A curvatura da Baía de todos os Santos deixa Salvador de cara para um pôr do sol sempre deslumbrante. Essa imagem foi clicada na Ladeira da Barra, no Café da Aliança Francesa |
Salvador é especialmente afortunada, porque foi construída sobre a maior das escarpas que contemplam a Baía de Todos os Santos.
Muito da beleza da minha cidade se deve à moldura das águas de Kirimurê, o grande mar, como os Tupinambás chamavam a baía.
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Embarcações na Marina da Ribeira e a cor do mar na Ponta do Humaitá |
É também é a curva da Baía de Todos os Santos que deixa boa parte da cidade de frente para um belíssimo pôr do sol no mar, rara vantagem no nosso Litoral Atlântico.
Salvador deve ainda mais à sua baía — às águas protegidas que permitiram à cidade ser tocada "pela máquina mercante que em sua larga barra tem entrada", como disse Gregório de Matos.
Cidade alguma teria sido o maior porto do Atlântico Sul no navegante Século 17 sem aprender com tantos jeitos de estar no mundo que fundearam em nossas águas. Salvador é curiosa e acolhedora por causa de sua baía.
É verdade, também, que essa "máquina mercante" fez das águas de Kirimurê cúmplices de uma diáspora infame — o tráfico humano que nos trouxe a África, parte essencial da nossa alma.
Salvador deve ainda mais à sua baía — às águas protegidas que permitiram à cidade ser tocada "pela máquina mercante que em sua larga barra tem entrada", como disse Gregório de Matos.
Cidade alguma teria sido o maior porto do Atlântico Sul no navegante Século 17 sem aprender com tantos jeitos de estar no mundo que fundearam em nossas águas. Salvador é curiosa e acolhedora por causa de sua baía.
É verdade, também, que essa "máquina mercante" fez das águas de Kirimurê cúmplices de uma diáspora infame — o tráfico humano que nos trouxe a África, parte essencial da nossa alma.
Vista para a Baía de Todos os Santos da balaustrada da Praça Municipal, com a moldura do Elevador Lacerda: possivelmente, a logomarca mais forte de Salvador |
Desde sempre, a capital baiana encanta viajantes. Este ano, por exemplo, o jornal norte-americano The New York Times listou Salvador como um dos 52 melhores lugares do mundo pra se visitar em 2019 — único destino no Brasil, diga-se.
Já que Salvador está bombando, a Fragata se reúne a mais três blogueiros baianos pra falar da nossa cidade. Salvador, meu cantinho favorito é o tema da nossa blogagem coletiva.
A Ponta do Humaitá é um grande mirante para se contemplar Salvador e a Baía |
Veja as dicas:
Não deixem de conferir também as demais dicas dessa blogagem coletiva:
Viagens Invisíveis - O bairro do Comércio em Salvador, meu cantinho favorito
Vaneza com Z - Salvador, meu cantinho favorito: Subúrbio Ferrovário
7 lugares pra ver a Baía de Todos os Santos
⭐Ribeira
Um dos meus passeios favoritos em Salvador é dar um pulo na Ribeira, bairro tradicional que raramente entra nas listas mais óbvias de atrações turísticas da cidade.
Uma tarde sossegada à beira-mar, no bairro da Ribeira. Do outro lado das águas, o Subúrbio Ferroviário de Salvador |
O trem passando pelo subúrbio de Plataforma dá um toque nostálgico à paisagem da Ribeira |
O final da tarde na Ribeira é lindo, especialmente no trechinho da Praia do Bogari, onde os bares têm mesas ao ar livre, servem tira-gostos honestos e cerveja gelada a preços decentes. Grandes camarotes para ver o pôr do sol, que se derrama sobre a Ilha de Itaparica, do outro lado das águas da baía.
