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Pequena, bonita e sossegada, Amarante vai conquistar seu coração |
Bem no meio do caminho entre o Porto e Peso da Régua, a pequenina Amarante é um encanto português que tem tudo pra conquistar seu coração.
Com apenas 11 mil habitantes e um centrinho histórico debruçado sobre o Rio Tâmega, Amarante tem o ritmo, a cordialidade e as feições de outros tempos.
Passei quatro sossegados e deliciosos dias em Amarante em junho, para ver sua famosíssima Festa de São Gonçalo.
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Uma Pietá na fachada da igreja do padroeiro e a Ponte de São Gonçalo enfeitada para a festa |
Fora do período de festas, Amarante pode ser curtida em um dia de visita — boa opção de bate e volta do Porto, 60 km a Oeste, ou de Peso da Régua, que está à mesma distância, na direção Leste.
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Banda de música desfila na Procissão de São Gonçalo do Amarante, celebração junina concorridíssima |
Mas se você quiser descansar e mergulhar no gostoso clima rural da região, faça como eu e reserve alguns dias para se hospedar em uma quinta nos arredores de Amarante.
Eu fiquei na adorável Casa São Faustino de Fridão (que ganhou um post exclusivo, siga o link pra ver) e adorei a temporada.
Veja todas as dicas para descobrir uma cidade encantadora em Portugal:
Amarante, Portugal
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A Ponte de São Gonçalo, sobre o Rio Tâmega, é um dos cartões postais de Amarante |
Festas populares em Amarante
No dia 10 de janeiro é lembrada a morte do santo, uma celebração mais estritamente religiosa.
A festa de junho (sempre no primeiro fim de semana do mês) é a apropriação cristã dos rituais de fertilidade ancestrais.
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Os grupos de bombos desfilam todos os dias e competem entre si no "despique" |
Amarante para para homenagear São Gonçalo, seu padroeiro e, diz a lenda fundador. Para dar conta da aglomeração, o os automóveis são banidos do Centro Histórico durante os festejos.
A Festa de São Gonçalo de Amarante tem quermesse, parques de diversões, shows musicais, procissões, queima de fogos e desfiles de bandas, onde se destacam os bombos e as gaitas de foles, além da presença de bonecos gigantes.
Doce típico da Festa de São Gonçalo
A origem pagã da Festa de São Gonçalo está bem representada no doce típico da época, os “quilhõezinhos de S. Gonçalo”.
São pães em formato fálico e cobertos de açúcar que, manda a tradição, os rapazes devem oferecer às moças que querem conquistar — São Gonçalo tem fama de casamenteiro, como seu colega santo de junho Antônio, celebradíssimo em Lisboa.
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Pãezinhos fálicos, típicos da Festa de São Gonçalo, são vendidos em barraquinhas por toda a cidade |
O chamado “despique de bombos”, uma competição de tambores realizada na noite de sexta-feira, é um dos pontos altos da festa de São Gonçalo em Amarante.
Para vocês terem uma ideia, as montanhas e o vento ajudaram o som da “batucada” a viajar por cerca de 20 km de distância e eu ouvi o rufar dos tambores ao longe, sentada na janela do meu quarto no Distrito de Fridão.
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Pensa que gaita de foles só tem na Escócia? Elas são bem populares em Portugal e na Galícia |
Festas juninas em Portugal - um jeito especial de conhecer a terrinha
Um pouquinho da história de Amarante
Conta a lenda que Amarante se originou da pequena capela à beira do Rio Tâmega onde o Beato Gonçalo se refugiou como ermitão, no Século 13.
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Os bonecos gigantes animam o desfile das bandas na Festa de São Gonçalo |
Os registros históricos apontam para a existência de uma povoação romana no local, nos primeiros séculos de nossa era, mas foi mesmo São Gonçalo quem colocou Amarante no mapa.
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Lembrancinhas de São Gonçalo à venda no claustro da igreja. Abaixo, o andor de São Gonçalo na procissão que encerra a festa |
A famosa ponte fez do lugar um ponto de passagem de caravanas e tropas. Em torno desse movimento, a vila cresceu e prosperou.
A ponte de pedra de Amarante, construída na Idade Média, sustentou-se por quase 500 anos, até ser levada por uma enchente, no Século 18.
A ponte que se vê hoje em Amarante, é uma reconstrução, concluída poucos anos após a catástrofe.
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Barraquinhas da quermesse de São Gonçalo |
Ao longo de 14 dias, os portugueses barraram o avanço dos invasores franceses.
Quando Amarante caiu, os franceses aplicaram a regra que fez a má fama do exército de Napoleão por toda a Península Ibérica: quanto mais obstinada a resistência da cidade, mais cruel a pilhagem posterior.
Amarante foi barbaramente saqueada pelo contingente de Napoleão e a maioria de seus edifícios foram incendiados.
Os franceses acabaram expulsos da cidade 10 dias depois de tomá-la. As forças anglo-portuguesas, lideradas pelo Duque de Wellington, recuperaram a cidade e saíram em perseguição da tropa do Marechal Soult.
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A famosa Ponte de São Gonçalo teria sido construída pelo patrono da cidade |
A grande atração de Amarante é o sossego, a desaceleração da frequência cardíaca decorrente de um jeito de viver que quase não existe mais — e que nem a concorridíssima festa consegue alterar.
