Praia na ilha de Perro Chico, em San Blas |
San Blas (ou Kuna Yala, na língua local), é um paraíso que estava há muito tempo no meu radar. O arquipélago fica na Costa Atlântica do Panamá, tem águas cristalinas, praias de areia branquinha e pelo menos uma ilhota para cada dia do ano.
São 365 ilhas “contabilizadas” em San Blas, sem incluir os bancos de areia, tão pequenininhos que comportam no máximo um coqueiro, como as ilhas desertas de desenho animado.
Três horas de carro e mais meia hora de barco separam a Cidade do Panamá desse marzão |
San Blas é um sonho caribenho que finalmente eu vi ao vivo e em cores (que cores!) na minha incrível primeira viagem à América Central.
Como todo bom paraíso, San Blas cobra pedágio de sacrifícios para ser atingido. No caso do arquipélago panamenho, a dificuldade é organizar a viagem.
Não há transporte regular da Cidade do Panamá até as ilhas. O arquipélago de San Blas só pode ser explorado turisticamente apenas pelo povo indígena Kuna, que administra a região de maneira semiautônoma em relação ao Estado panamenho.
A comunicação pela internet nem sempre funciona — você vai perceber que a conexão é fraquinha, quando não inexistente, nas ilhas e no trechinho de continente que pertence ao território Kuna Yala.
Esses, porém, são percalços insignificantes, comparados ao prazer de mergulhar naquelas águas, relaxar naquelas praias e ficar hipnotizada com a beleza de San Blas.
Veja como eu fiz para chegar lá, como é a viagem e o que esperar do Caribe panamenho:
Não há transporte regular da Cidade do Panamá até as ilhas. O arquipélago de San Blas só pode ser explorado turisticamente apenas pelo povo indígena Kuna, que administra a região de maneira semiautônoma em relação ao Estado panamenho.
Só o povo Kuna pode explorar o turismo e San Blas, mas as agências da Cidade do Panamá fazem a intermediação |
A comunicação pela internet nem sempre funciona — você vai perceber que a conexão é fraquinha, quando não inexistente, nas ilhas e no trechinho de continente que pertence ao território Kuna Yala.
Esses, porém, são percalços insignificantes, comparados ao prazer de mergulhar naquelas águas, relaxar naquelas praias e ficar hipnotizada com a beleza de San Blas.
Veja como eu fiz para chegar lá, como é a viagem e o que esperar do Caribe panamenho:
Como organizar a visita a San Blas, Panamá
As famosas estrelas marinhas de San Blas |
A melhor época para ir a San Blas
Eu fui em setembro (que é época chuvosa no Panamá) e aproveitei um dia lindíssimo.
Mas a melhor época para ir a San Blas vai do começo de dezembro ao final de março, quando o tempo está seco e você tem certeza de muito céu azul.
Setembro, a época que eu fui, tem risco de chuva. Mas olha o dia que eu encontrei em San Blas |
O Arquipélago de San Blas
Um congresso de caciques (eles usam exatamente essa palavra para designar seus chefes/governantes) administra o território Kuna no Panamá.
O tratado entre os indígenas e o Estado Panamenho foi assinado em 1938, depois de muita turbulência política.
Além das 365 ilhas e incontáveis bancos de areia, a autoridade indígena Kuna se estende ao continente, abrangendo uma área de floresta tropical preservada, totalizando cerca de 2,4 km².
Areia muito branquinha na ilhota Perro de Água |
As demais ilhotas de San Blas são administradas pelas famílias proprietárias.
Os Kuna adotam regras rígidas para preservar seu território e sua cultura. Estrangeiros (incluindo aí os panamenhos) não podem ter negócios em Kuna Yala.
Essa comunidade é a coisa mais parecida com uma cidade que você encontrará em San Blas |
Se um Kuna faz sociedade com gente de fora em qualquer empreendimento na área do arquipélago, pode sofrer punições pesadas.
Ouvi um relato sobre uma ilha interditada por dois anos para exploração turística porque o patriarca da família proprietária aceitou dinheiro de um estrangeiro para investir em sua infraestrutura.
