A famosa e milenar Sé de Braga, do Século 11 |
Mesmo de transporte público, o bate e volta a Braga é um passeio bem confortável: os trens rápidos fazem o percurso em menos de 40 minutos e os ônibus deixam você lá em cerca de uma hora.
Braga é mais antiga do que Portugal e tem a maior
concentração de jovens do país. E todo mundo se encontra na Praça da República
(acima) |
O Arco da Porta Nova, do Século 16, era uma das portas da
muralha medieval e ligava o núcleo mais antigo de Braga aos bairros que iam
surgindo com o crescimento da cidade |
Dicas de Braga, Portugal
No alto, detalhe de uma fachada em azulejos. Acima, a Torre
de Menagem, meio escondidinha entre construções mais recentes do Centro
Histórico de Braga |
A Universidade do Minho tem seu maior campus em Braga. Dados populacionais de 2014 registram 19 mil estudantes universitários vivendo na cidade, que tem 137 mil moradores na área urbana.
Um belo pórtico bracarense |
Bracara Augusta foi construída sobre um castro (povoação fortificada) do povo brácaro, de origem celta, para se tornar a capital da província romana da Galécia e uma das mais desenvolvidas da Península Ibérica em seu tempo.
A sensação é que em Braga há uma igreja em cada esquina.
Entre o Século 12 e o Século 19, a cidade foi propriedade da Igreja Católica. Lá no alto, a Igreja de São João do Souto |
As igrejas de Braga
Inscrição Romana em uma parede da Catedral de Braga |
Apesar de alguns vestígios romanos cuidados com carinho pela cidade, as feições da atual Braga já não lembram Bracara Augusta. Elas são francamente barrocas, fruto de uma ambiciosa reforma urbana realizada no Século 18.
O acervo da Sé de Braga guarda descobertas arqueológicas
romanas e celtas |
O casal acabou doando a cidade à Igreja Católica, que mantinha um importante arcebispado lá. Teresa e Henrique, pais do primeiro rei português, Afonso Henriques, estão sepultados na Sé de Braga.
Jardins de Santa Bárbara e Paço Arquiepiscopal de Braga |
O que fazer em Braga, Portugal
Entre os monumentos anteriores ao período barroco em Braga está a Torre de Menagem, meio escondida por trás da Igreja da Lapa. A torre integrava as fortificações do Castelo de Braga, do Século 13.
Praça do Município |
Dividi meu tempo em Braga entre uma visita a famosa Catedral e ao Santuário de Bom Jesus do Monte, nos arredores da cidade, o segundo local de peregrinação mais visitado de Portugal, depois de Fátima.
O tradicional Café Vianna, na Praça da República, ainda é
muito frequentado pelos bracarenses |
Igreja dos Terceiros de São Francisco, de 1690 |
Entre uma e outro, aproveitei para fazer um passeio despreocupado pelas ruas do Centro Histórico de Braga.
Nesse passeio, fiquei especialmente encantada com o Jardim de Santa Bárbara e o Paço Arquiepiscopal.
Braga também tem seu histórico Café A Brasileira |
Os dois ficam no entorno da Praça da República, que se derrama na larga esplanada do Jardim da Avenida Central, um bulevar de pedestres margeado por lojas, restaurantes e sorveterias.
Quando caminhar por lá, observe, ao longe, o Santuário de Bom Jesus do Monte, que olha a cidade lá das alturas
O interior da Catedral de Braga é um belo mostruário de
estilos, do Românico ao Barroco |
Rua Dom Paio Mendes, Centro
Horário: diariamente, das 8:30h às 18:30h (acesso à igreja).
Entrada € 2.
➡️ Para ver também o Museu, o Tesouro e o Coro Alto (valem muito a pena), há um ingresso combinado que custa € 4. Essas visitas são realizadas de terça-feira a domingo, das 9h às 12:30h e das 14h às 17:30h (até 18:30h, no verão). A subida ao Coro Alto é sempre acompanhada por um guia da catedral.
O terreno onde se assenta a Sé de Braga, porém, é local de culto há muito mais tempo: os romanos mantinham ali um templo dedicado à deusa Isis, substituído, nos primórdios da cristianização da cidade por um primitivo templo católico.
