A Ponte Nova, sobre o Desfiladeiro do Tajo, é a imagem mais
forte de Ronda |
Arena de Touros de Ronda |
É fácil (e muito desejável) se perder pelas ruas de Ronda |
É claro que eu fui a Ronda para ver cara a cara o Desfiladeiro do Tajo, a imagem mais forte da cidade. Mas descobri que ela tem muito mais atrações.
Tentando ser objetiva, fiz mais uma listinha de visitas bem bacanas na cidade. Dá uma olhada:
O que fazer em Ronda
A Praça de Touros de Ronda é uma das mais tradicionais da
Espanha |
⭐Arena de Touros de Ronda
Calle Virgen de la Paz nº 15
💲 A entrada custa € 6,50.
Camarote Real da Arena de Touros |
A arena é mantida pela Real Maestranza de Caballería de Ronda, uma sociedade com origens no Século 16, semelhante à existente em Sevilha. O berço dessa sociedade foi uma ordem de nobres treinados para combates militares.
A Arena de Touros de Ronda é uma das mais antigas da Espanha. Foi inaugurada no final do Século 18 e ainda está em plena atividade.
Não sou admiradora de touradas (sorry, Papa Hemingway), mas acho importante entender o papel dessa prática na identidade espanhola.
Pedro Romero, orgulhoso, na entrada da Plaza de Toros |
Ronda também é o berço da Família Romero, uma autêntica dinastia de toureiros iniciada por Pedro Romero — nome de praça e homenageado com uma estátua em frente à arena — que foi um pop star do Século 18, ao ponto de ter seu retrato pintado por Goya.
No Século 20, os rondeños Cayetano e Antonio Ordoñez foram as grandes estrelas da arena.
Os dois toureiros, pai e filho, eram amigos do escritor Ernest Hemingway e do cineasta Orson Welles. Foram os Ordoñez que apresentaram Ronda aos dois artistas americanos, o que faz deles os grandes "culpados" pelo amor que ambos os gringos dedicaram à cidade.
Quando o sol cai, no final da tarde, a luz dourada que banha a Plaza de Toros de Ronda é indescritível — e impossível de fotografar com fidelidade.
Na visita à Plaza de Toros também é possível conhecer as cocheiras e a poule de treino da escola de equitação que ainda funciona lá.
A Arena de Touros de Ronda também abriga um Museu Taurino, que é menorzinho que o de Sevilha, mas expressa o orgulho de Ronda por ser berço de uma célebre escola de grandes toureiros.
Olha só essa vitrine!! Tudo delicioso. Os piononos,
meus favoritos, estão na segunda prateleira, de baixo para cima, no canto
direito |
Confitería las Campanas - Plaza del Socorro nº 3
Saindo da Plaza de Toros de Ronda, logo em frente está a Calle (rua) Pedro Romero, uma ruazinha estreita que homenageia o célebre toureiro do Século 18.
A rua tem pouco mais que uma quadra e desemboca na Plaza del Socorro, com a igreja do mesmo nome (reduzida a cinzas durante a Guerra Civil Espanhola e reconstruída na segunda metade do século passado).
No feriado de Reis, a Praça do Socorro tinha footing no
final da tarde, barraquinhas vendendo petiscos e, claro, doces de gema |
A grande atração da Praça do Socorro é a Confitería las Campanas – Yemas del Tajo, uma confeitaria especializada nos famosos doces de gema de Ronda.
Confesso que fiquei viciada na primeira mordida (e qualquer coisa era desculpa para voltar lá).
Jardim do Palácio do Rei Mouro |
⭐ O Palácio do Rei Mouro e a descida à mina de Ronda
Cuesta de Santo Domingo. Entrada €6
Atravessando Puente Nuevo na direção Sul (coisa que eu sempre levava duas horas para fazer: apesar de a ponte ter cerca de 100 metros, não conseguia parar de olhar para o o abismo do Tajo), a gente entra na parte mais antiga de Ronda, cheia de palácios encantadores, pracinhas escondidas e ruas estreitas.
O Palácio do Rei Mouro está debruçado sobre o Desfiladeiro
do Tajo |
Ninguém sabe ao certo porque esse palácio tem esse nome. Uma das explicações seria a pintura que adorna uma de suas portas, retratando um mouro finamente vestido e com cara de rei 😊.
O “Palácio do Rei Mouro” jamais foi moradia de qualquer
monarca ou governante |
Na fachada do palácio, a imagem de um "rei mouro" (no
alto) pode ter dado o nome ao casarão. Acima, uma fonte moura vizinha à
construção |
Essa visita vale muito a pena, pois são jardins belíssimos, cheios de pequenos recantos quase mágicos — e têm uma vista espetacular para Ronda e para o Desfiladeiro do Tajo.
Mas a parte mais trepidante da visita ao Palácio do Rei Mouro é a descida à mina d'água árabe.
Os jardins do Palácio Rei Mouro são do início do Século 20 e
recriam o paisagismo tradicional árabe |
A mina é uma plácida "piscina" formada pelas águas do Rio Guadalevín, 100 metros abaixo do Palácio do rei Mouro, na base do Desfiladeiro do Tajo.
