A vista do alto do Padrão dos Descobrimentos é muito bonita. Olha o Mosteiro dos Jerónimos lá em frente |
A maior gentileza que uma cidade bonita pode fazer a visitantes e locais é se encher de mirantes, para que possa ser contemplada em sua plenitude. Não é vaidade, é utilidade pública.
Os mirantes de Lisboa tornam a vida desta viajante contemplativa muito mais fácil — e mais feliz.
Lisboa, como Roma, ocupa sete colinas. O que não falta é altura para plantar seus miradouros (é como se chamam os mirantes por lá).
Não bastassem todos os motivos para você ir ao Castelo de São Jorge, tem mais este: a vista |
Além da oportunidade, a cidade tem muito o que mostrar: vá ser bonita assim lá na margem do Tejo. Pra onde quer que a gente olhe, há sempre uma maravilha pra seduzir a visão.
Uma cidade bonita ter mirantes não é vaidade. É utilidade
pública. Na imagem, Lisboa vista do Miradouro Elevador de Santa Justa |
O Castelo de São Jorge, o Padrão dos Descobrimentos e o terraço do Elevador de Santa Justa são atrações pagas. Todos valem muito a pena.
Espero que você aproveite as dicas e se apaixone por Lisboa tanto quanto eu.
A paisagem diante do Miradouro de São Pedro de Alcântara, no
Bairro Alto, é um escândalo de linda |
Mirantes de Lisboa
Avenida Brasília nº 1400, Belém
Rosa dos Ventos e ondas do mar: a esplanada em frente ao
Padrão dos Descobrimentos |
De lá do alto, a emoção de pairar sobre o cenário da grande aventura das navegações que levaram Portugal a mudar o desenho do mapa mundi, cercada das cores fortes proporcionadas pela luz lisboeta.
O Tejo brincando entre o verde e o azul. Ao fundo, a Ponte
25 de Abril |
Tente reconhecer entre eles Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, Fernão de Magalhães (comandante da primeira viagem de circum-navegação da terra, que é redondinha, como ele provou), o Infante D. Henrique, líder da chamada Escola de Sagres (confraria para a troca de conhecimentos náuticos).
Também estão lá Gil Eanes, o primeiro ocidental a dobrar o Cabo Bojador, Bartolomeu Dias, o primeiro a vencer o Cabo das Tormentas (Cabo da Boa Esperança) e Pêro da Covilhã, explorador que trouxe do Oriente as informações que estimularam a ideia da tomada de Ceuta, empresa que deu a largada na expansão ultramarina do império português.
A Torre de Belém e o o Padrão dos Descobrimentos "de
corpo inteiro" |
➡️ A subida ao Padrão dos Descobrimentos combina com a visita à Torre de Belém, ao Mosteiro dos Jerónimos (que também abriga o interessante Museu Nacional de Arqueologia) e, como ninguém é de ferro, uma farra devoratória de pastéis de Belém, pois a famosa fábrica fica do ladinho.
Junto com o Miradouro da Senhora do Monte, este é o meu preferido entre os Mirantes de Lisboa, lugar perfeito pra derramar meu coração sobre a beleza da cidade.
O Miradouro de São Pedro de Alcântara fica no Bairro Alto, que por si só já rende um passeio gostoso (e farras homéricas).
A balaustrada do Miradouro de São Pedro de Alcântara, debruçada sobre a Baixa de Lisboa, é concorridíssima nos finais de tarde de verão, quando a luz cai perfeita sobre o Castelo e a Alfama, lá do outro lado.
O mirante do Bairro Alto é muito concorrido nos finais de
tarde do verão |
➡️ O bilhete ida e volta do Elevador da Glória custa € 3,60 e pode ser comprado diretamente com o condutor.
Elevador da Glória: a partida da Praça dos Restauradores e a chegada ao Bairro Alto (abaixo), bem ao lado do mirante |
Um cálice de moscatel de Setúbal para brindar à vida e à
beleza de Lisboa no mirante do Bairro Alto |
Do Miradouro de São Pedro de Alcântara dá para identificar cada pedacinho da Lisboa histórica. Um painel de azulejos na balaustrada do mirante ajuda o visitante a localizar o que está vendo.
