1 de junho de 2022

10 atrações em Montevidéu

Grafite de Júlio Cortázar no Bairro de Cordón, Montevidéu, Uruguai
O escritor argentino Julio Cortázar observa a muvuca da Feira de Tristán Narvaja, realizada aos domingos, no Bairro de Cordón

Já falei isso e vou repetir: Montevidéu é muito mais atmosfera e astral do que uma lista de atrações a ser ticada — e que cidade não é, quando a gente leva a alma pra viajar? Mas essa história de que não tem muito o que fazer na capital uruguaia é pura lenda.

Em nove dias “líquidos” de roteiro em Montevidéu, encontrei muita coisa bacana pra fazer por lá. Neste post, vou comentar as 10 atrações em Montevidéu mais conhecidas, com as dicas práticas (como chegar, ingressos), pra ajudar seu planejamento. 

Ramblas de Montevidéu, Uruguai
As Ramblas e (abaixo) o Parque Rodó: lugares para ser feliz ao ar livre em Montevidéu

De cara, já aviso que sou totalmente parcial em relação a Montevidéu: adoro a cidade desde nosso primeiro encontro, no inverno gelado de 1978. Voltei lá bem menos do que gostaria e só agora, nesta quarta visita, pude me dar o prazer de esticar a estadia para além do basicão. 

Em nove dias de estadia, pude ir muito além dessas 10 atrações em Montevidéu. Mas quem tem menos tempo para curtir essa adorável cidade estará muito bem servida por elas.
 
Parque Rodó, Montevidéu, Uruguai

Mas, se eu fosse você, esticaria a estadia para ir além desses pontos turísticos. Montevidéu tem ótimos centros culturais e museus, inenarráveis livrarias e a gastronomia que deixa a gente com vontade de reencarnar como camelo — privilegiados bichos dotados de quatro estômagos. Essas atrações em Montevidéu ganharam postagens exclusivas (siga os links pra ver).

Entre as 10 atrações em Montevidéu que destaco aqui, oito são gratuitas (Ramblas, Parque Rodó, Terraço Panorâmico da Prefeitura, a arquitetura da Avenida 18 de Julio, a Plaza Independencia, o charme da Cidade Velha, o Bairro de Cordón e a Feira de Tristán Narvaja).

Palácio Santos, Montevidéu, Uruguai

Esta lindeza de edifício, de inspiração renascentista, é o Palácio Santos, na Avenida 18 de Julio. A construção, do Século 19, é sede do Ministério das Relações Exteriores do Uruguai


Apenas duas atrações desta lista cobram ingresso: as visitas guiadas ao Palácio Salvo e ao Teatro Solís

Bora combinar que 80% de atrações gratuitas é uma ótima relação, né? Montevidéu não é uma cidade barata pra quem ganha em reais — ainda que não exorbitante — mas a bichinha é generosa.

Teatro Solís, Montevidéu, Uruguai
O Teatro Solís é lindo por dentro e por fora. Não perca a chance de vê-lo em uma visita guiada

E, antes de ir ao que interessa, meu conselho de apaixonada: não vá a Montevidéu esperando encontrar Buenos Aires. As duas cidades compartilham o idioma, o Rio da Prata, o Tango — La Cumparcita, o exemplar mais famoso do gênero, é criação uruguaia — e ecos europeus (na capital uruguaia, os tais ecos são lindamente temperados pela pulsação africana do Candombe).

Mas Montevidéu e Buenos Aires têm ritmos e personalidades muito diferentes. Quem consegue sintonizar a atmosfera da capital uruguaia ganha de presente um amor para o resto da vida. Então, chega de preâmbulos e vamos passear pela deliciosa Montevidéu. 

Veja as dicas:

Feira de Tristán Narvaja, Montevidéu, Uruguai
Certifique-se de deixar um domingo livre no seu roteiro em Montevidéu para ir à Feira de Tristán Narvaja


10 atrações em Montevidéu

⭐Feira de Tristán Narvaja

O primeiro motivo para A Feira de Tristán Narvaja estar no topo da lista de atrações em Montevidéu estar no topo da lista é pra lembrar que na hora de montar seu roteiro, certifique-se de ter um domingo na cidade e poder visitar esse mercado de pulgas divertidíssimo.

Feira de Tristán Narvaja, Montevidéu, Uruguai

A Feira de Tristán Narvaja é uma exclusividade dominical, que funciona das 8h às 15 horas.

O pandemônio cordial que se derrama pelos menos de 700 metros da Calle Doctor Tristán Narvaja, no Bairro de Cordón, desde a esquina com a Avenida 18 de Julio, é um lugar onde você sempre corre o risco de folhear livros usados no meio de um balaio de legumes, achando tudo muito legal.

Feira de Tristán Narvaja, Montevidéu, Uruguai
Se você se flagrar garimpando livros no meio das hortaliças, relaxe: faz parte do espírito da coisa

Feira de Tristán Narvaja, Montevidéu, Uruguai

Nas barracas e tabuleiros de Tristán Narvaja encontra-se de tudo, do rádio antigo ao pôster de Che Guevara, do casaco usado ao móvel de época. E tem um monte de gente que vai lá fazer a feira da semana.

Nos dias de feira, a Rua Tristán Narvaja e suas transversais ficam duras de gente — e sempre vai aparecer uma senhorinha montevideana preocupada com a turista para aconselhar cuidado com a câmera fotográfica ou a bolsa. Mas tudo corre perfeitamente bem: dá pra circular no meio da multidão sem levar sequer um esbarrão. Pisão no pé, nem pensar.

