Exposição fotográfica no Bosque de Chapultepéc estimula os
mexicanos a andarem de bicicleta. A imagem de Enrique Abe mostra os ciclistas
no Zócalo, a praça principal da Cidade do México |
Que surpresa maravilhosa é a Cidade do México! Passei uma linda semana lá, aproveitando o feriadão da Páscoa, e caí de amores por essa metrópole gigantesca que consegue ser radicalmente contemporânea, ao tempo em que preserva a brejeirice que a gente espera encontrar em uma aldeia.
Meu roteiro de sete dias na Cidade do México foi um presentão que a vida me deu.
Meu roteiro de sete dias na Cidade do México foi um presentão que a vida me deu.
Vendedor de cata-ventos no bairro de La Condesa, numa tarde de sábado |
Oficialmente, são 8,5 milhões de habitantes na Cidade do México, embora a teia urbana que enreda diversos municípios já abrigue mais de 20 milhões de pessoas.
A Cidade do México é um aglomerado onde o trânsito à beira do infernal, as distâncias sempre medidas em dezenas de quilômetros e as inapeláveis multidões caminham de braços dados com bairros silenciosos e arborizados.
Uma metrópole onde se onde se ouve o som de realejos e onde cores despudoradas se derramam sobre fachadas, vestidos domingueiros e balões de gás.
Adorei a comida de rua da Cidade do México - descobri que manga com pimenta é uma delícia. À direita, os jacarandás em flor no Bosque de Chapultepéc, uma cena típica da primavera |
Olmecas, teotihuacanos, maias e toltecas deixaram seu pedacinho de contribuição nessa metrópole diversa e singular — os astecas, como os romanos, não faziam cerimônia em incorporar tradições.
Tudo isso enriquecido e temperado com os fazeres e saberes de gente que chega hoje, de todas as partes do México, para viver na metrópole.
A Mãe Proletária, de Diego Rivera, é uma das atrações
do adorável Museu de Arte Moderna da Cidade do México |
O segredo foi concentrar os passeios e visitas em áreas específicas da cidade a cada dia, para evitar perder tempo em longos deslocamentos.
A Catedral da Cidade do México na Praça do Zócalo, praça que já
foi o coração de Tenochtitlán, a origem asteca da atual metrópole |
Uma vez que se chega a cada um dos “enclaves” de interesse, em geral é possível transitar entre as atrações de cada região a pé, o que contribui também pra que se possa sentir a cidade.
Veja como montei meu roteiro na Cidade do México e “assista um trailer” das coisas lindas que vi. E aguarde o monte de posts detalhadinhos que vem por aí 😊
Painel de azulejos em um sobrado do bairro de La Condesa |
Roteiro na Cidade do México
1º dia - aclimatação em La Condesa
Foram 14 horas e dois voos (conexão em Miami) para chegar ao México. Somando a noite mal dormida a bordo do avião, o melhor a fazer foi pegar leve e concentrar os passeios do primeiro dia no gostoso bairro de La Condesa, onde fiquei hospedada.
Muito arborizada, segura, e cheia de bares e restaurantes badalados, minha vizinhança na Cidade do México foi uma grande escolha.
Parque México, um dos meus agradáveis vizinhos no bairro de
La Condesa |
Sossegado e charmoso, La Condesa é um bairro elegante sem ser pretensioso, bom pra bater pernas, ver vitrines, para o people watching e para experimentar a gastronomia de várias partes do mundo.
Minha semaninha no bairro, no Maria Condesa Boutique hotel, está neste post:
Cidade do México - dicas de hospedagem
A casa de Frida Kahlo é a segunda atração mais visitada de todo o México |
2º dia - Coyoacán, o bairro de Frida Kahlo
Antiga aldeia incorporada à metrópole mexicana, Coyoacán entrou para o mapa dos viajantes por ter sido o lar de Frida Kahlo.
A famosa Casa Azul, onde a artista morou praticamente toda a vida, é a segunda atração turística mais visitada do México, perdendo apenas para o sítio arqueológico de Teotihuacán, (prepare-se para as filas) e é absolutamente imperdível.
Depois do Museu Frida Kahlo, estiquei até Anahuacalli, um museu maravilhoso e surpreendente, obra de Diego Rivera.
