El Born: arquitetura medieval, charme e boemia em Barcelona |
Mas não deixe de programar um passeio por El Born, vizinho separado do Bairro Gótico pela Via Laietana.
Dois grandes motivos para ir ao Born: o Museu Picasso
(acima), instalado em um lindo conjunto de palácios medievais, e a Basílica de
Santa Maria del Mar (no alto) |
Charmoso, boêmio e muito menos clichê, El Born de Barcelona reúne atrações turísticas de primeira linha, bares e restaurantes descolados e uma vibe simpaticíssima.
Entre as atrações de El Born estão a magistral Basílica de Santa Maria del Mar, minha igreja preferida em Barcelona, o Museu Picasso e a Carrer de Montcada, a rua medieval mais preservada da cidade, e outros encantos.
Vamos dar uma voltinha por esse bairro gostoso de Barcelona?
Uma lembrança do poderio naval de Barcelona em uma fachada
da Via Laietana, avenida aberta na década de 30 e que hoje demarca a fronteira
entre El Born e o Bairro Gótico |
Passeio por El Born
Antes da gente começar: é Born ou La Ribera?
O mapa no alto mostra o Distrito de Sant Père - Santa Caterina i La Ribera. Acima, o pedacinho dele que seria oficialmente El Born — mas o nome se generalizou para toda a área |
Como já disse Gertrud Stein, Rose is a rose is a rose is a rose. Ou seja: pode chamar de Born ou de La Ribera, que não serão imprecisões de toponímia que vão estragar nosso passeio 😀. Eu já desisti de entender...
A via Laietana tem algumas fachadas muito imponentes |
O que ver em El Born
E o Born (oficial) detinha o pedaço mais rico dessa potência medieval, local de moradia dos grandes comerciantes e armadores e sede de La Llotja, uma mistura de associação comercial e bolsa de mercadorias.
Já o trecho conhecido como La Ribera era um núcleo significativo de trabalhadores pobres, especialmente os ligados aos ofícios do mar, como marinheiros, estivadores, carpinteiros navais e calafates.
⭐Carrer de Montcada
Com apenas 250 metros de extensão — e quase nunca ultrapassando os 3 metros de largura — a Carrer de Montcada reúne um conjunto impressionante de palácios com origens na Idade Média, o que a faz ser reconhecida como o maior acervo de arquitetura civil medieval de Barcelona.
A Carrer de Montcada começa na altura da capela românica de São Marcos, do Século 12, e segue até o Passeig del Born.
Museu das Culturas do Mundo (Museu de Cultures del Món), no
nº 12 da Carrer de Montcada. Na vitrine, instalação de uma exposição
temporária, em março de 2011 |
Devidamente pavimentada e urbanizada, a Carrer de Montcada atraiu muitos poderosos da época, que estabeleceram moradia às suas margens. Boa parte dessas construções ainda está de pé e pode ser visitada, pois abrigam museus, galerias de arte e outras instituições.
O mais famoso e visitado é o Palau Berenguer d'Aguilar, que hoje abriga o Museu Picasso (Carrer de Montcada nº 15). O Palácio do Barão de Castellet (antigo nº 17 da rua) e o Palau Meca (antigo nº 19) também foram incorporados à sede do museu.
Fachada e (no alto) a galeria superior do Palau
Berenguer d'Aguilar, sede do Museu Picasso de Barcelona |
O Palácio dos Marqueses de Liló (Carrer de Montcada nº 12) é a sede do Museu das Culturas do Mundo.
Para ver Picasso eu iria até mesmo a um galpão caindo aos pedaços, mas bem que as instalações do museu já animam à visita |
Carrer Montcada, 15-23
As Meninas, estudo e recriação de Picasso para o célebre quadro de Velázquez, uma das obras mais famosas da pintura espanhola |
As Meninas, de Velázquez (esq) e a infanta pelos olhos de Pablo Picasso |
O Museu Picasso tem uma exposição super didática e
interessante. Não perca |
Retrato da Senhora Canals, de 1905, e Homem com Barrete, de 1895, do acervo do Museu Picasso de Barcelona |
A grande atração do Museu Picasso de Barcelona, sem dúvida, é o estudo As Meninas, uma série de pinturas na qual Picasso reinterpreta, recria e brinca com a obra homônima de Velázquez, um dos quadros espanhóis mais conhecidos, exposto no Museu do Prado.
A série completa de As Meninas, com 58 trabalhos, foi doada pelo próprio Picasso ao museu de Barcelona.
El Xampanyet, para uma taça de cava |
Carrer de Montcada 22
Aberto de segunda a sábado, das 12h às 15:30 e das 19h às 23h
Como ninguém é de ferro, está na hora de fazer uma pausa para bebericar uma taça de cava, o tradicional espumante catalão.
E o drinque vai ficar mais gostoso saboreado em El Xampanyet, a mais tradicional das casas de cava de Barcelona, fundada em 1929 na Carrer de Montcada.