Como visitei San Blas
A empresa Guia Panamá intermediou meu contato com Betsander, guia Kuna que atua no arquipélago.
A Guia Panamá pertence a um brasileiro que está há oito anos no país e tem ótimo atendimento. Foi a agência que também organizou meu city tour na Cidade do Panamá e a visita ao Canal do Panamá.
Para a viagem a San Blas, a agência providenciou o transporte até o porto de embarque para as ilhas. Chegando lá, fui recebida por Betsander e comecei o meu passeio na lanchinha da família, pilotada pelo pai do guia.
O cotidiano no paraíso |
O guia Betsander não tem site na internet, mas você pode checar o trabalho dele no Instagram, no perfil
O contato com ele pode ser feito pelo telefone (507) 67500388 ou pelo e-mail catemmanuel.gunayala@gmail.com
Algumas ilhas de San Blas têm infraestrutura mais "sólida" |
Mas você também vai ver muitas ilhas que parecem um cenário de Robinson Crusoé e ainda outras completamente selvagens |
Como é a viagem da Cidade do Panamá a San Blas
A partida para as ilhas é sempre muito cedinho, por volta das 5h da manhã — isso evita que o trânsito louco da Cidade do Panamá atrase ainda mais seu encontro com as águas cristalinas de San Blas.
O transporte é feito apenas em carros 4×4, os únicos com “fôlego” para vencer as subidas e descidas da serra que se interpõe no trecho final do caminho até o porto de embarque para as ilhas, na costa Norte do Panamá, já em terras dos Kuna.
Porto de embarque para as ilhas de San Blas. A partir daqui, só membros da comunidade Kuna podem operar serviços de transporte e guia de turismo |
Na entrada do território Kuna, é preciso apresentar identificação, como em um controle de fronteiras. No caso de estrangeiros não-residentes no Panamá, o único documento aceito é o passaporte em pessoa (nada de cópias).
A administração do porto mantido pela comunidade Kuna. Abaixo, a "sala de embarque" |
Para evitar qualquer risco, o meu passaporte viajou protegido em uma bolsinha de mergulhador, à prova d’água.
O trajeto entre as ilhas de San Blas, feito em lanchinhas abertas, com motor de popa, é certeza de muitos respingos e é prudente proteger os documentos, câmera fotográfica e outras coisas que não possam ser molhadas.
Hora de embarcar para as ilhas. No alto, à esquerda, meu piloto Kuna, pai do guia Betsander, que fala muito pouco espanhol |
A viagem entre a Cidade do Panamá e o porto de embarque para San Blas dura cerca de três horas.
É bom levar um suprimento de água e algo para comer no caminho. Com a saída às 5h da matina, você certamente não conseguirá tomar café da manhã no hotel.
Se não conseguir comprar seu lanche na véspera, não se preocupe: é comum os carros pararem em um supermercado, na saída da Cidade do Panamá, para que os passageiros reforcem o farnel.
As embarcações que fazem o transporte até as ilhas são de pequeno porte. Mas as águas do arquipélago são muito calmas e a viagem é sem turbulências |
Lá pelas 8h da manhã, você estará chegando a um atracadouro de onde partem lanchas para as ilhas de San Blas.
A cor do mar na área do atracadouro para San Blas é muito pouco caribenha.
O Emmanuel, o barquinho que me transportou em San Blas |
Na chegada ao porto, os guias Kuna esperam os passageiros e providenciam o embarque nas lanchas. Leve anotado o nome do seu guia, para facilitar o encontro.
A travessia de lancha até Perro de Água, a ilha que serviu de base para a minha visita a San Blas, levou cerca de meia hora.
De lá, seguimos em passeio até Perro Chico (Assudud, na língua Kuna, os dois s pronunciados como ch), ao banco de areia das estrelas do mar e uma ilhota desabitada que pertence à família de Betsander, meu guia.
Esse peixinho ficou super amigo do meu pé. Aonde um ia, o outro ia atrás 😊 |
Não esqueça de levar o snorkel |
Bem pertinho de Assudud, um navio afundado se converteu em um viveiro de peixinhos multicores, o que fez daquele trechinho um excelente ponto para mergulho. Os administradores da ilha me emprestaram o snorkel, mas, por via das dúvidas, leve o seu.
