Foi uma campanha publicitária que apelidou Nova Orleans de The Big Easy (algo como “o grande relax").
A ideia era criar um contraponto com a frenética Big Apple (Nova York), provavelmente a única cidade dos Estados Unidos capaz de rivalizar com a Dama do Mississipi no conjunto locações-roteiro-enredo.
A Catedral de Nova Orleans fica na Jackson Square, coração do histórico French Quarter |
A arquitetura típica de Nova Orleans é uma delícia visual |
E easy é bem a cara de Nova Orleans. Basta chegar e começar a rir à toa, resultado do astral inigualável da cidade.
Em tons expressionistas, o pintor Noel Rockmore dedicou duas
décadas a registrar cenas do Jazz em sua obra. Esta tela, da série Preservation
Hall, está no acervo do New Orleans Jazz Museum |
Dizer que a música está por toda parte em NOla (outro apelido da cidade) parece clichezão brabo. Mas, felizmente, é a pura verdade.
Onde ouvir música em Nova Orleans - Jazz e outras maravilhas
Os casarões coloniais de Nova Orleans são famosos por seus balcões
e galerias. A diferença? Os balcões não são sustentados por colunas |
E a farra só para no meio da madrugada, depois da ronda pelos bares de Frenchmen Street e Bourbon Street.
A única coisa não-easy em Nova Orleans é conseguir ir embora. Ainda bem que dá pra voltar.
Bom, agora vamos à lista do que fazer em Nova Orleans. Tem um mapa no final do post:
O que fazer em nova Orleans
Dicas de Nova Orleans - informações práticas para seu planejamento de viagem
Dicas de transporte em Nova Orleans - como chegar e como circular pela cidade
⭐A arquitetura de Nova Orleans
Colorida, generosa nos detalhes, solar... Adjetivos não faltam, mas um deles é bom ter em mente antes de começar a explorar as ruas da cidade: a arquitetura de Nova Orleans é bastante diversa, refletindo a variedade de culturas que contribuíram para a amálgama deliciosa que é The Big Easy.
Os balcões do bairro francês foram herdados dos espanhóis |
As portas/janela são um elemento característicos das
casas creole |
Um charme a mais de Nova Orleans: os carvalhos centenários
que sombreiam e refrescam as ruas do French Quarter e do Faubourg Marigny |
Dois vastos incêndios ocorridos nesse período destruíram praticamente tudo que os franceses haviam erguido na cidade.
E espanhóis, vocês sabem, adoram varandas e sacadas. O resultado é que a marca arquitetônica mais famosa de Nova Orleans, os balcões de ferro que adornam suas fachadas históricas, são uma herança ibérica.
Um parêntese para aquela informação de almanaque que você vai ouvir muito em Nova Orleans: chama-se balcão (balcony) a sacada sem suporte de colunas. Quando há colunas sustentando a estrutura, o termo correto é galeria (gallery) — em Bolonha, diriam pórtico, mas essa é outra história e outra latitude 😊.
Em seu primeiro século de vida (o 18), o French Quarter era o queridinho das famílias elegantes, fossem elas de origem creole (descendentes de franceses) ou espanhola.
No Século 19, porém, a área começou a ser abandonada pelos mais abastados, que se deslocaram mais ao norte da cidade fugindo das cheias do Mississipi.
Apeado de sua aura elitista, o French Quarter passou a atrair também os artistas, boêmios, jazzistas e outros “alternativos” que acabaram fazendo a fama da área.
⭐Museu do Jazz de Nova Orleans
New Orleans Jazz Museum
400 Esplanade Avenue, French Quarter
De terça a domingo, das 10h às 16:30h
Ingresso: US$6
O Museu do Jazz de Nova Orleans está instalado em um edifício cheio de história. O Old Mint foi uma das sedes da Casa da Moeda Americana, no Século 19.
Antes disso, era lá que estava o Forte Charles, usado por franceses e espanhóis para controlar o fluxo de embarcações no Rio Mississipi.
Uma locação de responsa para falar do maior patrimônio de Nova Orleans, o Jazz, nascido na cidade e hoje amado em todos os cantos do planeta.
O Museu do Jazz é bem movimentado. Promove concertos, palestras, aulas e oficinas.
