O Ahu Tongariki é o local favorito dos visitantes para ver o amanhecer na Ilha de Páscoa, com o sol nascendo no mar, por trás dos moai |
O verão está chegando e, novamente, começa a alta estação na Ilha de Páscoa, quando além de ver todas as maravilhas, dá para aproveitar o banho de mar. São só 163 km², mas não se engane: há muito o que fazer em Rapa Nui.
Tente ficar no mínimo cinco dias inteiros por lá, não só para bater o ponto nas principais atrações, mas para se deleitar com aquela paisagem que em tudo lembra o começo do mundo e para descobrir e se encantar com as tradições do povo local.
Nas encostas do vulcão Rano Raraku, os rapa nui esculpiam os moai na cinza vulcânica endurecida |
Uma coisa eu garanto: você vai amar a Ilha de Páscoa. Veja as dicas:
O que fazer na Ilha de Páscoa
Moai na encosta do Vulcão Rano Raraku |
Uma das visitas mais recomendadas (e ansiosamente aguardadas), é ao vulcão Rano Raraku, chamado de “a fábrica de moai”.
Era lá que eram produzidas as imensas estátuas cerimoniais, arrancadas a golpes de primitivos cinzéis de basalto (uma rocha mais dura) da "pedra" mais porosa das encostas deste vulcão, na verdade cinza vulcânica compactada.
Mais da metade dos moai existentes na Ilha de Páscoa estão na encosta do Vulcão Rano Raraku |
Ainda é possível ver moai apenas esboçados, cuja produção foi abandonada pela eclosão das guerras que levaram ao abandono da tradição de homenagear reis e poderosos com as imensas imagens.
Tudo é impressionante em Rano Raraku, a começar pela paisagem extasiante que se pode contemplar lá de cima — o azul profundo do Pacífico, o verde dos campos e os penhascos abruptos erguidos sobre o mar.
Com o fim da "era dos moai", muitas estátuas foram abandonadas nas encostas do vulcão |
Lá do alto, tem-se uma visão impressionante do Ahu Tongariki, daquelas que deixam até um coração de pedra paralisado.
Quase metade dos moai contabilizados na ilha estão ainda aqui na “fábrica”, encomendas que não chegaram a ser entregues, muitos deles semi enterrados pelo tempo e, por isso mesmo, protegidos da erosão.
As estátuas, parcialmente enterradas (a gente só vê "do ombro pra cima") vão permanecer assim, para ficarem protegidas da erosão |
Esses dois moai ainda estavam sendo esculpidos quando o trabalho foi interrompido |
Não é permitido sair da trilha demarcada na encosta do Rano Raraku, mas ela deixa a gente pertinho dos moai |
Lá no alto, a cratera inundada do vulcão, com 50 metros de profundidade, tornou-se uma simpática lagoa que faz a gente pensar mais em piquenique que em turbulências nas entranhas da terra.
A trilha chega até a cratera alagada do Rano Raraku |
⭐Ahu Tongariki
Depois de contemplar o Ahu Tongariki do alto do Ranu Raraku, é emocionante vê-lo de perto — se puder, vá antes do amanhecer, para ver o sol nascer por traz dos moai, ou à tardinha, quando a luz estará perfeita para as fotos.
A majestade do Tongariki é um dos grandes espetáculos da Ilha de Páscoa |
O Ahu Togariki está estrategicamente colocado à sombra de dois vulcões (além do Rano Raraku, o Poike).
O cenário também ajuda: o mar furioso que se atira contra as rochas da costa é um contraponto poderoso à imponência dos vulcões...
Impossível não emudecer diante desse colosso |
O Ahu Tongariki foi restaurado no final dos Anos 80. Durante as guerras tribais que levaram ao fim da “era dos moai”, os gigantes de pedra foram derrubados. Depois, já no Século 20, um tsunami havia arrastado as estátuas terra a dentro.
Hoje, de volta a sua plataforma, eles retomaram sua posição original, de costas para o mar e mirando exatamente o ponto onde o sol se põe, no Solstício de Verão.
