Lanchonete na Ciudad Vieja de Montevidéu: cartão postal dos anos 50 |
As feições da capital uruguaia parecem congeladas num tempo em que senhoras usavam luvas e cavalheiros usavam chapéu.
Banca de engraxate na Plaza Independencia |
Uns dizem que é pura nostalgia. Outros acreditam que foi a simples falta de dinheiro para “modernizar” a paisagem urbana de Montevidéu.
Eu prefiro acreditar que foi por apego à memória e até pela capacidade de rir de si mesmos que los orientales preservaram o charme retrô de sua capital.
Amei as fachadas antiguinhas do Barrio Sur |
A fachada atr-déco do Museu Torres Garcia, na Calle Sarandí |
O charme retrô de Montevidéu é um encanto a mais em uma cidade que vai se revelando aos poucos ao visitante. Um perigo: a gente chega distraída e, quando se dá conta, já está fisgada.
Veja as dicas para curtir (e fotografar muito) os encantos vintage de Montevidéu:
Teatro Solís, eco da Belle Époque em Montevidéu |
Onde ver o charme retrô de Montevidéu
Uma característica adorável de Montevidéu é que todas as pessoas ainda têm rosto e um leve cumprimento de cabeça para o desconhecido com quem cruzamos o olhar é de rigueur.
Art Nouveu na Cidade Velha e art-déco no Barrio Sur: o
charme retrô de Montevidéu está por toda parte |
Os quiosques de revistas e jornais de Montevidéu também têm
um sotaque francamente Belle Époque |
Montevidéu é uma cidade doce, que ainda pode colocar cadeiras na calçada ou levá-las ao Parque Rodó, onde os grupos de amigos assistem pacientemente o lento entardecer sub-tropical, numa conversa mansa e sem estardalhaço.
Mas o que são pequenas excentricidades, comparadas com a profusão de árvores nas ruas, os belos plátanos que formam túneis refrescantes em cada uma das transversais da Avenida 18 de Julio? Ou com um trânsito cordial e a certeza de caminhar sem medo por toda a cidade?
Em que outra capital das Américas ainda se pode sentar num banco de praça, sem neuras, para ler o jornal?
O sossego da Plaza Constituición, ou Plaza Matriz, onde fica
a Catedral de Montevidéu |
Que ninguém imagine, porém, uma cidade provinciana ou deserta: a noite de Montevidéu ferve nos bares, restaurantes e casas noturnas. O som das ruas está mais para Rock’n’Roll que para litanias saudosas.
Clubes de jazz, livrarias espetaculares e alguns bons museus mostram que, uma vez cosmopolitas, os orientais não perderam o hábito.
Montevidéu é a prova de que as metrópoles também podem ter a placidez reconfortante que, no fundo, todas as cidades mereciam.
A face da Puerta de la Ciudadela voltada para a Montevidéu
"nova", na Plaza Independencia |
A expressão é clichê, mas é a pura verdade: a Plaza Independencia é o coração de Montevidéu.
A praça mais importante da cidade ocupa o espaço da antiga Cidadela, uma importante fortaleza espanhola, do Século 18, que defendia as muralhas da Montevidéu colonial.
A face Oeste da Puerta de la Ciudadela, voltada para a
Cidade Velha. À direita, a rua de pedestres Sarandí |
O balcão do meu quarto de hotel, na Calle Sarandí, tinha vista para a Puerta da Cidadela e para o Palácio Salvo |
Da velha fortaleza, resta apenas a Puerta de la Ciudadela, antigo acesso à cidade amuralhada. Hoje, o portão marca a fronteira entre a Ciudad Vieja (“Cidade Velha”, ou Centro Histórico), a Oeste, e a Montevidéu elegante do final do Século 19 e início do Século 20, com sua larga e arborizada Avenida 18 de Julio, que desfila para o Leste.
