Atualizado em junho de 2018
Como é gostoso poder finalmente colocar a minha bandeirinha em um lugar que passei décadas querendo conhecer. As ruínas das missões jesuíticas estavam na minha lista há um tempão e, finalmente, desencantaram.
Aproveitei o feriadão de Carnaval em Foz do Iguaçu para visitar justamente uma das mais bonitas, San Ignacio Miní, na Argentina.
Como é gostoso poder finalmente colocar a minha bandeirinha em um lugar que passei décadas querendo conhecer. As ruínas das missões jesuíticas estavam na minha lista há um tempão e, finalmente, desencantaram.
Aproveitei o feriadão de Carnaval em Foz do Iguaçu para visitar justamente uma das mais bonitas, San Ignacio Miní, na Argentina.
Um longo caminho arborizado leva à Catedral da Missão jesuítica
de San Ignacio Miní |
Organizar esse bate e volta de Foz do Iguaçu a San Ignacio Miní acabou sendo mais fácil do que eu imaginava.
Apesar da distância, cerca de 250 km, e da impossibilidade de usar um carro alugado — as locadoras de Foz do Iguaçu não permitem que a gente os leve tão longe da fronteira — deu tudo certo.
O que posso dizer é a beleza da Missão Jesuítica de San Ignacio Miní compensa com sobras cada quilômetro de estrada percorrido.
As construções de San Ignacio eram adornadas por entalhes,
com grande utilização de uma pedra local, o asperón rojo, tipo de arenito em
tom avermelhado |
Seguramente, uma das maiores atrações que já vi no nosso continente. Confira minhas dicas e prepare-se para ir à Missão Jesuítica de San Ignacio Mini. Garanto que você vai amar.
Visita à missão de San Ignacio Miní
Um pouquinho de história das missões jesuíticas
O pressuposto é ruim — converter povos indígenas aos usos, costumes e crenças europeias, sem o menor respeito por suas tradições e imaginário.
Uma característica marcante dos detalhes decorativos em San
Ignacio Miní é a representação de motivos florais e de animais da região, como
as abundantes borboletas |
Mas é inegável que, no contexto da época, as missões jesuíticas que floresceram no Cone Sul, entre os séculos 17 e 18, expressavam uma utopia.
As missões foram uma aposta da Companhia de Jesus em construir comunidades autônomas e autossuficientes entre os Guaranis, a quem as empresas coloniais só conseguiam enxergar como mão de obra a ser escravizada.
Os encantadores entalhes que decoram as construções de San
Ignacio eram feitos pelos artesão indígenas. O estilo é chamado de
Barroco-Guarani |
Nas missões, ou reduções jesuíticas, falavam-se os idiomas da terra, as tarefas eram divididas e a produção compartilhada com toda a comunidade.
A dissolução da Companhia de Jesus foi a senha para as invasões e extermínio das missões, comandadas pelos grandes senhores de terras e traficantes de escravos — como na história contada no belo filme A Missão, de Roland Joffè, de 1986.
A missão jesuítica de San Ignacio Miní
San Ignacio Miní foi fundada no final do Século 17, a menos de três quilômetros das margens do Rio Paraná.
Vestígios de um conjunto de moradias de San Ignacio Miní |
No território da atual Argentina, San Ignacio prosperou ao longo de 150 anos.
Vestígios das oficinas: as missões produziam praticamente
tudo que precisavam |
Há um setor de trabalho, onde ficavam as oficinas, o pomar, a horta e outras plantações. Também havia um setor de moradia e um setor de evangelização e culto, onde ficavam o Colégio dos Jesuítas, a igreja e as capelas.
A área das moradias seguia um arruamento retilíneo e bem
organizado |
Era em torno da Plaza Mayor que que estavam o Cabildo (sede da junta governativa da missão) as moradias dos dirigentes da comunidade e dos membros mais proeminentes da comunidade.
