Por Bruno Santana
Sim, este é um texto sobre A Casa do Porco em São Paulo, um dos restaurantes mais badalados de uma cidade com um dos melhores cenários gastronômicos do mundo.
Certamente você já ouviu falar do bar e restaurante do intrépido Jefferson Rueda, que deixou o cargo de chef no estrelado italiano Attimo para abrir um espaço próprio onde tivesse a liberdade para fazer o que bem entendesse.
Você também deve ter sabido que ele recentemente figurou entre os dez melhores restaurantes da América Latina pelo célebre ranking da 50 Best (nesta mesma classificação, apenas o D.O.M., de Alex Atala, conquistou uma colocação superior entre as casas brasileiras).
Em outras palavras, esse texto certamente não servirá como uma "dica de um lugar desconhecido", porque certamente você já deve ter lido essa dica outras cinquenta vezes.
Mas eu me permitirei escrever sobre A Casa do Porco ainda assim, e por alguns motivos. Primeiro, porque ela realmente é tudo aquilo que falam, mas também por representar algo que vai além da boa mesa.
No centro de toda a história está, claro, o Centrão de São Paulo, outrora o pujante coração de uma das maiores metrópoles do mundo e então, progressivamente, considerado um espaço decadente, mal-cuidado e abandonado.
Sim, este é um texto sobre A Casa do Porco em São Paulo, um dos restaurantes mais badalados de uma cidade com um dos melhores cenários gastronômicos do mundo.
Certamente você já ouviu falar do bar e restaurante do intrépido Jefferson Rueda, que deixou o cargo de chef no estrelado italiano Attimo para abrir um espaço próprio onde tivesse a liberdade para fazer o que bem entendesse.
Você também deve ter sabido que ele recentemente figurou entre os dez melhores restaurantes da América Latina pelo célebre ranking da 50 Best (nesta mesma classificação, apenas o D.O.M., de Alex Atala, conquistou uma colocação superior entre as casas brasileiras).
Em outras palavras, esse texto certamente não servirá como uma "dica de um lugar desconhecido", porque certamente você já deve ter lido essa dica outras cinquenta vezes.
Mas eu me permitirei escrever sobre A Casa do Porco ainda assim, e por alguns motivos. Primeiro, porque ela realmente é tudo aquilo que falam, mas também por representar algo que vai além da boa mesa.
No centro de toda a história está, claro, o Centrão de São Paulo, outrora o pujante coração de uma das maiores metrópoles do mundo e então, progressivamente, considerado um espaço decadente, mal-cuidado e abandonado.
A"estética Centrão" no edifício onde funciona o restaurante |
Esta é uma impressão, claro, equivocada: mesmo hoje, o centro é dotado de uma aura peculiar, diferente de outras partes da cidade — diferente do ar jovial e descolado da Vila Madalena ou da arquitetura opressiva e sufocante dos entornos da Faria Lima, apenas para citar dois exemplos.
O centrão é São Paulo na sua definição mais pura: diverso, multicolorido nos seus tons de cinza, um pouquinho assustador para os (como eu) não-iniciados e cativante como só ele.
Os tempos recentes trouxeram ao centro uma espécie de nova vida, ainda em gestação, que nada tem a ver com qualquer ação das recentes administrações da cidade; é um projeto quase espontâneo, levado em frente por artistas, chefs, pequenos comerciantes e gente interessada em atrair as pessoas de volta a uma parte riquíssima, porém esquecida da cidade.
É aqui que entra A Casa do Porco.
Localizado no térreo de um prédio caracteristicamente mal-cuidado, próximo à Praça da República e ao Edifício Itália, o bar/restaurante poderia passar despercebido se não fossem as filas quilométricas e a frequente aglomeração formada na sua porta.
Uma boa dica para evitar a espera é chegar num horário pouco ortodoxo, como o meio da tarde, já que o espaço fica aberto sem interrupções.
Foi o que fizemos com sucesso eu e meu primo Maurício, amante de comida, assim como eu, e morador do Centro de São Paulo — feito que se torna ainda mais impressionante considerando que, dois dias antes, o restaurante tinha sido palco de um evento midiático com a visita dos integrantes do U2, que estavam na cidade para uma série de shows (aliás, a principal razão da minha visita à São Paulo).
Caso você não dê a mesma sorte e a fome seja muita ou o tempo disponível seja pouco, a Casa do Porco tem uma pequena janelinha para a rua que vende lanches rápidos.
Na verdade, um lanche rápido: o sanduíche de porco assado no pão ciabatta, com maionese de mostarda, tomate e cebola, que eu não pude provar, mas só considerando essa descrição acima e a qualidade geral dos produtos da casa, já é (mais) um motivo deveras tentador para que eu volte a São Paulo num futuro próximo.