⭐Ahu Tahai
Se o melhor nascer do sol de Rapa Nui é em Tongariki, definitivamente não dá para perder os crepúsculos de Tahai. Esse ahu à beira mar fica bem pertinho do centro de Hanga Roa, num vasto gramado sobre o mar.
Ahu Tahai: pode um fim de tarde mais perfeito? |
Muitos trazem mantas para deitar na grama, outros trazem o farnel do piquenique, às vezes só uma garrafa de vinho. Alguns até trazem instrumentos musicais.
No centro do Ahu Tahai há um atracadouro construído pelos primeiros rapa nui |
Assistir ao pôr do sol em Tahai é um ritual que pode e deve ser repetido todos os dias, especialmente no verão, quando anoitece bem tarde e dá tempo de sobra para fazer as visitas do dia, relaxar numa prainha e chegar a tempo de ver um espetáculo absolutamente arrebatador.
A fúria do mar é uma senhora coadjuvante no espetáculo de
Tahai
|
Entre tantas visões magníficas oferecidas por Rapa Nui, talvez a mais tocante seja a dos sete moai quase idênticos do Ahu Akivi, os únicos que olham na direção do Pacífico — e, ironicamente, estão numa das raras plataformas erguidas no interior da ilha, distante do mar, o que, pra mim, confere uma certa nota nostálgica às imagens.
Los Siete: o único conjunto de moais da Ilha de Páscoa cujas estátuas estão voltadas para o mar |
(Aproveite a visita para provar os deliciosos ananases produzidos ao lado do ahu. São abacaxis menores e muito doces, vendidos já descascados e fresquíssimos).
Pra mim, o Akivi é o ahu mais comovente de Rapa Nui |
O mesmo roteiro que leva os visitantes ao Ahu Akivi passa pela “pedreira de Puna Pau, a cratera vulcânica de onde era extraído o material para esculpir os pukao, “chapeuzinho vermelho” dos moai — com todo o respeito 😊.
Os pukao, "chapeuzinhos" dos moais, estão espalhados em torno da cratera de Puna Pao |
Como no caso da matéria prima dos moais, essa “pedra” vermelha, muito porosa, é na verdade cinza vulcânica compactada.
Também como em Rano Rarako, por toda a área de Puna Pao estão espalhadas “encomendas” que não chegaram a ser entregues, chapeuzinhos que chegam a 1,50m de diâmetro semi enterrados no terreno gramado.
A um primeiro olhar, o lugar parece bem sem graça, mas é um dos sítios da ilha que está em franca exploração arqueológica, com uma equipe de arqueólogos trabalhando em escavações.
Ah, e o pukao não é um “chapeuzinho”. O adorno seria a representação do penteado usado pelos chefes tribais — e ainda hoje popular entre os jovens Rapa Nui —, que usavam os longos cabelos presos em um coque.
"Clareira" no sistema de cavernas de Ana Te Pahu |
Ao lado de Puna Pao estão as cavernas de Ana Te Pahu, um complexo de túneis formados por erupções vulcânicas.
Essas cavernas serviram de abrigo e morada a grandes contingentes do povo rapa nui durante o período de guerras tribais que encerrou abruptamente a "era dos moai" na Ilha de Páscoa.
A pacificação posterior instauraria um novo pacto na ilha, no qual a alternância de poder entre os sete clãs rapa nui passaria a ser definida no Ritual do Homem Pássaro, disputado em Orongo.
Mas, antes da paz, foi neste complexo de cavernas que os refugiados das guerras viviam e até plantavam: em alguns trechos em que a cobertura de lava endurecida desabou — e que, por falta de palavra melhor, chamarei de "clareira" — ainda vicejam bananeiras e outras plantas, abrigadas do vento, mas com acesso à luz do sol.
A caminhada pelo complexo de cavernas de Ana Te pahu é interessante, mas não espere pinturas rupestres ou outros vestígios sofisticados de ocupação humana.
