O Empire State Building visto de Madison Square Park |
Minhas jornadas começam sempre muito antes do embarque. O planejamento é quase tão prazeroso quanto as viagens. Vejo filmes, leio bastante, não só sobre aspectos práticos do destino, mas também literatura e jornais (pela internet, se eu entender o idioma do local). Mas, para entrar no clima, mesmo, nada melhor que a música.
Às vezes dá trabalho pesquisar as canções, mas montar uma trilha sonora para Nova York é a maior barbada: poucas cidades no mundo foram mais cantadas do que ela, por artistas de todos os gêneros.
Agora que eu finalmente me rendi ao Spotify, já posso compartilhar com vocês minhas playlists de viagem. Comecemos, então, com minha trilha sonora para Nova York.
Ouça as músicas que embalaram meu planejamento e minhas caminhadas pela cidade e saiba o motivo de eu ter incluído cada uma delas. Tem a playlist completa do Spotify e, para quem não assina o serviço, coloquei links para cada canção do youtube.
Aposto que você vai se inspirar 😊.
Música para viajar: trilha sonora para Nova York
Adicione a playlist no seu SpotifyEssa música entrou na lista pelo óbvio — fala de Nova York — mas, principalmente, porque Billie é Billie. Ninguém jamais cantou como essa mulher.
Essa é figurinha fácil em qualquer playlist inspirada em Nova York feita por quem tem mais de 50. A partir da história de uma mulher trans, Reed tece uma crônica sobre a gente pouco convencional que coloria a vida nova-iorquina na virada dos 60 para os 70. Um clássico.
Gershwin é o grande responsável por eu ter aprendido a gostar de música erudita e Rhapsody in Blue, um encontro do clássico com o jazz, é pra mim a mais perfeita descrição em notas musicais do encanto de Nova York. Se não é, devia ser o hino oficial da cidade.
Gostou da vista do Top of the Rock? Veja as dicas desse passeio
Nova York do alto: Top of the Rock e outros mirantes
Nova York do alto: Top of the Rock e outros mirantes
Basta olhar essa paisagem pra Rhapsody in Blue começar a
tocar na minha cabeça. Esta é Nova York vista do mirante Top of the Rock, no
Rockefeller Center |
Quando se pensa em antro boêmio, é difícil competir com o mitológico Hotel Chlesea, na Rua 23. Por várias décadas, o lugar foi morada ou pouso oficial nova-iorquino de uma lista infindável de farristas brilhantes, do poeta Dylan Thomas a Sid Vicious, dos Sex Pistols. A coisa lá era realmente do balacobaco.
Toda vez que vou a Nova York, faço questão de passar em frente ao Chelsea para prestar meus respeitos — e trato de brindar a eles em algum bar próximo. Nesta canção, Cohen descreve, sem muitos pudores, o fugaz romance (ou os amassos) que teve com Janis Joplin, quando ambos viviam no hotel.
O Trem A do metrô de Nova York, homenageado nesta que é uma das composições mais famosas de Ellington, era uma das principais opções de transporte para quem vivia no Harlem, bairro onde tradicionalmente se concentrava a população negra da cidade. A linha foi inaugurada na década de 30.
Mais uma canção inspirada nas histórias do Chelsea Hotel. Joni Mitchel viveu lá, no final dos anos 60.
Saiba mais sobre a história do Chelsea Hotel, templo da boemia
No legendário Chelsea Hotel, muitas memórias de residentes
ilustres como o poeta Dylan Thomas, Leonard Cohen, Joni Mitchel, Bob Dylan, Sid
Vicious, Janis Joplin... |
♬ The 59th Street Bridge Song - Simon & Garfunkel
Se eu tivesse que escolher apenas uma canção para simbolizar Nova York, seria essa. Adoro a alegria suave que ela me inspira. É uma homenagem à Queensboro Bridge, acesso a Manhattan para a dupla de jovens artistas que vinha do Queens, onde morava, para tentar a sorte na cena musical de Manhattan.
Pra mim, é a cara dos passeios sem compromisso, descobrindo a velha Nova York dos anos 80 (quando eu sempre acabava cantarolando essa música). “Life, I love you, all is groovy” virou meu mantra.
Ah, e a vista de Manhattan da Queensboro Bridge, à noite, periga ser a mais escandalosamente bela da cidade.
Pra mim, é a cara dos passeios sem compromisso, descobrindo a velha Nova York dos anos 80 (quando eu sempre acabava cantarolando essa música). “Life, I love you, all is groovy” virou meu mantra.
Ah, e a vista de Manhattan da Queensboro Bridge, à noite, periga ser a mais escandalosamente bela da cidade.
Por mim, entravam várias canções dos Ramones nesta lista. Acabei deixando só esta, uma homenagem de Dee Dee Ramone à praia do Queens que ele frequentava.
Esta canção faz parte da minha vida desde infância, quando comprei um compacto duplo (gente, tinha isso, antigamente, um disquinho de vinil com quatro músicas) onde ela aparecia. Vou falar baixinho pra os Beatles não ouvirem, mas acho que é a minha música preferida sobre todas as outras.
Simon escreveu canção como uma despedida para Garfunkel, que estava se afastando da dupla para tentar carreira como ator, no cinema. O título pode ser traduzido como “o único cara que restou em Nova York” e dá uma ideia da solidão que o autor deve ter sentido ao perder o parceiro.