O navio naufragado virou viveiro de peixinhos coloridos |
Meu bate e volta a San Blas foi espetacular. Mas, se você puder, fique mais tempo no arquipélago. Uma estadia de duas noites deve ser o ideal.
Pra ver as estrelas do mar, não precisa nem mergulhar |
O primeiro item da lista é bem óbvio: protetor solar — e muito.
Repelente também é importante, especialmente se você vai pernoitar em San Blas. Nas ilhas de areia, o vento até pode dar conta de afastar os mosquitos. Segundo os locais, nos trechos de manguezal a situação pode ficar insuportável, depois do pôr do sol.
Aliás, na hora de escolher sua hospedagem em San Blas, preste atenção a esse detalhe.
Será que eu estava curtindo meu banho de mar? |
Lembre-se que você não está indo para um resort, portanto não espere encontrar itens de toalete nas acomodações de San Blas.
Monte uma necessaire com os itens mais básicos (sabonete, lenços de papel, escova e pasta de dentes...). Leve uma boa toalha, também.
Os roteiros em San Blas costumam ter uma parada no banco de areia das estrelas do mar |
É uma boa ideia levar um suprimento de frutas, água e outras bebidas, biscoitos e beliscos. As ilhas que recebem turistas em San Blas costumam ter alguma espécie de bar, mas o preço é bem salgado.
Vai ser difícil encontrar tomadas para carregar o celular (que estará sem sinal a maior parte do tempo) e outros gadgets em San Blas. Uma boa bateria externa e um carregador solar são itens importantes para quem vai passar alguns dias no arquipélago.
Eu uso um carregador solar baratinho, que dá conta do smartphone e da GoPro. Comprei em um camelô em Lucca, na Itália, mas acho que não é difícil de achar.
Cabaninha típica de San Blas e meu café da manhã |
Como é a infraestrutura em San Blas
Quem vai a San Blas precisa estar disposto e preparado para uma infraestrutura rudimentar (esqueça aquela ideia de “rústico-charmoso” que vendem por aí).
A hospedagem oferecida na maioria das ilhas de San Blas é em cabanas de palha, piso de areia e mais nada, só a cama.
Os banheiros da Ilha Perro de Água ficam nessa construção pintada de laranja |
As acomodações nas ilhas são muito simples, mas diante deste mar, o que importa? |
Os banheiros são compartilhados (por todos que estão na ilha), bastante básicos, e é possível que o suprimento de água corrente não dure o dia inteiro.
Não usei chuveiro na passagem por San Blas, mas os viajantes que estavam hospedados em Perro Chico me falaram que a água do banho é salgada — seu xampu não vai fazer espuma de jeito nenhum.
Tem coisa melhor que um praião desses? |
Ou boiar neste mar? |
A maioria das ilhas de San Blas usa energia solar, que é destinada a fazer funcionar o básico, como as geladeiras das pousadas e restaurantes e a iluminação, à noite.
A gastronomia em San Blas
Fiz duas refeições no arquipélago — café da manhã e almoço. A comida é muito simples, mas decente. Não espere refeições memoráveis, para o bem ou para o mal.
Conjunto de chalés para hospedagem em uma ilha de San Blas |
Meu desjejum em Perro Chico (ovos mexidos e panquecas) estava comestível. O almoço, peixe assado com molho à base de coco e tomate estava gostosinho.
O casal brasileiro que estava compartilhando a lancha comigo estava hospedado em San Blas e encomendava lagostas para o jantar aos pescadores locais. O restaurante da pousada se encarregava de preparar o prato. Uma farrinha assim custa a partir de US$ 20.
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Amei sua descrição, estou me organizando pra 1 tempinho por lá, muitíssimo obrigada! Eu tenho um blog de viagens mas não consigo mante-lo atualizado nem com a síntese da síntese: pra vc ter 1 ideia desde outubro voltei de 1 giro por Noronha, Porto de Galinhas e Maragogi e até agora não postei nada! Esteja certa da minha profunda admiração pela quantidade e qualidade das informações q vc presta. Abraços!!!
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