⭐Gastronomia em Amarante
Um grande prazer que Amarante oferece aos visitantes é sua gastronomia. A cozinha amarantina transita do cabrito ao polvo, passando pelo bacalhau, e deságua em uma orgia de doces de gema, como os foguetes de Amarante e os papos de anjo.
A comilança em Amarante está nesses posts:
Muito além do Bacalhau: o que comer - e onde comer - em Portugal
Doces portugueses: tentações com origem divina
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Passeio de pedalinho pelo Rio Tâmega, um jeito gostoso de ver a cidade |
Os arredores de Amarante são muito verdes e marcados pelas grandes elevações da Serra do Marrão.
Eu tive o “prazer” de me perder pelas estradinhas feitas para cabritos e ovelhas dessa serra, na chegada à cidade.
A paisagem é linda, mas não recomendo a ninguém dirigir à beira do abismo e sem sinal de celular para consultar o Google Maps. Com um bom guia, porém, a Serra do marrão pode ser um passeio bem bacana.
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Claustro principal da Igreja de São Gonçalo |
No Centro Histórico de Amarante, a construção mais notável é a famosa Ponte de São Gonçalo.
Um jeito bem legal de admirar essa ponte medieval é em um passeio de pedalinho pelo Rio Tâmega.
A correnteza do rio é bem forte, mas quem fez mais força nas pedaladas foram meus sobrinhos 😀.
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A Varanda dos Reis na Igreja de São Gonçalo, uma galeria debruçada sobre a praça e o Rio Tâmega |
Ao lado da ponte medieval de Amarante fica a Igreja de São Gonçalo, do Século 16, construída no mesmo lugar da ermida onde viveu o santo.
A igreja é um belo edifício com elementos renascentistas, maneiristas e barrocos.
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A entrada principal da Igreja de São Gonçalo e o altar-mor, adornado pelo baldaquino de fitas de seda usado durante a festa do padroeiro |
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Os altares da Igreja de São Gonçalo são muito requintados. À esquerda, a imagem de Santiago de Compostela |
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A decoração do forro da sacristia |
No interior da igreja, numa capela ao lado do altar, está o túmulo de São Gonçalo, que estava sempre cercado por devotos.
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A decoração do forro da Sacristia da igreja |
Não deixe de ver o lindo claustro principal da Igreja, que se conectava à clausura quando o Convento de São Gonçalo ainda estava em funcionamento.
⭐Museu Amadeo de Souza-Cardoso
O Convento de São Gonçalo, que foi ocupado pelos dominicanos (a ordem à qual pertenceu o santo) fica ao lado da igreja.
Hoje, o prédio do convento abriga o Museu Amadeo de Souza-Cardoso (entrada € 1,50) que exibe artistas amarantinos e foi assim batizado em homenagem ao maior deles, o pintor modernista que se destacou na virada dos séculos 19/20.
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O Museu Amadeo de Souza-Cardoso está instalado no antigo convento dominicano |
Amarante está a 360 km Lisboa pela Rodovia A-1. Do Porto a Amarante, são apenas 60 km pela Rodovia A-4. As duas estradas são pedagiadas e estão em ótimas condições.
A empresa Rodonorte tem ônibus em diversos horários ligando Lisboa (Estação Oriente) a Amarante.
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Fragmento de azulejo no Museu Amadeo de Souza-Cardoso |
Meu sobrinho fez esse trajeto e achou bem confortável. A viagem de ônibus Lisboa-Amarante dura cerca de 5 horas e o bilhete custa € 20,90 para cada trecho.
A mesma empresa faz a rota entre o Porto e Amarante, também em diversos horários. A viagem leva 50 minutos e a passagem custa € 7,90.
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Oi, Cyntia. Tudo bem? :)
ResponderExcluirSeu post foi selecionado para o #linkódromo, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Bóia – Natalie
Oba!!!!
ExcluirÉ sempre bom encontrar artigos de Portugal que fogem aos destinos tradicionais do eixo Porto - Lisboa. Parabéns.
ResponderExcluirObrigada, Filipe. Portugal é um mundo - e merece muito ser descoberto em toda a sua beleza :)
ExcluirJá conheço o Porto, Amarante e o Douro. Após visitar Coimbra e a Serra da Estrela - destinos que não conheço ainda - me sobrarão dois dias e duas noites antes de voltar a Lisboa de carro. Alguma sugestão para os dois dias "livres" ? Grato, Sérgio
ResponderExcluirOi, Sérgio,
ExcluirNo caminho entre Coimbra e Lisboa, dá para fazer alguns desvios interessantes. Por exemplo, para ver os três magníficos mosteiros de Alcobaça, Batalha e Tomar. Ou programar uma noite na fofíssima Aveiro, com seus canais e arquitetura Art-Nouveau. Ou ainda passar um dia adorável em Óbidos, explorando sua muralha e ruas medievais.
Dá uma olhada nas dicas que estão aqui no blog:
Alcobaça - http://www.fragatasurprise.com/search/label/Alcoba%C3%A7a
Batalha - http://www.fragatasurprise.com/search/label/Batalha
Aveiro - http://www.fragatasurprise.com/search/label/Aveiro
Óbidos - http://www.fragatasurprise.com/search/label/%C3%93bidos