Como aproveitar uma conexão em Miami

Miami Beach: areia branquinha, mar caribenho e esses postinhos de salva-vidas que dão vontade de trazer pra casa

Minha viagem ao México foi muito especial. Antes de começar a falar sobre ela, porém, deixe eu contar como foi minha conexão em Miami, meu reencontro com a cidade e com Miami Beach em uma paradinha de 12 horas entre voos.

Essa conexão em Miami, no Aeroporto de Wilcox, me proporcionou um passeio bem bacaninha para rever as duas primeiras cidades estrangeiras onde coloquei meus pezinhos, no longínquo ano de 1972.

Jardins da Villa Vizcaya, em Coconut Grove

Três ícones da art déco em South Beach, os hotéis Delano, National e Sagamore, na Collins Avenue

A última vez que eu tinha estado em Miami e Miami Beach foi em 1990. Neste breve retorno, deu pra ver muitas mudanças (pra melhor) por lá — afinal, 27 anos são uma vida.

O que mais curti foi o passeio por South Beach, em Miami Beach, para ver o adorável conjunto Art Déco do bairro, que está resplandecente desde o projeto de revitalização da área, iniciado nos anos 90.

Os calçadões entre o paredão de hotéis e a faixa de areia democratizaram a praia em South Beach

Aqui neste post eu organizei as dicas práticas pra você curtir uma conexão em Miami e conto os passeios que eu fiz por lá.

Conexão em Miami: dicas práticas

O Aeroporto Internacional de Wilcox, em Miami, fica a uma distância bem confortável das atrações da cidade e região.

Do aeroporto, são 6,5 km até os restaurantes de Little Havana, 9 km até a elegância do balneário de Coral Gables e 11 km até o astral desencanado de Coconut Grove.

Coral Gables e seu famoso Biltmore Hotel estão a apenas 9 km do aeroporto de Miami

Para chegar a Miami Beach e curtir o charme e agito de South Beach, saindo do aeroporto, são 18 km.

Pousei em Miami, vindo do México, por volta das 10h. Entre o desembarque e o os procedimentos na imigração, levei cerca de uma hora.

Palm Island, ilha artificial na Baía de Biscayne celebrizada por um de seus moradores: Al Capone

É importante lembrar que a minha mala foi despachada do México direto para Brasília.

Se não for esse o seu caso e houver necessidade de receber a bagagem e fazer novo despacho, coloque mais uma hora, pelo menos, no seu cálculo de tempo gasto no aeroporto, antes de começar o passeio.

Como sair do Aeroporto de Miami (Wilcox)

Depois de passar pela imigração, siga as placas que indicam o ponto de partida do MiaMover, o trem elevado que conecta o terceiro andar do Aeroporto de Miami ao centro de aluguel de automóveis e ao sistema de transporte público.

Não tem como errar. Há elevadores no Terminal D (onde eu cheguei, que é exclusivo da American Airlines) e também entre os terminais F (onde operam a AirEuropa e a British Airways) e o G (usado pela TAP e United).

O cartão do transporte público de Miami: basta carregar com o valor das viagens que você pretende fazer por lá

Embarque no MiaMover, que é gratuito, e desça na Central Station (é a única parada).

Você logo verá as maquininhas para a venda automática de bilhetes do transporte público.

➡️ Se você vai direto para Miami Beach, como eu fiz, a melhor opção é o MetroBus, um expresso que segue direto até lá.

A linha para Miami Beach é a 150 Airport Flyer, que parte da baia 10, a cada 20 minutos.

➡️A passagem do MetroBus custa US$ 2.25.

Miami vista do MacArthur Causeway, uma das pontes sobre a Baía de Biscayne que ligam a cidade a vizinha, Miami Beach

Para usar o MetroBus, é preciso fazer o cartão EasyMiami (grátis) e carregá-lo na máquina com o valor correspondente às viagens que você pretende fazer.

Só para ir e voltar de Miami Beach, basta carregar o cartão com US$ 4.50.

➡️ Se você preferir ir para Miami (ou Downtown, que é como eles chamam, para diferenciar de Miami Beach), a melhor alternativa é o MetroRail, que também parte do aeroporto, na mesma estação do MetroBus.

Em 15 minutos, o MetroRail chega até Brickell, antigo distrito financeiro de Miami que hoje está lotado de hotéis.

A tarifa do MetroRail é a mesma do ônibus: US$ 2.25.