Uma sessão do New Orleans Jazz Museum destaca as mulheres
instrumentistas, como a violoncelista Helen Gillet e a trombonista Katia
Tolvola |
A estrela dessas exibições é sempre a música. Vá com tempo pra escutar as gravações, porque essa é a maior graça do Museu do Jazz.
Você vai descobrir jazzistas fantásticos. Eu por exemplo, delirei com a música do Professor Longhair, um pianista endiabrado, homenageado em seu centenário de nascimento.
Este cara é o máximo: Professor Longhair, um pianista
endiabrado. Além de ver seu piano, é possível ouvir vários de seus sucessos no
museu — e eu me acabei de dançar |
Olha só Robert Plant (do Zeppelin) tietando o Professor |
É possível que você faça pouquíssimas fotos nessa visita, mas, se gostar de música, vai sair de lá com a alma no trigésimo andar.
Há um passe que dá direito a visitar todos os museus estaduais da Luisiana em Nova Orleans (Museu do Jazz de Nova Orleans, o Cabildo, o Presbitério, 1850 House e o Madame John's Legacy). Custa US$ 17,50.
Jackson Square, o centro da Nova Orleans colonial. À
direita, a estátua equestre de Andrew Jackson. Ao fundo, a Catedral de São Luís
e o Presbitério |
⭐Jackson Square
Mas, ao contrário da inspiradora francesa, destinada a jogos e torneios da realeza, Jackson Square nasceu como Place d’Armes, centro político de Nova Orleans, abrigando os edifícios do governo da colônia.
Diversas placas identificam a origem espanhola de monumentos e logradouros de Nova Orleans. Jackson Square já foi a Plaza de Armas |
O Cabildo de Nova Orleans e as torres da Catedral emoldurando a Jackson Square |
Jackson Square é bem sossegada e contrasta com o burburinho do Frenche Quarter, ao redor. O edifício marrom ao fundo é um dos Pontalba Buildings |
No meio da muvuca do French Quarter, Jackson Square é guardada por uma cerca de ferro, cortada por alamedas e pródiga em banquinhos à sombra: um oásis dos mais fotogênicos.
A harmonia visual é devida, principalmente, aos idênticos Pontalba Buildings, um de cada lado da praça, e os também gêmeos Cabildo e Presbitério, dispostos dos dois lados da catedral.
Se você gosta de passear de charrete, corra para a Jackson
Square. Ao fundo, o acesso ao Moon Walk, calçadão sobre o dique que protege o
French Quarter dos humores do Rio Mississipi |
No centro da praça está a estátua equestre do General Andrew Jackson, que comandou as forças estadunidenses na Batalha de Nova Orleans (1815), na chamada “segunda guerra de Independência” contra a Inglaterra.
⭐Pontalba Buildings e 1850 House
Jackson Square. Um dos edifícios fica na Saint Anne Street, o outro, na Saint Peter Street
Ah, e por falar em Place des Vosges, você fica se perguntando onde estão os edifícios em perfeita simetria ao longo dos quatro lados da praça, definindo seus limites.
Os Pontalba Buildings foram construídos em dois lados da
Jackson Square |
Os Pontalba Buildings foram construídos em 1840, abrigando um misto de comércio (lojas e restaurantes no térreo) e moradias.
Detalhe da fachada do Pontalba Building |
Um dos Pontalba Buildings e, à direita, o Cabildo de Nova Orleans |
Organizada para recriar o cotidiano de um lar da Nova Orleans elegante, a 1850 House exibe mobiliário, pratarias, porcelanas e utensílios do dia a dia.
O interior da Catedral de São Luís |
⭐Catedral de São Luís
Aberta diariamente das 8:30h às 16h (missa diária ao meio-dia).
Visita gratuita. Na entrada é possível comprar um pequeno guia da catedral por US$ 1.
Com fama de ser assombrada pelas almas de padres, a Catedral-Basílica de São Luís, Rei da França (esse é o nome completo) é a mais antiga catedral católica dos EUA e a construção que mais se destaca no conjunto histórico da Jackson Square.
