Café Majestic e Café Guarany, duas experiências deliciosas no Porto |
Art-Nouveau ou Art Déco? Apenas 400 metros separam as duas soluções desse doce dilema — pelo menos pra mim, fã das duas escolas — quando estou no Porto e bate a vontade de tomar café em grande estilo.
Duas soluções porque não é preciso escolher: basta alternar visitas entre a fulgurância Belle Époque do Café Majestic e as irresistíveis linhas retas do Café Guarany, dois ícones boêmios da vida portuense no início do Século 20 que continuam a encantar moradores e visitantes.
A fachada Belle Époque do Café Majestic |
O edifício que abriga o café, de 1916, não tomou conhecimento do fato e apresenta-se como um castiço exemplar da Arte Nova (a Art-Nouveau portuguesa).
O Café Guarany é pura Art Déco, com aquela objetividade elegante que tanto me encanta.
No salão do Café Guarany, o célebre Índio, do escultor Henrique Moreira |
Sim, os cafés históricos do Porto são duas atrações turísticas imperdíveis. Mas a melhor notícia é que o Majestic e o Guarany também batem um bolão no que realmente importa quando se vai a um café: o serviço é bom, a bica (cafezinho) é irretocável e as comidinhas são bem interessantes.
A começar pela legendária rabanada com doce de gemas, polvilhada por nozes e frutas secas, marca registrada do Café Majestic que passou a ser servida também no Café Guarany, que agora pertence à mesma família.
A começar pela legendária rabanada com doce de gemas, polvilhada por nozes e frutas secas, marca registrada do Café Majestic que passou a ser servida também no Café Guarany, que agora pertence à mesma família.
Então, anote na sua lista de coisas pra fazer na "capital do Norte": uma passada por esses dois cafés históricos do Porto. Garanto que você vai amar.
Na noite em que fui ao Café Majestic, cheguei pouco depois das 21h e ele ainda fervilhava de gente, uma mescla de portuenses e turistas.
Pedi uma tábua de queijos, presunto e salpicão (embutido típico da região de Trás-os-Montes, feito de lombo de porco defumado, temperado com vinho e outros condimentos) para acompanhar a taça de vinho do Douro. Para arrematar, torta de amêndoa acompanhada por um cálice de porto. Noite perfeita.
⭐Café Guarany
Avenida dos Aliados 85/89. O Metrô Aliados está a menos de 100 metros.
Diariamente, das 9h à meia noite.
Eu tinha uma dívida com o Café Guarany. No final de 2012, tinha me hospedado no mesmo prédio onde ele está instalado, no charmoso Hotel Aliados, mas não tive tempo de dar uma passadinha por lá. Reparei essa falha agora e fiquei boba com a beleza do lugar.
Adoro os traços objetivos, os tons claros e a recusa aos excessos da Art Déco. Uma parada no Café Guarany no meio de uma manhã de primavera, com a luz atravessando seus janelões, faz mais pela apreciação desse estilo decorativo/arquitetônico do que um exaustivo tour ou a leitura de uma prateleira inteira de livros sobre o tema.
De manhã, o público ainda é escasso no Café Guarany e a sensação é perfeita: o sossego e o silêncio ficam mais intensos ao abrigo daquelas linhas retas.
O Café Guarany foi inaugurado em 1933, e seu nome é uma clara referência ao café do Brasil que fumegava nas incontáveis xícaras dos estabelecimentos elegantes que se espalhavam pela Avenida dos Aliados e por toda a região da Baixa, no Porto.
Uma escultura em mármore (O Índio, de Henrique Moreira), ao lado da porta principal do café, completava a homenagem — hoje acrescida do painel Os Senhores da Amazônia, da pintora portuguesa Graça Morais.
A própria Avenida dos Aliados, onde está o Café Guarany é um símbolo da modernidade sonhada no início do Século 20. A via foi aberta em 1916, em substituição a um conjunto de ruazinhas tortuosas. A nova avenida acabaria margeada por um belo conjunto de edifícios em estilo eclético, como o que abriga o café.
Para além dos meus devaneios estético-nostálgicos, devo dizer que a bica (cafezinho) do Café Guarany estava irrepreensível e que a famosa rabanada já chegou à mesa tão tentadora que até esqueci de fotografá-la. Você vai ter que ir até lá para vê-la cara a cara. E garanto que vai adorar.
Cafés históricos no Porto
O Café Majestic está sempre movimentado por uma mescla de turistas e locais |
⭐Café Majestic
Rua Santa Catarina nº 112. Metrô Bolhão (300 m) ou Aliados (450 m).
De segunda a sábado, das 9:30h às 23:30h.
A história oficial do Café Majestic conta que ele nasceu como Café Elite, um espaço exclusivo para sócios, na Rua de Santa Catarina, “passarela” da sociedade elegante portuense.
Mas o astral dos roaring twenties (os “loucos anos 20”, como quer a lenda) não combinava muito com tanta segregação — além do mais, quem sustenta cafés, bares, botequins e assemelhados planeta afora são os boêmios, não a elite.