El Xampanyet é turístico, sim, e vive abarrotado — daqueles que a gente consulta o tarô antes de sair de casa, pra adivinhar se vai encontrar lugar, mas é imperdível, com aquela cara de taberna à moda antiga e barris à vista do freguês.
Santa Maria del Mar, o edifício mais belo e comovente
de Barcelona |
Plaça de Santa Maria, 1
➡️ Visitas turísticas: segunda a sábado, das 13h às 17h. Domingos, das 14h às 17h. Entrada: € 5.
➡️ A visita guiada, com subida às torres e terraço, também é realizada das 13h às 17h e custa € 10.
Saindo do El Xampanyet, virando à direita, percorra os últimos 100 metros da Carrer de Montcada para chegar ao edifício mais belo e comovente de Barcelona. Ela é considerada o mais importante exemplar do estilo gótico catalão, de uma beleza única.
Pedras? Eu acho que Santa Maria del Mar foi esculpida em luz
e amplidão |
A Igreja de Santa Maria Del Mar, chamada de “a catedral do povo”, foi construída pelos homens do mar da Barcelona medieval, estivadores e pescadores, com a ajuda de outras corporações de ofício, para ser o local de culto dos pobres da cidade, excluídos de frequentar as paróquias dos senhores.
Simples e arrebatadora, Santa Maria del Mar tem uma beleza que vai além das palavras. Vale visitá-la muitas vezes: durante o dia, para percorrer seu lindo interior e subir ao seu terraço. À noite, para ver sua fachada iluminada que parece pairar sobre o mundo, diretamente saída de um sonho.
A santa dos trabalhadores do mar em seu altar-mor: em pedra
nua, sobre uma coluna, Maria carrega o menino e tem uma embarcação a seus pés |
Sim, você percebeu que eu sou muito parcial em relação à Basílica de Santa Maria del Mar. Se você já a conhece, aposto que é também. Se não, tenho certeza que vai ficar, assim que bater os olhos nela.
As obras da Igreja de Santa Maria del Mar foram iniciadas em 1329 e seu contrato de construção determinava que ela pertenceria aos paroquianos do porto e de La Ribera, as pessoas que portaram os recursos e o trabalho necessário para erguer a “catedral do povo”.
O altar-mor da Basíica de Santa Maria del Mar visto da
galeria superior |
O trabalho dos bastaixos na construção de Santa Maria está
imortalizado nas portas da basílica |
Se você viu a série da Netflix A Catedral do Mar ou leu o livro de Ildefonso Falcones, que inspirou a minissérie — acho ambos chatíssimos — já conhece a história dos bastaixos, os estivadores do Porto de Barcelona, que carregaram as pedras para a construção da igreja desde as pedreiras de Montjuïc.
As colunas esguias de Santa Maria del Mar chamam
insistentemente nosso olhar para o alto |
Com poucos adornos, Santa Maria del Mar mostra que a beleza
não precisa de volteios |
A igreja é feita de pedras, mas suas matérias primas parecem ser a luz, filtrada por seus vitrais, e a amplidão, está última enfatizada pela economia de adornos e volteios.
Ao longo dos séculos, Santa Maria del Mar recebeu diversos acréscimos, como seu altar-mor barroco (um barroco-contido, dá pra dizer, pois casa à perfeição com a objetividade das linhas que caracterizam a igreja).
⭐Fossar de les Moreres
Carrer de Santa Maria
Fossar de les Moreres, um memorial aos mortos na defesa da
autonomia catalã, no Século 18 |
O que hoje é uma praça diante da fachada Leste da Igreja de Santa Maria del Mar é também o local do sepultamento de muitos dos defensores de Barcelona durante o conflito, que deixou mais de 8 mil mortos na cidade.
A derrota de Barcelona, no dia 11 de setembro de 1714, é lembrada na maior festa cívica catalã, a Diada Nacional de Catalunya (Dia Nacional da Catalunha).
Mercado de Santa Caterina: gostoso e low profile |
Avinguda de Francesc Cambó, 16
Segundas, quartas e sábados, das 7:30h às 15:30h. Terças, quintas e sextas, das 7:30h às 20:30h
Gosto muito do Mercado de Santa Caterina porque ele é low profile: em lugar daquela muvuca inacreditável do Mercado da Boqueria, lá ainda é possível escolher frutas, queijos e frios para um piquenique ou tapear em paz em um balcão sem ser arrastada por um tsunami de gente.
Escrevi sobre o Mercado de Santa Caterina aqui: "Tapear", comer e beber em Barcelona - 15 dicas
A Europa na Fragata Surprise
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Olá Cyntia, boa tarde!!
ResponderExcluirQue maravilha, estás em Barcelona!!
Lendo tudo. Tenho um projeto para ir em junho...
Disfrute,
Abraços,
Ana Silvia