No edifício do Museu Anahuacalli, inspirado nas pirâmides do povo mexica e concebido pelo grande muralista, está exposto o magnífico acervo de arte pré-hispânica reunido por Rivera ao longo da vida.
O ingresso na Casa Frida Kahlo dá direito também a visitar o Museu Anahuacalli e o trajeto entre os dois museus é feito em um ônibus especial (passagem incluída no pacote).
Outras duas atrações imperdíveis do bairro de Frida Kahlo são a Casa Museu de León Trotski, onde viveu e morreu o célebre líder bolchevique, e o Mercado de Coyoacán, onde se come comida mexicana de verdade — foi um senhor cartão de visitas, para eu abandonar de vez a ideia de que aqueles pratos tex-mex que se come por aí sejam a culinária do país 😊.
Veja os detalhes e as dicas práticas desse passeio: Coyoacán - Frida Kahlo e seus vizinhos
E as dicas pra aproveitar as saborosa e apimentada culinária local:
O que comer e e beber na Cidade do México
Antiga aldeia incorporada à metrópole mexicana, Coyoacán entrou para o mapa dos viajantes por ter sido o lar de Frida Kahlo.
A famosa Casa Azul, onde a artista morou praticamente toda a vida, é a segunda atração turística mais visitada do México, perdendo apenas para o sítio arqueológico de Teotihuacán, (prepare-se para as filas) e é absolutamente imperdível.
Diego Rivera doou seu acervo de 50 mil peças pré-hispânicas ao povo do México. Elas estão reunidas no museu Anahuacalli |
No edifício do Museu Anahuacalli, inspirado nas pirâmides do povo mexica e concebido pelo grande muralista, está exposto o magnífico acervo de arte pré-hispânica reunido por Rivera ao longo da vida.
O ingresso na Casa Frida Kahlo dá direito também a visitar o Museu Anahuacalli e o trajeto entre os dois museus é feito em um ônibus especial (passagem incluída no pacote).
O plácido jardim de um revolucionário bolchevique no Museu Casa de Leon Trotski, em Coyoacán |
Mercado de Coyoacán: pra comer comida mexicana "de raiz" |
Veja os detalhes e as dicas práticas desse passeio: Coyoacán - Frida Kahlo e seus vizinhos
E as dicas pra aproveitar as saborosa e apimentada culinária local:
O que comer e e beber na Cidade do México
A Alameda Central, no Centro Histórico |
O Zócalo é o coração da Cidade do México desde o tempo em que ela se chamava Tenochtitlán. A imensa praça onde estão a Catedral e o Palácio Nacional (sede do governo) era o centro cerimonial da capital asteca — logo ao lado estão os restos do ainda imponente Templo Mayor do povo mexica.
No entorno do Zócalo está um vasto conjunto de construções herdadas dos colonizadores espanhóis e algumas igrejas que valem a parada — o Pilar, Santa Vera Cruz, San Ildefonso e San Francisco el Grande, por exemplo.
O Palácio Nacional de Bellas Artes é simplesmente espetacular. Por fora, ele é Art Nouveau. Por dentro, é Art-Déco. E, como se não bastasse, ainda tem um baita acervo do muralismo mexicano |
A uma curta distância, é imperdível o passeio pela famosa Alameda Central, jardim que foi a “vitrine” da cidade nas primeiras décadas do Século 20. Belos edifícios art déco funcionam como moldura para o precioso Palácio Nacional de Bellas Artes.
Esse centro cultural abriga o teatro de ópera e um ótimo museu adornado por murais de Diego Rivera, David Alvaro Siqueiros e Rufino Tamayo, entre outros grandes dessa arte tão identificada com o México.
Na outra ponta da Alameda, não deixe de visitar o Museu Mural de Diego Rivera, que abriga exclusivamente o espetacular Sueño de una tarde dominical en la Alameda Central, além de sediar exposições temporárias.
Meu roteiro pelo Centro Histórico - Zócalo, Alameda e Praça da República
Palácio Nacional de Bellas Artes - a magia da arte mexicana
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O poderoso Tlaloc, deus da chuva, do raio e do trovão, recebe os visitantes na entrada do indescritivelmente espetacular Museu Nacional de Antropologia |
Um dia inteirinho pra um único museu? Sim, sim e sim. Primeiro, porque ele é gigantesco. Segundo, e mais importante, porque esse é um dos museus mais espetaculares que você verá na sua vida.