A Praça Maior era o centro da vida comunitária da missão |
As ruínas da igreja de San Ignacio Miní ainda dão uma ideia
da grandiosidade da construção |
O sistema de governo da Missão Jesuítica de San Ignacio Miní era misto.
Uma espécie de junta civil, formada exclusivamente por indígenas, era responsável por cuidar das “questões terrenas”.
Uma comissão formada pelos jesuítas que cuidava das questões relativas à doutrina, à observância dos preceitos religiosos e das regras morais.
Uma espécie de junta civil, formada exclusivamente por indígenas, era responsável por cuidar das “questões terrenas”.
Uma comissão formada pelos jesuítas que cuidava das questões relativas à doutrina, à observância dos preceitos religiosos e das regras morais.
Ruínas de uma capela na entrada da Praça Maior |
A Missão de San Ignacio Miní foi atacada e incendiada por tropas paraguaias em 1817 (o país já era independente). Os sobreviventes se dispersaram pela região ou foram tomados como escravos.
A "catedral" de San Ignacio é impressionante |
A região passou décadas completamente esquecida, até começar a ser colonizada, no início do Século 20, por empreendimentos voltados para a produção de erva mate — foi assim que os pais de Che Guevara vieram parar na região, em 1928.
A nova cidade de San Ignacio formou-se em torno das ruínas (e não, sobre elas, felizmente) e hoje reúne menos de 7 mil moradores.
O Pátio do Colégio dos Jesuítas, fechado nos quatro lados,
como um claustro |
As ruínas ficam bem no centro da cidade de San Ignacio, a 254 km de Foz do Iguaçu, 240 km de Puerto Iguazú e 64 km de Posadas.
Atravessando a fronteira do Brasil com a Argentina, siga pela Ruta 12.
Há um posto de pedágio na altura de Colonia Victoria (cerca de 100 km depois de Foz). Carros de passeio pagam 30 pesos.
Para atravessar a fronteira Brasil-Argentina é preciso apresentar passaporte ou RG. A carteira de motorista também é aceita (mas, como não é lei, eu não arriscaria ir só com ela).
De carro entre Foz do Iguaçu e San Ignacio Miní
Locadoras de Foz do Iguaçu oferecem pacotes com três dias de validade da Carta Verde por valores entre R$ 85 a R$ 95.
Excursões à Missão de San Ignacio Miní
Os hotéis de Foz oferecem um tour para a Missão de San Ignacio na casa dos R$ 140 por pessoa.
As vans partem de manhã cedinho e voltam no final do dia. No hotel onde me hospedei (o San Martin), era necessário fechar um grupo com um mínimo de oito pessoas para a realização do passeio.
Como viajei a San Ignacio Miní
Contratei um transfer privado (R$ 570). É salgado, mas pra mim valeu muito a pena, por toda a vontade que eu tinha de conhecer a missão.
Quem me levou foi Roberto González, super boa praça, ótimo papo e motorista cuidadoso.
Foi graças a ele que descobri a casa de Che Guevara em Caraguatay, onde parei no caminho de volta a Foz para uma visita.
Recomendo muito o serviço de Roberto. Os contatos dele são os telefones 45-91527133 (Vivo), 45-99808198 (Tim) ou 45-30289679.
(Tenho recebido mensagens de leitores avisando que os telefones de Roberto não estão funcionando. Minha sugestão é que você contate o seu hotel antes da chegada a Foz e peça recomendação de um motorista de confiança para contratar a viagem).
Visita à Missão Jesuítica de San Ignacio Miní
Atravessando a fronteira do Brasil com a Argentina, siga pela Ruta 12.
Há um posto de pedágio na altura de Colonia Victoria (cerca de 100 km depois de Foz). Carros de passeio pagam 30 pesos.
Para atravessar a fronteira Brasil-Argentina é preciso apresentar passaporte ou RG. A carteira de motorista também é aceita (mas, como não é lei, eu não arriscaria ir só com ela).
