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Machas a la parmesana: se você estiver procurando um motivo pra ir a Santiago, já achou |
Preciso fazer uma confissão: ainda que eu sempre carregue comigo os cinco sentidos, em todas as viagens, uma visita à capital chilena já seria perfeita se na bagagem coubesse apenas o paladar. Porque comer em Santiago é bom pra caramba.
Das capitais latino-americanas, acho que só Lima desperta tanto a minha gula quanto Santiago, onde eu sempre me pego absolutamente seduzida por toda aquela deliciosa fauna marinha do Oceano Pacífico que aporta à mesa e me tira do sério.
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Um passeio pelo Mercado Central de Santiago pra ver os bichos do mar que logo mais estarão no meu prato é o tipo de programa que me tira o fôlego de tanta gula |
O prazer de comer em Santiago tem vários nomes: machas, ostiones, picorocos (hummm) locos, almejas, ouriços... e esses diabinhos encarnam nas mais diversas roupagens de tentação.
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Se estiver procurando uma refeição despretensiosa em um ambiente charmoso, o Barrio Itália tem várias opções |
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Um point muito procurado por quem visita Santiago é o Patio Bellavista, um shopping aberto famoso pela oferta de restaurantes básicos e bares animados |
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Comer em Santiago não é barato como em Buenos Aires, mas dá pra encontrar muitos lugares charmosos e com preços pagáveis |
Veja minhas dicas de alguns pratos chilenos inesquecíveis e alguns restaurantes que experimentei e curti:
Comer em Santiago (e beber também, né?)
É um lugar que acolhe tanto quem está a fim de uma refeição “séria” quanto os que buscam apenas bebericar e beliscar.
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As gavetinhas de tempero (à direita) dão um toque doméstico à decoração do Ligúria |
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O Ligúria é legal pra bebericar e beliscar ou para uma refeição mais séria |
Desta vez, almocei (e muuuito bem) no Bar Ligúria de Lastarria, instalado num belo casarão em estilo eclético, com uma decoração bem de acordo com a fachada do prédio. O ambiente evoca o início do Século 20 e lembra os restaurantes tradicionais do Centro do Rio de Janeiro — os raros sobreviventes...
Entre pratos tradicionais da culinária chilena e algumas
especialidades de outras terras, eu escolhi o melhor desses dois mundos,
iniciando a refeição com inenarráveis machas a la paremesana (cuja foto
aliciante está na abertura deste post) e devorando deliciosos callitos a la
madrileña como prato principal.
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Callos a la Madrileña tão gostosos quanto em Madri |
As machas, você já sabe, são bichinhos de concha, moluscos
encontrados apenas no Oceano Pacífico (e qualquer porção de água salgada deveria
mesmo ficar em paz por contribuir com o deleite da humanidade, produzindo essas
maravilhas. Servi-las gratinadas com parmesão já é mérito dos chilenos, mesmo).
Os callos a la
madrileña são um dos meus pratos preferidos na vida. Trata-se de dobradinha
preparada à moda de Madri, em um molho espesso onde predominam os tomates.
O Ligúria tem excelente atendimento, ambiente agradável e preços que não matam ninguém de susto (considerando que comer em Santiago não é exatamente barato quase nunca). Meu delicioso almoço, acompanhado de generosas doses de vermute, custou cerca de R$ 150.
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No Chipe Libre a comida é ótima e o ambiente é bastante animado |
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No coração de Lastarria, o Chipe Libre é um dos restaurantes de Santiago mais elogiado na internet |
Para o Chipe Libre, não importa. Nesta República independente
do Pisco, pratos da cozinha do Norte do Chile e do Sul do Peru se abraçam no
cardápio e tiram nosso paladar pra dançar com muita desenvoltura.
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Mariscos ao aji: que coisa gostosa! |
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Imagine there's no countries e viva o Território do Pisco |
Entre ceviches, empanadas, frutos do mar ao pil pil e lomos saltados, escolhi os mariscos com aji (molho peruano à base de uma pimenta amarela muito aromática) e fui imensamente feliz mergulhando naquele ensopado rico e saboroso.
