18 de maio de 2012

Meus museus favoritos


Centro de Artes Reina Sofia, Madri
Meu museu-xodó: Centro de Artes Reina Sofia, em Madri

Hoje, 18 de maio, é Dia Mundial dos Museus. Em alguns cantos do mundo, haverá pompa e circunstância. Aqui no Brasil os festejos são mais discretos. As instituições promovem eventos em torno do tema “Museus em um Mundo em Transformação – novos desafios, novas inspirações”, dentro da programação da 10ª Semana de Museus (14 a 20 de maio), promovida pelo Ministério da Cultura.

Desde criancinha, acho visitar museu um programão  –  até hoje, são minhas disneylândias preferidas. 

Na Salvador dos Anos 60, as opções eram poucas. Havia o Museu Costa Pinto, um  casarão do Corredor da Vitória cujo acervo se concentra em peças de mobiliário, jóias, porcelanas e pratarias, especialmente do século XIX.


Museu de Arte Sacra, em Salvador
Museu de Arte Sacra, em Salvador: simplesmente deslumbrante


Também já tinha o Museu de Arte Sacra, instalado no antigo Convento de Santa Tereza, do Século 17, com maravilhosas peças do barroco colonial.

Debruçado sobre a Avenida do Contorno e a Baía de Todos os Santos, o Museu de Arte Sacra tem uma vista absolutamente apaixonante para o mar da minha cidade.


Museu Wanderley de Pinho
(foto: Sudic/Ba)
E tinha o meu preferido, o Museu do Recôncavo Wanderley Pinho, numa antiga sede de engenho, no município de Candeias, a 50 quilômetros de Salvador.

O acervo do Museu do Recôncavo era simples: ferramentas de lavoura, móveis, telas e objetos sacros.

Mas o velho solar do engenho era lindo, o passeio com a família até lá era sempre delicioso e aquela luz do Recôncavo sempre fazia o cair da tarde parecer uma hora mágica, quando todos os sonhos seriam possíveis.

Por que eu amo museus
Museus são bonitos, inteligentes, instigantes e divertidos e ótimas companhias — e isso é mais do que a gente consegue dizer sobre muita gente, né? 😉.

Museus são espaços para aquela contemplação que me aproxima mais de mim, locações perfeitas para o devaneio, para a reflexão ou simplesmente para esquecer do mundo.

Museus ensinam, inquietam e suscitam zilhões de perguntas. Devo a eles grandes momentos de pura felicidade — e um aprendizado muito prazeroso.


Museu do Louvre, Paris
Lotado, cansativo, mas absolutamente arrebatador, o Louvre merece muitas visitas

Meus museus favoritos

Aqui na Fragata, sempre reclamo dos museus-blockbusters, como o Louvre. Nada contra a reunião infinita de maravilhas. O problema é a que a beleza também satura.

E depois de duas horas naquele tumulto (arrisco dizer que dois terços dos que vão ao Louvre estão lá só para marcar uma cruzinha em mais uma tarefa de viagem/gincana) a gente já não consegue se emocionar com coisa alguma.


Museu do Louvre, Paris
A solução para as multidões no Louvre é voltar muito, muito e muito


A solução é voltar muito, muito muito ao Louvre, saborear seu acervo aos poucos e devagar, pois ele é daqueles museus absolutamente incontornáveis.

Em Paris, meu preferido é o Museu da Idade Média, que funciona nas antigas termas galo-romanas e no Hôtel de Cluny. A série de tapeçarias A Dama e o Unicórnio, ponto alto do acervo, já justificaria, sozinha, a visita à capital francesa.


Museu Nacional da Idade Média, Paris
Museu Nacional da Idade Média, meu favorito em Paris

Entre os "museus de primeiro escalão", adoro os alemães e austríacos: o Pergamon e a Gemäldegallerie, de Berlim, a Gemäldegallerie Altmeister de Dresden e o trio alucinante formado pelo Kunsthistorisches, Belvedere e Secession de Viena.

Madri também um trio de arrepiar: o Prado — que eu incluiria na categoria "blockbuster simpático" —, o Thyssen-Bornemisza e o meu xodó, o Centro de Artes Reina Sofia, onde dá para passar horas venerando a Guernica, de Picasso (e Juan Gris, Bracke e Lichtenstein...) e morrer de paixão pelo acervo da Guerra Civil Espanhola, clicado por Robert Capa.


Saiba mais sobre esses três alucinantes museus de Madri


O Boi na Floresta, de Tarsila do Amaral
O Boi na Floresta clicado na exposição de Tarsila do Amaral no Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York, em 2018. E já que falamos nisso, o MoMa também é imperdível

Tem dois museus no Brasil que eu amo de paixão. O primeiro é o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), instalado no mais belo conjunto arquitetônico de Salvador — a Casa Grande, a Capela e a Senzala do Solar do Unhão, do Século XVII.

O MAM-BA é a morada das duas obras de arte que mais amo na vida: a tela O Boi na Floresta, de Tarsila do Amaral, e a maravilhosa escadaria de madeira, projetada por Lina Bo Bardi para ligar os dois pavimentos do velho solar.