O centrão é São Paulo na sua definição mais pura: diverso, multicolorido nos seus tons de cinza, um pouquinho assustador para os (como eu) não-iniciados e cativante como só ele.
Os tempos recentes trouxeram ao centro uma espécie de nova vida, ainda em gestação, que nada tem a ver com qualquer ação das recentes administrações da cidade; é um projeto quase espontâneo, levado em frente por artistas, chefs, pequenos comerciantes e gente interessada em atrair as pessoas de volta a uma parte riquíssima, porém esquecida da cidade.
É aqui que entra A Casa do Porco.
Localizado no térreo de um prédio caracteristicamente mal-cuidado, próximo à Praça da República e ao Edifício Itália, o bar/restaurante poderia passar despercebido se não fossem as filas quilométricas e a frequente aglomeração formada na sua porta.
Uma boa dica para evitar a espera é chegar num horário pouco ortodoxo, como o meio da tarde, já que o espaço fica aberto sem interrupções.
Foi o que fizemos com sucesso eu e meu primo Maurício, amante de comida, assim como eu, e morador do Centro de São Paulo — feito que se torna ainda mais impressionante considerando que, dois dias antes, o restaurante tinha sido palco de um evento midiático com a visita dos integrantes do U2, que estavam na cidade para uma série de shows (aliás, a principal razão da minha visita à São Paulo).
Caso você não dê a mesma sorte e a fome seja muita ou o tempo disponível seja pouco, a Casa do Porco tem uma pequena janelinha para a rua que vende lanches rápidos.
Na verdade, um lanche rápido: o sanduíche de porco assado no pão ciabatta, com maionese de mostarda, tomate e cebola, que eu não pude provar, mas só considerando essa descrição acima e a qualidade geral dos produtos da casa, já é (mais) um motivo deveras tentador para que eu volte a São Paulo num futuro próximo.
A cerveja da casa faz sucesso |
Na parte de dentro do restaurante, muito bem decorado num estilo industrial reminiscente de um açougue antigo, temos uma visão muito clara da cozinha, onde o chef Rueda está basicamente todos os dias comandando a equipe, desossando porcos inteiros e checando a satisfação dos comensais.
Nossa jornada gastronômica começou com uma cerveja artesanal — o cardápio oferece várias — espirituosamente batizada de Incríveis Porcos Alegres (uma brincadeira com a classificação IPA, ou Indian Pale Ale, um dos mais populares nessa onda das cervejas fabricadas em casa). Eu estou longe de ser um especialista na bebida, mas a breja foi elogiada com entusiasmo por Maurício, bebedor de longa data.
Pedimos, de entrada, o torresmo de pancetta com goiabada, combinação exótica perfeitamente executada: o salgadinho do torresmo, estaladiço de tão crocante, combinado com o doce da goiabada,
produziu um dos tira-gostos mais interessantes e saborosos que já experimentei.
Fiquei de olho também no pão no vapor com barriga de porco, pimenta fermentada e cebola roxa — mas esse vai ter que ficar para a próxima.
Nossa jornada gastronômica começou com uma cerveja artesanal — o cardápio oferece várias — espirituosamente batizada de Incríveis Porcos Alegres (uma brincadeira com a classificação IPA, ou Indian Pale Ale, um dos mais populares nessa onda das cervejas fabricadas em casa). Eu estou longe de ser um especialista na bebida, mas a breja foi elogiada com entusiasmo por Maurício, bebedor de longa data.
Pedimos, de entrada, o torresmo de pancetta com goiabada, combinação exótica perfeitamente executada: o salgadinho do torresmo, estaladiço de tão crocante, combinado com o doce da goiabada,
produziu um dos tira-gostos mais interessantes e saborosos que já experimentei.
Fiquei de olho também no pão no vapor com barriga de porco, pimenta fermentada e cebola roxa — mas esse vai ter que ficar para a próxima.
Torresmo com goiabada, santa combinação |
Para o prato principal, fomos na especialidade da casa: o Porco San Zé, composto de pedaços de porco assados por oito horas numa churrasqueira à lenha com tartar de banana, tutu de feijão e couve. Este prato já rodou o mundo depois dos elogios efusivos de ninguém menos que Ferran Adriá, então este que vos escreve resumir-se-á a dizer que é o melhor porco que já comeu na vida.
Da pele crocante à carne macia, junto com o adocicado da banana, ao feijão bem-temperado com pedacinhos de bacon artesanal, ficaram apenas as memórias de uma refeição inesquecível.
O segredo do sucesso da Casa do Porco é, claro, o cuidado do chef Rueda em preparar basicamente tudo artesanalmente, in loco — linguiças, conservas, embutidos, cortes especiais, pães, massas e todos os outros itens primários do cardápio são produzidos por lá mesmo.
