28 de maio de 2017

4 motivos para ir ao MASP - e voltar sempre


"A Anunciação" de El Greco no MASP - Museu de Arte de São Paulo
Anunciação, de El Greco, meu xodó de infância


Comecei a frequentar o MASP - Museu de Arte de São Paulo ainda criança, nas visitas anuais ao lado paulista da família. Ele foi a escola que me ensinou a gostar de pintura — a “professora” mais persuasiva, sem dúvida, foi a Anunciação, de El Greco, que faz parte do acervo e é até hoje uma das minhas telas mais amadas.

Apesar desse chamego, fazia um tempinho que eu não ia ao MASP e aproveitei a passagem por Sampa no primeiro fim de semana de maio — showzão de Sting!! — pra rever minha escolinha preferida.

Van Gogh, Renoir e Modigliani no MASP - Museu de Arte de São Paulo
Obras de Modigliani no MASP - Museu de Arte de São Paulo
No alto, Van Gogh (na ponta direita) e Renoir. Acima, os Modiglianis do MASP


Estava louca pra conferir a nova disposição do acervo, que voltou a ser exibido em ordem mais ou menos cronológica nos famosos cavaletes de vidro desenhados por Lina Bo Bardi, arquiteta também responsável pelo já mitológico projeto do edifício do museu.

A notícia é que sempre haverá um bom motivo para ir ao MASP. Se você nunca foi, tá na hora de ir. Se já conhece, está na hora de voltar.

MASP, um museu essencial


Acervo do MASP - Museu de Arte de São Paulo
Acervo do MASP - Museu de Arte de São Paulo
Os famosos cavaletes de vidro desenhados por Lina Bo Bardi dão uma leveza incrível à exposição — e têm o lado divertido de inventar os "quadros com pernas"


O acervo do MASP


Não é à toa que o MASP é um dos museus mais importantes do Hemisfério Sul. Quando o colecionador Pietro Maria Bardi começou a movimentação para a criação de “um museu com padrão de primeiro mundo” em São Paulo, nos aos 40, ele contou com sua própria expertise e com o aconselhamento e curadoria de outros especialistas para selecionar o acervo da instituição. 

A Europa empobrecida do pós-guerra era um campo fértil para o garimpo de obras de qualidade  e o patrocinador do MASP, o magnata da imprensa Assis Chateaubriand, não se fazia de rogado em pressionar doadores a contribuírem com a empreitada de aquisição para a formação do acervo do museu.

"Criança Morta" de Portinari no MASP - Museu de Arte de São Paulo
"Reetirantes" de Portinari no MASP - Museu de Arte de São Paulo
Portinari no MASP - Museu de Arte de São Paulo
Criança Morta e Retirantes, de Portinari, dois momentos avassaladores do gênio de Brodowski
Di Cavalcanti no MASP - Museu de Arte de São Paulo
Uma deliciosa coleção de obras de Di Cavalcanti
Obra de Roberto Burle Marx no MASP
Além de um genial paisagista, Roberto Burle Marx também mandava bem nos pincéis. Esta obra sem título é de 1930
"Igreja em Terrassa" de Joaquín Torres García no MASP
Museu bom tem que ter Torres García. Esta é a Igreja em Terrassa, de 1919

O resultado da colheita é que o MASP abriga um rico painel da arte ocidental, desde a Idade Média até o Modernismo, com obras verdadeiramente representativas de artistas que se converteram em ícones de sua época.

Os brasileiros e latino-americanos estão muito bem representados por Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Portinari, Di Cavalcanti e Joaquín Torres García, só pra citar alguns dos meus favoritos.

"O Torso de Gesso" de Henri Matisse no MASP - Museu de Arte de São Paulo
O Torso de Gesso, de Henri Matisse


Esse panorama abrangente e instigante faz do acervo do MASP um prólogo extremamente competente para enredar olhos e corações no interesse pelas artes visuais — que em muitos casos, como o meu, podem virar um amor para a vida inteira.

O MASP é uma senhora escola do olhar ao alcance dos brasileiros.

Os quadros e outras peças não estão no MASP para cumprir tabela, são obras que se inscrevem entre o melhor produzido por seus autores. Se não são A obra-prima do artista, também não são meros rascunhos feitos para pagar a conta da bodega.

