Machu Picchu tem 100 mil m² de belezas. É preciso um
pouquinho de organização pra ver todos os pontos importantes da cidade sagrada
dos incas |
Agora, imagine o sobe e desce — por degraus muito irregulares — a 2.400 metros de altitude
Esta foi minha quarta visita a Machu Picchu, mas foi muito
especial ver o santuário dos incas pelos olhos de meus sobrinhos Bruno e Carolina,
excelentes companheiros de viagem |
Eu já estive quatro vezes na cidade sagrada dos incas e ainda não posso afirmar que esgotei tudo o que ver em Machu Picchu.
Mas não se angustie. Nas seis horas que agora duram os turnos das visitas a Machu Picchu, dá para ver o principal e ainda tirar um tempinho para a contemplação sossegada, porque admirar o conjunto da cidade e as montanhas ao redor é o que há de mais gostoso pra fazer por lá.
Machu Picchu deixa esta tagarela aqui sem palavras |
O que ver em Machu Picchu - como organizar a visita
Trilhas demarcadas em Machu Picchu
O visitante continua podendo entrar nas construções, subir e descer, explorar as diversas áreas de Machu Picchu. É só seguir o percurso demarcado, que geralmente é de “mão única”.
Na entrada do sítio arqueológico, o mapa mostra as três trilhas demarcadas da visita a Machu Picchu |
Os Circuitos de Machu Picchu
Se você tem um mínimo de preparo físico e subir escadarias irregulares não é um problema, escolha o Circuito 1, que é o mais abrangente, contorna toda a cidade, subindo à parte mais alta (onde se faz aquela foto ahazante, com toda a cidade a nossos pés) e depois baixando à área agrícola e terraços de cultivo.
Os terraços de cultivo de Machu Picchu acompanham a descida
vertiginosa da montanha |
➡️ O Circuito 2 de Machu Picchu explora a parte inferior das ruínas e dura cerca de 2h30.
➡️ O Circuito 3 é o mais curto, sem muitas subidas e descidas e dura em torno de 2 horas.
Ingresso a Machu Picchu |
Como é a visita com guia a Machu Picchu
Nós, por exemplo, entramos sem guia. Mas eu recomendo vivamente que você contrate um, se for a sua primeira visita, mesmo que não cobrem isso na portaria.
Atualização - a exigência de guia está sendo aplicada, em 2019.
Terraços de cultivo |
Você pode contratar um guia particular ou se somar aos grupos que se formam lá mesmo, na portaria do sítio arqueológico.
Depois, você fica à vontade para explorar Machu Picchu por sua conta. Para isso, um bom mapa é fundamental.
Pra entender essa parte, aposto que esse post vai ajudar:
Machu Picchu - como organizar a viagem com as novas regras de visitação
Que horário escolher para sua visita a Machu Picchu
Lembre-se que a localização do sítio arqueológico — na zona de transição da Cordilheira dos Andes para a Floresta Tropical — é certeza de muita umidade e nuvens o ano inteiro, ainda mais ao amanhecer.
Longe de ser um problema, isso é um encanto a mais: é como estar diante de um palco e ver as “cortinas” se abrindo aos pouquinhos para o espetáculo.
Os sobrinhos recebidos por uma chuvarada em Machu Picchu.
Quem mandou a gente viajar em fevereiro? |
Dá tempo de acordar em Águas Calientes, tomar café com calma e ir para a fila do ônibus lá pelas 10h/10:30h, quando ela está pequena (a turma que vai subir para a visita a partir do meio-dia ainda não terá chegado).
Daí, é só aguardar o horário de entrada, já nas imediações da portaria de Machu Picchu.
Tem uma lanchonete bem legal, o Mapi Snack Bar, ao lado da entrada de Machu Picchu. Antigamente, o serviço era caro e ruim. Agora não está barato, mas a qualidade dos produtos melhorou muito.
Depois de percorrer Machu Picchu, guarde um tempinho para sentar
e contemplar a paisagem |
Atrações imperdíveis em Machu Picchu
Machu Picchu está dividida em duas áreas bem distintas:
A zona agrícola e de trabalho, com edificações mais rústicas para armazéns, alojamentos de trabalhadores, oficinas e os famosos terraços de cultivo.
A zona residencial e cerimonial fica na parte mais alta — e quanto mais você sobe, mais requintadas vão ficando as famosas paredes incas, com encaixes cada vez mais perfeitos e pedras cuidadosamente polidas.
Os terraços de cultivo garantiam as plantações para
abastecer Machu Picchu e também a contenção das encostas. A foto acima é de
2010. Hoje a circulação de visitantes pelos terraços é restrita |
⭐ Terraços de cultivo de Machu Picchu
Os incas desenvolveram um sistema eficiente de drenagem do solo e de aproveitamento das águas da chuva para irrigação. Você verá estruturas de canalização de água cortando alguns dos terraços de Machu Picchu.
Outra função dos terraços de cultivo é a contenção, evitando que a água da chuva desça pela encosta em aluvião, provocando a erosão do solo. Mais um exemplo da sofisticada engenharia desenvolvida pelos incas em Machu Picchu.
Deitar na grama era bom, mas deixava o casaco cheio de lama. O jeito era usar as fontes de Machu Picchu pra limpar a bagunça |
Caminho talhado nas pedras para canalizar a água das chuvas |
⭐ Fontes de água e canais de Machu Picchu
Além de se abastecer do lençol freático, essas fontes aproveitam as águas das chuvas — várias delas ainda estão funcionamento.
