O Ahu Akivi fica distante do mar, mas seus moai olham
na direção do oceano. A Ilha de Páscoa é o lar do povo Rapa Nui, que luta para
preservar sua cultura |
Em 2009, lideranças rapa nui bloquearam a pista do Aeroporto de Mataveri, na Ilha de Páscoa, para forçar o governo chileno a debater suas reivindicações sobre o controle de visitantes e imigrantes.
Foi um deus nos acuda, com centenas de passageiros de todos os cantos do mundo retidos em Santiago, impedidos de embarcar para a ilha.
O protesto não foi inspirado pela xenofobia, mas pela sobrevivência.
Isolada do mundo, a 4 mil km de qualquer outra porção de
terra, a Ilha de Páscoa não tem fontes perenes de água potável |
O abastecimento da ilha (de alimentos a combustíveis) vem do Chile, de navio ou de avião. O lixo faz o caminho inverso.
Os viajantes são bem vindos à Ilha de Páscoa, mas nós
precisamos fazer nossa parte |
Na década passada, a população da Ilha de Páscoa cresceu 55%, chegando a quase 6 mil pessoas. Hoje, algumas estimativas já falam em 10 mil moradores, das quais apenas 1.000 são rapa nui, a população original.
Se você tem viagem marcada ou sonha em visitar esse paraíso, faça sua parte e pratique o turismo responsável na Ilha de Páscoa — essa é uma postura desejável em qualquer destino de viagem, mas naquele pedacinho de mundo ela é crucial para ajudar a garantir a preservação ambiental e social da terra dos Rapa Nui.
Pinturas rupestres na caverna de Ana Kai Tangata representam
os pássaros sagrados do Povo Rapa Nui |
Dicas de turismo responsável na Ilha de Páscoa
A imigração crescente de “continentais” (chilenos) e de estrangeiros para esse pedacinho de terra no lado mais distante do mundo é apenas uma das ameaças ao frágil equilíbrio da Ilha de Páscoa, que até hoje paga o preço de um modelo especialmente perverso de colonização.
No final do Século 19, Rapa Nui foi arrendada pelo governo do Chile a uma empresa estrangeira que converteu a ilha inteira em uma fazenda de ovelhas.
Os moai estão por toda parte na Ilha de Páscoa.
Curta, admire, fotografe. Mas não toque neles, para não afetar sua conservação |
Desde então, por mais de 70 anos e até meados do Século 20, a população original da Ilha de Páscoa ficou confinada na vila de Hanga Roa (supostamente para impedir que os ilhéus roubassem e comessem os animais), sem poder plantar ou manter rebanhos.
Até hoje, a produção de alimentos por lá é mínima.
No topo do vulcão Rano Kau, a vila cerimonial de Orongo era
sede do ritual do Homem-Pássaro, que decidia a tribo que governaria a Ilha de
Páscoa a cada ano |
O clã Hitorangi, por exemplo, reivindica as terras onde hoje se ergue o luxuoso Hanga Roa Ecovillage & Spa. Segundo os rapa nui, o empreendimento ocupa a área do Ahu Makere.
Os ahu são plataformas rituais onde geralmente se depositam os ossos dos mortos de determinado grupo e podem ou não ser adornados com moai, a depender da importância militar ou política dos guerreiros ali sepultados.
Na tradição local, o hotel foi construído sobre o altar onde os Hitorangi reverenciariam seus matamúa (antepassados).
Te Pito Kura ("o umbigo do mundo"): os rapa nui
acreditam que essas pedras têm poderes curativos. Elas são fortemente
magnetizadas e esta pode ser uma das explicações para a "mágica" |
Até mesmo o mais bem intencionado dos turistas pode representar um impacto importante para o equilíbrio da Ilha de Páscoa.
Os números variam de acordo com a fonte, mas Rapa Nui recebe entre 50 mil e 65 mil visitantes por ano em 12 voos semanais que partem de Santiago, Lima e Papeete, no Taiti.
Os números variam de acordo com a fonte, mas Rapa Nui recebe entre 50 mil e 65 mil visitantes por ano em 12 voos semanais que partem de Santiago, Lima e Papeete, no Taiti.
O Ahu Tahai fica colado ao centrinho de Hanga Roa |
Ao mesmo tempo em que o turismo movimenta a principal economia da Ilha de Páscoa, contribui para a geração de lixo, a demanda por mais automóveis para passeios, o encarecimento dos gêneros alimentícios e para o crescente interesse de “continentais” em abrir pousadas e restaurantes por lá.
A vedação, porém, é facilmente driblada pelos contratos de “sociedade” pelos quais os ilhéus arrendam terrenos para “parceiros” que montam e tocam seus empreendimentos, desalojando moradores para habitações mais precárias, como os quase barracos construídos em alguns trechos da Calle Policarpo Toro, em Hanga Roa.
Além daqueles cuidadinhos básicos de gente educada (recolher seu lixo, evitar o desperdício de água, etc), prefira sempre contratar guias e agências mantidas pelos locais.
E, principalmente, ouça a história daquele povo, respeite sua cultura e solidarize-se com uma gente linda, que construiu maravilhas para o deleite de todos nós.
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O Chile na Fragata Surprise:
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