A Ribeira vista de Vila Nova de Gaia - nem corações de pedra escapam da paixão pelo Porto |
Cidade do Porto, a “capital” do Norte português, a bela (muito bela!) que se eleva sobre uma barranca do Rio Douro e que sempre me deixa sem palavras diante de sua majestade. Sou completamente encantada pelo Porto e aposto que nem o mais empedernido coração de pedra consegue passar imune a seus encantos.
É uma tentação ficar parada diante da paisagem que você vê na foto acima (clicada no cais de Vila Nova de Gaia), mas tem tanto o que fazer no Porto, e é tudo tão bonito, que eu até consigo desgrudar o olhar e passear pela cidade.
Os telhados do Porto e a Vila Nova de Gaia (do outro lado do Rio Douro) vistos do topo da Torre dos Clérigos |
O Porto batizou Portugal, a partir do nome que herdou dos romanos, Portus Cale. A cidade nasceu bem ali, no Cais da Ribeira — aquela paisagem difícil de desgrudar os olhos. Depois foi subindo a encosta, pelo Morro da Sé, até virar esse conjunto magnífico.
O Cais da Ribeira e a Ponte Luís I |
Prefere História? Que tal alguns dos cenários mais importantes nas memórias das grandes navegações?
O Porto merece pelo menos uma vida. Se o seu estoque de encarnações estiver curto, porém, sugiro que você reserve pelo menos quatro dias para a cidade e aproveite os passeios e atrações que eu organizei neste post — mas não garanto que você vá conseguir ir embora, tá?
O que fazer no Porto
O casario da Ribeira não faz a menor questão de ser engomadinho — e é maravilhoso |
⭐ Cais da Ribeira
Pra mim, qualquer visita ao Porto tem que começar e terminar no cais da Ribeira. No mundo que eu conheço, é raro ver um lugar tão bonito.
Ponte Luís I e Vila Nova de Gaia, do outro lado do rio. Lá no alto, o Mosteiro do Pilar |
A Ribeira tem tudo que a gente procura numa atração turística: a animação de bares e restaurantes, a vista estonteante — a gente não sabe se olha para a Ponte D. Luís, para Vila Nova de Gaia, do outro lado, para o casario antigo...
O emaranhado de casas muito antigas à beira do Rio Douro não faz o menos esforço para ser cenográfico — na Ribeira, você vai ver pinturas descascadas, painéis de azulejos banguelas e muita roupa nos varais. E que beleza arrebatadora emana desse conjunto!
Os rabelos, típicos do Douro, transportavam vinho. Agora, levam turistas |
E foram exatamente os helenos que começaram a povoar esse pedacinho da margem do Rio Douro. Mas quem colocou a Ribeira no mapa, definitivamente, foram os romanos, que tinham ali um porto desde o Século 2 a.C.
O Postigo do Carvão, uma das entradas na muralha da cidade |
Gregos e romanos usaram a Ribeira para abrigar suas embarcações e a área jamais perdeu a vocação.
Se hoje já não atracam lá os rabelos carregados de vinho trazido das regiões Douro acima, o lugar ainda fervilha com as bandeirolas dos barcos destinados aos turistas — os mesmos turistas que, antes ou depois dos passeios pelo rio, lotam as mesas dos bares e restaurantes à beira do cais.
A estátua do Infante D. Henrique, nascido na cidade e personagem fundamental das grandes navegações |
Cada pedacinho da Ribeira tem uma história pra contar. Não deixe de ver a Casa do Infante construção medieval onde teria nascido D. Henrique, o Navegador (em 1394), a Igreja de São Nicolau, e as Alminhas da Ponte, oratório dedicado à vítimas da invasão napoleônica, em 1809.
Sente, relaxe e deixe a cidade desfilar pra você |
Caminhando ao longo do Cais da Ribeira, você vai ver que é farta a oferta de passeios de barco partindo dali mesmo, nos mais diversos horários.
Não resista, porque é o complemento perfeito: ver a cidade enquanto desliza tranquilamente pelas águas do Douro (as cidades, porque Gaia também faz parte do apelo) é uma das grandes alegrias de qualquer estadia no Porto.