O Museu Nacional de Antropologia, cercado pelo verde do Bosque de Chapultepéc, conta a história do México desde os primeiros hominídeos até os dias de hoje.
O Calendário Asteca é a peça mais famosa do Museu Nacional de Antropologia |
E quando eu digo o dia inteiro, não é força de expressão: eu cheguei antes das 11h e saí às 18:30h, na hora de fechar, e quase que tive que ser levada pelas orelhas pra fora do museu 😉.
Veja como foi esta visita inesquecível: Museu Nacional de Antropologia
Voladores (voadores) no Bosque de Chapultepéc. O ritual de fertilidade e para chamar a chuva remonta ao tempo dos olmecas e ainda é realizado na província de Veracruz |
Hoje é dia de voltar ao Bosque de Chapultepéc, desta vez para aproveitar essa área verde que tem o dobro do tamanho do Central Park de Nova York e que é o verdadeiro jardim de casa de muitos mexicanos.
Divirta-se com o pregão dos vendedores de guloseimas — experimente os doces que são servidos, até eles, com molho de pimenta — relaxe em um banquinho à sombra ou aproveite para alugar um barco e remar um pouco no lago.
Só não deixe de dar uma passada no Museu de Arte Moderna para ver um pouco mais da pintura mexicana — e como é pródigo em grandes artistas esse México, viu? — e de subir ao Castelo de Chapultepéc, construção do Século 18 que oferece uma bela vista para o skyline da cidade e é testemunha de episódios importantes da história do país.
Mural O Sacrifício dos Meninos Heróis, no Castelo de Chapultepec |
Jardim do Museu de Arte Moderna, que além do excelente acervo encanta pela arquitetura |
Meu roteiro nos bosque e nos bons museus de Chapultepec
A Pirâmide da Lua, em Teotihuacan |
Tudo o que você viu até agora no México foi uma preparação (muito prazerosa, diga-se) para ficar diante da maravilha.
No idioma dos mexicas, Teotihuacan significa “lugar onde humanos se tornam deuses” e foi absolutamente inevitável me sentir um pouquinho divina ao lembrar que faço parte da mesma espécie animal que construiu aquelas pirâmides.
O Templo de Quetzalcóatl e as pirâmides vistos do topo da Cidadela |
Por 500 anos, entre os séculos 3 e 8 da nossa era, a cidade de Teotihuacan foi a sede de um poderoso império e chegou a ter 200 mil habitantes, a maior metrópole de sua época em todo o planeta.
Depois de ser destruída — segundo a maioria dos historiadores, por uma guerra civil, já que não havia qualquer outra civilização próxima capaz de reunir um exército que pudesse ameaçar aquela potência — o lugar foi abandonado.
Depois de ser destruída — segundo a maioria dos historiadores, por uma guerra civil, já que não havia qualquer outra civilização próxima capaz de reunir um exército que pudesse ameaçar aquela potência — o lugar foi abandonado.
A Cidadela, o Templo de Quetzalcóatl (a Serpente Emplumada, maior divindade de Teotihuacán e cultuada também por outros povos, como os astecas) e as pirâmides do Sol e da Lua são as construções mais impressionantes de Teotihuacán. Uma visita absolutamente essencial, emocionante, daquelas pra se guardar para o resto da vida.
Todas as dicas pra sua visita a Teotihuacán
Todas as dicas pra sua visita a Teotihuacán
A arquitetura inusitada do Museu Soumaya, que fica numa das regiões mais chiques da Cidade do México e tem um bom acervo de pintura, escultura e artes decorativas |
O México contemporâneo também bate um bolão e é uma boa pedida de passeio para o dia de despedida da Cidade do México — em véspera de voo longo, é sempre bom pegar leve.
Bairros como a Colonia Roma, Condesa e o chiquérrimo Polanco rendem passeios bem agradáveis por ruas arborizadas e margeadas por cafés e restaurantes muito charmosos.
