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O Parque del Oeste é um dos grandes mirantes de Madri: da
esquerda para a direita, o Palácio Real, a Catedral de La Almudena e a Real
Basílica de San Francisco el Grande |
Uma tarde ensolarada, sapatos confortáveis e muito pouco dinheiro. Isso é tudo o que você precisa para fazer um passeio bem bacana pela capital espanhola para ficar cara a cara alguns de seus maiores cartões postais.
Este Roteiro em Madri, da Praça de Espanha ao Palácio Real, é infalível para ver coisas lindas e se divertir muito.
Esta é basicamente uma rota pela Madri dos séculos 19 e 20. O percurso tem quase 4 km, começando aos pés de D. Quxote, na Plaza de España, e terminando no Campo del Moro, um lindo jardim sossegado nos fundos do Palácio Real.
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Com 25 andares e 117 metros de altura, o Edifício España é
uma das imagens mais reconhecíveis de Madri |
O Palácio Real é a única atração paga desse roteiro — mesmo assim, se você chegar a lá no fim da tarde, de segunda a quinta, vai ter entrada grátis.
Fiz todo o percurso a pé — eu amo andar. Mas você pode recorrer ao metrô para fazer partes do trajeto e até dividir as atividades em duas partes.
O importante é namorar a beleza de Madri. Veja o mapa do meu roteiro em Madri da Praça de Espanha ao Palácio Real no final do post. Bora?
Roteiro em Madri da Praça de Espanha ao Palácio Real
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Monumento a Cervantes, na Praça de Espanha. Abaixo, uma
visão geral da praça, com o espigão Torre de España (à esquerda) tentando
roubar o protagonismo na cena |
A Praça de Espanha (Plaza de España) é apenas uma praça, mas concentra alguns emblemas importantes de Madri. Então, vamos começar nosso roteiro lá.
Até porque a Estação Plaza de España do metrô é a mais próxima do Parque del Oeste e do Templo de Debod, nossas próximas paradas.
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Casa Gallardo, um "bolo de noiva" de 1911 |
A irritante silhueta da Torre de España, um arranha-céu, destoa de tudo em volta, mas também posa para muitas fotos.
Ao sair da Praça de Espanha rumo ao Templo de Debod, repare na bela Casa Gallardo, de 1911, uma das obras mais importantes da arquitetura modernista madrilenha. Ela fica numa esquina da praça.
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O Templo de Debod tem 22 séculos de idade |
Como chegar: uma caminhada de 500 metros desde a Praça de Espanha. Entrada gratuita
O Templo de Debod está no centro de um dos conjuntos mais bonitos de Madri.
Embora tenha 22 séculos de idade, o templo ele foi incorporado à paisagem madrilenha em 1968, um presente do governo do Egito à Espanha pela ajuda no resgate do patrimônio histórico daquele país na área alagada pela Represa de Assuã, onde originalmente estava o templo.
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Depois de visitar o Templo de Debod, aproveite a pausa no
Parque del Oriente. Como você viu na foto de abertura do post, o lugar também é
um lindo mirante |
O Templo de Debod é dedicado a Amon, divindade dos ventos adorada no Egito como símbolo do Império, das vitórias militares e pai de todos os deuses.
Trazido das margens do Nilo para Madri, o santuário foi remontado na área antes ocupada pelo Quartel de la Montaña, destruído na Guerra Civil Espanhola.
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Parque del Oeste |
O templo também fica lindo à noite, com sua iluminação cênica.
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Para ir do Templo de Debod aos Jardins de Sabatini, siga
pela Calle de Ferraz e Calle de Bailén, uma caminhada de 800 m por um cenário bem bonito |

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A inspiração é o Século 18, mas os Jardins de Sabatino são
um legado da Segunda República Espanhola |
Do Templo de Debod aos Jardins de Sabatini, caminhe 750 metros pela Calle de Bailén.
Os Jardins de Sabatini, com desenho francês e ares setecentistas, foram, na verdade, construídos nos anos 30 do Século 20.
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Em pleno Centro de Madri, os Jardins de Sabatini são de um sossego celestial |
O local aproveita uma baixada ao lado do Palácio Real onde, em outros tempos, estiveram as cavalariças da corte espanhola.
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O Palácio Real clicado dos Jardins de Sabatini |
No verão, os Jardins de Sabatini são usados como palco para eventos culturais.
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Durante a ditadura franquista, a Plaza de Oriente era o
local preferido das manifestações dos seguidores do generalíssimo. Apesar dessa
memória, ela é hoje uma área verde bem simpática |
Uma praça que serve de antessala à sede de uma monarquia jamais poderia ser básica, né? A Plaza de Oriente, inaugurada no Século 19, bebe no esplendor de eras mais pujantes da História da Espanha.
Estátuas de reis — ignorando solenemente o período de governos mouros, como ditava a época — e jardins impecáveis completam a moldura verde em torno do Palácio Real, fechando o perímetro formado pelo Campo del Moro (a Leste), os Jardins de Sabatini (Norte) e Parque de Atenas (Sul).
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Um carrossel à moda antiga na Plaza de Oriente. Abaixo, o
Teatro Real, do Século 19 (à direita) |
Realizada no Século 16, a obra foi considerada um prodígio — se não artístico, pelo menos de “engenharia”, já que toda ela se apoia exclusivamente nas patas traseiras do cavalo.