Há vários tipos de passeios de barco partindo do Porto e de Gaia — sem contar os cruzeiros que sobem o Douro e podem durar até uma semana.
A oferta de passeios de barco no Rio Douro é inesgotável e os preços compensam. Não perca essa atração |
O mais famoso é o Cruzeiro das Seis Pontes, com duração de cerca de uma hora. Ele parte da Ribeira e passa sob as pontes Luís I (a lindona mais famosa), Maria Pia, São João, da Arrábida (a minha favorita depois da lindona, com sua arquitetura futurista/anos 60), do Freixo e do Infante e vai até pertinho da Foz do Rio Douro.
Esse passeio de barco custa entre € 10 e € 12, dependendo da empresa, e é oferecido apenas durante o dia. É muito legal ver o Porto e Gaia desfilando seus encantos nas duas margens.
Já fiz o Cruzeiro das Seis Pontes no inverno (agasalhe-se bem, porque o ventinho é cruel) e no verão. É mesmo uma atração para o ano inteiro e não dá pra perder.
O Mercado do Bolhão: bom lugar para petiscar |
Inaugurado em 1914 no local onde tradicionalmente funcionava uma feira livre, o edifício do Mercado do Bolhão era bem arrojado para seu tempo, conjugando as clássicas estruturas metálicas da Belle Époque com o recentíssimo concreto armado.
Mas você não vai ao bolhão só para ver a arquitetura, vai para beliscar frutas frescas e secas, queijinhos vários e frios de todos os cantos de Portugal — tudo isso com uma taça de vinho do porto, ou várias.
Tem um post detalhadinho sobre esse passeio delicioso: Mercado do Bolhão, para viajar com os cinco sentidos.
O Porto visto do alto da Torre dos Clérigos |
Vista do alto da Torre dos Clérigos, com o telhado da igreja em primeiro plano. À direita, a torre cercada pelo burburinho do Porto |
Rua de São Filipe de Nery. Visitação: diariamente, das 9h às 19. O ingresso custa € 3. Há visitas especiais à torre, noturnas, das 19h às 23h, em alguns dias de dezembro e janeiro. Informe-se no site.
A Torre dos Clérigos oferece 360 graus de vista magnífica para o Porto e é uma atração bem famosa da cidade.
Mas recomendo vivamente que antes de testar o fôlego e as panturrilhas na escadinha inclemente que leva até o topo desse mirante, você pare para ver a bela igreja barroca que, pra muita gente, fica como coadjuvante desse passeio.
A bela fachada da Igreja dos Clérigos, com entalhes na pedra, é enriquecida pela escadaria dupla que da acesso ao adro e se entrecruza num desenho elegante.
Situada no topo de uma ladeira bem portuense (que é o eufemismo para “muito íngreme”) a Igreja dos Clérigos parece pairar acima do movimento intenso de carros e pedestres ao redor.
O interior do templo também é belíssimo, já com elementos rococó característicos do Século 18.
Convertida no mirante mais famoso do Porto, a Torre dos Clérigos é o campanário da igreja — os sinos ainda estão lá.
A Torre dos Clérigos tem 75 metros de altura e seu exterior em granito recoberto de entalhes é um dos cartões postais mais famosos da cidade.
Para chegar ao topo da Torre dos Clérigos é preciso encarar 240 degraus numa espiral estreita. O fôlego vai reclamar, mas a vista lá do alto recompensará a penitência.
A Torre dos Clérigos oferece 360 graus de vista magnífica para o Porto e é uma atração bem famosa da cidade.
A ladeira que leva à Igreja dos Clérigos é íngreme — mas nada comparável aos 240 degraus da torre |
A bela fachada da Igreja dos Clérigos, com entalhes na pedra, é enriquecida pela escadaria dupla que da acesso ao adro e se entrecruza num desenho elegante.