Comida de rua na Feira de Tristán Narvaja, Montevidéu, Uruguai
Quem curte comida de rua se esbalda na Feira de Tristán Narvaja. Essa arepa venezuelana estava divina

Feira de Tristán Narvaja, Montevidéu, Uruguai
A feira é um pandemônio à moda de Montevidéu: cordial e sem estresse
Feira de Tristán Narvaja, Montevidéu, Uruguai

Quem gosta de comida de rua — euzinha, aqui! — também se esbalda na Feira de Tristán Narvaja. Do kebab à arepa, os food trucks e barraquinhas se misturam ao rebuliço e acrescentam as dimensões olfativa e gustativa ao ambiente agradavelmente saturado de estímulos visuais e sonoros — a parte do tato também tá contemplada: Montevidéu é meio europeia, mas aqui ninguém reclama se você apalpar as frutas.

 No meio de tanta oferta de produtos tão díspares expostos de forma tão francamente caótica, confesso que não consigo concentração suficiente pra brincar de consumidora. Já sou pouco talentosa para esse ofício, imagine naquela cacofonia visual. 

Mas conheço gente que faz a festa nas compras em Tristán Narvaja, especialmente de coisas antiguinhas — chamar de antiguidades implicaria uma solenidade que a feira não tem nem finge ter.

Bar tradicional no Bairro de Cordón, Montevidéu
Santos bares de Cordón que me dão asilo, quando a muvuca começa a apertar a minha mente

Feira de Tristán Narvaja, Montevidéu, Uruguai

O que eu curto mesmo na Feira de Tristán Narvaja é ver as pessoas. Montevideanos de verdade escolhendo as verduras de sua futura salada, turistas experimentando camisetas e vizinhos de longa data olhando pra a nossa cara com aquele ar de quem já viu de tudo.

Quando a muvuca começa a apertar a minha mente (castiço baianês equivalente a me deixar zonza), vem a melhor parte: sentar em um cantinho de um dos muitos bares tradicionais e observar os moradores bebericando com os amigos, lendo e comentando os jornais.

Livraria Minerva, Cordón, Montevidéu, Uruguai
A tradicional Livraria Minerva sitiada pela feira

Com mais de 100 anos de idade (sua estreia foi em 1909), a Feira de Tristán Narvaja é uma aventura antropológica deliciosa. Para saber mais (e ver mais fotos), passa lá no post que eu escrevi sobre ela após a viagem de 2011 e que está atualizadíssimo: Montevidéu - Feira de Tristán Narvaja, o Bazar "del Oriente"

⇨ Como chegar à Feira de Tristán Narvaja

De Punta Carretas, fui à Feira de Tristán Narvaja de ônibus (com a linha 121, que passa pela Calle Juan Benito Blanco e tem uma parada na Plaza Tomás Gomenzoro). Entre sair do hotel e chegar à feira, foram cerca de 40 minutosA tarifa do ônibus em Montevidéu é 48 pesos (R$ 6,20).

Feira de Tristán Narvaja, Montevidéu, Uruguai
Nesta aventura antropológica, comprovei que os montevideanos não vivem sem cachorros nem sem el mate (chimarrão)

O GoogleMaps aponta direitinho o trajeto do transporte público até lá. Pra facilitar, saiba que as linhas de ônibus que percorrem a porção central da Avenida de 18 de Julio deixam você de cara para o gol. 

Chegando à 18 de Julio, seu ponto de referência para descer do transporte é a Faculdade de Direito. A Calle Doctor Tristán Narvaja é a transversal que começa bem aí.

Faculdade de Direito, Montevidéu, Uruguai
A referência é a Faculdade de Direito. A Rua Tristán Narvaja começa neste ponto da Avenida 18 de Julio

Feira de Tristán Narvaja, Montevidéu, Uruguai

Se optar pelo Uber, acabei de fazer uma simulação e a tarifa para ir de Punta Carretas à Feira de Tristán Narvaja estava em 220 pesos (R$ 28,50). Mas lembre que esses preços variam um bocadão.

⇨ O que fazer na Feira de Tristán Narvaja

Com paciência e concentração, dá pra arrematar coisinhas interessantes por lá, tipo xícaras e taças antigas, livros, pôsteres e objetos de decoração. Mas o grande barato mesmo é curtir o clima, beliscar empanadas, arepas e outras gostosuras e bebericar uma (ou muitas) doses de vermute enquanto o caos à moda de Montevidéu nos rodeia. 

Ramblas do Rio da Prata, Montevidéu, Uruguai
As Ramblas de Montevidéu são um carinho urbano 

⭐Ramblas do Rio da Prata

Do ponto de vista objetivo, as Ramblas de Montevidéu são uma longa avenida que margeia o Rio da Prata, desde o interior da Baía de Montevidéu até o Bairro de Carrasco, nos limites Leste da cidade.

O problema é manter a objetividade ao longo desses mais de 30 km de áreas recreativas, quadras esportivas, ciclovias, gramados macios — pra deitar e rolar —, banquinhos contemplativos, bares, brisa e vista para as águas do Rio da Prata (que vão do mais tocante azul ao desafiante cor-de-vinho, a depender dos humores do clima).

Rambla Presidente Wilson, Montevidéu, Uruguai

As Ramblas na altura do Parque Rodó, de cara para a Playa Ramírez, são perfeitas pra ver o pôr do sol


Pôr do sol na Playa Ramírez, Ramblas de Montevidéu, Uruguai

Melhor ficar com os poetas: “A Rambla de Montevidéu é um imenso beijo”, como canta Daniel Drexler. Um carinho urbano que os uruguaios recebem com avidez.

Eles estão sempre por lá, caminhando, namorando, desfrutando de suas cuias de mate, encontrando os amigos, pedalando ou apenas respirando o privilégio — pra eles, meio inconsciente — de ter essa mistura de quintal e varanda comunitária, tão bem cuidada, segura e cordial.

Ramblas de Montevidéu, Uruguai

Ramblas de Montevidéu, Uruguai
Sou a favor de aproveitar ao máximo as Ramblas. Mas entrar na água é um exagero 😁

Os montevideanos aproveitam tanto suas Ramblas que chegam ao desatino de mergulhar naquelas águas, frias de doer até pra quem endureceu o couro mergulhando na Praia do Arpoador, no Rio de Janeiro.