Polanco também concentra o comércio mais exclusivo. Eu, que tenho uma certa alergia a fazer compras, aproveitei a caminhada por lá para um pouquinho de “observação antropológica” (risos), mas se você curte grifes, vai se esbaldar, nem que seja olhando as vitrines.
O Museu Soumaya tem entrada gratuita |
Lá estão o Museu Jumex, dedicado à arte contemporânea e o Aquário Inbursa (com filas quilométricas durante os feriados da Semana Santa), que exibe mais de 300 espécies de vida aquática.
Também na praça, o Museu Soumaya, com sua arquitetura atrevida em placas de aço, abriga uma coleção muito interessante de pintura clássica europeia e de artistas mexicanos da época da colônia, arte moderna e artes decorativas — a coleção de peças em marfim trazidas da Ásia é linda. Não perca o grande acervo de obras de Rodin e alguns de seus contemporâneos, como Camille Claudel.
As dicas desse passeio: Museu Soumaya
Mapa do meu roteiro na Cidade do México
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Parabéns Fragata, adoro seus posts, para mim são dos mais completos que existem! E tudo isso aumentou ainda mais minha vontade de conhecer a Cidade do México, para poder compará-la com Buenos Aires e Santiago, que já conheço, vejamos se ela supera minha admiração por Buenos Aires!
ResponderExcluirObrigada, Ricardo, fico super feliz :)
ExcluirMéxico, Buenos Aires e Santiago, são cidades diferentes, todas maravilhosas, mas cada uma a seu modo (Santiago demorou um pouquinho mais pra conquistar meu coração).
A Cidade do México superou todas as minhas expectativas.
As dicas de lugares separados por dia estão bem didáticas para me inspirar no roteiro. E os detalhes à parte, com dicas extras, estão muito bons! Curti bastante os textos. Serão muito úteis na minha viagem programada para maio. Parabéns pelas publicações!
ResponderExcluirQue bom, Eros, aproveite a Cidade do México e diga a ela que eu vou voltar :)
ExcluirMuito obrigado pelas dicas maravilhosas da Cidade do México, vou em outubro e estou curtindo muito todo o seu site, PARABÉNS!!!!
ResponderExcluirObrigada :)
ExcluirOi, Cyntia! Tudo bem?
ResponderExcluirEstou montando meu roteiro de cinco dias inteiros na CDMX e queria te fazer uma pergunta. Eu geralmente gosto de no primeiro dia ir para o Centro pra tentar entender a cidade (incluindo um mercado), mas estou achando que se eu for primeiro para o Museu de Antropologia ou ir fazer um tour guiado pelo campus da universidade e seus murais, eu vou ter um entendimento muito maior de tudo. Se você fosse viajar hoje, mudaria a ordem dos dias? Teria feito algo diferente?
Seus posts são sempre completos e inteligentes! Abraço!
Oi, Alexandre, obrigada :)
ExcluirComeçar pelo Centro é uma boa ideia na maioria das cidades, mas a Cidade do México é tão grande e tão diversa que acho que não faz muita diferença a ordem dos fatores.
Cada pedaço da cidade conta uma parte da história. Se você quer começar pelo começo (Tenochtitlán), faz sentido começar no Zócalo (Centro) ou no Museu de Antropologia ou até mesmo em Chapultepec, pois os astecas tentaram fundar sua capital lá, antes de ir para onde está o Zócalo...
Começar no Museu de Antropologia pode ser uma grande ideia, porque a cidade será devidamente "explicada".
Um abraço e aproveite essa cidade apaixonante
Obrigado pela resposta! Acho que vou fazer isso, começar pelo Museu de Antropologia.
ExcluirSuper animado pra viajar. Vou no início de maio, tomara que eu ainda pegue os jacarandás floridos!
Obrigado!
Ola, Adorei suas dicas maravilhosas. Estou pensando eu ir a Cidade do Mexico com uma amiga entre março e abril.
ResponderExcluirQueria saber em que dia da semana seu roteiro começa. Pois domingo e segunda sempre acho um dia "perdido" em algumas cidades.
Obrigadissima
Ana Lucia
Oi, Ana Lucia, obrigada :)
ExcluirMinha viagem foi na Semana Santa, de sábado a sábado. Se você pesquisar direitinho, sempre encontra o que fazer nesse "dias-malas" de domingo e segunda :)