Debruçado sobre a muralha de Évora, o Jardim de Diana é um
lindo lugar para uma pausa nos passeios pela cidade |
Preservadíssima e muito romântica, ela tem tudo que se busca em uma cidade histórica europeia: muralhas, palácios, ruazinhas medievais, jardins de sonho... Tem muito o que fazer em Évora, essa bela cheia de atrações.
A Capela dos Ossos é uma das atrações mais visitadas de
Évora. Eu tive calafrios com as caveirinhas |
O melhor de Évora é o conjunto, é andar pelas ruas sem um plano pré-definido, apenas virando a esquina quando o coração mandar.
O Museu da Igreja de São Francisco de Évora tem peças sacras
muito interessantes. Adorei esta Virgem Maria representada em trajes típicos do
Alentejo |
A Praça do Giraldo é o coração do Centro Histórico de Évora.
Em primeiro plano, o chafariz do Século 16 |
Como foi minha primeira visita à cidade: Bate e volta a Évora
Passeio bacana nos arredores de Évora: Castelo de Montemor-o-Novo
Trecho da Cerca Velha junto ao Palácio de Vimioso, que hoje é sede da Universidade de Évora |
O que fazer em Évora
⭐ Muralhas de ÉvoraA chamada Cerca Velha foi iniciada pelos romanos e data do Século 3. Ela foi ampliada pelos árabes, que dominaram a Évora por 450 anos (entre o Século 8 e o Século 12).
Torres da Cerca Velha de Évora |
A Cerca Nova (cinturão externo de muralhas) expressa a expansão da cidade e começou a ser construída a partir da Reconquista Cristã (Século 12). Este conjunto de fortificações foi finalizado no Século 16.
A muralha externa de Évora (Cerca Nova) e o Aqueduto da Água
de Prata, inaugurado em 1537 |
A Cerca Velha de Évora contorna um perímetro de menos de 2 km, no coração da cidade. Ela está incorporada a construções mais recentes em diversos trechos, mas seu traçado é facilmente desvendável pela presença de torres, velhos baluartes e portões (como a Porta de D. Isabel, que data do período romano).
O perímetro da Cerca Nova de Évora tem cerca de 6 km |
A Cerca Nova, o cinturão externo de muralhas, abarca um perímetro de cerca de 6 km, contornando todo o centro histórico.
Os preguiçosos podem fazer o trajeto da Cerca Nova de carro, já que esse conjunto de fortificações está cercado de avenidas. Mas é muito mais gostoso caminhar, descobrindo os agradáveis jardins que contornam a muralha.
Os nomes das ruas de Évora contam a história da cidade |
O intrincado traçado medieval do Centro de Évora resulta em ruas estreitas, encantadas por passagens em arco que deságuam em pátios minúsculos. As delicadas decorações nas fachadas históricas premiam o olhar mais atento.
Até os nomes das ruas parecem brincar com o caminhante — Rua do Lagar dos Dízimos, Rua do Inverno, Travessa Torta, Travessa do Pocinho...
Na minha primeira vez em Évora, me esbaldei explorando o rendilhado de ruas que desce a Oeste da Praça do Giraldo, até a Cerca Nova (a muralha exterior). Desta vez, repeti a dose e multipliquei por dois, com o mesmo prazer.
As janelas e balcões de Évora são muito fotogênicos |
Os pórticos que margeiam algumas ruas do Centro Histórico, protegendo
os transeuntes da chuva e do sol, são uma herança dos mouros |
Também partindo da Praça do Giraldo e seguindo para o Norte ou para o Sul, o encanto são as arcadas mouras que protegem as calçadas e poupam o caminhante do calor abrasador do Alentejo.
O Jardim de Diana fica bem do ladinho do Templo Romano de
Évora |
O Jardim de Diana, debruçado sobre a Cerca Velha e de cara para o Templo Romano, é um pequeno recanto (cerca de 3 mil metros quadrados), sombreado por árvores frondosas e com uma vista magnífica para os telhados da cidade e para os campos do Alentejo, ao longe.
