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Com um mitológico tritão como figura de proa, a estrela do
museu é a Galera Real da Batalha de Lepanto (1571) |
Em uma cidade que tem tanta coisa maravilhosa pra ver, o Museu Marítimo de Barcelona conseguiu a façanha de ser uma das minhas atrações favoritas.
Até reconheço que sou suspeita — ninguém tem um blog chamado A Fragata Surprise sendo indiferente às histórias do mar — mas aviso que não sou um caso isolado. Nem de internação 😉.
O Museu Marítimo de Barcelona está instalado nos antigos Estaleiros Reais da cidade (Drassanes, em catalão), fundados no Século 13 e essenciais para a economia catalã: nunca é demais lembrar que Barcelona foi uma grande potência marítima e comercial durante a Idade Média.
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A sensacional exposição 7 Barcos, 7 Histórias, no Museu
Marítimo de Barcelona |
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Por entre as frestas de um casco de uma embarcação, o
visitante assiste ao vídeo que recria a labuta nos Estaleiros Reais de
Barcelona durante a Idade Média |
O que ver no Museu Marítimo de Barcelona
Minha primeira recomendação: leia sobre o museu antes de ir até lá.
O site do Museu Marítimo de Barcelona é tão cheio de informações que a leiturinha básica que sempre faço antes de iniciar a exploração desse tipo de instituição quase vira uma pós graduação 😁, daquelas de perder a hora de entrar para a visita, refestelada nos deliciosos jardins do museu.
E olha que essa foi minha segunda visita 😉.
O site do Museu Marítimo de Barcelona é tão cheio de informações que a leiturinha básica que sempre faço antes de iniciar a exploração desse tipo de instituição quase vira uma pós graduação 😁, daquelas de perder a hora de entrar para a visita, refestelada nos deliciosos jardins do museu.
E olha que essa foi minha segunda visita 😉.
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O estaleiro do Século 13 foi restaurado e adaptado para a
instalação de um museu moderno, interativo e muito instigante |
Instalações do Museu Marítimo de Barcelona
Os Estaleiros Reais (Drassanes Reials) foram importantíssimos para Barcelona. A instalação militar não só construía as embarcações (galeras, na época) da Coroa de Aragão como ainda funcionava como estrutura defensiva da cidade.
De frente para o mar, integrado às muralhas de Barcelona, o complexo dos Estaleiros Reais era um vasto conjunto de fortificações, arsenais e oficinas. Um respeitável senhor que hoje tem mais de 700 aninhos de História.
De frente para o mar, integrado às muralhas de Barcelona, o complexo dos Estaleiros Reais era um vasto conjunto de fortificações, arsenais e oficinas. Um respeitável senhor que hoje tem mais de 700 aninhos de História.
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Maquete do Porto e da Cidade de Barcelona no Século 15 |
Um jeito bacana de ver a evolução e funções dos Estaleiros ao longo dos séculos é assistir um filminho bem interessante, que faz parte do percurso expositivo do Museu Marítimo.
A construção foi mudando de cara e se adaptando às necessidades. Aliás, até a linha da praia mudou de lugar diante de Barcelona.
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Os vãos no interior do velho estaleiro chegam a alcançar os 13 metros de altura. Na imagem, a popa da luxuosa e belicosa Galera Real |
Os vãos no interior do edifício chegam a ultrapassar os 13 metros de altura. Sob eles, o visitante percorre as diversas etapas e aspectos da profunda relação entre Barcelona e o mar.
Entre pinturas, objetos recuperados de naufrágios, maquetes de embarcações (como da Santa Maria, a nau de Colombo) e interessantes ex-votos, ofertados a santos por quem escapou da volubilidade do mar, a gente vai se enredando na narrativa do museu.
O espaço, muito amplo e cheio de luz, é um convite à exploração. É bom ir ao Museu Marítimo de Barcelona com tempo. Só as salas de exposição ocupam mais de 10 mil metros quadrados.
Lembre-se que ainda há as muralhas e bastiões, os jardins do museu, sombreados por laranjeiras e donos de um silêncio surpreendente — do outro lado de seus muros, passa a movimentada Avigunda de las Drassanes.
Um espaço bem especial são os Jardins do Baluarte, que acompanham as muralhas do velho estaleiro e se debruçam sobre a avenida.