Longe das "clareiras", os tuneis são escuros. O piso irregular exige cuidado ao caminhar e um bom solado no calçado, que, inevitavelmente, ficará molhado, pois há trechos de lama lá em baixo.
Na hora de ir embora das cavernas é que vem a parte mais radical do programa: você pode escolher a saída à moda Rapa Nui, por um buraco estreito, que vai exigir uma certa perícia, já que é preciso escalar o pequeno túnel que leva ao exterior.
⭐Caverna de Ana Kai Tangata
Para ver pinturas rupestres na Ilha de Páscoa, o lugar é a caverna de Ana Kai Tangata.
A caverna fica pertinho de Orongo, à beira mar. Foi lá que o povo Rapa Nui gravou, em tons que vão do dourado ao vermelho, uma profusão de pássaros em pleno voo, provavelmente representações dos manutaras, aves marinhas consideradas sagradas e cujos ovos os guerreiros buscavam nos motus, no ritual do Homem Pássaro.
O acesso a Kai Tangata é por uma escada que desce o paredão de pedra e o terreno irregular exige bastante cuidado.
Além de contemplar a beleza das pinturas rupestres, preste atenção na fúria do mar que pequenos dentes de lava endurecida impedem de invadir a caverna.
⭐Ahu Te Pito Kura (o "umbigo do mundo")
Os incas com certeza discordariam (eles elegeram Cusco), mas para o povo Rapa Nui, a Ilha de Páscoa é o “o umbigo do mundo”.
Essa tradição está representada no Ahu Te Pito Kura, no Nordeste da Ilha, a 26 km de Hanga Roa.
Essas cavernas serviram de abrigo e morada a grandes contingentes do povo rapa nui durante o período de guerras tribais que encerrou abruptamente a "era dos moai" na Ilha de Páscoa.
A pacificação posterior instauraria um novo pacto na ilha, no qual a alternância de poder entre os sete clãs rapa nui passaria a ser definida no Ritual do Homem Pássaro, disputado em Orongo.
Mas, antes da paz, foi neste complexo de cavernas que os refugiados das guerras viviam e até plantavam: em alguns trechos em que a cobertura de lava endurecida desabou — e que, por falta de palavra melhor, chamarei de "clareira" — ainda vicejam bananeiras e outras plantas, abrigadas do vento, mas com acesso à luz do sol.
A "saída radical" das cavernas de Ana Te Pahu, à direita |
Longe das "clareiras", os tuneis são escuros. O piso irregular exige cuidado ao caminhar e um bom solado no calçado, que, inevitavelmente, ficará molhado, pois há trechos de lama lá em baixo.
Na hora de ir embora das cavernas é que vem a parte mais radical do programa: você pode escolher a saída à moda Rapa Nui, por um buraco estreito, que vai exigir uma certa perícia, já que é preciso escalar o pequeno túnel que leva ao exterior.
À beira-mar, Ana Kai Tangata está coberta de pinturas rupestres |
Para ver pinturas rupestres na Ilha de Páscoa, o lugar é a caverna de Ana Kai Tangata.
A caverna fica pertinho de Orongo, à beira mar. Foi lá que o povo Rapa Nui gravou, em tons que vão do dourado ao vermelho, uma profusão de pássaros em pleno voo, provavelmente representações dos manutaras, aves marinhas consideradas sagradas e cujos ovos os guerreiros buscavam nos motus, no ritual do Homem Pássaro.
O piso de Ana Kai Tangata é muito irregular, atenção ao que vai calçar durante à visita |
Os pássaros de Ana Kai Tangata |
Além de contemplar a beleza das pinturas rupestres, preste atenção na fúria do mar que pequenos dentes de lava endurecida impedem de invadir a caverna.
Os incas com certeza discordariam (eles elegeram Cusco), mas para o povo Rapa Nui, a Ilha de Páscoa é o “o umbigo do mundo”.
