a sede da Presidência da República de Malta |
Palácio do Grão-Mestre da Ordem de Malta
Endereço: St. George’s Square
Horários: a sala do Trono e a Sala dos Tapetes podem ser visitadas de segunda a sexta, das 10h às 16h horas, e aos sábados e domingos das 9h às 16h. A Sala de Armas recebe visitantes diariamente, das 9h às 17h.
Ingresso: o bilhete para a visita completa (Palácio e Sala de Armas) custa €10
Em uma cidade que impressiona pelos balcões, é claro que o balcão do Palácio do Grão-Mestre tinha que ser um dos mais impressionantes |
Uma das primeiras grandes obras em Valeta, na época da
fundação, foi este palácio, instalado no coração da nova capital para servir de
moradia e local de despacho dos grãos-mestres da Ordem dos Cavaleiros de São
João, ou seja, a sede do governo da Malta dos cruzados.
A Sala de Armas é o espaço mais concorrido. Para aproveitar a sombra no pátio interno do palácio, não é preciso pagar ingresso |
A tradição vale até hoje: o Palácio do Grão-Mestre é,
atualmente, a sede da Presidência de Malta, depois de também ter servido como
escritório do governo colonial britânico.
Apesar de sua função oficial, algumas partes do palácio estão abertas à visitação, como a Sala do Trono, a Sala dos Tapetes e a ala que funcionou como Sala de Armas.
Instalado no belo Auberge de Provence, o Museu Nacional de Arqueologia de Malta é uma atração imperdível em Valeta |
Museu Nacional de Arqueologia
Endereço: Republic Street (entre as ruas Melita e San Gwann), no Auberge de Provence
Horários: fecha às segundas e quintas. Nos demais dias, abre
das 9h às 16:30h
Ingresso: € 5. Crianças menores de cinco anos não pagam
entrada. Estudantes (com documento comprovatório de matrícula, adolescentes (12
a 17 anos) e maiores de 60 anos pagam € 3,50. Para quem tem entre 6 e 11 anos, o
bilhete custa € 2,50.
Site: National Museum of Archaeology
Malta foi o lar de civilizações bastante sofisticadas, já no período Neolítico |
Instalado no belo Auberge de Provence, palácio do Século 16 que servia de moradia aos cavaleiros da Ordem de São João falantes da língua provençal, o Museu Nacional de Arqueologia de Malta foi a primeira atração que visitei em Valeta — e super recomendo.
Vá ao Museu Nacional de Arqueologia antes de visitar os templos megalíticos de Malta |
Antes de visitar os espetaculares templos megalíticos de Hagar Qim e Mnajdra, na Costa Sul de Malta, minha passagem pelo Museu Nacional de Arqueologia já me deixou fascinada diante dos objetos que testemunham a sofisticação de sociedades que foram as donas da ilha há mais de 7 mil anos.
Hagar Qim e Mnajdra, templos megalíticos de Malta mais antigos que as pirâmides do Egito
As peças mais impressionantes do museu são as “vênus neolíticas”, representações da figura feminina de uma beleza tocante. As mais famosas são a Dama Adormecida, encontrada no Hipogeu de Ħal Saflieni (templo encontrado no que hoje é a cidade de Paola, do ladinho de Valeta, com cerca de 5 mil anos de idade), e a Vênus de Hagar Qim, símbolo de uma civilização com mais de 7 mil anos.
Uma "venus neolítica" maltesa |
Uma ala é dedicada à Coleção Numismática, com mais de 16 mil moedas, herança dos diversos conquistadores que passaram por Malta, como cartagineses, romanos, bizantinos, árabes, normandos, aragoneses, cruzados e ingleses.
O Grand Salon estava passando por obras de restauro na época da minha visita |
O Auberge de Provence era o alojamento dos cavaleiros cruzados de língua provençal |
Uma atração à parte na visita ao Museu Nacional de Arqueologia de Malta é ver a elegância da decoração interior do Auberge de Provence.
Roteiro por Barcelona, Valência e Malta: um triângulo redondinho
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