Avenida Beira Mar, na Ribeira. Ao fundo, a ponta da Península de Itapagipe e a Colina do Bonfim |
O pôr do sol na Praia do Bogari, Ribeira, é o meu favorito em Salvador |
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A Ponta do Humaitá vista do Forte do Monte Serrat (esquerda) e o pacato final de tarde no Bogari: duas belas imagens da Cidade Baixa |
O Humaitá é um clássico — se não para os turistas, com certeza para os baianos.
Essa pontinha de terra no final da Península de Itapagipe, na Cidade Baixa, abriga a igrejinha de Nossa Senhora do Monte Serrat, do Século 16, um antigo mosteiro — hoje convertido em residências — e um farol danado de fotogênico.
Quase aos pés da Colina do Bonfim, a Ponta do Humaitá é um dos cenários mais românticos de Salvador. Merece muito entrar na sua lista de visitas imperdíveis na cidade.
O Farol do Humaitá é o único instalado no interior da Baía de Todos os Santos |
Salvador vista da Ponta do Humaitá: no canto direito da foto, o Farol da Barra marca a entrada da Baía de Todos os Santos |
O lugar é bom de visitar a qualquer hora do dia. Sua localização privilegiada, avançada sobre as águas da baía, oferece vistas lindíssimas de Salvador para qualquer direção que a gente aponte o olhar.
Admirar a Baía de Todos os Santos na Ponta do Humaitá é um programa que combina com a visita à Igreja do Bonfim, que está a 1,6 km de distância.
Igreja de Nossa Senhora do Monte Serrat e Farol do Humaitá |
Ah, esse azul hipnótico da Baía... Na imagem, a Escola de Aprendizes de Marinheiros e o Monumento à Cidade do Salvador, obra de Mário Cravo |
O mais clássico dos camarotes para se contemplar a Baía de Todos os Santos é a balaustrada da Praça Municipal (ou Praça Tomé de Sousa, embora na Bahia ninguém chame os logradouros pelos seus nomes oficiais).
O visual é de rasgar a roupa, como você pode ver nas fotos.
E tem ainda o peso simbólico da coisa: foi lá, no alto da escarpa sobre as águas da Baía de Todos os Santos, que o primeiro governador-geral do Brasil (ele mesmo, Tomé de Sousa) decidiu plantar a nossa primeira capital.
Deixar-se hipnotizar pela paisagem na Praça Municipal é programa que combina direitinho com a exploração do Centro Histórico de Salvador. Vejas esses dois passeios:
Roteiro no Centro Histórico de Salvador
2 passeios no Centro Histórico de Salvador para ir além do Pelourinho
⭐Marina da Contorno
O conjunto arquitetônico do Século 17 — casa-grande, capela, oficinas, antigas senzalas, terreiros e atracadouro — hoje é sede do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-Ba). Um baita lugar para se desfrutar dos encantos da Baía de Todos os Santos.
O Solar do Unhão é um encontro de belezas. Tem águas da baía, que se balançam mansinhas contra os paredões que sustentam o conjunto. Tem a elegância dos traços das construções coloniais em perfeita harmonia com as intervenções desenhadas pela grande arquiteta Lina Bo Bardi.
Tem o Boi da Floresta, de Tarsila do Amaral, no acervo do museu. Tem o jazz da Jam no MAM aos sábados... E tem uma vista para mar de fazer o coração dar uma paradinha.
Não estive no Unhão na minha passagem por Salvador, neste verão. Soube que o píer está interditado por falta de manutenção. Mas lá há vários outros espaços onde ainda se pode namorar o mar da baía.
Amo a beleza minimalista do Forte de São Marcelo |
E tem ainda o peso simbólico da coisa: foi lá, no alto da escarpa sobre as águas da Baía de Todos os Santos, que o primeiro governador-geral do Brasil (ele mesmo, Tomé de Sousa) decidiu plantar a nossa primeira capital.