Para chegar lá, é preciso descer cerca de 250 degraus (eu até tentei contar, mas estava mais concentrada em não escorregar nem tropeçar no caminho, rsss) escavados pelos árabes na rocha nua.
Ronda vista dos jardins do Palácio do Rei Mouro. No cantinho
inferior direito está Puente Viejo, a ponte mais antiga da cidade ligando as
duas margens do Desfiladeiro do Tajo |
Lááááááá no fundo está a mina d'água |
A escadaria que leva à mina foi construída no Século 14 |
A descida à mina exige joelhos em dia (pense no caminho de volta, escada acima...), mas é um programa tão sessão da tarde que não dá para resistir.
A escadaria vai se enroscando no coração da rocha, às vezes bem escorregadia, por causa da infiltração de água.
Em alguns pontos da longa escada, pequenas câmaras, também escavadas na pedra, serviam de arsenal e de salas de guardas.
Lá em baixo, além da vista impressionante do desfiladeiro, cujas paredes dão a impressão de chegar ao céu, o melhor é o silêncio.
Igreja de Santa Maria la Mayor de Ronda |
No coração da parte mais antiga de Ronda, a Praça Duquesa de Parcent é perfeita para aquela paradinha estratégica, quando tudo o que a gente quer é um banquinho e o silêncio, em um cenário de encanto.
A Praça Duquesa de Parcent ocupa o centro da antiga medina
árabe de Ronda. La estão os conventos de La Caridad (centro) e de Santa Isabel
(acima) |
A praça é sombreada por árvores frondosas e aconchegada entre as lindas fachadas dos conventos de La Caridad e de Santa Isabel de los Ángeles e o esplendor da Igreja de Santa Maria La Mayor.
O que vemos hoje na Praça Duquesa de Parcent é a versão da Reconquista Cristã para a antiga medina árabe, com os edifícios católicos substituindo importantes construções mouras.
Quando tudo o que a gente quer na vida é um banquinho à sombra e o reconfortante silêncio... |
⭐Igreja de Santa Maria la Mayor
Visitas de segunda a sábado, das 10h às 12:30h e das 14h às 19h.
Entrada: €4
Essa é a igreja mais importante de Ronda. Santa Maria la Mayor está construída sobre os restos de uma mesquita.
O início da obra é do Século 15, período de grande fervor da Reconquista cristã, no reinado dos Reis Católicos. A igreja, porém só foi inaugurada 200 anos depois.
O detalhe mais curioso da Igreja de Santa Maria la Mayor são os dois andares de galerias da fachada principal, como uma loggia, sobre a arcada do térreo.
A construção da Igreja de Santa Maria La Mayor foi iniciada
em pleno fervor da Reconquista cristã, mas só foi concluída 200 anos depois |
A função dessa galeria era permitir que os reis assistissem "de camarote" a procissões e outras celebrações religiosas realizadas na Praça Duquesa de Parcent sem precisarem estar no meio do povo.
Logo na entrada, na sala onde funciona a bilheteria, preste atenção ao antigo mihab (nicho que indicava a direção de Meca), um dos elementos mouros que sobreviveram da velha mesquita sobre a qual foi construída a igreja.
Gelosias, balcões, azulejos e vasos de flores ressaltam a encantadora arquitetura de Ronda, uma cidade onde a beleza não é monopólio dos palácios |
Mas a beleza, em Ronda, não é monopólio do alto pedigree. O casario anônimo da cidade também é belíssimo e se constitui numa companhia apaixonante em qualquer caminhada.
Olha o charme dessas "gaiolinhas" que protegem as
sacadas de Ronda, sempre arrematadas por uma espécie de coroa no topo |
Como toda cidade linda que se preze, Ronda tem suas marcas únicas, aquele "sinalzinho" só dela, adornando suas fachadas.
No caso, é um tipo de gradeado bem característico que serve de balaustrada às sacadas, sempre arrematado por uma espécie de "coroa" no topo.
E tudo ganha um arzinho mais especial com o capricho dos moradores, que sempre têm vasinhos de flores dando um toque de cor às suas fachadas, mesmo no frio de janeiro.
Madri
Andaluzia: Cádis, Córdoba, Granada, Ronda e Sevilha
Castela e La Mancha: Toledo
Castela e Leão: SegóviaCatalunha: Barcelona, Girona e Tarragona
Comunidade Valenciana: Valência
Galícia: Santiago de Compostela, Caminho de Santiago e cidades da rota
A Europa na Fragata Surprise
Belo, belíssimo!
ResponderExcluirValeu, Moa :)
ExcluirNossa !!!! Estou encantado com o seu post. Voce escreve muito bem, com muita leveza e paixão . As fotos são lindas. Parabéns . Estou indo pra Ronda em maio/2016 e seu post me ajudou bastante, li coisas que não havia lido em outros post. Continue viajando e escrevendo assim. Um abraço.Moadia.
ResponderExcluirObrigada, Moadia :)
ExcluirRonda em maio deve ficar linda. Aproveite muito sua estada por lá. É uma cidade de sonho. Fico feliz que a Fragata tenha ajudado no seu planejamento de viagem.
Abs
Que bom!!
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