A encantadora arquitetura art déco de South Beach, na Ocean Drive, em Miami Beach

(Uma curiosidade: o metrô de Miami é todo elevado, já que a cidade está perigosamente no nível do mar — a "altitude" média é de 1,8 metro — e sempre ameaçada por furacões e tempestades tropicais que causam inundações).

➡️ Para circular por Downtown, experimente o Metromover, monotrilho suspenso e gratuito. Na minha última passagem por Miami, em 1990, eu curtia ver a cidade do alto, a bordo desse bondinho.

Little Havana, o bairro dos exilados cubanos em Miami. Não discuta política, apenas se esbalde nos moros y cristianos (feijão com arroz)

Do Aeroporto de Wilcox a Miami Beach

Peguei o MetroBus no Aeroporto de Miami e cerca de 40 minutos depois estava em Miami Beach.

Desci na Lincoln Road só pelo prazer de caminhar um pouquinho mais, porque meu destino era South Beach (veja o itinerário do ônibus aqui).

Na volta ao aeroporto, peguei um táxi em Little Havana, na famosa Rua 8 (8th Street) e paguei US$ 27.

Jardim à beira-mar em Ocean Drive, Miami Beach

Onde deixar a bagagem no Aeroporto de Miami

Nada como aquela sacolinha na bagagem de mão pra estorvar um passeio, né? Eu despachei tudo o que podia (direto da Cidade do México para Brasília) e viajei só com a bolsa. Mas se você não tiver essa alternativa, pode guardar sua bagagem no Aeroporto de Miami.

➡️Há um depósito de volumes no segundo piso do Aeroporto de Wilcox (embarques), no Terminal E (procure pela placa Baggage Storage).

➡️ O guarda-volumes funciona das 5h às 21 horas e cobra a partir de US$ 6 por peça guardada, dependendo do tamanho. Guardar uma mala entre 45 cm e 60 de altura vai custar US$ 9.

O que fazer em uma conexão em Miami

O centro de visitantes do Distrito Art Déco de Miami Beach é um bom lugar para pegar mapas e informações que enriquecem o passeio

⭐Arquitetura art déco em Miami Beach

Em 1990, minha última visita à Flórida, a maravilhosa arquitetura Art Déco de Miami Beach caía aos pedaços e South Beach era uma área onde não era nada recomendável se aventurar.

De lá para cá, houve um grande investimento na restauração e revitalização da área, agora chamada de Art Deco District. South Beach, a pontinha Sul de Miami Beach, virou um dos balneários mais badalados do planeta — e merece.

O que eu amo na art déco? A capacidade de reunir um monte de elementos decorativos e ainda parecer sóbria minimalista

A beira da praia ganhou calçadões entre os hotéis e a areia, democratizando o uso do espaço e tornando o acesso mais povoado e seguro. 

Aliás, a faixa de areia de South Beach, muito larga, em tudo lembra Copacabana, pelo burburinho, pela diversidade de frequentadores e pela quantidade de serviços à beira d’água. E o mar continua azulão, lindo, caribenho.

O Essex Hotel, um dos famosos exemplares da art déco em South Beach

Eu sou fã da Art Déco, que promove um namoro singular entre curvas e retas, rigorosamente geométrico e muito divertido, com seus elementos ornamentais brincando com as cores em tom pastel.

Imagine como eu fico saltitante ao passear por um bairro quase inteirinho neste estilo e que faz dele um de seus emblemas, como South Beach.

A fachada do Hotel Cavelier é um show art déco

A restauração iniciada nos anos 90 devolveu o charme às construções dos anos 30

A Ocean Drive, a avenida costeira de Miami Beach que virou sinônimo de glamour à beira-mar, é uma grande vitrine dessa arquitetura.

 
O melhor jeito de ver as maiores estrelas arquitetônicas de South Beach é passar pelo Art Deco Welcome Center, em Ocean Drive (na altura da 10th Street) e alugar um audioguia (US$ 20) que permite fazer um passeio guiado no seu ritmo.

Até a sede do Corpo de Bombeiros de Miami Beach é art déco

Teatro Jackie Gleason (hoje Filmore Theater), na Washington Avenue

Um mapa detalhado com os edifícios mais importantes também acompanha o pacote do tour pelo Art Deco District de Miami Beach.

Você vai descobrindo não só as peculiaridades dos famosos edifícios, como muito da história da ocupação de Miami Beach, que já nasceu como balneário de ricos e famosos, nos anos 20 do Século passado.