MASP - Museu de Arte de São Paulo
MASP - Museu de Arte de São Paulo
Além de ter um acervo bacanérrimo, o MASP é um show de arquitetura

O acervo do MASP aproxima o visitante do mundo das artes plásticas, especialmente da pintura, com a delicadeza e o didatismo de um professor apaixonado por seu ofício.

A qualidade e diversidade das obras colocaram o MASP no “Clube dos 19”, que congrega os 19 museus cujos acervos são considerados os mais representativos da arte europeia do século 19, ao lado do Museu d´Orsay e do Metropolitan de Nova York. (Depois desse mergulho eurocêntrico, vá ao Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro para fartar o coração com maravilhas brasileiras).

Edifício do MASP em São Paulo, projeto de Lina Bo Bardi
O projeto de Lina Bo Bardi é novo até hoje, 50 anos após a inauguração do MASP


A arquitetura do MASP

A obra-prima mais retumbante do MASP, pra mim, é sua embalagem. Inaugurado em 1968, o edifício projetado por Lina Bo Bardi tem aquela vocação rara de eterna vanguarda.

Não importa quanto tempo passe, o prédio do MASP não perde o frescor da novidade, da ousadia... coisa da gênia que foi Dona Lina.

O bloco de concreto vazado pelos janelões de vidro pousa suave, ancorado pelos pilares vermelhos, resultando em um prodígio de engenharia, que é o decantadíssimo vão livre de 74 metros de extensão — espaço que já virou uma marca de Sampa.

Admirar o MASP por fora é bom, mas “entrar na mágica”, ver o museu por dentro, é a oportunidade de descobrir outros ângulos de contemplação dessa arquitetura brilhante. Só isso já vale o preço do ingresso.

Vão livre do MASP em São Paulo
Pra mim, o vão livre do MASP é a logomarca mais forte de São Paulo


As exposições temporárias do MASP

Já vi mostras temporárias maravilhosas no MASP — e várias eu deixei de ver por conta das filas quilométricas.

Algumas dessas exposições temporárias são montadas com o acervo do próprio museu, que tem mais de 8 mil  peças e não consegue deixar tudo sempre ao alcance do público. 

Em 2016, por exemplo, teve Histórias Feministas, da fotógrafa Carla Zaccagnini e a Coleção de Moda Rhodia, ícone dos anos 60/70 que também pertence ao MASP.

O museu também recebe mostras itinerantes, com obras de outras instituições — já passaram por lá Mulher de Azul Lendo Uma Carta, exposição de uma obra só de Vermeer (e basta uma, mesmo), Caravaggio e seus seguidores e O Mundo Mágico De Marc Chagall, só para citar algumas que vi.

Feira de Antiguidades do MASP em São Paulo
Feira de Antiguidades do MASP em São Paulo
A feirinha de antiguidades do MASP + a Paulista fechada para carros: programinha de domingo que nunca dá errado


A Feira de Antiguidade do MASP, aos domingos

Taí um programinha de domingo que nunca dá errado em São Paulo. Garimpar quinquilharias fofas e peças de qualidade na Feira de Antiguidades do MASP é sempre divertido e inspirador. 

A feirinha funciona desde os anos 80 — teve uma época em que todos os meus brincos e anéis eram oriundos de lá — e atualmente reúne 100 expositores cadastrados que montam suas barracas todos os domingos, no vão livre do museu.

O segredo para garimpar boas peças na Feira de Antiguidades do MASP é chegar cedo e com paciência para fuçar e pechinchar. Funciona das 10h às 17h.

⭐MASP – Museu de Arte de São Paulo 
Avenida Paulista, 1578. Metrô Trianon-Masp

🕒 Horário: de terças-feiras, das 10h às 20h. De quarta a domingo, das 10h às 18h. Fecha às segundas.

💲Ingresso: R$ 50. Estudantes, professores e maiores de 60 anos pagam meia-entrada. Crianças menores de 10 anos e pessoas com deficiência e acompanhante têm acesso gratuito. Às terças-feiras e na primeira quinta-feira de cada mês o ingresso é livre para todos.

Todas as dicas de São Paulo (post índice)



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