Dos 30 km de Ramblas do Rio da Prata, nós, turistas, aproveitamos principalmente a porção que começa na altura do Barrio Sur e vai serpenteando para o Leste e mudando de nome, mas nunca de essência. 

Ramblas de Montevidéu, Uruguai
Fiquei hospedada na fronteira de Punta Carretas com Pocitos e dar um passeio pelas Ramblas era uma terapia desestressante diária

Ramblas de Montevidéu em Pocitos

Essa mudança de nome, aliás, é o motivo dela ser citada no plural (como as Ramblas de Barcelona). No Barrio Sur ela é a Rambla República Argentina. Chegando ao Parque Rodó, já é Rambla Presidente Wilson. Em Punta Carretas, é Rambla Mahatma Gandhi (e o homenageado aprovaria o sossego), em Pocitos, é Rambla República del Perú. 

Vai seguindo, mudando de nome e se entranhando nos bairros que margeia. É quase impossível, por exemplo, estar em Punta Carretas e Pocitos, duas áreas muito procuradas para hospedagem, sem incorporar as Ramblas ao roteiro ou ao o que ocorrer.

Letreiro Montevidéu, em Pocitos
Na ponta Leste da Praia de Pocitos está o "Letreiro Montevidéu", disputadíssimo para fotos

Ramblas de Montevidéu, Uruguai
Pode pedalar, caminhar ou apenas sentar em um banco e olhar o Rio

Jogo de futebol nas Ramblas de Montevidéu
Jogar futebol também pode. Do rúgbi ao skate, tem espaços muitos espaços para a prática de esportes ao longo das Ramblas 

Mas aí você vai perguntar: o que há para fazer nas Ramblas de Montevidéu? E eu respondo que com a possível exceção de andar pelada — possível, porque o Uruguai é um país muito tolerante nos costumes desde os primórdios do século passado — você pode fazer o que quiser à beira do Rio da Prata, na Banda Oriental.

O que você não pode é perder a oportunidade de aproveitar essa delícia de área pública, convite à contemplação, ao relax e ao hedonismo.

Dunas do Rio da Prata, Montevidéu, Uruguai
A Prefeitura de Montevidéu está desenvolvendo um projeto de regeneração da vegetação das dunas, para combater a erosão. O resultado está bonito

Dunas do Rio da Prata, Ramblas de Montevidéu, Uruguai

Ramblas de Montevidéu, Uruguai
Toda hora é hora de aproveitar as Ramblas de Montevidéu, mas arrisco dizer que o final da tarde é o horário mais concorrido

Como chegar às Ramblas de Montevidéu

Você já deve estar percebendo que, com 30 km de extensão, o menor dos seus problemas em Montevidéu será alcançar um pedaço de Rambla pra chamar de seu. Da Cidade Velha a Carrasco, basta caminhar para o Sul que você já chega à beira d'água.

Quanto custa curtir as Ramblas de Montevidéu

A rigor, um passeio pelas Ramblas não custa nada. Mas atente que os bares e restaurantes à beira d'água costumam cobrar mais caro — é o pedágio pela vista privilegiada.

Parque Rodó, Montevidéu, Uruguai
Construído na virada do Século 19 para o Século 20, o Parque Rodó tem uma carinha muito romântica

Parque Rodó, Montevidéu, Uruguai

⭐Parque Rodó

Se você estiver em Montevidéu durante um fim de semana, faça como os moradores da cidade: reserve umas horinhas para relaxar no silêncio e no sossego do Parque Rodó.

O parque, claro, está lá a semana inteira. Mas é no fim de semana que ele ganha seu maior encanto: os montevideanos curtindo a vida ao ar livre. Eles chegam com suas cadeirinhas de praia e cuias de mate e se instalam, na maior intimidade — um aconchego que, num mundo ideal, a gente deveria encontrar em todos os espaços públicos dedicados ao lazer em qualquer canto do mundo.

Se as Ramblas são o quintal e a varanda dos montevideanos, o Parque Rodó é seu jardim.

Parque Rodó, Montevidéu, Uruguai
A galera aproveita meeesmo o Parque Rodó. E os cãezinhos, que parecem ser a paixão nacional uruguaia, têm uma área exclusiva para brincarem soltos (abaixo)

Parque Rodó, Montevidéu, Uruguai

Com uma localização super central e conveniente, o Parque Rodó (homenagem a José Enrique Rodó, escritor uruguaio) tem 43 hectares, pouco mais do que um quarto do tamanho do Parque do Ibirapuera, em São Paulo e um pouquinho menor do que o Parque Lage, no Rio de Janeiro.

Eu poderia recitar a lista de atrações concretas do Parque Rodó — lago artificial com pedalinhos para aluguel, pavilhão para concertos, o ótimo Museu Nacional de Artes Visuais, parque de diversões com roda-gigante e outros brinquedos, bares e restaurantes.

Museu Nacional de Artes Visuais, no Parque Rodó, Montevidéu, Uruguai

Aproveite para dar um pulinho no Museu Nacional de Artes Visuais, instalado dentro do parque e com entrada gratuita. Acima, Campo de Amoreiras, de César Pesce Castro. Abaixo, a escultura Monumento Cósmico (1939), de Joaquín Torres García, no jardim do museu


Museu Nacional de Artes Visuais, no Parque Rodó, Montevidéu, Uruguai

Mas o que mais me encantou foi o astral do parque, o silêncio, o convite a esquecer da vida enquanto eu caminhava por suas alamedas à moda da Belle Époque ou cruzava românticas pontes sobre o lago. Tanto que fui dar só uma passadinha, numa manhã de sábado, e foi um custo me convencer a ir embora.

O Parque Rodó é uma obra da virada do Século 19 para o Século 20 e um de seus projetistas foi o arquiteto e paisagista francês (que fez questão de virar argentino) Carlos Thays, o mesmo que desenhou o Jardim Botânico de Buenos Aires e a Plaza Independencia de Montevidéu.