Na Plaza Independencia estão alguns dos monumentos mais conhecidos de Montevidéu. No centro da praça estão o monumento e o mausoléu de José Artigas, herói nacional uruguaio que combateu pela independência de seu país. Foi inaugurado em 1923.
Monumento a José Artigas, na Praça Independência. Ao fundo,
à direita, a Puerta de la Cidadela |
Também se alinham em torno da praça a modernosa Torre Ejecutiva, sede do governo do Uruguai, o Palácio Estévez (de 1874, hoje sede do Museu da Casa de Governo), antiga sede da Presidência da República, e o Palácio Salvo (1925), gêmeo do Palácio Barolo de Buenos Aires.
Fachadas da Cidade Velha de Montevidéu |
O Porto de Montevidéu visto de um terraço da Calle Sarandí |
Lá estão o Museu Torres-Garcia, artista que eu adoro (quem lê a Fragata já está careca de saber disso 😊), a Plaza Constituición, onde fica a Catedral de Montevidéu e que também abriga uma simpática feirinha de antiguidades, o antigo Cabildo (hoje Museu e Arquivo Histórico Municipal) e o Museu Histórico Nacional.
Um passeio pela Ciudad Vieja de Montevidéu geralmente termina no tentador Mercado do Porto, onde você pode (e deve) experimentar a autêntica parrilla uruguaia.
Fiquei de queixo caído com algumas belas fachadas que encontrei no Barrio Sur |
À beira do Rio da Prata, o Barrio Sur é o principal reduto do Candombe, o ritmo africano que caracteriza o animado Carnaval de Montevidéu, uma festa que chega a 40 dias de duração.
O Barrio Sur foi a primeira povoação fora das muralhas de Montevidéu e recebeu uma grande quantidade de descendentes de africanos, especialmente a partir da Abolição da Escravatura no Uruguai, em 1842 (quase meio século antes do Brasil).
Abrigados nos conventillos — tipo de moradia em que várias famílias ocupam cômodos de um mesmo imóvel, como nossos cortiços —, os afro-uruguaios preservaram suas tradições e fizeram uma música irresistível, organizados nas Comparsas Lubolas (confrarias de Candombe).
Fala se não dá vontade de morar em uma fofura dessas |
A data escolhida para celebrar o Dia Nacional do Candombe, 3 de dezembro, lembra o despejo, dispersão e demolição do Conventillo Mediomundo, que ficava na Calle Cuareim e foi o berço da Comparsa Morenada.
De origem simples, o Bairro de Cordón tem boemia e bela arquitetura |
Cordón
Boêmio e muito simpático, Cordón também tem uma gostosa carinha retrô que combina às mil maravilhas com bares sem nenhuma frescura, mas que parecem sempre muito animados por grupos de amigos, e com as livrarias e antiquários do eixo formado pelas ruas Paysandu e Tristán Narvaja que eu adorei fotografar.
Como você já deve ter deduzido, é em Cordón que se realiza a imperdível Feira de Trsitán Narvaja, o mercado de pulgas mais divertido que já visitei.
A visita à Feira de Tristán Narvaja rende garimpo duplo: de quinquilharias divertidas nas barracas e de detalhes interessantes nas fachadas |
O bairro é bem antigo, tem origem em uma povoação iniciada no Século 18 fora da cidade colonial amuralhada, misturando casas simples com propriedades rurais e os primeiros moinhos e olarias de Montevidéu.
Dessa origem plebeia, Cordón guarda o jeito desencanado. Ao longo do tempo, porém, seu cotidiano e espírito acabariam profundamente marcados pela instalação na área da Biblioteca Nacional e da Universidade da República, a mais importante do Uruguai.
O calor estudantil é bem evidente no bairro, assim como sua arquitetura marcada por balcões e detalhes em gesso e estuque nas fachadas.
Colónia del Sacramento
Punta del Este
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Dá vontade de ir rápido conhecer e desfrutar! Deliciosas impressões. Bjo, Campos. Caroll
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