➡️ A pausa no Jardim de Diana combina com a visita às atrações da parte alta da cidade (Catedral, Templo Romano, Capela dos Lóios, Universidade de Évora...).
Ele segue o estilo dos jardins e parques públicos em voga na época e está instalado na área que um dia abrigou as hortas do Palácio de D. Manuel (Século 16) e do Convento de São Francisco.
O Palácio de D. Manuel, usado pela corte portuguesa em suas temporadas alentejanas, ainda está lá e pode ser visitado.
Vasco da Gama homenageado no Jardim Público de Évora |
Uma atração curiosa do Jardim são as Ruínas Fingidas, um conjunto erguido no Século 19 com restos de construções antigas — o romantismo da época adorava esses revivals artificiais, como a temática medieval de Ivanhoe, romance de Sir Walter Scott, publicado em 1820.
➡️ A Pausa no Jardim Público de Évora combina com a visita à Igreja e ao Museu de São Francisco e à Capela dos Ossos.
Construído no tempo do Imperador Augusto (1º século da nossa
era), o Templo Romano de Évora está muito bem preservado |
⭐ Templo Romano de Évora
O templo ocupa a crista da colina onde se assenta Évora (a acrópole ou “ponto culminante”), antigo local do Fórum Romano.
O Templo de Évora é uma das construções romanas mais
importantes ainda de pé na Península Ibérica |
A passagem do tempo e o maltrato dos homens tirou pouco da imponência da construção, que está bem preservada, com 14 de suas colunas coríntias ainda de pé.
A segunda visita deve ser feita à noite: o Templo Romano iluminado, pairando sobre o Largo do Conde de Vila Flor, é uma imagem para guardar a vida inteira.
Bem em frente ao Templo Romano, a Capela dos Lóios é uma
visita que vale a pena |
Largo do Conde de Vila Flor. De terça a domingo, das 9h às 12h e das 14 às 18. Entrada € 3.
A capela do antigo Convento dos Lóios, do Século 15, é uma das preciosidades de Évora, com seu rico interior revestido de painéis de azulejos (acrescentados no Século 18) e de talha dourada.
A igreja é dedicada a São João Evangelista e, com a extinção do convento, passou a integrar o conjunto arquitetônico do Palácio dos Duques de Cadaval, que também está aberto à visitação.
⭐ Sé de Évora
A Sé de Évora é a maior catedral medieval de Portugal. Na
foto do centro, um detalhe do magnífico portal esculpido por Mestre Pero no
Século 14 |
A construção da Catedral de Évora foi iniciada no Século 12, logo após a cidade ser tomada dos árabes por Geraldo Sem Pavor (o Giraldo que dá o nome à praça principal da cidade).
Como toda grande catedral europeia, porém, a Sé de Évora permaneceu como “obra aberta”: ao longo dos séculos, veio recebendo intervenções e reformas que expressam o melhor de escola artística que esteve em moda.
O portal da catedral de Évora, por exemplo, é do Século 14, como as esculturas dos apóstolos que o adornam. É uma peça magnífica, que já tinha me encantado na primeira visita.
Desta vez, vi o portal sabendo que ele saiu das mãos de Mestre Pero (Século 14), artista que conheci e me fartei de admirar na visita ao Museu Nacional Machado de Castro, em Coimbra.
O interior da Catedral de Évora tem um tom severo, mitigado pela riqueza dos altares barrocos. O púlpito e o órgão são renascentistas.
Além da igreja, não deixe de ver o claustro gótico e o coro da Catedral, do período manuelino, com suas belíssimas cadeiras de carvalho ricamente entalhadas.
Em um prédio contíguo, a Catedral mantém um Museu de Arte Sacra cujo acervo foi reunido a partir de igrejas e castelos alentejanos.
A Igreja de Santo Antão é o principal edifício da Praça do
Giraldo |
Ela está sempre fervendo de gente nas mesas de bares, cafés e restaurantes que ocupam praticamente todo seu perímetro, mesmo no frio inclemente do inverno.