Monumento a José Henrique Rodó, Montevidéu, Uruguai
Monumento a José Henrique Rodó, escritor uruguaio que empresta o nome à área verde 

Parque Rodó, Montevidéu, Uruguai
O parque se estica até as Ramblas. Aquele azul lá no fundo é o Rio da Prata

Quando você visitar Montevidéu, o mais provável é que você esteja bem pertinho do Parque Rodó — nove entre dez brasileiros se hospedam em Punta Carretas, bairro encostado nos limites Leste dessa área verde. Então, não seja mal educada e vá dar um alô para esse simpaticíssimo vizinho, e não vai se arrepender.

Tem sempre alguma feira ou evento rolando no Parque Rodó, nos fins de semana. Cheque a agenda cultural da Prefeitura de Montevidéu. Eu encontrei uma feira de artesanato, design e comidinhas super legal, no sábado em que estive lá.

Castelo do Parque Rodó, Montevidéu, Uruguai
No castelo do Parque Rodó funciona um centro cultural

Aluguel de pedalinhos no Parque Rodó, Montevidéu, Uruguai
O passeio de pedalinho no lago faz sucesso. No local onde se alugam os barquinhos também funciona um bar/lanchonete

⇨ Como chegar ao Parque Rodó

A área em torno do parque é o bairro de Parque Rodó, vizinho de Palermo (a Oeste), Cordón (ao Norte) e Punta Carretas (a Leste). 

Com essa localização bastante central, o parque é muito bem servido pelo transporte público — use o GoogleMaps pra encontrar a linha de ônibus mais conveniente. Em Montevidéu o aplicativo funciona muito bem.

Sanitário público no Parque Rodó, Montevidéu, Uruguai
Os toaletes públicos são limpos e de uso gratuito

⇨ Quanto custa curtir o Parque Rodó

Aproveitar a sombra, a grama e o sossego não vai custar nada. O Museu Nacional de Artes Visuais, que funciona dentro do parque, tem entrada gratuita. Os sanitários públicos também têm uso gratuito.

Os pedalinhos para passeios no lago do Parque Rodó podem ser alugados a 100 pesos (R$ 13) por pessoa. No inverno, o serviço funciona apenas aos sábados e domingos, das 10:30h às 19h. No resto do ano, os barquinhos estão disponíveis de terça a sexta, do meio-dia às 18h, e nos fins de semana das 10:30h às 18.

Feira de artesanato e comida no Parque Rodó, Montevidéu, Uruguai
A programação de fim de semana no Parque Rodó é movimentada. eu encontrei uma feira de artesanato, design e comidinhas apetitosas

Feira de artesanato e comida no Parque Rodó, Montevidéu, Uruguai

O famoso parque de diversões instalado em um trecho do Parque Rodó funciona aos sábados e domingos, das 15h às 23h. Nos feriados e períodos de férias, das 16h à meia-noite. O ingresso custa 80 pesos.
 
⭐Mirante da Prefeitura
(Mirador Parnorámico de la Intendencia de Montevideo)

Terraço Panorâmico da Prefeitura de Montevidéu, Uruguai
Ver Montevidéu do alto: programa bonito e gratuito

Quando for bater pernas pelo Centro de Montevidéu e pela Cidade Velha, não esqueça de antes agendar a visita gratuita ao terraço panorâmico da Prefeitura de Montevidéu, belo lugar para encerrar o passeio, assistindo ao pôr do sol a quase 80 metros de altura.

O terraço fica no 22º andar da sede da Prefeitura. Pode não parecer muito alto, comparado com um Terraço Itália ou Top of the Rock da vida, mas lembre-se que Montevidéu é uma cidade (quase) plana. Lá do alto, a vista de 360 graus deixa a capital uruguaia praticamente inteira diante do visitante.

Terraço Panorâmico da Prefeitura de Montevidéu, Uruguai
O Porto e a Baía de Montevidéu vistos do terraço da Prefeitura

Terraço Panorâmico da Prefeitura de Montevidéu, Uruguai
Nas vidraças de proteção do terraço estão destacados os monumentos mais importantes que se avista de cada trecho, como o Palácio Legislativo, sede do Parlamento Uruguaio

A subida ao mirante é feita a bordo de dois elevadores panorâmicos. No dia em que estive lá, não teve fila nem agonia. Aliás, eu tinha reservado a subida para as 17 h, cheguei mais cedo e não tive nenhuma dificuldade pra antecipar a visita.

Fiz a reserva no mesmo dia da visita, pela manhã. O procedimento é bem simples, feito exclusivamente pela internet. Basta entrar na página do Mirador Panorámico, escolher a data e horário mais convenientes e aguardar o e-mail de confirmação, que chega quase que imediatamente.

Terraço Panorâmico da Prefeitura de Montevidéu, Uruguai
Em uma cidade de topografia comportada como Montevidéu, bastam 22 andares pra a gente se achar no topo do mundo 

Terraço Panorâmico da Prefeitura de Montevidéu, Uruguai

No terraço, você vai encontrar uma cafeteria que já foi um ponto concorridíssimo, na Montevidéu de outros tempos. Também tem loja de souvenir, empréstimo de binóculos e wifi gratuito.

Do lado de fora, cercado pelo indefectível vidro à prova de gaiatices/impudências, o terraço deixa você de cara para a cidade e se encarrega de explicar o que você está vendo, com desenhos dos principais monumentos, acompanhados de explicações.

El Cerro visto do terraço da Prefeitura de Montevidéu, Uruguai
El Cerro (ao fundo) teria inspirado Fernão de Magalhães a batizar Montevidéu

Terraço Panorâmico da Prefeitura de Montevidéu, Uruguai
Pode levar criança, pois o terraço é bastante seguro

No final da tarde, a visão do sol caindo por trás de El Cerro é matadora. Esse morro é praticamente a única elevação mais perceptível no horizonte de Montevidéu e está representado no escudo da cidade e do Uruguai.