A riqueza dos entalhes do Barroco-Guarani pode ser vista
nestes portais de acesso ao pátio do Colégio dos Jesuítas. San Ignacio é
considerada o mais relevante exemplo desse estilo artístico |
Locadoras brasileiras da região de Foz do Iguaçu não permitem que você leve o carro alugado além de 50 km da fronteira.
Alugar carro, portanto, não é uma opção para ir à Missão Jesuítica de San Ignacio Miní.
É preciso estar com automóvel próprio ou contratar um transfer.
Alugar carro, portanto, não é uma opção para ir à Missão Jesuítica de San Ignacio Miní.
É preciso estar com automóvel próprio ou contratar um transfer.
Nos dois casos, é imprescindível fazer a Carta Verde, seguro obrigatório para veículos que ingressam em países do Mercosul (o equivalente ao seguro que fazemos no Brasil para garantir danos causados a terceiros). O preço varia de acordo com a quantidade de dias de validade da carta.
Locadoras de Foz do Iguaçu oferecem pacotes com três dias de validade da Carta Verde por valores entre R$ 85 a R$ 95.
Os hotéis de Foz oferecem um tour para a Missão de San Ignacio na casa dos R$ 140 por pessoa.
As vans partem de manhã cedinho e voltam no final do dia. No hotel onde me hospedei (o San Martin), era necessário fechar um grupo com um mínimo de oito pessoas para a realização do passeio.
Como viajei a San Ignacio Miní
Contratei um transfer privado (R$ 570). É salgado, mas pra mim valeu muito a pena, por toda a vontade que eu tinha de conhecer a missão.
Quem me levou foi Roberto González, super boa praça, ótimo papo e motorista cuidadoso.
Recomendo muito o serviço de Roberto. Os contatos dele são os telefones 45-91527133 (Vivo), 45-99808198 (Tim) ou 45-30289679.
(Tenho recebido mensagens de leitores avisando que os telefones de Roberto não estão funcionando. Minha sugestão é que você contate o seu hotel antes da chegada a Foz e peça recomendação de um motorista de confiança para contratar a viagem).
Visita à Missão Jesuítica de San Ignacio Miní
O ingresso às ruínas de San Ignacio Miní custa 130 pesos, para brasileiros (e demais cidadãos do Mercosul).
As ruínas de San Ignacio podem ser visitadas diariamente, das 7h às 19h.
Crianças até seis anos não pagam entrada.
O espetáculo de som e luz, realizado diariamente, a partir das 19 horas (ou às 20h, no verão. Se chover, a apresentação é suspensa) também custa 130 pesos.
A Missão Jesuítica de San Ignacio Miní é um misto de grandes descampados (como a Plaza Mayor da Missão) com áreas sombreadas por árvores centenárias, onde banquinhos de madeira convidam para uma pausa.
Não há qualquer serviço de lanchonete no interior dar ruínas, portanto, leve seu suprimento de água (acredite, se for verão, você vai precisar muuuuuito).
A estrutura do lugar é muito simples. Os sanitários ficam logo na entrada das ruínas, logo depois da bilheteria. São limpos e bem cuidados.
O Museu da Missão de San Ignacio estava fechado para reformas, infelizmente.
As ruínas de San Ignacio podem ser visitadas diariamente, das 7h às 19h.
Crianças até seis anos não pagam entrada.
O espetáculo de som e luz, realizado diariamente, a partir das 19 horas (ou às 20h, no verão. Se chover, a apresentação é suspensa) também custa 130 pesos.
A Missão Jesuítica de San Ignacio Miní é um misto de grandes descampados (como a Plaza Mayor da Missão) com áreas sombreadas por árvores centenárias, onde banquinhos de madeira convidam para uma pausa.