Não deixe de ver o interior da Igreja dos Clérigos, considerada um dos melhores exemplos do Barroco no Porto |
Situada no topo de uma ladeira bem portuense (que é o eufemismo para “muito íngreme”) a Igreja dos Clérigos parece pairar acima do movimento intenso de carros e pedestres ao redor.
O interior do templo também é belíssimo, já com elementos rococó característicos do Século 18.
A Torre dos Clérigos vista do Jardim da Cordoaria e a elegante escadaria da Igreja dos Clérigos |
A Praça de Lisboa e edifícios da Universidade do Porto vistos do alto da Torre dos Clérigos |
A Torre dos Clérigos tem 75 metros de altura e seu exterior em granito recoberto de entalhes é um dos cartões postais mais famosos da cidade.
Para chegar ao topo da Torre dos Clérigos é preciso encarar 240 degraus numa espiral estreita. O fôlego vai reclamar, mas a vista lá do alto recompensará a penitência.
Livraria Lello: sempre na lista das mais bonitas do mundo |
Essa preciosidade inaugurada em 1906 acabou de passar por uma reforma que a deixou tinindo — eu nem tive a chance de fotografar a famosa fachada da Livraria Lello & Irmãos, que ainda estava coberta de tapumes em junho, quando passei pelo Porto.
A Livraria Lello é presença cativa em todas as listas de livrarias mais bonitas do mundo por conta de seu interior meio gótico, meio Arte Nova, uma autêntica catedral dos livros.
Ela ganhou um post aqui na Fragata (junto com a Bertrand de Lisboa, que é a livraria mais antiga do mundo ainda em funcionamento) e lá tem todos os detalhes pra você organizar sua visita. Dá uma olhada: Lello e Bertrand, duas livrarias portuguesas que merecem entrar em seu roteiro.
Encantos do Porto. Abaixo, à direita, a Igreja de São Nicolau |
⭐As fachadas do Porto - Azulejos e Arte Nova
Subir e descer ladeiras jamais será tão agradável quanto no Porto. A região da Baixa deve ter a maior concentração de azulejos do planeta e é simplesmente impossível não parar para fotografar cada um dos velhos casarões com seus balcões de ferro e suas fachadas azulejadas nos mais diversos padrões.
Nem preciso dar endereços: é só descer a Avenida dos Aliados e começar a entrar pelas transversais. Você mesma faz seu mapa.
Pra mim, é uma perdição: quaisquer 200 metros de caminhada no Centro Histórico do Porto viram um passeio de longo, feito para namorar detalhes.
E pensar que toda essa beleza tem um objetivo bem funcional. O revestimento de azulejos serve para proteger as fachadas da umidade, devida à proximidade do Rio Douro. Santa funcionalidade, Batman! O resultado é uma maravilha.
Azulejo, naturalmente, remete a azul, que era originalmente a cor aplicada aos padrões e desenhos da cerâmica feita em Portugal.
A tradição moura e mudéjar na Espanha já trabalhava muitas outras cores nessas peças de cerâmica, desde a Idade Média.
O Porto é o paraíso dos azulejos castiços, sempre em azul e branco. Mas também tem espaço para exemplares mais, digamos, heterodoxos e multicores.
Aproveite que você está batendo pernas pelo Porto e aprecie também alguns exemplares relevantes da Arte Nova (a Art Nouveau portuguesa).
Embora o Porto não conte com muitos edifícios nesse estilo (como Aveiro, por exemplo), a cidade tem alguns dos mais bonitos de Portugal, como o célebre Café Majestic, na Rua de Santa Catarina.
Outra área bacana para ver Arte Nova é a Rua das Carmelitas (onde fica a Livraria Lello) e vizinhança.
⭐ Foz do Douro
A primeira vez que eu vi a Foz do Douro era inverno e o Atlântico não estava para brincadeiras: ondas gigantescas batiam na praia com uma fúria que chegava a intimidar — se eu fosse o rio, não encarava desaguar naquele mar, não 😀.
Mas a cena era muito bonita, perfeita para entender como o “Mar Oceano” dos portugueses — que pra nós, do lado de cá, é quase sempre um delicioso playground — gerou tantas lendas e temores.