Quem conhece as belas igrejas coloniais das Américas portuguesa e espanhola não chega a se impressionar com a Catedral de Nova Orleans — pra mim, sua grande “façanha estética” é compor tão bem o belo quadro da Jackson Square.
A origem da Catedral de São Luís, como o nome já entrega, é francesa.
A Catedral e o Presbitério |
Ela foi um dos primeiros edifícios erguidos pelos colonizadores franceses ao fundarem a cidade, em 1718. Sua primeira versão foi um edifício simples, de madeira, logo substituído por uma construção em pedra e alvenaria, em 1725.
Já sob o governo o espanhol, essa igreja inicial foi destruída pelo grande incêndio de Nova Orleans, em 1788. Foi a senha para a construção de um edifício mais majestático, mas sem os encantos barrocos que vemos em outras cidades coloniais das Américas.
A catedral espanhola é a base do edifício que vemos hoje — com várias alterações feitas em reformas posteriores.
|
De terça a domingo, das 10h às 14:30
Entrada US$ 6 (ou o passe dos museus estaduais)
Também no Cabildo, em 1803, foi formalizada a compra da Luisiana pelos Estados Unidos — os norte-americanos pagaram US$ 15 milhões à França pelo território de 135 milhões de quilômetros quadrados na mais famosa transação imobiliária da História.
A charmosa arquitetura de Nova Orleans está bem explicadinha no Museu do Cabildo |
O acervo do museu também destaca a rica cultura da cidade, as diversas heranças culturais que forjaram a alma de The Big Easy, com ênfase no Jazz e no Mardi Gras, seu famoso Carnaval.
A Catedral de São Luís cercada pelos "gêmeos": à
esquerda, o Cabildo, à direita, o Presbitério |
⭐Presbitério (Presbytère)
De terça a domingo, das 10 às 16:30h
Entrada US$ 6 (ou o passe dos museus estaduais)
O edifício “gêmeo” do Cabildo teve como função original servir de moradia ao frades capuchinhos cuja ordem administrava a Catedral de São Luís.
O Presbitério, porém, acabou convertido na sede do Tribunal de Nova Orleans, em meados no Século 19.
O Museu do Presbitério abriga uma exposição sobre o Mardi Gras onde o visitante pode experimentar um pouco do clima do Carnaval de Nova Orleans e ouvir gravações de bandas de Jazz que animam a festa.
Outra mostra abrigada no Presbitério relata o impacto do Furacão Katrina sobre Nova Orleans e os esforços da cidade em sua reconstrução.
O Misi-ziibi (“Grande Rio”, no idioma do povo Ojibwe) faz parte da alma de Nova Orleans, funcionando como o grande portal que conectou a cidade com o mundo, no vai e vem das mercadorias que movimentavam seu porto e trazia gente dos diversos cantos do mundo para ajudar a forjar a identidade da cidade.
Quando eu era criança, o Rio Mississipi era o playground onde os amigos Tom Sawyer e Huckleberry Finn viviam suas aventuras, nas páginas do escritor Mark Twain.
Depois que eu cresci e aprendi a gostar de Blues, a intimidade com o rio só aumentou — qualquer playlist com músicas citando o Mississipi resulta quilométrica.
Depois de mais de meio século de convívio literário e musical, ver o mighty Mississippi cara a cara foi emocionante.
O barco a vapor Natchez faz passeios turísticos pelo Rio
Mississipi |
O Moon Walk é o resultado da elevação de um dique que protege o French Quarter das cheias do Mississipi — antes dessa construção, era possível ver o Rio desde a Jackson Square. No alto dessa barreira, o calçadão é um super camarote para o rio.
➡️ Se quiser juntar dois ícones de Nova Orleans em um único passeio, pegue o streetcar (bondinho) na Estação French Market (linhas Vermelha ou Verde Clara) para percorrer os trilhos à beira do Mississipi.
O Rio Mississipi envolto pela bruma, fotografado do dique em frente à Oak Alley Plantation, em Vacherie, a 80 km de Nova Orleans |
Já conhece a história da linha de streetcars que inspirou Tennessee Williams? Nova Orleans e o Bonde chamado Desejo
➡️ Os passeios de barco no Mississipi são bastante populares em Nova Orleans (mas, segundo apurei, não valem o que custam).