"Transformar Manhattan em uma ilha de alegria": ô,
tarefa fácil |
♬ Manhattan - Ella Fitzgerald
♬ Manhattan - Dinah Washington
Vou logo avisado que prefiro a gravação de Ella. Mas não prefiro taaanto assim que tenha conseguido deixar de fora a de Dinah Washington.
Ainda não experimentei fazer um roteiro por todos os lugares citados na canção, mas a parte de "turn Manhattan into an isle of joy" (transformar Manhattan numa ilha de alegria) é fácil demais. Basta estar lá 😊.
Ainda não experimentei fazer um roteiro por todos os lugares citados na canção, mas a parte de "turn Manhattan into an isle of joy" (transformar Manhattan numa ilha de alegria) é fácil demais. Basta estar lá 😊.
♬Big Apple Dreaming - Alice Cooper
Santo Spotify que me fez resgatar essa canção perdida na bruma da memória. Eu era fã incondicional de Alice Cooper e, nos meus 12 aninhos de idade, penei com o luto pelo fim do grupo original — apenas três anos após o choque da separação dos Beatles. A alegria dessa música, incluída em Muscle of Love, o último LP da banda de Alice, era meu consolo.
Eu demorei pra gostar dessa música, um dos hits do álbum Dirty Work, de 1986 — achei o LP inteiro muito “disco”. Mas também, depois que gostei, ela grudou. A gravação original, de 1963, é da dupla de Rhythm and blues Bob & Earl.
John Lennon viveu a maior parte de sua vida em Nova York no Edifício Dakota |
YouTube | Spotfy
Ah, essa música sempre foi a minha favorita do álbum que considero o melhor lançado por Lennon depois da separação dos Betles, Some Time in New York City, um “jornal cantado” sobre a cidade que ele tinha acabado de adotar como lar — se você ainda não ouviu preciosidades como Angela (dedicada a Angela Davis) ou o hino feminista Women is the N of the World, corra para escutar.
Descobri essa música quando estava montando minha playlist pré-viagem. Norah Jones é sempre ótima e a canção é massa.
Meu sonho de consumo é escutar essa declaração de amor a Nova York voando sobre a cidade. A versão de estúdio, só com com Garfunkel (já em carreira solo), é muito legal, mas essa gravação ao vivo no legendário concerto de reencontro da dupla no Central Park, em 1981, me deixa com um nó na garganta, toda vez que escuto.
Essa versão foi a trilha sonora da minha melhor viagem a NYC, há exatos 30 anos. Eu tinha o VHS do concerto. Gastou, de tanto que eu assisti o vídeo ❤️.
Essa versão foi a trilha sonora da minha melhor viagem a NYC, há exatos 30 anos. Eu tinha o VHS do concerto. Gastou, de tanto que eu assisti o vídeo ❤️.
O arquiteto Frank Lloyd Wright desenhou o Museu Guggenheim e
ganhou uma canção de Paul Simon |
Não se refere diretamente a Nova York, mas veio para a lista porque 1- eu sou louca por Tom Waits e ele entra em todas as minhas playlists e 2- ela faz parte do álbum The Heart of Staurday Night, dedicado a Jack Kerouak, um dos mais célebres moradores do Chelsea Hotel (ele escreveu On the Road lá).
Mesmo caso da canção acima: entrou na lista porque não vou nem à esquina sem Chet Baker.
Rattle and Hum está longe de ser meu disco preferido do U2, mas essa canção, homenagem a Billie Holiday (Lady Day got diamond eyes/ She sees the truth behind the lies) e outros grandes do jazz americano é muito bacana.
♬ So long, Frank Lloyd Wright - Simon & Garfunkel
YouTube | Spotfy
♬ So long, Frank Lloyd Wright - Simon & Garfunkel
YouTube | Spotfy
A linda canção feita para o arquiteto que desenhou as curvas do Guggenheim Museum não poderia faltar, né?
A Broadway na altura de Times Square. Este pedacinho de Nova
York fica mais bonito embalado pela canção de James Taylor |
No álbum JT (1977), James Taylor alcançou dois hits esmagadores (Handy Man e Your Smiling Face), mas foi a melancolia dessa canção que me conquistou de cara.
Dez anos depois, seus versos foram meus companheiros frequentes de caminharam pela Broadway de então, muito menos glamorosa que a de tempos anteriores ou atuais.
“Walking alone on Broadway, watching the people, watching the town go down/ Broadway's a river to me, fat fish in the big city sea, taxi cabs, limousines, submarines” é uma definição perfeita da rua mais famosa de Nova York.
“Walking alone on Broadway, watching the people, watching the town go down/ Broadway's a river to me, fat fish in the big city sea, taxi cabs, limousines, submarines” é uma definição perfeita da rua mais famosa de Nova York.
Neste reencontro com Nova York, Looking for Love on Broadway foi uma das “músicas incidentais” mais frequentes na trilha sonora que cantarolei pelas ruas da cidade.
Além de ser o álbum mais vendido de James Taylor nos Estados Unidos, JT tem a minha canção favorita dele: Bartender Blues.
➡Ah, você estranhou não encontrar New York, New York na lista? Eu não esqueci. Apenas não curto 😊.Além de ser o álbum mais vendido de James Taylor nos Estados Unidos, JT tem a minha canção favorita dele: Bartender Blues.
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Muito legal. É uma boa idéia que ajuda a entrar no clima.
ResponderExcluirKenneth
Música é essencial, né Kenneth?
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