Depois de fartar o coração com a vista linda, é muito bom parar em uma das mesinhas ou espreguiçadeiras ao ar livre do barzinho instalado em um quiosque. Peça uma bebidinha para brindar à vida.
Quando for ao Miradouro do Bairro Alto, estique a caminhada
até os adoráveis Jardins do Príncipe Real, que ficam do ladinho |
O Jardim do Príncipe Real também tem um barzinho com mesas
ao ar livre que é uma simpatia |
O Príncipe Real é um bairro de Lisboa que, mais recentemente, virou queridinho dos descolados e está cheio de lojinhas, bares e cafés bem interessantes.
➡️ No Jardim do Príncipe Real tem um barzinho simpático, instalado em um quiosque com cara de coreto e mesinhas espalhadas sob as árvores que fica delicioso ao cair da tarde.
Lisboa vista do Castelo de São Jorge. Na foto acima, quem aparece com destaque é o Paço da Ribeira, na Praça do Comércio |
⭐Castelo de São Jorge
Entrada pela Rua de Santa Cruz do Castelo
🕒 Horários: diariamente, das 9 às 21h, de março a outubro. No inverno (novembro a fevereiro) abre das 9h às 18h.
Ingressos: €15. Visitantes entre 13 e 25 anos pagam meia-entrada. Maiores de 65 e pessoas com deficiência pagam €12,50. Entrada da gratuita com o Lisboa Card e para crianças até 12 anos de idade.
Estátua de Afonso Henriques na Praça de Armas do Castelo de São Jorge |
Mas depois da minha primeira visita, tive que dar o braço a torcer: mesmo com os acréscimos fake, o Castelo de São Jorge é muito bacana e tem um pedigree histórico de responsa, estando profundamente ligado à trajetória de Lisboa através dos séculos.
Muitas estruturas do Castelo de São Jorge são reconstruções
de "ruínas" feitas no Século 20. Os acréscimos fake, porém, não
diminuem a importância histórica do lugar |
Sem contar que o Castelo de São Jorge é um senhor mirante de Lisboa, reinando sobre as belezas da cidade como queriam seus construtores, lá se vão os séculos. Hoje, em qualquer temporadinha mais comprida em Lisboa o castelo entra na minha lista de passeios.
O Castelo de São Jorge ocupa a mais alta das sete colinas de Lisboa. É claro que uma localização estratégica como essa não passaria despercebida aos diversos povos que andaram pela Olissipo, a “Cidade de Ulisses” (reza a lenda que o herói de Ítaca foi o fundador da futura Lisboa).
Gosto de explorar os pátios da fortaleza e sou fã deste São Jorge pedestre que fica na entrada do Castelo |
Romanos, visigodos e mouros seguiram o exemplo — esses últimos mantinham na área do atual castelo a sua Alcáçova, palácio fortificado e sede de governo na tradição mourisca.
Um dos prazeres da visita ao Castelo de São Jorge é caminhar
sobre as muralhas |
Nas guerras da Reconquista Cristã, o castelo mouro foi assediado e conquistado várias vezes, para ser retomado novamente pelos mouros, até a conquista definitiva pelas forças do primeiro rei português D. Afonso Henriques, no Século 12.
Daí em diante, o Castelo de São Jorge passaria a abrigar um dos paços reais portugueses (disputando especialmente com o Paço de Coimbra a condição de sede da corte) até a construção do Paço da Ribeira, no Século 16.
Uma visita ao Castelo de São Jorge oferece muito mais que a vista arrebatadora para Lisboa (mas só ela já paga o ingresso).
É muito agradável percorrer jardins, pátios e esplanadas do castelo, caminhar sobre as muralhas e explorar suas torres.
Não é possível subir de carro particular até a entrada do castelo. Só os táxis têm autorização para irem até lá |
➡️ O melhor jeito de chegar ao Castelo de São Jorge é com o Electrico 28, que faz uma parada no Miradouro de Santa Luzia. De lá é preciso seguir a pé, ladeiras acima.
Uma ponte sobre o fosso e (abaixo) os pavões que
passeiam pelos jardins do Castelo de São Jorge |
➡️Para quem tem alguma dificuldade de locomoção, a melhor alternativa são os táxis, que param em frente à entrada do monumento.
A visita ao Castelo de São Jorge combina muito bem com uma parada em dois outros lindos mirantes de Lisboa que ficam bem próximos. O primeiro é o Miradouro de Santa Luzia, 600 metros ladeira abaixo da velha fortaleza, uma sacada debruçada sobre o bairro da Alfama.