As fontes garantiam o abastecimento das residências e outros edifícios da cidade-santuário e a irrigação das plantações que alimentavam seus habitantes.
O Templo do Sol se destaca entre as construções pela forma
curva e pelo refinado polimento de suas paredes |
⭐ Templo do Sol de Machu Picchu
O Templo do Sol é uma das construções mais importantes de
Machu Picchu e ocupa posição destacada na "ala nobre" da cidade |
Machu Picchu vista das escadarias do Templo do Sol (e sob um
toró bíblico) |
No mesmo complexo, repare nos vestígios do templo de Pachamama (a “Mãe Terra”).
(Inca é o termo que designa imperadores, mas acabou virando sinônimo de quéchua, que é o nome do povo que construiu o famoso império).
A Tumba Real de Machu Picchu tem uma abertura cortada em forma de dentes ascendentes. É possível que esse desenho seja uma representação dos três planos da existência em que acreditavam os quéchua: o mundo subterrâneo, que representa a morte, a existência terrena e o mundo celestial, onde vivem as divindades.
A Praça Sagrada: ao fundo, o Templo de Wiracocha e, lá no
alto, o Observatório Astronômico |
Nesta praça está o Templo Principal, dedicado a Wiracocha, o criador do universo e pai de todos os deuses do panteão quéchua.
Templo de Wiracocha (Templo Principal) |
Templo das Três Janelas (sim, eu sei, só aparecem duas na foto 😁) |
⭐Templo das Três Janelas
Os quéchua acreditavam que as montanhas mais altas, especialmente as que mantêm neves eternas, eram divindades, encarnações de espíritos ancestrais, os apus.
Repare na perfeição dos encaixes dos imensos blocos de pedra e no requinte do polimento das peças .
As três aberturas do Templo das Três Janelas, voltadas para o vale, também seriam uma representação dos três planos da existência.
O Condor: demora um pouquinho pra a gente acertar o ângulo de observação e enxergar o bichinho com suas asas, que são as grades pedras ao fundo |
Na cosmogonia quéchua, o Condor representa Hanan Pacha, um dos três planos espirituais — o mundo divino, celestial.
A cabeça do Condor |
O Templo do Condor visto de cima |
Neste templo de Machu Picchu, a cabeça e o corpo do Condor estão gravadas em uma pedra no chão e duas grandes pedras que se elevam do chão seriam as suas asas.
Tente “enxergar” o a ave sagrada dos incas mudando o ângulo de contemplação. Uma hora, vai dar clique 😊.
Os sacerdotes incas usavam espelhos d'água para observar as
estrelas |
⭐Espelhos d'água
Um recurso muito comum usado nos rituais incas era exatamente ter recipientes que, cheios d’água, refletiam as estrelas e permitiam a observação astronômica (que os sacerdotes não eram bobos de ficar com torcicolo de tanto olhar para cima, né?)
O nome é poético (“pedra de amarrar o sol”), mas a destinação é funcional. A Intihuatana é um calendário agrícola |
No centro desse espaço fica a Intihuatana ("pedra de amarrar o sol"), um calendário solar destinado ao planejamento agrícola.
O observatório astronômico fica sobre uma rocha escavada em
forma de pirâmide |
A Intihuatana é uma pedra esculpida em formato de “prato”, com um “pino” no meio e cuja sombra, ao nascer do sol, aponta a estação do ano, de acordo com a direção em que se projeta.
A Praça Principal vista do setor residencial. Do outro lado,
a área de trabalho |
Então, esse cenário bucólico e fotogênico era o local das grandes celebrações religiosas em Machu Picchu, com a participação de toda a comunidade, em oposição às cerimônias mais seletas ndo Templo Principal.
Quando eu digo “toda a comunidade”, não imaginem a sociedade inca como uma democracia moderna, pois ela absolutamente estratificada e escravos e servos não eram incluídos nessa “população” — como também não eram na democracia ateniense.
O gramado da Praça Principal agora já não pode ser pisado
pelos visitantes |
A principal função dessa ágora inca talvez fosse mesmo expressar a estratificação social daquela sociedade.
A Praça Principal divide a cidade, distribuindo os espaços de acordo com sua utilização.
Ao Norte da praça, na parte alta de Machu Picchu, estão os espaços cerimoniais/sagrados, como o Observatório Astronômico, o Templo Principal e o Templo das Três Janelas.
Ao Sul da praça, ficam as oficinas, alojamentos de trabalhadores e a prisão.
A Oeste, o Setor Residencial, o Palácio do Inca e os templos do Sol e de Pachamama.
Nos bons velhos tempos mais hippies de Machu Picchu, o gramado da Praça Principal era o paraíso pra se deitar e rolar, fazer piquenique e até tirar um cochilo, depois de explorar a cidade.
Agora, é espaço privativo das lhamas e das memórias. Já não é permitido sequer pisar no gramado da Praça Principal de Machu Picchu.
A Rocha Sagrada, um altar para oferendas |
Ela fica em frente à área onde os visitantes disputam os bancos à sombra, em duas construções cobertas de palha (um dos poucos lugares onde se pode descansar com um mínimo de conforto nessa “nova” Machu Picchu cheia de regras — necessárias, mas meio extenuantes😊).
A Rocha Sagrada tem a forma de uma montanha e servia como altar para oferendas a Pachamama e aos Apus para assegurar a fertilidade da terra e boas colheitas.
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Muito bom, adorei viagem também
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