Reza a lenda que El Cerro é o responsável pelo nome de Montevidéu. Observada por Fernão de Magalhães (o cara que chefiou a primeira circum-navegação da Terra em 1520, embora tenha gente que ainda ache que a terra é plana em pleno Século 21), a elevação teria sido registrada no diário de bordo do navegador como "Monte vi eu".

Prefeitura de Montevidéu, Uruguai
A entrada principal da Prefeitura de Montevidéu, na Avenida 18 de Julio, exibe uma réplica do Peladão de Michelangelo
 
Elevadores panorâmicos para o terraço da Prefeitura de Montevidéu
O acesso aos elevadores panorâmicos para o terraço é pela
 Calle Soriano, na parte de trás da Prefeitura

⇨ Como chegar ao Mirante Panorâmico da Prefeitura de Montevidéu

A Prefeitura fica Avenida 18 de Julio, nº 1360. Diversas linhas de ônibus deixam você de cara para o gol. A entrada do mirante é na parte posterior do edifício, na Calle Soriano. 

⇨ Horários de subida ao terraço
De segunda a sexta, das 16:15h às 19h. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h.

Avenida 18 de Julio, na altura de Cordón: acima, a sede do Instituto Nacional da Juventude, órgão do Ministério de Desenvolvimento Social do Uruguai. Abaixo, a Faculdade de Direito da Universidade da República, que fica quase em frente

Faculdade de Direito, Montevidéu, Uruguai

Cordón

Desde a primeira vez que fui à Feira de Tristán Narvaja, os grafites, cartazes e eventos anunciados despertaram minha curiosidade pela vizinhança onde se realiza o mercado de pulgas. O bairro de Cordón tinha uma vibe militante e progressista que me atraiu de cara.

Mapa do Bairro de Cordón, Montevidéu, Uruguai
Coladinho ao Centro, Cordón tem muito mais atrativos do que a Feira de Trsitán Narvaja

bairro de Cordón, Montevidéu, Uruguai
Cordón é sinônimo de charme e personalidade à sombra dos plátanos

Eu não estava enganada. Com origem no Século 18 — a primeira povoação fora da muralha colonial de Montevidéu — Cordón acabou se caracterizando, nos séculos seguintes, como um bairro de trabalhadores. 

A instalação de diversas unidades da Universidade da República, como a Reitoria, a Faculdade de Direito e as escolas de Música e de Belas Artes trouxe para uma já engajadíssima vizinhança o adendo boêmio dos estudantes e artistas.

Bairro de Cordón, Montevidéu, Uruguai
Cordón é a prova viva de que um bairro não precisa de mansões faraônicas pra ser lindo

Bairro de Cordón, Montevidéu, Uruguai

Foi de Cordón, do pátio da Faculdade de Direito, que partiu a histórica passeata de 25 de setembro de 1983 em protesto contra os 10 anos da ditadura uruguaia. 

Liderada pela Associação Social e Cultural dos Estudantes das Instituições Públicas, a marcha de 80 mil pessoas reuniu operários, perseguidos políticos e representantes de inúmeros setores da sociedade uruguaia e é considerada a primeira grande manifestação de rua contra o regime militar iniciado em 1973.

Cartaz contra privilégios aos torturadores em Cordón, Montevidéu, Uruguai
Cordón também tem memória: o cartaz condena a tentativa de amolecer a punição aos torturadores da ditadura
 
Bairro de Cordón, Montevidéu, Uruguai
As fachadas do bairro têm detalhes delicados, ótimos para um safári fotográfico

Bairro de Cordón, Montevidéu, Uruguai

Preservando uma pegada residencial e acolhedora, o bairro de casas (geralmente) térreas, com fachadas bem preservadas e sombreada pelos plátanos é também o lar de centros culturais, livrarias maravilhosas, cafés muito charmosos e uma tribo muito plural.

De mansinho, Cordón virou meu bairro preferido em Montevidéu e seus atrativos vão muito além da Feira de Tristán Narvaja. Aposto que você também vai adorar o astral da vizinhança.

bairro de Cordón, Montevidéu, Uruguai
 
bairro de Cordón, Montevidéu, Uruguai

bairro de Cordón, Montevidéu, Uruguai

Cortado pela Avenida 18 de Julio, coladinho ao Centro, com Palermo e Barrio Sur ao Sul e Tres Cruces ao Leste, Cordón é um bairro fácil de chegar e ótimo para ser explorado a pé — eu abusei dos meus safaris fotográficos de fachadas fofas.

Não deixe de dar uma passada na Fundação Mario Benedetti, que tem uma biblioteca e guarda objetos que pertenceram ao escritor (meu uruguaio favorito). Bem pertinho, tem a linda Escaramuza Libros, uma baita livraria. Quando der vontade de almoçar, o Mercado de la Abundancia e o Mercado Ferrando são ótimas opções.

⭐Avenida 18 de Julio

Em 1934, quando as mulheres brasileiras puderam votar pela primeira vez (direito conquistado em 24 de fevereiro de 1932), as uruguaias passavam a contar com o direito ao aborto legal e seguro em seu país. O divórcio passou a ser legal no Uruguai em 1907, 70 anos de ser legalizado no Brasil. Durante décadas, ir casar no paisito era uma das saídas para brasileiros e brasileiras que queriam oficializar uma segunda união.

Caminhar pela Avenida 18 de Julio, no Centro de Montevidéu, é percorrer o eco desse Uruguai arejado e tolerante, um oásis nos costumes, cercado pelo conservadorismo da América do Sul do início do Século 20.

Fachada Neoclássica na Avenida 18 de Julio, Montevidéu, Uruguai
O estilo "Bolo de Noiva" (Eclético) está bem representado na 18 de Julio. Abaixo, o Edifício London-Paris, de 1908


Quiosque Belle Époque em Montevidéu, Uruguai
E ainda tem esses belepoquíssimos quiosques pra me matar de paixão

Obra iniciada no Século 19, a Avenida 18 de Julio se estende por 3 km, partindo dos limites da Cidade Velha (o núcleo colonial da capital uruguaia), na Plaza Independencia. 

