09 maio 2017

Museu Nacional de Antropologia do México - simplesmente imperdível


Calendário Asteca, Museu Nacional de Antropologia do México

O Calendário Asteca é a peça mais famosa do Museu Nacional de Antropologia do México. Descreve os movimentos dos astros e marca um ano de 365 dias


Feliz do país que tem um museu tão bacana quanto o Museu Nacional de Antropologia do México — e que pode dizer que todas as maravilhas do acervo são expressão do engenho e da arte de seu próprio povo e de seus ancestrais.

Tudo no Museu Nacional de Antropologia do México é bacana. Ele está instalado em um edifício modernista lindo, inaugurado em 1964, no Bosque de Chapultepec, o Central Park dos mexicanos, a área verde mais frequentada da Cidade do México.

Museu Nacional de Antropologia do México

Museu Nacional de Antropologia do México

O Museu Nacional de Antropologia do México está instalado num edifício modernista muito bacana


Museu Nacional de Antropologia do México

Museu Nacional de Antropologia do México

Os espaços expositivos do museu são organizados de maneira inteligente e didática e estão integrados a jardins — onde réplicas de templos e outras construções ajudam a compreender melhor o contexto de cada sala. E o acervo... ah, o acervo. Em uma palavra: acachapante.

Eu passei um dia inteirinho no Museu de Antropologia do México — e se tivesse mais tempo, teria voltado para uma segunda visita.

Peças da cultura Tolteca no Museu Nacional de Antropologia do México
Peças escavadas no sítio de Xochicalco, da cultura tolteca: O Criador (esq), estátua em cerâmica representando um ser mitológico, com dois pênis entrelaçados a ramos de cacau. Esta Guacamaya (arara), era usada como marcador de um jogo-ritual de bola

Sala dedicada à Cultura Asteca, Museu Nacional de Antropologia do México
A Sala dedicada à Cultura Mexica (Asteca) é a mais concorrida

Peças astecas no Museu Nacional de Antropologia do México
Peças astecas do acervo do museu. Abaixo, réplica de um cocar-coroa usada por governantes mexicas

Cocar ritual asteca no Museu Nacional de Antropologia do México

O museu não é só lindo. É essencial pra a gente entender como as aventuras de culturas como a asteca, tolteca, olmeca, teotiuacana, maia e zapoteca ajudaram a forjar os encantos do México de hoje. Uma visita indispensável.

Veja como se organizar para ver as maravilhas desse museu que, sozinho, já vale a viagem ao México:



Museu de Nacional de Antropologia do México

Atlantes, representação de guerreiros Toltecas no Museu Nacional de Antropologia do México
Atlantes, representação de guerreiros Toltecas no Museu Nacional de Antropologia do México
Atlantes, representação de guerreiros Toltecas no Museu Nacional de Antropologia do México

Os Atlantes representam guerreiros toltecas. São peças de 4 metros de altura, usadas originalmente como colunas do templo do topo da pirâmide da cidade de Tula. Foram enterradas ritualmente, quando a cidade entrou em declínio. Os arqueólogos decidiram desenterrá-las e colocá-las de pé, à maneira dos moai da Iilha de Páscoa. É assim que são vistas hoje, no Sítio Arqueológico de Tula

Sala da Cultura de Teotihuacán no Museu Nacional de Antropologia do México

A sala dedicada à Cultura de Teotihuacán reproduz os templos e e exibe objetos (abaixo) escavados na grande metrópole pré-asteca

Sala da Cultura de Teotihuacán no Museu Nacional de Antropologia do México
Sala da Cultura de Teotihuacán no Museu Nacional de Antropologia do México

O que ver no Museu Nacional de Antropologia do México


O museu está dividido em uma Sessão de Antropologia, que ocupa todo o térreo e tem 11 salas, e a Sessão de Etnografia, no piso superior, que documenta as tradições e modo de viver dos povos indígenas do México atual, com mais 11 salas.

Traduzindo: é um museu muito grande, que merece um dia inteiro para ser visto com calma. Mas eu garanto que depois de passar o dia todo lá, você vai achar que foi pouco.

Pátio interno do Museu Nacional de Antropologia do México
Reserve um tempinho para admirar a arquitetura desse museu espetacular

O Museu Nacional de Antropologia é um dos mais agradáveis que já visitei. Tem diversas “áreas de escape", pois esta´integradíssimo aos jardins que o cercam, no Bosque de Chapultepec.

Isso facilita as necessárias pausas durante o percurso museológico — não custa repetir: a beleza e a torrente de informações saturam o olhar e as pausas para um descansinho são essenciais.

Fonte no pátio interno do Museu Nacional de Antropologia do México

A grande cobertura do pátio central do museu é sustentada por uma única coluna, que funciona como fonte


O edifício do Museu de Antropologia tem um vasto pátio central com um espelho d’água, uma área super bonita, onde você pode ver todo o engenho arquitetônico da construção.

Os jardins ao redor do museu são integrados às salas de exposição. Em muitos deles você encontrará réplicas de templos, habitações e outras construções das culturas que habitaram o México pré-colombiano.