Essa é a vista da varanda do Palácio Rio Branco, primeira sede do governo do Brasil, ainda durante a Colônia. O edifício fica na Praça Municipal |
Roteiro no Centro Histórico de Salvador
2 passeios no Centro Histórico de Salvador para ir além do Pelourinho
Um bom lugar para bebericar de cara para a Baía de Todos os Santos é a Marina da Contorno — o nome oficial é Bahia Marina, mas todo mundo usa o nome da Avenida do Contorno, onde ela está localizada, a via que contorna a escarpa e liga a Cidade Baixa à Cidade Alta.
Além de atracadouro para lanchas e outras embarcações, a marina tem três restaurantes (Lafayette, DAS e Soho) e um bar/restaurante (Balada). São casas caras, mas o visual compensa.
A melhor varanda é a do restaurante Soho, especializado em cozinha japonesa, um dos meus favoritos em Salvador.
Balada: de terça a quinta-feira das das 16h às 23h. Sextas, das 16h à meia-noite. Sábados, das 10h à meia-noite. Domingos, das 10h às 22h.
DAS: diariamente, das 11:30h até o último cliente
Soho: almoço de segunda a quinta, das 12h às 15h e sextas das 12h às 16h. Jantar das 18h à meia noite.
Lafayette: almoço de terça a quinta-feira das 12h às 15h. Sextas, sábados e domingos, das 12h às 16h. Jantar de segunda a quinta e domingo, das 19h à meia-noite. Sextas e sábados das 19h à 1h da manhã. Veja a experiência da Fragata neste restaurante: Sim, é possível comer bem na Marina.
⭐Solar do Unhão
Ainda na Ladeira do Contorno, um pouco acima da Marina, fica o Solar do Unhão. Pra mim, é o lugar mais bonito de Salvador.Além de atracadouro para lanchas e outras embarcações, a marina tem três restaurantes (Lafayette, DAS e Soho) e um bar/restaurante (Balada). São casas caras, mas o visual compensa.
A melhor varanda é a do restaurante Soho, especializado em cozinha japonesa, um dos meus favoritos em Salvador.
Balada: de terça a quinta-feira das das 16h às 23h. Sextas, das 16h à meia-noite. Sábados, das 10h à meia-noite. Domingos, das 10h às 22h.
DAS: diariamente, das 11:30h até o último cliente
Soho: almoço de segunda a quinta, das 12h às 15h e sextas das 12h às 16h. Jantar das 18h à meia noite.
Lafayette: almoço de terça a quinta-feira das 12h às 15h. Sextas, sábados e domingos, das 12h às 16h. Jantar de segunda a quinta e domingo, das 19h à meia-noite. Sextas e sábados das 19h à 1h da manhã. Veja a experiência da Fragata neste restaurante: Sim, é possível comer bem na Marina.
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Pôr do sol visto da Ladeira do Contorno. A silhueta de campanário na imagem é da capela do Solar do Unhão |
O conjunto arquitetônico do Século 17 — casa-grande, capela, oficinas, antigas senzalas, terreiros e atracadouro — hoje é sede do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-Ba). Um baita lugar para se desfrutar dos encantos da Baía de Todos os Santos.
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O Parque das Esculturas, na área externa do Solar do Unhão |
O píer do Solar do Unhão ao cair da tarde |
Abaixo do Parque das Esculturas fica uma prainha que andou na moda, há alguns verões |
Não estive no Unhão na minha passagem por Salvador, neste verão. Soube que o píer está interditado por falta de manutenção. Mas lá há vários outros espaços onde ainda se pode namorar o mar da baía.
Saiba mais: Salvador: uma tarde no Solar do Unhão
A Igreja de santo Antônio da Barra e embarcações atracadas no Iate Clube vistas do Café da Aliança Francesa |
⭐Ladeira da Barra
Se você procurar no GoogleMaps, talvez jamais encontre a Ladeira da Barra — mas é só porque o Google não fala baianês.
A ladeira é um dos trechos da Avenida Sete de Setembro, via que começa no Farol da Barra e acaba na Praça Castro Alves, 5 km depois.