No mapa, é uma linha quase reta, Leste-Oeste, onde a única concessão à curvatura é a leve inflexão para o Norte que ela faz no cruzamento com a Calle Constituyente.

Fachadas antigas na Avenida 18 de Julio, Montevidéu, Uruguai
Os estilos se alternam e ninguém briga com ninguém

Edifícios art déco na Avenida 18 de Julio, Montevidéu
Eu só falto morrer com essas linhas do Edifício Lapido (esq), de 1929. À direita e abaixo, a Fonte dos Cadeados, na altura da Calle Yí, onde apaixonados trancafiam seus votos de amor eterno (versão espiritual do cinto de castidade?) e escangalham um marco histórico

Fonte dos Cadeados, Montevidéu, Uruguai

Em sua rota da Plaza Independencia ao Bulevar Artigas, a Avenida 18 de Julio corta três bairros (Centro, Cordón e Tres Cruces) e nos leva para um desfile de fachadas neoclássicas, ecléticas, art nouveau e art déco. 

O que está impresso ali é muito mais do que o estilo da moda na época da construção de cada edifício: a avenida em si mesma e seu conjunto arquitetônico são um manifesto de boas-vindas à modernidade.

O passeio é muito mais instrutivo e instigante do que visitar uma dezena de museus. Afinal, a Avenida 18 de Julio está muito viva.

Plaza Cagancha, Montevidéu, Uruguai
A Plaza de Cagancha, cortada pela 18 de Julio, foi projetada no começo do Século 19, logo após a demolição da muralha colonial que cercava a hoje Ciudad Vieja. É um bom lugar para uma pausa no passeio. Abaixo, a praça em imagem de 1867, exposta no Centro de Fotografia de Montevidéu, ótima atração, no nº 885 da avenida

Fotografia antiga da Plaza Cagancha, Montevidéu, Uruguai

E isso a gente sente no ronronar do trânsito — é impressionante como até os ônibus mantêm o nível de ruído dentro da civilidade, em Montevidéu —, no vai e vem dos que andam pelas calçadas, totalmente alheios aos meus devaneios históricos/sociológicos (risos), na capa de fuligem que se junta aos letreiros de gosto duvidoso para obscurecer as fachadas que me fazem entortar o pescoço a cada passo.

Ainda que você seja muito menos viajandona do que eu, não deixe de programar um passeio pela Avenida 18 de Julio. Você não vai mais encontrar as senhoras de luvas e chapéu de outros tempos, mas aposto que vai curtir a caminhada.

Avenida 18 de Julio, Montevidéu, Uruguai
Estátua de Cervantes na Biblioteca Nacional do Uruguai. À direita, o Palácio Díaz, ícone art déco de Montevidéu

Palácio Salvo e Palácio Rinaldi, Montevidéu, Uruguai
O Palácio Salvo visto da 18 de Julio. À direita, o Palácio Rinaldi, uma joia art déco no encontro da Avenida com a Praça da Independência

⇨ O que ver na Avenida 18 de Julio

Eu acho que o bacana, mesmo é o conjunto da obra, mas preste atenção a essas lindezas:

➡ Edifício Lapido, antiga sede do Jornal Tribuna Popular e um dos marcos inaugurais da Arquitetura Modernista em Montevidéu (nº 948, esquina com Wilson Ferrera Aldunate).

➡ Edifício London-Paris (nº 1.060, esquina com Rio Negro), bolo de noiva inaugurado em 1908 como sede de um elegante magazine.

Plaza Fabini, Montevidéu, Uruguai

No subsolo da Plaza Fabini, também chamada de Plaza del Entrevero, fica o centro Cultural SUBTE, com entrada gratuita e exposições interessantes

➡ Palácio Santos (nº 1.177, esquina com Cuareim), sede da Chancelaria Uruguaia, em estilo neoclássico.

Palácio Díaz (nº 1.333, entre Ejido e Yaguarón), inaugurado em 1929 e um escândalo de beleza art déco.
Palácio Rinaldi (Plaza Independencia), outro espetáculo art déco de 129, geralmente ofuscado pelo exibidão que mora em frente, o Palácio Salvo.

Palácio Salvo, Praça Independência, Montevidéu, Uruguai
Por falar no Palácio Salvo, olha o bonitão aí, presidindo a Plaza Independencia

⭐Plaza Independencia 

A Plaza Independencia é a fronteira geográfica e simbólica entre a Montevidéu colonial e a cidade moderna, que dava seus primeiros passos na primeira metade do Século 19. Acho que é isso que a imagem mais famosa da praça, a Porta da Cidadela, tenta nos dizer: sua face voltada para a Cidade Velha preserva as feições originais. Do lado moderno, os blocos de pedra sem qualquer entalhe propõem um tom contemporâneo.

A praça foi instalada sobre o terreno da antiga Cidadela de Montevidéu — forte espanhol que integrava as estruturas defensivas da cidade e veio abaixo junto com a muralha colonial.

Praça da Independência, Montevidéu: o Palácio Estevez e a Torre Executiva, sede da Presidência da República do Uruguai
O Palácio Estevez foi sede de governo entre 1800 e 1995. No canto esquerdo, a Torre Executiva, atual sede da Presidência da República

Porta da Cidadela, Montevidéu, Uruguai
A Porta da Cidadela (ao fundo) é tudo o que resta do forte espanhol demolido para dar lugar à praça. Do lado moderno, as pedras não têm firulas

Uma parada na Plaza Independencia é algo meio inescapável. Lá estão estão algumas das logomarcas de Montevidéu: o Monumento a Artigas (herói da luta contra o domínio colonial em terras platenses), a Puerta de la Ciudadela (Porta da Cidadela, o portão de acesso do antigo forte) e o Palácio Salvo

Lá também estão lá a sede da Presidência da República uruguaia, hoje instalada nos 12 andares da Torre Executiva, e o Palácio Estevez, sede do Poder Executivo entre 1880 e 1985.