Acho que só isso já vale o passeio à Foz do Douro, uma região chique onde os casarões centenários, alguns verdadeiros solares, ainda competem com os edifícios de muitos andares e onde o astral tem sempre cara de domingo.
No verão, o calçadão da Foz do Douro rende um passeio gostoso, com sua aura de promenade de balneário dos anos 50, velhos fortes que defenderam a Cidade do Porto em épocas mais turbulentas e pequenos faróis sobre os quebra-mares.
Depois de caminhar à beira-mar nesse cenário bem mais contemporâneo, aproveite a profusão de bares e restaurantes para uma bem merecida pausa com vinho e a boa mesa portuguesa. Eu tive um almoço memorável na Foz do Douro, no Restaurante Cafeína. As dicas estão neste post: Porto – dicas práticas.
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Porto: café com estilo no Majestic e Guarany
Subir e descer ladeiras jamais será tão agradável quanto no Porto. A região da Baixa deve ter a maior concentração de azulejos do planeta e é simplesmente impossível não parar para fotografar cada um dos velhos casarões com seus balcões de ferro e suas fachadas azulejadas nos mais diversos padrões.
Nem preciso dar endereços: é só descer a Avenida dos Aliados e começar a entrar pelas transversais. Você mesma faz seu mapa.
A região do Mercado do Bolhão é uma festa de azulejos. Na foto, a Capela das Almas, quase em frente ao mercado |
E pensar que toda essa beleza tem um objetivo bem funcional. O revestimento de azulejos serve para proteger as fachadas da umidade, devida à proximidade do Rio Douro. Santa funcionalidade, Batman! O resultado é uma maravilha.
Azulejo, naturalmente, remete a azul, que era originalmente a cor aplicada aos padrões e desenhos da cerâmica feita em Portugal.
A tradição moura e mudéjar na Espanha já trabalhava muitas outras cores nessas peças de cerâmica, desde a Idade Média.
O Porto é o paraíso dos azulejos castiços, sempre em azul e branco. Mas também tem espaço para exemplares mais, digamos, heterodoxos e multicores.
Uma loja e uma marquise (abaixo) com claro sotaque da Arte Nova, na Rua das Carmelitas |
Aproveite que você está batendo pernas pelo Porto e aprecie também alguns exemplares relevantes da Arte Nova (a Art Nouveau portuguesa).
Embora o Porto não conte com muitos edifícios nesse estilo (como Aveiro, por exemplo), a cidade tem alguns dos mais bonitos de Portugal, como o célebre Café Majestic, na Rua de Santa Catarina.
Outra área bacana para ver Arte Nova é a Rua das Carmelitas (onde fica a Livraria Lello) e vizinhança.
A Foz do Douro: no verão, o Atlântico está menos furioso. Abaixo, um dos fortes que controlavam as embarcações que subiam o rio |
A primeira vez que eu vi a Foz do Douro era inverno e o Atlântico não estava para brincadeiras: ondas gigantescas batiam na praia com uma fúria que chegava a intimidar — se eu fosse o rio, não encarava desaguar naquele mar, não 😀.
Mas a cena era muito bonita, perfeita para entender como o “Mar Oceano” dos portugueses — que pra nós, do lado de cá, é quase sempre um delicioso playground — gerou tantas lendas e temores.
Acho que só isso já vale o passeio à Foz do Douro, uma região chique onde os casarões centenários, alguns verdadeiros solares, ainda competem com os edifícios de muitos andares e onde o astral tem sempre cara de domingo.
No verão, o calçadão da Foz do Douro rende um passeio gostoso, com sua aura de promenade de balneário dos anos 50, velhos fortes que defenderam a Cidade do Porto em épocas mais turbulentas e pequenos faróis sobre os quebra-mares.
Depois de caminhar à beira-mar nesse cenário bem mais contemporâneo, aproveite a profusão de bares e restaurantes para uma bem merecida pausa com vinho e a boa mesa portuguesa. Eu tive um almoço memorável na Foz do Douro, no Restaurante Cafeína. As dicas estão neste post: Porto – dicas práticas.
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