O café teve que rapidamente se reinventar, mudando de nome e de regras para abrir os braços aos poetas, literatos, estudantes, jornalistas, políticos e notívagos de todos os matizes que o transformariam em uma referência.
O Café Majestic é lindo a qualquer hora do dia. Se você for à noite, porém, vai ganhar o bônus de parar na calçada oposta para admirar a luz dourada que brota dos cristais de sua esfuziante fachada em mármore.
Por 15 segundos, vai ser capaz de imaginar o burburinho de bebedores de absinto e melindrosas fumando em longas piteiras, lá dentro.
Ao atravessar a porta e dar de cara com os painéis de madeiras nobres, as mesas de mármore, os espelhos, veludos, entalhes, estuques e lustres de alabastro, cuidado pra não acreditar na fantasia 😉.
O obscurantismo da ditadura salazarista, instaurada em 1926, acabaria cobrando seu preço ao esfuziante Café Majestic, que entrou em um longo período de declínio. No final da 2ª Guerra, o velho templo boêmio estava caindo aos pedaços como se tivesse estado no front.
Apenas na década de 90, após cuidadosa reforma, o bonitão voltaria a funcionar em todo seu esplendor.
Rua Santa Catarina nº 112. Metrô Bolhão (300 m) ou Aliados (450 m).
De segunda a sábado, das 9:30h às 23:30h.
A história oficial do Café Majestic conta que ele nasceu como Café Elite, um espaço exclusivo para sócios, na Rua de Santa Catarina, “passarela” da sociedade elegante portuense.
Mas o astral dos roaring twenties (os “loucos anos 20”, como quer a lenda) não combinava muito com tanta segregação — além do mais, quem sustenta cafés, bares, botequins e assemelhados planeta afora são os boêmios, não a elite.
A luz dourada que brota dos cristais da esfuziante fachada em mármore do Café Majestic deixa a rua meio encantada |
O Café Majestic é lindo a qualquer hora do dia. Se você for à noite, porém, vai ganhar o bônus de parar na calçada oposta para admirar a luz dourada que brota dos cristais de sua esfuziante fachada em mármore.
A decoração do salão do Café Majestic lembra bebedores de absinto e longas piteiras |
Por 15 segundos, vai ser capaz de imaginar o burburinho de bebedores de absinto e melindrosas fumando em longas piteiras, lá dentro.
Ao atravessar a porta e dar de cara com os painéis de madeiras nobres, as mesas de mármore, os espelhos, veludos, entalhes, estuques e lustres de alabastro, cuidado pra não acreditar na fantasia 😉.
O obscurantismo da ditadura salazarista, instaurada em 1926, acabaria cobrando seu preço ao esfuziante Café Majestic, que entrou em um longo período de declínio. No final da 2ª Guerra, o velho templo boêmio estava caindo aos pedaços como se tivesse estado no front.
Apenas na década de 90, após cuidadosa reforma, o bonitão voltaria a funcionar em todo seu esplendor.
Os querubins boêmios do Café Majestic |
Pedi uma tábua de queijos, presunto e salpicão (embutido típico da região de Trás-os-Montes, feito de lombo de porco defumado, temperado com vinho e outros condimentos) para acompanhar a taça de vinho do Douro. Para arrematar, torta de amêndoa acompanhada por um cálice de porto. Noite perfeita.
As linhas retas do salão do Café Guarany |
Avenida dos Aliados 85/89. O Metrô Aliados está a menos de 100 metros.
Diariamente, das 9h à meia noite.
Eu tinha uma dívida com o Café Guarany. No final de 2012, tinha me hospedado no mesmo prédio onde ele está instalado, no charmoso Hotel Aliados, mas não tive tempo de dar uma passadinha por lá. Reparei essa falha agora e fiquei boba com a beleza do lugar.
Adoro os traços objetivos, os tons claros e a recusa aos excessos da Art Déco. Uma parada no Café Guarany no meio de uma manhã de primavera, com a luz atravessando seus janelões, faz mais pela apreciação desse estilo decorativo/arquitetônico do que um exaustivo tour ou a leitura de uma prateleira inteira de livros sobre o tema.
De manhã, o público ainda é escasso no Café Guarany e a sensação é perfeita: o sossego e o silêncio ficam mais intensos ao abrigo daquelas linhas retas.
Os Senhores da Amazônia, painel da artista Graça Morais instalado no salão do Café Guarany na reforma de 2003 |
Uma escultura em mármore (O Índio, de Henrique Moreira), ao lado da porta principal do café, completava a homenagem — hoje acrescida do painel Os Senhores da Amazônia, da pintora portuguesa Graça Morais.
O Café Guarany (repare os guarda-sóis à esquerda) funciona no térreo do Hotel Aliados, um dos bonitos edifícios em estilo eclético da região |
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Amei os dois e desejo retornar. São lindos e nos fazem entrar muito no clima do local. BjO!!!
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