Monumento a José Artigas, Montevidéu, Uruguai
No subsolo do Monumento a Artigas está uma cripta com os restos mortais do herói nacional uruguaio

Torre Executiva e Porta da Cidadela, Montevidéu, Uruguai
A Torre Executiva e a face antiga da Porta da Cidadela, voltada para a Cidade Velha

Mas o melhor motivo para programar uma paradinha na Plaza Independencia é ver a forma como os montevideanos a ocupam, sem a menor cerimônia. 

Não se espante se encontrar alguém fazendo um piquenique improvisado por lá, na hora do almoço, ou aboletado em uma cadeirinha de praia tomando chimarrão com amigos.

Praça da Independência, Montevidéu, Uruguai
Faça como os locais e aproveite a praça para uma pausa

Praça da Independência, Montevidéu, Uruguai

As quatro fontes de inspiração romântica e 33 palmeiras (representando os 33 combatentes que lutaram contra o domínio brasileiro sobre a antiga Província Cisplatina) que adornam a praça foram incorporadas ao espaço em uma reforma de 1905. A obra é de Carlos Thays, o mesmo arquiteto que assina o projeto do Parque Rodó.   

 Palácio Salvo

De cara para uma ex e uma atual sede do Poder Executivo Uruguaio, o Palácio Salvo é quem preside a Plaza Independencia, atraindo mais olhares e o foco das câmeras fotográficas do que a concorrência ao redor.

Palácio Salvo, Montevidéu, Uruguai
Ainda na Avenida 18 de Julio, o olhar já começa a ser atraído pelo Palácio Salvo 

E a presidência vai além da praça, pois essa algaravia de estilos foi inaugurada em 1929 já como um clássico instantâneo. Faz quase 100 anos que ela é o cartão postal mais conhecido da cidade — hoje em dia, que ninguém mais envia postais, busque a hastag no Instagram ou digite “Montevidéu” na busca do Google, que eu aposto que primeira imagem que vai surgir certamente será o Palácio Salvo.

O edifício é obra de Mario Palanti, arquiteto italiano apaixonado pela obra literária de seu conterrâneo Dante Alighieri. O Palácio Salvo é inspirado em A Divina Comédia, assim como seu irmão gêmeo, o Palácio Barolo de Buenos Aires, seis anos mais velho. Tem 83 metros de altura e 29 andares e ainda é um dos edifícios mais altos de Montevidéu.

Palácio Salvo, Montevidéu, Uruguai
A foto da esquerda — o reflexo do Palácio Salvo em uma fachada contemporânea — é um baita clichê. Mas resista, se puder 😊

E, acredite, tem gente que mora nesse cartão postal. Além de escritórios, lojas, consultórios e até um museu, o Palácio Salvo ainda abriga moradias. 

No topo do prédio havia um farol, como no Palácio Barolo. A ideia de Palanti era que os fachos de luz projetados do topo dos dois edifícios se encontrassem, formando uma “ponte” sobre o Rio da Prata. O arquiteto, porém, errou nos cálculos e a curvatura da terra (ahaaaa!!) tornou esse encontro impossível.

Galerias do Palácio Salvo, Montevidéu, Uruguai
Sempre achei as galerias no térreo do Palácio Salvo muito fotogênicas. Atualmente, elas estão passando por obras de restauração e os tapumes frustraram minha sede de cliques

Visita Guiada ao Palácio Salvo

O Palácio Salvo (Plaza Independencia nº 848) está aberto a visitas guiadas, realizadas de segunda a sexta-feira, das 10h às 16h, e aos sábados, das 10h às 13 e depois às 15h 16:30h e 18h.

O roteiro da visita leva cerca de 90 minutos. O preço é de 400 pesos, com direito a visitar também o Museu do Tango, que funciona dentro do edifício, no local onde teria sido tocado o tango La Cumparcita pela primeira vez.

Eu acabei me enrolando com outros encantos de Montevidéu e não fiz a vista guiada (ficou como um bom pretexto para voltar à cidade). Mas o blog Viver Uruguay tem um relato bem bacana. 

O blog é escrito pela baiana Mile Cardoso, que viveu muitos anos na capital uruguaia e foi essencial para meu planejamento de roteiro e para que eu me virasse bem na cidade. Recomendo muito o Guia de Montevidéu publicado por Mile, ótimo mapa para diversões, gastronomia e dicas práticas.

Teatro Solís, Montevidéu, Uruguai
O Teatro Solís é franco favorito ao título de coisa mais bonita que eu vi em Montevidéu
⭐Teatro Solís

Se Montevidéu conseguiu me entreter ao ponto de perder a visita ao Palácio Salvo, jamais houve qualquer risco de vacilo com a visita ao Teatro Solís. Imaginem se eu, uma fã descabelada de teatros da Belle Époque, ia perder a oportunidade de ver por dentro o decano da categoria na América do Sul.

Ainda bem que eu fiquei atenta, porque o Teatro Solís é uma das coisas mais lindas que já vi em Montevidéu.

Sala principal do Teatro Solís, Montevidéu, Uruguai
O palco sendo preparado para a temporada de ópera e, à direita, detalhe das galerias do teatro

Ele foi inaugurado em 1856 — o Theatro Municipal do Rio de Janeiro é de 1909, o Teatro Colón de Bogotá é de 1892 e o Colón de Buenos Aires é de 1857 — com todo o luxo e requinte técnico que se receitava para uma casa de ópera daquela época. As colunas de mármore do saguão de entrada, os veludos carmim e os douramentos da sala principal da casa de espetáculos são elegantíssimos.

Mas talvez os maiores tesouros do Solís sejam os lustres de cristal que adornam o saguão de entrada, o foyer do primeiro andar e a sala de espetáculos — este, espetacular e enorme, cumpre direitinho o roteiro de deixar a gente embasbacada, olhando para o teto, comum às grandes casas de ópera de sua época.