Reproduções de murais da Cultura Olmeca encontrados no Sítio Arqueológico de Cacaxtla, no Golfo do México
Reproduções de murais da Cultura Olmeca encontrados no Sítio Arqueológico de Cacaxtla, no Golfo do México. Abaixo, no detalhe, o Homem-Pássaro

Homem-Pássaro da Cultura Olmeca

Utensílios em cerâmica da cultura de Tlatilco, no Museu Nacional de Antropologia do México
Utensílios em cerâmica da cultura de Tlatilco

Cada uma dessas construções se relaciona com o acervo da sala com a qual se comunica. Isso ajuda a compreender ainda mais o que está descrito o acervo.

Esses jardins também têm banquinhos à sombra para estimular alguns intervalos no percurso entre as salas.

Também há um restaurante no interior do Museu de Antropologia e é possível entrar e sair do edifício durante a visita e espairecer no Bosque de Chapultepec.

Enterros pré-colombianos encontrados no sítio de Tlatilco exibidos no Museu Nacional de Antropologia do México
Enterros do período pré-clássico médio (1200 a 600 a.C.) encontrados no sítio de Tlatilco

Tudo que acabei de dizer pode ser resumido assim: vá devagar, saboreando cada sala, cada grupo de peças do acervo. Sua visita vai ficar muito mais rica e prazerosa.

⭐Sessão de Antropologia 
As duas primeiras salas do Museu Nacional de Antropologia do México são uma espécie de “esquenta” para a visita.

Na sala 1, você verá uma espécie de introdução à Antropologia.

Disco da Morte de Teotihuacán exibido no Museu Nacional de Antropologia do México
Disco da Morte encontrado na praça em frente à Pirâmide do Sol de Teotihuacán. Acredita-se que estivesse relacionado com os sacrifícios humanos e o ciclo das estações

Na sala 2, a exposição traça um resumo do processo de povoamento das Américas, com a chegada dos primeiros contingentes humanos, caçadores-coletores, até o desenvolvimento da agricultura.

Essa história é contada em painéis informativos e também com a exibição de utensílios rudimentares encontrados em sítios habitados por esses povos, como pontas de flechas em pedra lascada.

Deusa da Água de Teotihuacán exibida no Museu Nacional de Antropologia do México
Representação de Chalchiuhtlicue (“a grande deusa da água", para a cultura teotihuacana), divindade dos rios e lagos, e associada à agricultura e à fertilidade. A deusa é a consorte de Tlaloc

Se você já tem alguma intimidade com a antropologia, pode passar rápido por esses dois “capítulos”, mas não deixe de dar uma olhadinha no esqueleto de mamute encontrado em Santa Isabel Iztapan.

Depois dessa introdução, aperte os cintos e prepare-se para um mergulho fascinante na arte e no imaginário das civilizações que povoaram o território do atual México.

O Museu de Antropologia montou um roteiro cronológico desde o período chamado de pré-clássico (de 2.500 a.C. a 100 a.C.), onde se destaca a cultura de Tlatilco, até a chegada dos espanhóis ao território mexicano, no Século 16.

Tlaloc, Deus da Chuva de Teotihuacán no Museu Nacional de Antropologia do México
Tlaloc, deus da chuva para o povo teotiuacano. Escultura em cerâmica do período clássico (200 a 650 d.C.)
 
Estelas da cultura Tolteca no Museu Nacional de Antropologia do México
Estelas escavadas no sítio arqueológico de Xochicalco, da cultura tolteca. Esses monólitos esculpidos são narrativas de fatos históricos ou mitológicos e versam sobre feitos dos deuses Tláloc e Quetzalcóatl

Pedra de sacrifícios da cultura Asteca no Museu Nacional de Antropologia do México
Pedra de sacrifícios da cultura Asteca no Museu Nacional de Antropologia do México

Pedra de Tízoc, utilizada em sacrifícios gladiatórios, rituais nos quais os prisioneiros tinham um pé atado à pedra sacrificial para lutar contra guerreiros fortemente armados. Em caso de vitória, os cativos recobravam a liberdade. Segundo a lenda, o deus Huitzilopochtli guiou os astecas até sua terra prometida e eles deveriam manter essa posse regando a terra com “o sangue das guerras”, os sacrifícios humanos. Quando já não havia mais com quem guerrear, pois já haviam submetido todos os povos, eles inventaram as “guerras floridas”, quando os povos vassalos forneciam guerreiros para simulações de batalhas e, posteriormente, serem sacrificados


O ponto alto desse percurso são as salas dedicadas a Teotihuacán, aos mexica (astecas) e à cultura maia.

Mas nem pense em cabular alguma sessão. Seria um pecado mortal deixar de ver o esplendor dos toltecas e os magníficos Atlantes que caracterizam sua cidade de Tula, ou os vestígios escavados em Monte Albán, habitada pelos zapotecas.