Conversando com uma atendente, inclusive, descobrimos que a casa serve uma formidável cabeça de porco preparada especialmente pelo chef, que alimenta cerca de oito pessoas e deve ser encomendada com alguns dias de antecedência (e, ainda assim, sujeita à disponibilidade).
É uma boa ideia para a volta, assim como o é o menu degustação De Tudo um Porco, que custa cerca de R$100 por pessoa e faz um tour pelas principais especialidades da casa.
Da pele crocante à carne macia, junto com o adocicado da banana, ao feijão bem-temperado com pedacinhos de bacon artesanal, ficaram apenas as memórias de uma refeição inesquecível.
O segredo do sucesso da Casa do Porco é, claro, o cuidado do chef Rueda em preparar basicamente tudo artesanalmente, in loco — linguiças, conservas, embutidos, cortes especiais, pães, massas e todos os outros itens primários do cardápio são produzidos por lá mesmo.
Conversando com uma atendente, inclusive, descobrimos que a casa serve uma formidável cabeça de porco preparada especialmente pelo chef, que alimenta cerca de oito pessoas e deve ser encomendada com alguns dias de antecedência (e, ainda assim, sujeita à disponibilidade).
É uma boa ideia para a volta, assim como o é o menu degustação De Tudo um Porco, que custa cerca de R$100 por pessoa e faz um tour pelas principais especialidades da casa.
Porco San Zé: até Ferran Adriá elogia |
Ficou para a próxima visita, também, provar uma das elogiadas sobremesas da chef Saiko Izawa (que Rueda trouxe do Attimo), como o pudim de leite com chantilly de caramelo e algodão-doce. Se você também babou com essa descrição, pode entrar para o clube.
Os preços do restaurante não são exatamente módicos, mas certamente estão abaixo do que se espera para a comida de um chef estrelado.
A cerveja artesanal saiu por R$13 na garrafa de 300ml; já o torresmo com goiabada nos custou R$31 e o Porco San Zé, que dependendo da fome dos comensais alimenta uma ou duas pessoas, saiu por R$46. No total, nos alimentamos (muito) bem por cerca de R$80 por pessoa — valor que considero justíssimo.
No fim das contas, A Casa do Porco é um daqueles lugares responsáveis por conferirem uma dose de ar fresco ao local em que está inserido — e, no caso, estamos falando de um lugar que precisa muito desta dose de ar fresco.
O centro de São Paulo agradece pela sua existência, e eu também — não só pelo seu papel revitalizador, mas por ser (e me perdoem o termo, não encontrei nenhuma forma melhor de classificá-lo) um restaurante do caralho.
Antes ou depois de passar pela Casa do Porco, experimente este roteiro para um passeio pelo Centrão de São Paulo. No post índice (link abaixo) você encontra muitas outras dicas de lugares legais onde comer em São Paulo.
A Casa do Porco
Rua Araújo, 124, República, São Paulo. De segunda a sábado, do meio-dia à meia-noite. Domingos, do meio-dia às 17h.
Comes&Bebes - o índice de todas as dicas gastronômicas da Fragata
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Os preços do restaurante não são exatamente módicos, mas certamente estão abaixo do que se espera para a comida de um chef estrelado.
A cerveja artesanal saiu por R$13 na garrafa de 300ml; já o torresmo com goiabada nos custou R$31 e o Porco San Zé, que dependendo da fome dos comensais alimenta uma ou duas pessoas, saiu por R$46. No total, nos alimentamos (muito) bem por cerca de R$80 por pessoa — valor que considero justíssimo.
No fim das contas, A Casa do Porco é um daqueles lugares responsáveis por conferirem uma dose de ar fresco ao local em que está inserido — e, no caso, estamos falando de um lugar que precisa muito desta dose de ar fresco.
O centro de São Paulo agradece pela sua existência, e eu também — não só pelo seu papel revitalizador, mas por ser (e me perdoem o termo, não encontrei nenhuma forma melhor de classificá-lo) um restaurante do caralho.
Antes ou depois de passar pela Casa do Porco, experimente este roteiro para um passeio pelo Centrão de São Paulo. No post índice (link abaixo) você encontra muitas outras dicas de lugares legais onde comer em São Paulo.
A Casa do Porco
Rua Araújo, 124, República, São Paulo. De segunda a sábado, do meio-dia à meia-noite. Domingos, do meio-dia às 17h.
Onde comer em São Paulo
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Faltou uma informação essencial: preços!
ResponderExcluirA ideia não era exatamente fazer um detalhamento dos preços do restaurante, mas para manter a consistência com os outros posts, adicionei um parágrafo com estas informações :)
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