Teatro Solís, Montevidéu, Uruguai
Os dois pavilhões laterais foram acrescentados após a inauguração do corpo principal do teatro

Teatro Solís, Montevidéu, Uruguai
 
O nome do teatro é homenagem ao navegador do Século 16 Juan Díaz de Solíz, o primeiro europeu a chegar ao Rio da Prata — o curioso é que os historiadores até hoje não conseguem afirmar com certeza se ele era alentejano (português) ou andaluz (espanhol).

Já falei aqui na Fragata que ir ao teatro durante a Belle Époque não era apenas entretenimento. O encontro e a diversão coletiva eram também (e, talvez, principalmente) o cenário dos debates políticos, acordos comerciais, prospecção de casamentos — puro networking, como dizemos agora.

Teatro Solís, Montevidéu, Uruguai
O foyer do primeiro andar comunica-se com o "camarote real" — destinado aos presidentes do Uruguai, que nunca teve rei — e serviam para recepções antes e depois dos espetáculos

Montevidéu não queria ficar fora dessa moda e houve grande mobilização dos poderosos e endinheirados da época para viabilizar a construção do Teatro Solís. Sim, ele nasceu privado, mas acabou incorporado ao patrimônio público de Montevidéu, comprado pela Prefeitura em 1937.

O processo de gestação do Teatro Solís durou quase 20 anos, entre projeto — sob a batuta do arquiteto italiano Carlo Zucchi—, coleta de fundos e a construção. Zucchi acabaria jogando a toalha, diante da dificuldade de concretizar o teatro que ele considerava ideal, sendo substituído por Francisco Garmendia.

Teatro Solís, Montevidéu, Uruguai
O saguão de entrada tem um belo lustre de cristal bacarat. Mas o da sala principal é o simplesmente um escândalo

O edifício tem três corpos distintos. O central, onde está a sala principal, foi o primeiro a ser inaugurado. Depois vieram as duas alas que arrematam o conjunto, destinadas, na época a abrigar negócios que contribuíssem para a viabilidade econômica do Teatro.

Hoje, esses espaços estão ocupados por uma cafeteria, salas de ensaio, auditórios e outras estruturas necessárias às atividades do Teatro Solís, que é a casa da Comédia Nacional e da Orquestra Filarmônica de Montevidéu.

Sala Zavala Muniz, Teatro Solís, Montevidéu Uruguai
O Teatro Solís é muito movimentado. Além da sala principal, tem as salas Delmira Augustini e Zavala Muniz (na imagem). Não é raro que uma noite tenha espetáculos em cartaz nos três espaços

No dia em que visitei o Teatro Solís, ele estava sendo preparado para a estreia da temporada de ópera, marcada para daí a alguns dias. Eu teria adorado assistir a um espetáculo em sua sala principal — afinal, esse é o jeito mais legal de ver o interior de um teatro. Não deu, mas não vai faltar oportunidade.

Visitas guiadas ao Teatro Solís
O endereço do Teatro é Calle Reconquista s/n, esquina com Bartolomé Mitre. Pra facilitar, saiba que ele fica quase na Plaza Independencia, um pouquinho recuado, mas perfeitamente visível em um canto da praça. 

Teatro Solís, Montevidéu, Uruguai
A temporada de ópera do Teatro Solís começou poucos dias depois do meu retorno a Brasília. Haja disciplina pra não perder o avião... 😉

As visitas guiadas ao Teatro Solís estão sendo realizadas apenas de quarta a domingo, às 16 horas.

Os grupos de visitantes são divididos por idiomas (português, espanhol e inglês) e têm vagas limitadas. É importante, portanto, fazer reserva no site o teatro. O e-mail de confirmação chega rapidinho.

Para brasileiros, a visita custa 90 pesos que devem ser pagos em moeda uruguaia, ao vivo e em cores (só cash, nada de cartões) na bilheteria do teatro. No dia em que fiz o tour não havia filas, mas chegue com alguma antecedência para cuidar desse trâmite.

⭐Cidade Velha

Praça da Constituição, Montevidéu, Uruguai
No tempo da colônia, a Plaza Constitución, então chamada de Plaza Matriz, era a mais importante de Montevidéu. Hoje ela é um recanto sossegado onde eu gosto de fazer uma pausa nos passeios pela Cidade Velha

Este post já está tão quilométrico que acabei transformando esse tópico sobre a Cidade Velha em “cenas do próximo capítulo”. Sério, já estava decidida a dedicar à parte mais antiga de Montevidéu um post exclusivo, porque tem muita coisa bacana para ver e fazer por lá.

Os (muitíssimos) detalhes sobre o bairro estão aqui > O que fazer na Cidade Velha de Montevidéu

Mas, só pra você ter uma ideia, a Cidade Velha tem pelo menos três museus imperdíveis: o Museu Torres García, o Museu Gurvich e o Museu Figari, além do Museu de Arte Pré-Colombiana e Indígena e o Museu do Carnaval (que estava fechado).

Também tem a Catedral de Montevidéu, o antigo Cabildo, o Mercado do Porto, uma arquitetura linda — que vai do neoclássico à art déco —, pelo menos duas praças adoráveis – Plaza Zabala e Plaza Constitucióncafés históricos adoráveis.

Peatonal Sarandí, Montevidéu, Uruguai
A Peatonal ("rua de pedestres") Sarandí é a principal rua da Cidade Velha e é margeada por edifícios lindos, como o "bolo de noiva" da Livraria Más Puro Verso ou esse bonitão (à direita) art nouveau

 Em nove dias em Montevidéu, fui à Cidade Velha nada menos do que quatro vezes, para dar conta das atrações desse cantinho super especial da cidade.

Além do post detalhadíssimo, dê uma olhada também nessa postagem mais antiga (que eu atualizei com muito cuidado) sobre a encantadora Ciudad Vieja: Passeio pela Cidade Velha de Montevidéu. Como você pode ver, o Centro Histórico de Montevidéu é tão bacana que ganhou dois posts aqui na Fragata.



Viagem de 2011
Atrações

O Uruguai na Fragata Surprise
Colónia del Sacramento
Punta del Este

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