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Filipe IV em sua pose preferida. Abaixo, uma alameda da Plaza del Oriente com árvores
disciplinadamente podadas e estátuas de reis |
Tacca recorreu ao gênio de Galileu Galilei para resolver o “cálculo estrutural” da escultura. O florentino se saiu com um ovo de Colombo: bastava que a parte traseira da estátua fosse maciça e a parte dianteira ficasse oca para equilibrar a escultura. O resultado impressiona pela leveza e majestade.
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A Praça de Armas e o Palácio Real |
⭐Palácio Real (Palácio de Oriente)
Como chegar: Metrô Ópera
Horário: Diariamente, das 10h às 18h (de abril a setembro, fecha às 20 horas).
Preço: € 11. Entrada gratuita: de segunda a quinta, das 16h às 18h (outubro a março) e das de 18h às 20 h (abril a setembro). A gratuidade é para cidadãos da União Europeia, residentes e cidadãos ibero-americanos (nós, brasileiros, por exemplo).
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O Palácio Real e, lá longe, a Torre de España (à direita) |
O maior palácio real de toda a Europa, com 3.418 cômodos, é de um século anterior às atrações deste roteiro, mas se a ideia é ver uma Madri mais majestática, viemos ao lugar certo 😊.
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O Palácio de Oriente substituiu o Alcázar Medieval,
destruído em um incêndio |
O Palácio de Oriente ocupa a mesma escarpa sobre o leito do Rio Manzanares consagrada como posto ideal para a instalação do poder político ou militar muito antes de Madri ser Madri.
Sabe-se ao certo que ali existiu uma fortaleza moura que, a partir da Reconquista Cristã, foi sendo ampliada e reforçada até ser adotada como sede da monarquia, com a fixação da capital do Reino de Castela na cidade, no reinado de Filipe II (Século 16).
O Alcázar, como era conhecido o antigo palácio, era um forte símbolo da Dinastia Habsburgo, que em dois séculos de reinado realizou diversas obras de ampliação e melhoramento no conjunto de edifícios.
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A placa em frente ao Palácio de Oriente lembra a revolta popular do Dois de Maio de 1808, quando o povo madrilenho enfrentou as tropas de Napoleão que ocupavam a Espanha |
Reis mortos, reis postos: o Alcázar foi destruído por um incêndio em 1734 (já na era dos Borbón).
Quatro anos depois, era iniciada a obra do novo Palácio Real — que desde sua inauguração, no reinado de Fernando VI, foi reformado praticamente por todos os reis que passaram por lá.
Visitar os suntuosos salões do Palácio de Oriente (fotos não são permitidas) pode ser um jeito legal de encerrar este passeio, mas reserve pelo menos duas horas para isso e, mesmo assim, correndo um bocadinho.
Caso você resolva continuar caminhando, tem mais coisa pra ver:
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A Catedral de la Almudena não corre qualquer risco de entrar
na minha lista de favoritos em Madri, mas fica na rota deste passeio 😁 |
Ao lado do Palácio Real de Madri, no canto Sul da Plaza de la Armería, está a Catedral de la Almudena, uma igreja que não corre o menor risco de entrar no ranking dos meus monumentos preferidos na cidade.
A Almudena começou a ser construída em 1879 e só foi consagrada em 1993. A catedral impressiona pelas dimensões. Já li muitos elogios à vista que se tem do topo de uma de suas torres, a 60 metros de altura.
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Dizem que a vista da torre da Catedral da Almudena é espetacular. Abaixo, a fachada lateral da igreja |
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Restos da muralha árabe de Madri, ao lado da Catedral |
Ao lado da catedral, descendo a Cuesta de la Vega vale a pena parar uns cinco minutos para ver os restos da muralha árabe, do Século 9, apontada como a construção mais antiga ainda de pé em Madri.
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O Palácio Real visto do Campo del Moro |
É preciso descer toda a Cuesta de San Vicente (ao lado dos Jardins de Sabatini) ou a Cuesta de la Vega (ao lado da Almudena) até lá.
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Estive no Campo del Moro em uma tarde de inverno e o lugar era só sossego |

Horário: Aberto diariamente, das 10 às 18h. De abril a setembro, até as 20 horas. Entrada gratuita.
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A Estação de Metrô Príncipe Pio é a mais próxima aos portões de entrada do Campo del Moro |
O Campo del Moro é um antigo campo de caça dos reis Habsburgo (séculos 16 e 17). A área de 20 hectares foi transformada em jardim no Século 19.
Oferece uma vista soberba para o Palácio Real e um sossego que quase não é deste mundo (eu fui lá num dia de semana de inverno, é verdade...).
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Não se assuste com o berreiro dos pavões. Eles são mansinhos e dão um toque aristocrático ao antigo campo de caça da Dinastia Habsburgo |
Não se assuste com os “gritos” que vai escutar, de tempos em tempos: os pavões que passeiam por lá são meio escandalosos.
Um passeio pelo Século de Ouro (e todas as atrações são grátis!)
Roteiros literários: a Madri dos Áustrias
Nos passos de Cervantes: um passeio pelo Barrio de las Letras
A Espanha na Fragata Surprise - post-índice
Madri
Andaluzia: Cádis, Córdoba, Granada, Ronda e Sevilha
Castela e La Mancha: Toledo
Castela e Leão: SegóviaCatalunha: Barcelona, Girona e Tarragona
Comunidade Valenciana: Valência
Galícia: Santiago de Compostela, Caminho de Santiago e cidades da rota
A Europa na Fragata Surprise
Que ótimo roteiro!
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