No claustro da Catedral há diversos altares, de variadas
épocas. No alto, um exemplar românico. Acima e ao centro, um altar barroco |
A Catedral de Braga começou a ser erguida no final do Século 11, quando a chamada Reconquista (as guerras para expulsar os árabes da Península Ibérica) estava a pleno vapor.
O claustro central da Sé de Braga é quase um museu
arqueológico, com peças que vêm desde o tempo dos celtas. Acima, com motivos
cristãos e romanos |
Nem caia na bobagem de reservar só meia horinha pra ver a Sé de
Braga. Ela merece ser saboreada bem devagarzinho, com atenção a todos os
detalhes |
A Sé de Braga é uma aula sobre a beleza ao longo da História |
A única parte guiada da nossa vista à Sé de Braga foi ao Coro Alto (é obrigatório estar acompanhada por um funcionário da Catedral nessa área).
Para chegar ao Coro Alto da Sé de Braga é preciso subir uma escadaria cascuda, mas compensa.
O Coro Alto é aquele “mezanino” que as igrejas costumam ter, no espaço oposto ao altar-mor, onde costuma estar o órgão e onde fica o coral que canta durante as celebrações.
O interior da Sé de Braga visto do Coro Alto |
A própria Catedral de Braga é um desfile de estilos arquitetônicos, do românico ao barroco, passando pela decoração vivamente mourisca da Capela da Glória, pelo gótico flamejante do altar-mor, dedicado a Santa Maria, e pelas curiosas esculturas das peças de sustentação externa do telhado, chamadas de “cachorros”.
É tanta coisa para ver, e são tantos os detalhes, que me arrependi de não ter contratado um guia para a visita, pois as leituras prévias que fiz sobre a Sé de Braga ainda ficaram devendo uma compreensão mais profunda da diversidade de elementos que encontrei por lá.
No alto, detalhe da decoração do Coro Alto da Sé de Braga.
Acima, um painel de azulejos no Museu da Catedral |
Debruçados sobre a nave central, os coros costumam ser os melhores camarotes para apreciar uma igreja.
O Coro Alto da Sé de Braga é simplesmente espetacular, não só pela perspectiva que oferece para o interior do templo, mas também pela decoração riquíssima feita de entalhes e douramentos, como manda a melhor tradição barroca.
O acervo do Museu da Catedral tem peças belíssimas |
O Cálice de São Geraldo pertenceu aos condes de Portucale e era usado nas missas para servir o vinho e decorado com motivos marcadamente influenciados pela estética moura. Um pequeno notável.
O santuário de Bom Jesus do Monte oferece uma uma vista maravilhosa para
Braga |
Plantado no alto de um morro muito alto, cercado por um denso bosque e com uma vista escandalosa para Braga (especialmente ao cair da tarde, quando o sol está no ângulo certo), o conjunto de escadarias, jardins e igreja de Bom Jesus do Monte é de uma beleza arrebatadora.
A igreja de Bom Jesus do Monte é do Século 18 |
O morro onde se assenta o Santuário de Bom Jesus do Monte é local de culto desde o Século 14, mas o que você vai encontrar lá, atualmente, é fruto de um projeto levado a cabo no Século 18.
Os jardins de Bom Jesus do Monte são deliciosos |
São 670 degraus, que vencem 116 metros de subida formando um desenho simétrico encantador que reproduz uma Via Sacra. As fontes ao longo da subida têm toda uma simbologia, representando os cinco sentidos e as três virtudes (fé, esperança e caridade).
O interior da Igreja de Bom Jesus do Monte tem decoração
barroca |
A famosa escadaria do santuário tem 670 degraus e dá conta
de uma subida de 116 metros |
A semelhança, realmente é grande, como a igreja no alto do morro adornada pelas estátuas e as capelas da Via Sacra ladeando o caminho.