Atrás do Colégio dos Jesuítas ficava uma grande área de
cultivo (no alto). Acima, o antigo cemitério da missão, hoje tomado por árvores
frutíferas |
A estrutura do lugar é muito simples. Os sanitários ficam logo na entrada das ruínas, logo depois da bilheteria. São limpos e bem cuidados.
O Museu da Missão de San Ignacio estava fechado para reformas, infelizmente.
O museu de San Igancio Miní (no alto) fica logo na entrada
do sítio arqueológico. Acima, o mapa das ruínas |
Quanto tempo dura a visita a San Ignacio Miní
Calcule pelo menos três horas e meia para ir de Foz do Iguaçu a San Igancio, outro tanto para voltar, mais outras três horas para ver a área com calma.
É importante parar para descansar e ouvir o silêncio quase celestial que impera nas ruínas da Missão Jesuítica de San Ignacio Miní.
E lembre-se que tem o museu, onde estão expostas peças resgatadas das ruínas e onde se pode compreender melhor o contexto histórico das missões jesuíticas.
É importante parar para descansar e ouvir o silêncio quase celestial que impera nas ruínas da Missão Jesuítica de San Ignacio Miní.
E lembre-se que tem o museu, onde estão expostas peças resgatadas das ruínas e onde se pode compreender melhor o contexto histórico das missões jesuíticas.
Se você tiver mais tempo, planeje um pernoite em San Ignacio para assistir ao espetáculo de som e luz nas ruínas, muito elogiado.
➡️Recomendo, ainda, uma parada no sítio onde viviam os pais de Che Guevara quando ele nasceu. É um museusinho singelo, mas muito interessante.
A casa de Che Guevara fica no caminho entre Foz e San Ignacio, na altura da cidade de Caraguatay. Para mais informações, leia este post:
A casa de Che Guevara fica no caminho entre Foz e San Ignacio, na altura da cidade de Caraguatay. Para mais informações, leia este post:
Outras dicas de Foz do Iguaçu e região
Minha avaliação: Free Shop de Puerto Iguazu
Cataratas do Iguaçu: o lado argentino
Cataratas do Iguaçu: a natureza confortável
Curtiu este post? Deixe seu comentário na caixinha abaixo. Sua participação ajuda a melhorar e a dar vida ao blog. Se tiver alguma dúvida, eu respondo rapidinho. Por favor, não poste propaganda ou links, pois esse tipo de publicação vai direto para a caixa de spam.
Cataratas do Iguaçu: o lado argentino
Cataratas do Iguaçu: a natureza confortável
Curtiu este post? Deixe seu comentário na caixinha abaixo. Sua participação ajuda a melhorar e a dar vida ao blog. Se tiver alguma dúvida, eu respondo rapidinho. Por favor, não poste propaganda ou links, pois esse tipo de publicação vai direto para a caixa de spam.
Uma outra opção é alugar um carro em Puerto Iguazu, do lado argentino - aí não há a vedação de 50 km.
ResponderExcluirVerdade, Dani, mas achei essa alternativa meio trabalhosa demais pra pegar e devolver o carro.
ExcluirVerdade, Dani, mas achei essa alternativa meio trabalhosa demais pra pegar e devolver o carro.
ExcluirQue lindo...quanta história neste lugar. No RS tem os 7 Povos das Missões, que eu não conheço. Que vergonha, né?!
ResponderExcluirAdorei o post. Eu que amo história achei ele demais! Beijos
Também estou me devendo essa visita à Missão gaúcha, Ana. Morro de vontade, mas ainda não deu certo. Uma hora, acontece :)
ExcluirOi Cyntia.
ResponderExcluirFaz alguns dias você me deu uma dica no Dubbi de como ir até as Missões Paraguaias a partir de Posadas.
Estou embarcando nos próximos dias e montei uma rota de Salta até Posadas, de onde irei conhecer as Missões.
Agradeço a dica e estou aproveitando para ler o teu relato das Missões
beijo
Bacana, Marcia, acho que vc vai adorar
Excluir