Solar do Unhão e o Parque das Esculturas do MAM-BA
O Solar do Unhão e o Parque das Esculturas do MAM-BA

De todas as milhares de coisas que há para fazer em Salvador, a que recomendo mais vivamente é uma visita ao Unhão (e é impressionante a quantidade de gente que visita a cidade e passa batida por essa maravilha).

Encravado na Ladeira do Contorno, que liga a Cidade Alta à Cidade Baixa, o Solar do Unhão/MAM-BA é simplesmente extasiante, não só pela arquitetura, como pela vista para a Baía de Todos os Santos.

O terreiro rente ao mar e o antigo atracadouro estão entre os melhores camarotes para ver o por do sol na cidade.

Jam no Mam, apresentação de Jazz no Solar do Unhão, Salvador
Jam no Mam
(foto: Márcio Lima,
sob licença Creative Commons)
O Parque das Esculturas do MAM-BA, acompanhando os arcos que sustentam a Ladeira do Contorno, permite uma caminhada inesquecível, entre obras de Mestre Didi, Bel Borba, Waltércio Caldas e Mário Cravo, entre outros artistas muito bacanas.

Aos sábados, tem a imperdível Jam no MAM, a cargo de jazistas de super responsa, como Joatan Nascimento, Ivan Huol e Rowney Scott.

Museu Lasar Segall, São Paulo
Museu Lasar Segall
(foto: museusegall.org.br)
Outra paixão minha é o Museu Lasar Segall, na Vila Mariana, em São Paulo. O deleite já começa com o prédio, a casa onde Segall viveu e manteve seu ateliê, projetada pelo arquiteto Gregori Warchavchik, em 1932.

A área externa do Museu Lasar Segall tem um jardim pequeno, mas delicioso. O acervo reúne obras do artista — amo aquele ar meio filme de Eisenstein de suas pinturas — documentos e fotografias. De quebra, ainda dá para assistir um filminho no Cine Segall, que funciona no espaço do museu. Recomendadíssimo!


Museu de Arte Moderna da Bahia
Avenida do Contorno s/n, Salvador, Bahia. De terça a domingo, das 13h às 19h. Aos sábados, até às 21h. A Jam no Mam rola todos os sábados, a partir das 17 horas.

Museu Lasar Segall
Rua Berta n° 111, Vila Mariana (a 300 metros do Metrô Santa Cruz, para ninguém ter desculpa de não visitar), São Paulo. De quarta a segunda, das 11h às 19h. Fecha nas terças. Entrada gratuita. Para os horários e programação do Cine Segall, consulte o site.

Museu do Recôncavo Wandereley de Pinho
Via Matoim, Enseada de Caboto, s/n, Candeias, Bahia, fone (71) 3116-6743.

Faz alguns anos que está fechado para reformas, mas recebe grupos de estudantes e pesquisadores, mediante agendamento. Foi um dos museus que me ensinaram a gostar de museus.

Funciona no antigo Engenho da Freguesia, do Século XVI, que esteve ativo até 1900. Testemunha do ciclo da cana, das invasões holandesas e das lutas pela Independência, foi transformado em museu em 1971. Vamos torcer para que esse espaço encantador volte a funcionar plenamente, em breve.


altar de prata da capela do Museu de Arte Sacra, em Salvador
O altar de prata da capela do Museu de Arte Sacra vale a viagem a Salvador


Museu de Arte Sacra da Universidade Federal da Bahia
Rua do Sodré 276, Dois de Julho, Centro, Salvador, Bahia. De segunda a sexta, das 11h às 17h. O acervo é simplesmente sublime, com peças do Século XVI ao XIX e só o prédio, o antigo Convento de Santa Tereza, já é uma paixão de tão bonito. Os horários de visitação é que são complicados, mas o museu vale a ginástica.

Museu Carlos Costa Pinto
Avenida Sete de Setembro, 2490, Vitória, Salvador, Bahia. De segunda a sábado, das 14:30h às 19h. Fechado aos domingos e terças-feiras. O casarão em estilo colonial americano é de 1958 e foi transformado em museu no final dos Anos 60.

É claro que eu sabia, quando comecei este post, que ia deixar de citar um monte de museus que adoro. Agora a culpa está tão grande que quase estou desistindo de publicá-lo, rsss. Anyway, feliz Dia Mundial dos Museus, queridos museus!

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2 comentários:

  1. Cyntia, parabéns pelo seu blog! Caí nele a partir do blog do Ricardo Freire, e estou adorando cada post. Você tem um jeito muito agradável de narrar suas aventuras, especialmente porque você se preocupa com o contexto histórico dos lugares. Adoro história e para mim os museus também são melhores que disneylândia! Teu blog já está entre os meus Favoritos.
    Um abraço e sucesso!

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    Respostas
    1. Que legal, Regis! Fico super feliz que você tenha gostado do blog. Obrigada por navergar na Fragata Surprise. Abs

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