Com bebida (pisco, por supuesto), a conta ficou na casa dos R$ 100.
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Clarita: a felicidade pode custar muito pouco |
Mercado Central de Santiago (Avenida San Pablo, Metrô Puente Cal y Canto, linhas 2 e 3)
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Essa minha cara de felicidade foi despertada apenas pelos cheiros. Quando meu prato chegou, eu flutuei |
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Viagem vem, viagem vai e eu continuo fã do Mercado Central de Santiago |
Sim, porque o segredo do mercado é fugir dos restaurantes
ultra turísticos da praça central. Não é que se coma mal no Donde Augusto e
seus vizinhos, mas os preços são salgados e os sabores parecem calculados para
agradar um paladar médio—coisa que não existe. Mas os corredores do Mercado
Central estão cheios de restaurantes simples e com temperinhos muito mais
autênticos.
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Chupe de mariscos: grande memória que carrego de Santiago |
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Ótimos preços e comida deliciosa. Precisa mais? |
Prepare-se para uma experiência verdadeiramente sublime quando sentar em uma das mesas do Clarita, cobertas por toalhas de plástico. Antes, certifique-se de escolher o seu pedido olhando o quadro pendurado do lado de fora.
E não fique com vergonha
de suspirar enquanto destroça uma paila marina (ensopado que leva o nome da
panela onde é preparado), um chupe de jaiba (uma quase-torta montada em uma caçarolinha de barro chamada chupe, onde o pão e o
creme compõem um molho divino para a carne de jaiba, um tipo de caranguejo) ou
um caldillo de congrio (sopa desse peixe que é quase marca registrada da culinária
chilena).
Eu me acabei no chupe de mariscos e gastei R$ 30 com uma
refeição sensacional.
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La Tranquera é uma tradição do Barrio Itália desde 1960 |
Avenida Itália nº 1294, Barrio Itália (Metrô Santa Isabel, Linha 5, a 500 metros)
Sou devota da empanada de pino, essa sensacional invenção chilena recheada de carne moída, ovos cozidos, uvas passas e azeitonas, umedecidos por um molhinho meio picante (o pino). Mas aprovei igualmente os doces que La Tranquera — a casa faz questão de anunciar que segue fielmente as receitas da avó dos atuais proprietários, Doña Irma, fundadora confeitaria.
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Chocolate, empanada de pino e biscocho de lúcuma: ô, café da manhã delicioso |
Experimente os biscochos (bolos com recheios cremosos que nós também chamamos de tortas). O biscocho de lúcuma (uma espécie de sapoti andino delicioso) quase me fez chorar. Outros sucesso da doçaria chilena são o biscocho três leches e os empolvados (uma espécie de “sanduíche” de biscoitos com recheio e coberto por açúcar), típicos da época das Fiestas Pátrias.
Ah, e bom saber que os chilenos também fazem alfajores, mais
simplesinhos que os argentinos, mas muito elogiados.
Não anotei o valor total da conta da minha farrinha em La Tranquera (sorry, mas eu estava emocionada pelos sabores). Mas lembro que a empanada de pino custa $ 2.600 pesos (R$ 16) e, para uma fominha mais alentada, o pastel de choclo custa $ 4.000 (R$ 24).
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Só não fale mal da democracia... |
Avenida Itália nº 1654, Barrio Itália (Metrô Santa Isabel a 800 metros)
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Winnipeg: melhor pisco sour desta temporada chilena e belisquinhos de responsa |
As machas parmesanas estavam de responsa. Não anotei os
preços por motivos de... leia o que eu disse acima sobre o pisco sour.
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Bar no terraço? Tô dentro |
Villavicencio nº 394, esquina com José Victorino Lastarria
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Abanquei-me no camarote com vista para Lastarria e tive um ótimo fim de tarde |
Limitei-me a bebericar pisco sour curtindo o people watching e me diverti imensamente. Gastei algo como R$ 50 em uma farrinha perfeita para encerrar uma tarde de passeios em Santiago.
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