A igrejinha de Santa Luzia, ao lado do mirante. No jardim,
os painéis de azulejos mostram a Praça do Comércio (Terreiro do Paço)
antes do terremoto de 1755 |
Taí outro lugar onde gosto de bater o ponto em todas as passagens por Lisboa.
Os painéis de azulejos no Miradouro de Santa Luzia lembram a
Lisboa de outros tempos |
Largo das Portas do Sol, Alfama. Entrada livre a qualquer hora
Menos de 100 metros acima do Miradouro de Santa Luzia, o Miradouro das Portas do Sol é outro lugar próximo ao Castelo de São Jorge onde vale a pena fazer uma pausa para namorar os telhados do Bairro da Alfama.
O legendário Elétrico 28E tem uma parada e frente ao
Miradouro das Portas do Sol. O edifício que você vê na imagem é o Palácio
Azurara, sede do Museu de Artes Decorativas Portuguesas |
Rua da Senhora do Monte 50, Bairro da Graça. Acesso livre, a qualquer hora.
Se eu tivesse que escolher o meu mirante de Lisboa preferido, o voto seria desse simpático jardim do bairro da Graça, meio off-circuito turístico e com uma vista de fazer o coração dar uma paradinha.
O Miradouro da Senhora do Monte deixa a gente diante do Castelo
de São Jorge (no cantinho à esquerda) e de um Tejo muito azul |
O panorama oferecido pelo Miradouro da Senhora do Monte é espetacular: de cara para o Castelo de São Jorge, a gente tem a Baixa e o estuário do Tejo aos nossos pés (e o Tejo tem mania de ficar azul em dias de sol...). Olhando para o outro lado, o casario do Bairro Alto desfila suas fachadas e telhados.
Capela da Senhora do Monte |
➡️ O melhor jeito de chegar ao Miradouro da Senhora do Monte é com o Elétrico 28E, que faz uma parada na Rua da Graça, pertinho do mirante.
Esse famoso bondinho amarelo sai da Praça Martin Moniz e passa por inúmeras atrações de Lisboa, como a Alfama, a Sé e a Basílica da Estrela.
A Praça do Rossio vista do Mirante do Elevador de Santa Justa |
⭐ Mirante do Elevador de Santa Justa
Liga a Rua do Ouro, na Baixa, ao Largo do Carmo
🕒 Elevador de Santa Justa funciona diariamente, das 7:30h às 23h, de abril a outubro, e das 7:30h às 21h, de novembro a março. O acesso ao mirante está aberto nesse mesmo horário.
Na bilheteria do elevador está à venda um passe de € 5.30, que dá direito à viagem de ida e volta no elevador e acesso ao terraço/mirante. Não vale a pena.
O Mirante do Elevador de Santa Justa é um dos mais populares entre os turistas que visitam Lisboa |
O Elevador de Santa Justa visto da Baixa de Lisboa |
É que esse tradicionalíssimo elevador lisboeta é o caminho mais curto para dois dos meus xodós na cidade: o Largo do Carmo e o antigo Convento do Carmo, destruído no terremoto de 1755. Não é à toa que ele faz parte da minha lista obrigatória de passeios em Lisboa, em todas as passagens por lá.
A elegância da decoração do Elevador de Santa Justa. À
direita, a escadinha de caracol que desce do mirante. A subida (por uma escada
igualzinha) fica do outro lado |
A passarela que liga o Elevador de Santa Justa ao Carmo
vista da Baixa de Lisboa |
Entrar em uma das cabines de madeira e metal muito polido do Elevador de Santa Justa é como brincar de máquina do tempo: a gente deixa o burburinho da Baixa de Lisboa e parece que sobe até o tempo muito mais silencioso e cordial que domina o velho Largo do Carmo.
As torres da Sé Catedral de Lisboa e os telhados da Baixa
vistos do terraço do Elevador de Santa Justa |
Mas antes de atravessar a passarela para essa outra dimensão, não deixe subir a escadinha de ferro batido, em caracol, que fica na plataforma onde param as cabines do elevador. Esses degraus levam ao Miradouro de Santa Justa e a uma das vistas mais arrebatadoras de Lisboa.
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