Acervo do Museu Marítimo de Barcelona
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Os jardins do museu, super sossegados, abrigam um agradável café e espaços para uma pausa na muvuca da vizinhança |
O espaço, muito amplo e cheio de luz, é um convite à exploração. É bom ir ao Museu Marítimo de Barcelona com tempo. Só as salas de exposição ocupam mais de 10 mil metros quadrados.
Lembre-se que ainda há as muralhas e bastiões, os jardins do museu, sombreados por laranjeiras e donos de um silêncio surpreendente — do outro lado de seus muros, passa a movimentada Avigunda de las Drassanes.
Um espaço bem especial são os Jardins do Baluarte, que acompanham as muralhas do velho estaleiro e se debruçam sobre a avenida.
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Um dos encantos dos jardins do Museu Marítimo é essa fofura de submarino do Século 18 |
Acervo do Museu Marítimo de Barcelona
A grande estrela em exposição no Museu Marítimo de Barcelona é a reprodução, em tamanho natural, da Galera Real, do Século 16, nau capitânia da Armada Espanhola, na época.
Foi a bordo da Galera Real que, em 1571, D. Juan de Áustria, meio-irmão do rei Felipe II, comandou as forças da Liga Santa contra os Otomanos, na decisiva Batalha de Lepanto — combate que teve Miguel de Cervantes como soldado, em uma embarcação anônima.
Foi a bordo da Galera Real que, em 1571, D. Juan de Áustria, meio-irmão do rei Felipe II, comandou as forças da Liga Santa contra os Otomanos, na decisiva Batalha de Lepanto — combate que teve Miguel de Cervantes como soldado, em uma embarcação anônima.
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A Galera Real era um colosso de 60 metros de comprimento, 6,20 metros de largura e impulsionada pelo esforço de 290 remadores |
A galera foi construída lá mesmo, nos Estaleiros Reais de Barcelona, em 1568. Tinha 60 metros da proa à popa, 6,20 metros na maior largura e seu gurupés ultrapassava os 2 m de comprimento.
A bordo da embarcação, 290 remadores, 400 soldados e nove canhões faziam dela uma máquina de guerra respeitável, em seu tempo.
A réplica da Galera Real exposta no museu é em tamanho natural e foi cuidadosamente recriada, com acompanhamento de historiadores navais.
Você pode ver a galera de todos os ângulos que quiser, graças às plataformas instaladas junto à popa e à murada de estibordo da embarcação (eu poderia dizer na parte de trás e a murada do lado direito da Galera Real, mas acho que vocês já perceberam que eu estou atacada 😀).
A bordo da embarcação, 290 remadores, 400 soldados e nove canhões faziam dela uma máquina de guerra respeitável, em seu tempo.
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A galera foi construída lá mesmo, nos Estaleiros Reais de barcelona, mas sua suntuosa decoração foi obra de artesãos de Sevilha |
A réplica da Galera Real exposta no museu é em tamanho natural e foi cuidadosamente recriada, com acompanhamento de historiadores navais.
Você pode ver a galera de todos os ângulos que quiser, graças às plataformas instaladas junto à popa e à murada de estibordo da embarcação (eu poderia dizer na parte de trás e a murada do lado direito da Galera Real, mas acho que vocês já perceberam que eu estou atacada 😀).
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A Fragata se sentiu uma casquinha de noz navegando ao lado da galera 😊 |
As galeras foram embarcações típicas do Mediterrâneo, construídas
em diversas variações (como as trirremes romanas). Ao contrário do que a gente
vê nos filmes, originalmente seus remadores eram, em geral, soldados, não escravos.
O uso de prisioneiros de guerra ou criminosos sentenciados como remadores foi uma prática que começou a ser disseminada a pelas potências militares e comerciais da Europa Ocidental do Século 16 — a Espanha, entre elas.
O uso de prisioneiros de guerra ou criminosos sentenciados como remadores foi uma prática que começou a ser disseminada a pelas potências militares e comerciais da Europa Ocidental do Século 16 — a Espanha, entre elas.
É possível, portanto que entre os remadores da Galera Real estivessem muitos cativos escravizados. Essa é uma lembrança que desromantiza bastante a visão da Galera Real.
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290 remadores eram necessários para impulsionar a galera |
Mas a réplica da embarcação histórica é absolutamente fascinante, além de um desbunde de bonita. Resista a tentação de dedicar atenção apenas a ela, pois tem muito mais pra ver no Museu Marítimo de Barcelona.
O percurso expositivo do museu está dividido em sessões temáticas, onde o roteiro histórico está apoiado em mapas, documentos históricos e objetos náuticos de época, mas também em painéis interativos, e vídeos que tornam a visita realmente estimulante.
