9 de setembro de 2012

Rumo a Ítaca

Ulisses em seu navio voltando para Ítaca


Enfim, chegou o dia. Venho me preparando para ele há meio século. Estou a caminho da Grécia — quando este post for publicado, estarei atravessando o Atlântico.

Não me pergunte por que demorei tanto para fazer essa viagem, a mais desejada e planejada de todas. Afinal, para quem viaja tanto, a Grécia nem é um destino difícil, ou inalcançável, mesmo para um orçamento mais modesto.

O que posso dizer é que o desejo de ir à Grécia era tão, mas tão grande que acabou virando uma inspiração, um aprendizado, uma companhia da qual eu relutava em me separar. Era uma força que me punha em marcha, que me apontava a estrada. "Tem todo o tempo Ítaca na mente. Estás predestinado a ali chegar. Mas não apresses a viagem nunca”, ensina o poema de Konstantinos Kaváfis.

Talvez eu precisasse aprender — a viajar, a curtir a minha própria companhia, a olhar o mundo... (“Uma bela viagem deu-te Ítaca. Sem ela não te ponhas a caminho”, prossegue o poeta).

E, mesmo agora, finalmente decidida, estou indo para a Grécia aos pouquinhos: primeiro São Paulo, paradinha estratégica de dois dias (queria ver os Impressionistas e Caravaggio, mas as filas...).

Depois, Istambul — nunca uma escala foi tão bela — onde farei um “aquecimento” de quatro dias.

Só então chegarei a Atenas, para 20 dias de um mochilão super roots: vou a Rodes, sim, mas deixei as ilhas chiques, como Mikonos e Santorini para uma próxima vez. O que eu quero mesmo é palmilhar o Peloponeso e, quem sabe, descobrir alguma aldeia perdida ou um penhasco exclusivo de onde terei a ilusão de que aquele mar é só meu...

Tenho certeza de que, ao me deparar com toda a beleza que me aguarda, vou me perguntar por que demorei tanto. Ainda bem que Kaváfis está aí para responder:

“Melhor muitos anos levares de jornada 
e fundeares na ilha velho enfim, 
rico de quanto ganhaste no caminho”

Eu mando notícias pelo Facebook e pelo twitter. Na volta, conto tudo aqui na Fragata

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