Reprodução de um Templo Maia no Museu Nacional de Antropologia do México
Reprodução de um templo maia, do lado de fora da sala dedicada a essa cultura e que é um dos pontos altos do museu

Chac Mool, pedra de sacrifícios da Cultura Maia encontrada em Chitzen Itza
Chac Mool (“guerreiro poderoso”, ou “puma”), escultura que poderia ser utilizada como pedra de sacrifícios. Encontrada em Chitzen Itza, região do Golfo do México, cultura maia

Além da importância histórica, ver o acervo do Museu Nacional de Antropologia do México é um prazer, pois as peças expostas têm uma beleza plástica arrebatadora.

É como assistir a um belíssimo desfile que testemunha a sofisticação das sociedades que floresceram no território mexicano antes da chegada dos europeus.

Além disso, está tudo muito bem descrito e contextualizado em painéis explicativos que vão “guiando” os visitantes pelas salas de exposição. Os textos estão em espanhol e inglês.

Peças asteca e zapoteca no Museu Nacional de Antropologia do México
Urna da cultura zapoteca (esq), encontrada no sítio de Monte Albán, na região de Oaxaca (Sul do México, região do Pacífico). À direita, representação de Coatlicue, deusa da vida e da morte, mãe dos deuses, entre eles Huitzilopochtli, patrono e maior divindade do povo mexica (asteca). A escultura mostra uma mulher decapitada e parcialmente desmembrada, relacionada ao ciclo da vida e da terra. A imagem foi escavada na área do Zócalo, no Século 18

➡️ Se não quiser enlouquecer com tanta informação, leve um bloco de anotações para registrar o que achar mais interessante. Na hora de identificar as fotos, você vai ver a diferença 😉.

⭐ Sessão de Etnografia
Todo o segundo andar do Museu Nacional de Antropologia do México é dedicado aos povos indígenas do México atual, herdeiros e continuadores de muitas das tradições das civilizações pré-hispânicas.

Sessão de Etnografia, Museu Nacional de Antropologia do México
Depois de ver as maravilhas antigas do México, faça uma pausa, respire e vá ver a Sessão de Etnografia do museu, que também é um escândalo de linda

Sessão de Etnografia, Museu Nacional de Antropologia do México

Sessão de Etnografia, Museu Nacional de Antropologia do México

Alguns, como os purépechas, pouco mudaram seus costumes desde os tempos ancestrais. Outros expressam a mescla das tradições dos antepassados com a cultura dos colonizadores. 

É nessa parte do museu que está o país multicolorido, que celebra uma religião sincretizada de rituais milenares e do cristianismo imposto pelos europeus.

 
Sessão de Etnografia, Museu Nacional de Antropologia do México

Sessão de Etnografia, Museu Nacional de Antropologia do México
Trajes, rituais religiosos e cenas cotidianas das comunidades tradicionais do México atual na Sessão de Etnografia do museu

Sessão de Etnografia, Museu Nacional de Antropologia do México
Sessão de Etnografia, Museu Nacional de Antropologia do México

Quanto tempo reservar para a visita ao Museu Nacional de Antropologia do México

Eu entrei no museu um pouco antes das 11 horas e levei cerca de quatro horas explorando a sessão de Antropologia, fazendo algumas paradinhas para descansar.

Considere o fato de que eu sou mesmo uma tarada pelo tema, aplique um “desconto de gente normal” e aposto que você não vai levar menos de duas horas na sua visita a essa parte do museu.

A sala da Cultura Mexica (astecas) no Museu Nacional de Antropologia do México
A sala da Cultura Mexica (asteca)

Maquete de Tenochtitlán (Cidade do México) no Museu Nacional de Antropologia do México
Maquete de Tenochtitlán, a capital dos astecas - hoje Cidade do México

Depois de almoçar (na verdade, comer uma série de petiscos do esquisito ao sublime nas barraquinhas do lado de fora do museu), voltei para ver o segundo andar.

A sessão de Etnografia é fascinante. Fiquei lá mais de duas horas — e quase fui “varrida” pra fora do museu, que começa a ser esvaziado às 18:30h, meia hora antes de fechar.


Peças da cultura de Teotihuacán no Museu Nacional de Antropologia do México
Reprodução do Templo da Serpente Emplumada (o deus supremo Quetzalcóatl), de Teotihuacan. Abaixo, Huehuetéotl, "o deus velho", divindade do fogo teotiuacana

Peças da cultura de Teotihuacán no Museu Nacional de Antropologia do México


Visitas guiadas ao Museu Nacional de Antropologia do México

O museu oferece visitas guiadas gratuitas, de segunda a sábado, que precisam ser agendadas com antecedência.

Essas visitas se limitam a duas salas (à escolha do visitante) e não substituem, portanto, o percurso completo.

Sala da Cultura Maia no Museu Nacional de Antropologia do México
Sala da Cultura Maia



⭐ Museu Nacional de Antropologia do México
Paseo de la Reforma & Calzada Gandhi s/n, Metrô Chapultepec.
De terça a domingo, das 9h às 19h. Ingresso: 70 pesos (R$ 12).


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