Em uma das exposições, "A Catalunha Além do Mar", a gente aprende um pouco sobre como a região se transformou em um próspero polo industrial no Século 19, apoiando seu crescimento econômico no comércio marítimo — mas sabendo ir além dele.
O percurso expositivo do museu está dividido em sessões temáticas, onde o roteiro histórico está apoiado em mapas, documentos históricos e objetos náuticos de época, mas também em painéis interativos, e vídeos que tornam a visita realmente estimulante.
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O museu exibe dezenas de maquetes de embarcações de diferentes tipos, funções e épocas. Só essa viagem já vale o ingresso |
Em uma das exposições, "A Catalunha Além do Mar", a gente aprende um pouco sobre como a região se transformou em um próspero polo industrial no Século 19, apoiando seu crescimento econômico no comércio marítimo — mas sabendo ir além dele.
Outra sessão bacana é a exposição do esqueleto da embarcação Les Sorres X, do Século 14. Ele é um achado arqueológico escavado em Castelldefels, na periferia de Barcelona, durante as obras de construção do Canal Olímpico para os Jogos de 1992.
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O esqueleto do Les Sorres X, achado arqueológico que deixou os estudiosos saltitantes |
A descoberta de Les Sorres X é importante porque é uma das raras embarcações mercantes medievais já encontradas na área do Mediterrâneo — e, segundo os arqueólogos navais, prova que os barcos mudaram muito pouco na região, entre o Século 14 e o Século 20.
O Museu Marítimo de Barcelona também administra a Escuna Santa Eulália, barco-museu de 1919 que fica atracado em Port Vell e eu visitei em 2011.
O ancoradouro da Santa Eulália é quase em frente ao museu, um pouco adiante (para o Norte) da Rambla del Mar. São cerca de 400 metros de caminhada.
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O ingresso do Museu Marítimo de Barcelona inclui a visita à Escuna Santa Eulália, que fica ancorada em Port Vell |
Mas genial mesmo é a exposição "7 Barcos, 7 Historias" que, a partir de embarcações de tipos e épocas diferentes, fala do impulso irrefreável dos humanos de se lançarem ao mar, seja por curiosidade, esperança, desespero ou lucro.
La está a Victoria, a nau capitânia da frota de Fernão de Magalhães, aquele português que circum-navegou o planeta entre 1519 e 1522 e não caiu da borda da Terra nem nada — vai que ela é redonda, né? 😁
Também estão lá um transatlântico (o Royal Edward), um batel (balandre, em catalão, embarcação de pequeno porte), um cargueiro moderno...
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Containeres funcionam como espaço expositivo para a narrativa 7 Barcos, 7 Histórias |
Em vídeos deliciosos, quem conta as aventuras dessas embarcações são passageiros e tripulantes, interpretados por atores e construídos com base em personagens reais, resgatados a partir de cartas e documentos. Uma grande viagem.
Enfim, pra quem tem um blog chamado A Fragata Surprise, passar uma tarde inteirinha no Museu Marítimo de Barcelona é como navegar em um sonho.
Museu Marítimo de Barcelona
Avinguda de les Drassanes s/n, Metrô Drassanes (L3) ou Paral-Lel (Linhas 2 e 3)
🕒 Horários do museu: de segunda a domingo, das 10 às 20h.
Horários da Escuna Santa Eulália: entre abril a outubro, de terça a sexta e aos domingos, das 10h às 20:30. Aos sábados, das 14h às 20:30h. Entre novembro e março, o encerramento das visitas é às 17:30h.
🕒 Horários do museu: de segunda a domingo, das 10 às 20h.
Horários da Escuna Santa Eulália: entre abril a outubro, de terça a sexta e aos domingos, das 10h às 20:30. Aos sábados, das 14h às 20:30h. Entre novembro e março, o encerramento das visitas é às 17:30h.
💲 Ingressos: para ver o museu e a Escuna Santa Eulália, o preço é de € 10. Para ver apenas a escuna, a entrada é € 3. Acesso grátis aos domingos, após as 15 horas.
Cafeteria e Restaurante Norai
De segunda a sexta, das 9h às 20h. Sábados e domingos, das 10h às 20h.
Siga o link ou clique nos ícones do mapa pra ver muito mais sobre a cidade.
A Espanha na Fragata Surprise
A Europa na Fragata Surprise
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