O pôr do sol mais bonito de Salvador vem acompanhado de um museu imperdível, o MAM-Bahia |
Salvador é tão porreta que o pôr do sol mais deslumbrante da cidade traz de brinde um museu que pode figurar facinho na lista dos mais lindos do Brasil.
O Museu de Arte Moderna da Bahia não tem Torres García (meu critério
absolutamente arbitrário para classificar esse tipo de instituição), mas tem um
conjunto de motivos bem convincente pra que você vá e volte muito a
essa delícia de lugar.
O MAM-Bahia tem elenco de primeira — Tarsila do Amaral, Portinari, Calasans Neto, Carybé, Aldemir Martins, Rebolo e outras feras. Tem cenário deslumbrante — o Solar do Unhão, conjunto arquitetônico dos séculos 17 e 18, com as marolas da Baía de Todos os Santos batendo na sua amurada. Tem roteiro animado — cinema, exposições temporárias, oficinas.
E tem trilha sonora envolvente — no post anterior, já falei sobre a Jam no MAM, um dos melhores programas musicais de Salvador.
Clementina de Jesus fotografada por Walter Firmo. Esta exposição está tão linda que compensa pagar a passagem aérea até Salvador pra vê-la ao vivo |
O Museu de Arte Moderna da Bahia tem elenco, cenário, roteiro e trilha sonora de primeiríssima linha |
A diversidade de atividades é tanta que dá até pra transformar o museu em programinha semanal (pergunta pra mim, que estive lá nos dois últimos sábados). E sim, claro, o MAM é o dono deste pôr do sol que você está aí na
primeira foto deste post.
Faz décadas que o Museu de Arte Moderna da Bahia/Solar do
Unhão é meu lugar preferido em Salvador. E até já falei dele várias vezes, aqui
na Fragata. Mas não custa reforçar os louvores, até porque a exposição do
fotógrafo Walter Firmo, atualmente em cartaz, está compensando até mesmo o
precinho salgado da passagem aérea pra Salvador neste verão.
Veja as dicas desta grande atração em Salvador:
Museu de Arte Moderna da Bahia
Leitores assíduos da Fragata já estão carecas de saber que O Boi na Floresta, de Tarsila do Amaral, é um dos tesouros do MAM-Bahia. Mas não custa repetir, né? 😁 |
Walter Firmo no MAM-Bahia: a mostra fica até o final do verão, com entrada gratuita |
Walter Firmo no MAM-Bahia: o destaque deste verão
Traduzindo: você não vai ver Tarsila no MAM-Bahia, neste
verão, mas vai ver um gênio do mesmo quilate. Porque, queridas/os leitoras/es, a
obra de Walter Firmo é um banquete para os olhos e para a alma.
O cantor Jamelão retratado por Walter Firmo |
O fotógrafo, hoje com 86 anos, retrata o Brasil com uma paixão e um carinho que deixam a gente até sem fala — vá lá ver, vai ser bem mais prazeroso do que ficar esperando eu encontrar as palavras certas neste post.
As 200 obras que compõem a exposição de Valter Firmo no
MAM-Bahia podem ser vistas de terça a domingo, das 10h às 18h. A entrada é
gratuita.
O povo brasileiro, com especial ênfase na cultura negra, manifestações religiosas e grandes personagens das nossas artes — os retratos de Jamelão e de Clementina de Jesus são comoventes — são os temas mais presentes nos cliques de Walter Firmo, que também fez história nas séries produzidas para a revista Realidade e para o Jornal do Brasil.
A escadaria projetada por Lina Bo Bardi é uma baita atração |
Por eu gosto do MAM-Bahia
Lar do Museu de Arte Moderna da Bahia, o conjunto
arquitetônico do Solar do Unhão tem origem no Século 17. O primeiro ocupante
daquele pedaço de terra teria sido Garcia d’Ávila, genro de Caramuru e senhor
do Castelo da Torre, na Praia do Forte.
A construção da casa senhorial que vemos hoje foi iniciada
em 1690, já por um novo proprietário. Ao longo do tempo, o conjunto do Unhão
ganhou um engenho de açúcar, a Capela de Nossa Senhora da Conceição (Século
18), armazéns, chafariz, atracadouro e alambique.
Um sistema de trilhos facilitava o transporte das mercadorias que chegavam no atracadouro até os armazéns da propriedade |
O desafio de restaurar este conjunto, tombado em 1943, foi assumido pela arquiteta Lina Bo Bardi, no final dos anos 50, já com a ideia de instalar aí um Museu de Arte Moderna e um Museu de Arte Popular.
E que feliz encontro,
esse de Dona Lina com o Unhão. Frequento o lugar desde criança e sempre fui
fascinada pela capacidade que ele tem de provocar no visitante a sensação de
ver a vida cotidiana de séculos passados, ao mesmo tempo que parece tão próximo
e tão contemporâneo.
O Cinema do Museu de Arte Moderna da Bahia mantém uma programação variada |
Nada lá parece conservado em formol, ainda que preserve tão fielmente as características originais.
Não é à toa que 300 mil pessoas passam pelo Museu de Arte
Moderna da Bahia todos os anos.
Inventora e primeira diretora do Museu de Arte Modena da
Bahia, Lina Bo Bardi legou a Salvador um tesouro. E, claro, deixou uma obra de
arte que traduz integralmente o conceito que inspira aquele espaço: a escadaria
modernista que liga os dois pavimentos do solar.
A Capela de Nossa Senhora da Conceição é do Século 18 |
A escada em espiral que se enrosca em torno de um robustíssimo tronco é totalmente feita de encaixes e travas, recriando a técnica usada nos carros de boi — sem um preguinho sequer. E enquanto o olhar da gente gira acompanhando seus degraus a imaginação vai longe.
Já disse e vou repetir: a escada de Lina Bo Bardi e o Boi na Floresta de Tarsila do Amaral são duas obras de arte que, sozinhas, já tornariam qualquer museu do mundo um grande museu.
Estou torcendo agora para que as obras de restauração sigam
em frente e permitam a reabertura do belo Parque das Esculturas do MAM-Bahia e
do trapiche do museu, que é um espaço de tirar o fôlego ao pôr do sol.
Onde: Avenida Lafayete Coutinho, s/n (Avenida do Contorno)
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