O barco turístico mais famoso é o Steamboat Natchez, uma réplica dos legendários barcos a vapor que navegavam o Grande Rio no Século 19.
Há diversas modalidades de cruzeiros no Steamboat Natchez, com refeições ou sem, geralmente com uma banda tocando Traditional Jazz para animar os passageiros. Os preços começam em US$ 34.
O Steamboat Natchez zarpa do píer na altura do Farol da Toulouse Street (veja o mapa abaixo), onde funciona a bilheteria.
O French Market está sempre movimentado e tem música ao vivo
até na hora do café da manhã |
Hoje, o local reúne barracas de roupas, artesanato, quinquilharias e, principalmente, muita comida (sobre o capítulo gastronômico falei aqui neste post > Restaurantes em Nova Orleans - onde comer e o que comer no berço do Jazz. Mas já adianto que testei e aprovei).
Uma antiga fonte no French Market e a estátua de Joana
D'Arc, a "Donzela de Orleans", que também fica na área do mercado |
O Faubourg Marigny é um caçula bem comportando |
O resultado desse encontro é uma arquitetura muitíssimo sedutora, onde convivem as mansões dos ricos e as típicas habitações creole, com suas famosas quatro portas-janelas na fachada e muitas cores.
Os casarões são lindos, mas o verdadeiro charme do Faubourg Marigny são as as brejeiríssimas creole cottages |
O Garden District também é cheio de casarões imponentes. O
bairro foi onde se estabeleceram as famílias norte-americanas depois da compra
da Luisiana pelos EUA |
O acervo arquitetônico do Garden District é impressionante, o mais preservado conjunto de mansões em estilo sulista dos EUA e belos jardins. Ótimo lugar para um passeio a pé em Nova Orleans.
O Garden District tem o mais preservado conjunto de mansões
sulistas dos EUA |
Entre o bairro francês e o bairro norte-americano fica a zona neutra, que hoje é o Central Business District. Era lá que as duas comunidades — e suas desconfianças — se encontravam para tratar de comércio e de decisões políticas e administrativas.
O melhor jeito de chegar ao Garden District é de streetcar. Pegue o bondinho na Canal Street (a rua de comércio que funciona como uma “5ª Avenida de NOla”, na zona neutra).
Fiz um "passeio guiado" muito bacana pelo Garden
District seguindo as informações de um site |
Ainda a bordo do streetcar, quando começar a percorrer a Saint Charles Avenue, você vai ver a mudança de sotaque na arquitetura e nas cores dos imponentes casarões, com o branco e os tons pastéis predominando nas fachadas.
O tour pelo Cemitério Lafayette é um dos passeios mais procurados no Garden District (eu dei uma voltinha entre os túmulos olhando as capelas e esculturas, mas arte tumular não é minha praia, mesmo).
O melhor jeito de chegar ao Garden District é de bondinho |
Achei bem mais legal seguir um roteiro que achei na internet, indicando as construções mais significativas do bairro (com explicações históricas e sobre o estilo das mansões). Se quiser fazer esse passeio (eu recomendo) tá aqui o link: Self Guided Garden District Tour
Escultura na entrada do Louis Armstrong Park |
Louis Armstrong, o Satchmo, imortalizado no parque |
Teatro Mahalia Jackson no Parque Louis Armstrong: que linda
é a cidade que reconhece seus grandes artistas |
Eu fiz esses dois passeios e ia falar deles aqui, mas este post já está enorme 😀.
Dá uma olhada aqui > Passeio de barco pelos pântanos próximos a Nova Orleans
e Visita às plantations próximas a Nova Orleans
➡️ Meu roteiro musical nos EUA
Ingressos nos Estados Unidos: como organizei meu roteiro musical
Bagagem prática: 2 semanas, 2 estações e uma mala de mão
⭐Nova Orleans
Hospedagem em Nova Orleans - French Quarter e Faubourg Marigny
Onde ouvir música em Nova Orleans - Jazz e outras maravilhas
Restaurantes em Nova Orleans - onde comer e o que comer no berço do Jazz
Passeio de barco pelos pântanos próximos a Nova Orleans
Visita às plantations próximas a Nova Orleans
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