Bom Jesus do Monte é um grande lugar para encerrar a visita
a Braga |
O funicular é a salvação para quem não quer encarar 670
degraus |
Churrasqueira da Sé: ótima surpresa em Braga |
Onde comer em Braga
Escolhemos Churrasqueira da Sé ao acaso e tivemos uma ótima surpresa. O ambiente é simples e agradável, o atendimento é simpático e a comida estava maravilhosa.
A casa, como diz o nome, é especializada em pratos feitos na brasa e fica a cerca de 100 metros da Sé de Braga.
Este bacalhau na brasa com batatas ao murro estava
simplesmente divino |
A porção era gigantesca, tanto que nós três (eu, minha mãe e minha sobrinha Carolina) não conseguimos dar conta, muito por culpa do festival de bolinhos de bacalhau que pedimos de entrada.
Os preços também são muito convidativos: essa farra para três custou € 50.
Largo do Paço |
A cidade está a 360 km da capital, Lisboa.
As ruas do Centro Histórico de Braga rendem um belo passeio |
Há desde o rapidíssimo Alfa-Pendular (AP), que faz o trajeto em 39 minutos, aos pinga-pinga regional da Linha de Braga, que levam cerca de 1h50 para cumprir o percurso.
O preço da passagem de trem entre o Porto e Braga também varia de acordo com o trem escolhido e com a antecedência da compra.
Pesquisando agora, para viajar no mesmo dia, o bilhete de ida e volta no AP sai por €14,20, na segunda classe.
Como chegar a Braga de ônibus
Saindo do Porto, também com a Rede Expressos, o trajeto até Braga leva 1h10min e o bilhete ida e volta custa € 12. A estação rodoviária de Braga está a 850 metros da catedral.
A escadaria do Santuário de Bom Jesus do Monte inspirou a
Igreja de Congonhas (MG) onde estão os profetas de Aleijadinho |
No sopé do monte, há uma área gratuita para estacionamento, em frente à estação do funicular. Se quiser subir a pé, a escadaria fica bem ao lado.
O estacionamento (no alto) para quem vai ao Santuário de Bom
Jesus do Monte fica no sopé do morro, quase em frente à estação do Funicular |
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Cyntia, encantada neste post! Estou pesquisando bastante sobre Portugal, onde irei com a família em dezembro e ficaremos 45 dias perambulando pelo país. Vou ler todos os posts e queria fazer uma pergunta. Essas informações que você deu sobre a cidade (super completas para quem ficou só um dia lá), você pesquisou antes? Onde buscou as informações?
ResponderExcluirParabéns!
Claudia Bins
@AsPasseadeiras e @MezzoMondo
Oi, Claudia, obrigada :)
ExcluirFaz um bom tempo que eu venho lendo muita coisa sobre a História de Portugal e da Espanha (por prazer mesmo, nenhum projeto acadêmico, rsss). Se você quiser ler um livro básico, rápido e escrito por um jornalista (texto sem muita empolação), experimente "A Primeira Aldeia Global - Como Portugal mudou o mundo", do inglês Martin Page. Ele traça um painel interessante da história portuguesa, desde Afonso Henriques até os anos 80 do Século 20. Page tem uma visão conservadora, que fica bem explícita quando trata do período mais recente, mas fez o deverzinho de casa.
Sobre os pontos turísticos de Braga, pesquisei em blogs de viagem. Na página da Rede Brasileira de Blogueiros de Viagem (RBBBV) tem uma lista de links para blogs que escreveram sobre a cidade: http://www.rbbv.com.br/destinos-de-viagens/europa/europa-sul/portugal/
Ah, e esqueci de dizer que uma parte fundamental dos meus planejamentos de viagem é ler jornais do país pra onde estou indo, quando entendo o idioma. Ajuda muito a ter uma noção mais imediata do que vou encontrar. Uma coisa sobre Braga que esqueci de dizer no post é que ela é apontada como a cidade com a melhor qualidade de vida em Portugal :)
ExcluirOlá Cynthia! Parabéns por este artigo sobre a minha cidade. Gostei da descrição histórica e dos pontos de interesse que apresentaste. Tocaste no essencial. Já agora aproveito para deixar o meu roteiro sobre Braga, espero que gostes:http://www.espiritoviajante.com/visitar-braga-roteiro-de-2-dias/
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