A Ladeira da Barra começa a subir a escarpa da Cidade Alta na altura da Praia do Porto da Barra e desemboca, lá em cima, no Largo da Vitória.
Esses 1.100 metros de escalada são feitos na luxuosa companhia das águas da Baía de Todos os Santos, avistável de diversos pontos da via.
Em muitos trechos da Ladeira da Barra, a vista para o mar está encoberta por construções. Mas alguns espaços públicos — o Largo da Igreja de Santo Antônio da Barra, a calçada na altura do Iate Clube da Bahia, por exemplo, são luxuosos camarotes.
Para contemplar a Baía de Todos os Santos da Ladeira da Barra, experimente o terraço do Café da Aliança Francesa.
Saiba mais: Onde ver o pôr do sol em Salvador - um café e um museu
Se você procurar no GoogleMaps, talvez jamais encontre a Ladeira da Barra — mas é só porque o Google não fala baianês.
A ladeira é um dos trechos da Avenida Sete de Setembro, via que começa no Farol da Barra e acaba na Praça Castro Alves, 5 km depois.
A Ladeira da Barra começa a subir a escarpa da Cidade Alta na altura da Praia do Porto da Barra e desemboca, lá em cima, no Largo da Vitória.
Esses 1.100 metros de escalada são feitos na luxuosa companhia das águas da Baía de Todos os Santos, avistável de diversos pontos da via.
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Porto da Barra: primeiro atracadouro no interior da Baía de Todos os Santos usado pelos portugueses. Hoje é apenas a melhor praia urbana que eu conheço |
Para contemplar a Baía de Todos os Santos da Ladeira da Barra, experimente o terraço do Café da Aliança Francesa.
Saiba mais: Onde ver o pôr do sol em Salvador - um café e um museu
Um dos ângulos de contemplação do alto do Farol da Barra |
Finalmente, chegamos à entrada — o início — da Baía de Todos os Santos. O lugar onde Kirimurê começou a mudar de nome, no longínquo 1º de novembro de 1501.
Fico imaginando a sensação do cartógrafo Américo Vespúcio diante daquela barra de baía — 11 km de largura, entre a ponta do Farol da Barra e a Ilha de Itaparica — quando adentrou a barra da baía a bordo de uma das naus da expedição de Gaspar de Lemos.
Vespúcio, que registrou a baía na cartografia europeia e batizou-a com seu nome cristão, cresceu no Borgo Ognisanti de Florença, onde o Rio Arno, por mais cercado de maravilhas que esteja, jamais ultrapassa os 150 metros de largura.
Ver a Baía de Todos os Santos no Farol da Barra é repetir o olhar de Vespúcio — e um deleite que comporta muitos ângulos.
Recomendo todas as opções, mas lembro que o horário de visitas ao interior do Forte de Santo Antônio, onde está o Farol da Barra, é de terça a domingo, das 8:30h às 18h (diariamente, nos meses de janeiro e julho). O ingresso custa R$ 15.
Todas as dicas de Salvador - post índice
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Recôncavo BaianoCurtiu este post? Deixe seu comentário na caixinha abaixo. Sua participação ajuda a melhorar e a dar vida ao blog. Se tiver alguma dúvida, eu respondo rapidinho. Por favor, não poste propaganda ou links, pois esse tipo de publicação vai direto para a caixa de spam.
Maravilha de post!
ResponderExcluirA vista que mais gosto é a do Elevador Lacerda e o pôr do sol é na Ponta do humaitá.
Salvador é uma cidade camarote voltada para o mar. Difícil não se apaixonar por este lugar.
Abraços!
Que lugares lindos! É impossível escolher apenas alguns e vale a menção no New York Times!
ResponderExcluirRui Quinta, Rui de Viagem
Oi, Cyntia. Tudo bem? :)
ResponderExcluirSeu post foi selecionado para o #linkódromo, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Bóia – Natalie