O Carlile Hotel é mais um exemplo famosão da arquitetura art déco na Ocean Drive. Abaixo, a decoração de um conjunto comercial 

⭐Villa Vizcaya
Vizcaya Museum and Gardens - 3251 S Miami Ave, Miami (Coconut Grove). Ingresso: US$ 18

Na minha primeira visita a Miami, em 1972 (eu tinha 11 aninhos) o lugar que mais me impressionou foi essa villa renascentista fake construída pelo milionário James Deering como um refúgio de inverno, em 1916.

Os jardins da Villa Viscaya são muito românticos

Villa Vizcaya é a típica extravagância à la Florida. A mansão e seus jardins antecipam com precisão os parques temáticos que se tornariam a marca do estado.

Nesta vila milionária, estão recriados ambientes de outras paragens — a literalidade da cenografia preponderando sobre a essência. Uma Europa renascentista-tropical e anacrônica que acaba sendo muito divertida.

The Barge ("a barcaça") foi construída em frente ao ancoradouro da Villa Vizcaya, para funcionar como um quebra-mar — mas claro que não poderia ser apenas uma estrutura funcional. Conta a lenda que grandes festas foram realizadas aí

Villa Vizcaya é fora de contexto e flerta escancaradamente com a cafonice (caríssima, mas cafonice). É um palácio à beira-mar cercado de jardins europeus magníficos e recheado com todo o luxo que o dinheiro pode pagar.

 
No interior de seus pavilhões estão lustres e candelabros de cristal, mobília preciosa comprada de nobres falidos de todas as partes do Velho Continente, mármores em profusão e obras de arte de todas as épocas.

A entrada da Villa Vizcaya e, abaixo, a fachada posterior da mansão, diante do atracadouro

O resultado desses safáris de Deering é que ele conseguiu reunir uma das melhores coleções de arte decorativas europeia dos Estados Unidos. Um acervo que abarca desde o Século 16 ao Século 19.

Alguns ambientes de Villa Vizcaya pecam pelo over decor: o excesso de elementos reunidos no mesmo espaço satura rapidamente o olhar.

Mas, no geral, o conjunto é surpreendentemente agradável aos olhos — um sucedâneo competente de uma viagem à Europa.

O pátio central da mansão

Um salão acometido pelo over decor

Mas não se engane com esse apego de Deering ao passado: quando foi inaugurada, em 1916, Villa Vizcaya contava com o que havia de mais moderno para a época em comodidades, o que também contribuiu para a fama da propriedade.

Quando ainda era o palácio de inverno do magnata James Deering, Villa Vizcaya tinha um famoso viveiro para aves, estábulo e uma estufa para plantas exóticas, entre outros brinquedos.

Mas até dá pra combinar que há espaços de genuína beleza no interior da Villa Vizcaya

Na década de 1950, Villa Vizcaya foi comprada pelo poder público e convertida em museu.

Não se impressione com minha rabugice. Villa Vizcaya rende um belo passeio ao cair da tarde.

⭐Ônibus hop-on hop-off em Miami e Miami Beach
Eu tinha dormido muito pouquinho na noite anterior à minha passagem por Miami — cheguei ao aeroporto da Cidade do México às 3 da manhã para pegar o voo.

Baía de Biscayne

Depois de dar uma volta por South Beach, resolvi poupar energia, embarcando em um tour de ônibus do tipo hop-on hop-off.

Assim, foi Miami que desfilou pra mim, enquanto eu revia a paisagem sentadinha a mais de três metros do chão. Desci em apenas uma parada, a da Villa Vizcaya.

É legal ver Miami e Miami Beach desfilarem, enquanto a gente fica sentadinha, três metros acima do chão

O resto do tempo, aproveitei para rever do alto do ônibus alguns dos cenários mais famosos de Miami  e Miami Beach.

A empresa Big Bus faz três roteiros hop-on hop-off: o South Beach, o City Loop (Miami costeira, passando por Coconut Grove, Coral Gables e Little Havana) e o Uptown Loop (incluindo o agora famoso distrito de Wynwood, meca da street art, e o Design Dstrict).

Little Havana

Só deu tempo de fazer o City Loop, que certamente é o que oferece as melhores paisagens.

Comprei o bilhete do City Bus no Art Deco Welcome Center. Custa US$ 45 e vale por 48 horas.

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