Essa tradição está representada no Ahu Te Pito Kura, no Nordeste da Ilha, a 26 km de Hanga Roa.
O "umbigo do mundo". Os Rapa Nui acreditam que a pedra no centro do altar tenha propriedades de cura |
Os Rapa Nui atribuem a essa pedra, chamada de Te Pito o Te Henua, propriedades curativas.
Preste atenção ao moai caído próximo às pedras. Ele é considerado o maior da ilha, com 11 metros de altura.
Dicas práticas de passeios na Ilha de Páscoa
O Rano Raraku e a Vila Cerimonial de Orongo são as únicas atrações com entrada paga, das citadas neste post. Está a 18 km de Hanga Roa, na direção Nordeste.
Para ir a esse vulcão por conta própria, só com carro alugado ou táxi (nunca é demais repetir que a Ilha de Páscoa não tem transporte público). A estrada é asfaltada e basta um mapinha básico para chegar lá.
Para visita o Rano Raraku é preciso pagar o ingresso aos parques nacionais de Rapa Nui (US$ 60, se comprados na bilheteria local ou de Orongo, ou US$ 50, se comprado no Aeroporto de Mataveri). O bilhete também dá acesso à vila cerimonial de Orongo.
As demais atrações são gratuitas e, se você fizer a lição de casa, lendo um pouquinho sobre a história e as tradições da ilha, poderá visitá-las sem guia.
Só não recomendo fazer isso no complexo de cavernas de Ana Te Pahu, porque se aventurar sozinho por baixo da terra não é uma boa ideia, exceto para espeleólogos experientes.
Com um carro alugado ou de táxi (bem carinhos), dá para passear bastante por Rapa Nui. Mas meu conselho é que você faça os roteiros com as agências, para compreender melhor o significado de cada sítio, e depois retorne por conta própria aos lugares que achou mais bacanas.
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Hospedagem na Ilha de Páscoa - onde ficar em Hanga Roa
Preste atenção ao moai caído próximo às pedras. Ele é considerado o maior da ilha, com 11 metros de altura.
Ahu Tahai |
O Rano Raraku e a Vila Cerimonial de Orongo são as únicas atrações com entrada paga, das citadas neste post. Está a 18 km de Hanga Roa, na direção Nordeste.
Para ir a esse vulcão por conta própria, só com carro alugado ou táxi (nunca é demais repetir que a Ilha de Páscoa não tem transporte público). A estrada é asfaltada e basta um mapinha básico para chegar lá.
Caleta de los Pescadores, no centrinho de Hanga Roa |
Para visita o Rano Raraku é preciso pagar o ingresso aos parques nacionais de Rapa Nui (US$ 60, se comprados na bilheteria local ou de Orongo, ou US$ 50, se comprado no Aeroporto de Mataveri). O bilhete também dá acesso à vila cerimonial de Orongo.
As demais atrações são gratuitas e, se você fizer a lição de casa, lendo um pouquinho sobre a história e as tradições da ilha, poderá visitá-las sem guia.
Ahu Nau-Nau, na Praia de Anakena |
Só não recomendo fazer isso no complexo de cavernas de Ana Te Pahu, porque se aventurar sozinho por baixo da terra não é uma boa ideia, exceto para espeleólogos experientes.
Com um carro alugado ou de táxi (bem carinhos), dá para passear bastante por Rapa Nui. Mas meu conselho é que você faça os roteiros com as agências, para compreender melhor o significado de cada sítio, e depois retorne por conta própria aos lugares que achou mais bacanas.
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Parabéns e Cyntia!
ResponderExcluirVamos pra Pascoa daqui a 10 dias e estou lendo vários blogs.
Você conseguiu citar todos os pontos relevantes que tenho lido por ai. E o melhor, demonstrou muito respeito às tradições e aos nativos.
Obrigado pela sua ajuda!
Obrigada a você, Cirilo. E aproveite muito a beleza e as tradições de Rapa Nui. É um lugar inesquecível. Boa viagem!
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