O longo retângulo da Praça do Giraldo é dominado pela fachada sóbria da Igreja Matriz, dedicada a Santo Antão, padroeiro de Évora e adornado por uma fonte de mármore do Século 16.
A Praça do Giraldo é rodeada por muitos bares e restaurantes e está sempre movimentada |
No entorno da praça, o conjunto harmônico das fachadas dos casarões e as arcadas mouras fazem uma moldura encantadora para a animação que parece não parar nunca por ali.
A Praça do Giraldo é um bom lugar para uma pausa, uma bebidinha e para observar eborenses e turistas se divertindo.
Portal manuelino da Igreja de São Francisco |
Praça 1º de Maio. Diariamente, das 9h às 12:45h e das 14:30h às 17:10h. Aos domingos, abre às 10H. Entrada gratuita. O ingresso para museu está incluído no bilhete para a Capela dos Ossos.
A Igreja de São Francisco de Évora é apontada como uma das mais bonitas de Portugal e está fortemente ligada à história das grandes navegações.
Em estilo manuelino, ela expressa a pujança econômica e a euforia do reinado de D. Manoel I.
O interior da Igreja de São Francisco impressiona pela
beleza e grandiosidade |
Confesso que só entrei na Igreja de São Francisco porque queria visitar a famosa Capela dos Ossos, que faz parte do mesmo conjunto.
O que vi, porém, me deixou de queixo caído. A nave da igreja, muito alta, e sua bela estrutura em pedra de cantaria são um contraste despojado com a riqueza dos altares dourados, pagos, muitos deles, pela bolsa dos reis e príncipes de Portugal.
A Igreja de São Francisco tem linda decoração barroca.
Acima, o altar-mor e, no alto, um altar lateral |
Claustro medieval do Convento de São Francisco |
As dependências do antigo convento de São Francisco (o primeiro da Ordem Franciscana em terras portuguesas) abrigam hoje um interessante museu de arte sacra. Não deixe de visitar.
O espaço do antigo Convento de São Francisco abriga um
interessante museu de arte sacra. Acima, as imagens de São João Batista e de
São Jorge, padroeiro de Portugal |
⭐ Capela dos Ossos
A Capela dos Ossos, porém, tem um encanto estranho que acaba valendo a visita — lúgubre, sem dúvida, mas que não deixa de ser belo, mesmo com o recadinho na entrada: “Nós, ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos”.
A Capela dos Ossos é decorada com um mosaico bem lúgubre |
O pouco de sol que penetra por essas aberturas parece “colar” nas caveirinhas branquinhas dispostas num soturno mosaico. Brrrrrr 😱😱.
Afrescos, azulejos e altares ricamente talhados não conseguem roubar o protagonismo das caveirinhas na decoração |
Segundo o folheto explicativo distribuído pelo escritório de turismo de Évora, cerca de 5 mil esqueletos foram empregados na decoração da Capela dos Ossos.
Tenho fortes dúvidas de que não estejamos diante de um caso de vilipêndio de cadáveres, mesmo que o efeito seja plasticamente interessante. Não me arrependo de ter feito a visita, mas não creio que algum dia em repita a dose.
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Obrigado. A cada postagem eu me encanto com a beleza dos seu texto e a exatidão dos fatos históricos.Estive em Évora em dezembro e já estou com vontade de voltar.
ResponderExcluirObrigada, Jacy :)
ExcluirEu acho que Évora é um lugar pra se voltar (tanto que voltei e ainda não me fartei, rsss). Linda demais, ne?
Abs
Post maravilhoso! Estamos indo para lá em dezembro e vou guardar o post com carinho.
ResponderExcluirClau
@AsPasseadeiras
Oi,Claudia, obrigada :)
ExcluirAproveite Évora, a cidade é um sonho.
Oi,Claudia, obrigada :)
ExcluirAproveite Évora, a cidade é um sonho.