O que fazer em Bath, Inglaterra

Harmônica, simétrica e um escândalo de bonita. Você vai cair de amores por Bath. Na imagem, a Great Pulteney Street vista de uma janela do Holburne Museum

No Século 18, era o máximo passar o verão em Bath. Harmônica, simétrica e marcada pelas curvas de seu Rio Avon, de suas colinas e de sua arquitetura. Bath era sinônimo de elegância e de vida social intensa, um lugar para ver e ser visto. E, quem sabe, caçar um bom partido ou cair nas graças do poderoso da ocasião.

O tempo passa e já devem ser raros os que vão até Bath, no Sul da Inglaterra, em busca de casamento ou pistolão. Mas os encantos da cidade continuam todos lá, prontinhos para arrebatar o visitante do Século 21.

The Royal Crescent é considerado um dos exemplos mais importantes da arquitetura georgiana na Inglaterra. O semicírculo de fachadas rigorosamente idênticas continua sendo o endereço mais chique de Bath — e, sim, você já viu esse cenário em vários filmes de época

Eu passei dois dias em Bath (era pra ser só um, mas não consegui ir embora, de tão apaixonada) e pude explorar muitos detalhes lindos dessa cidade encantadora, bem fácil de visitar a partir de Londres. 

Veja alguns belos motivos para colocar Bath no seu roteiro pela Inglaterra:

Pulteney Bridge, a imagem mais conhecida de Bath

O que fazer em Bath, Inglaterra

A história de Bath começou muito antes que os salões elegantes descritos nos romances de Jane Austen começassem a se mudar para lá, nas temporadas de verão e inverno.

Célebre por suas águas termais, louvadas pelos romanos e obrigatória para os reis da idade média, o local onde hoje se assenta Bath e suas fontes de águas quentes já eram conhecidos pelos celtas — o mesmo povo que esculpia cavalos na rocha clara das colinas próximas à cidade.

Não bastasse a arquitetura, Bath também tem parques e jardins danados de românticos, como o pequeno Alkmar Garden (no alto) e os Parade Gardens

⭐Termas Romanas de Bath

Desde o tempo dos celtas, as fontes de águas quentes e ferruginosas de Bath já eram apreciadas e traziam gente de longe para banhos rituais em honra da Deusa Sulis.

No Século 1º de nossa era, os conquistadores romanos chegaram ao atual Somerset, fortificaram e embelezaram a cidade de Aquae Sulis (a futura Bath) e construíram as famosas termas que ainda vemos hoje.

Termas Romanas de Bath: no alto, detalhe do hall de entrada do edifício georgiano. Acima, o Great Bath, a piscina do tempo dos romanos

As Termas Romanas tiveram um papel importante no desenvolvimento de Bath e permaneceram em uso até a metade do Século 20, quando foram transformadas em museu. Antes disso, foram o centro da vida social da cidade, frequentada pela aristocracia inglesa —  e por diversos personagens da escritora Jane Austen.

Saiba mais: Jane Austen em Bath - dois cenários de romance

A deslumbrante Abadia de Bath, do Século 7º. Esse rendilhado do forro (no alto), faz a gente ficar horas entortando o pescoço para olhar para o alto, sem reclamar

⭐Abadia Medieval de Bath

Construída no Século 7º d.C. — mais velha que a própria Inglaterra, portanto — a Abadia de Bath é daquelas construções que deixam a gente boba com tanta beleza. Ela fica no coração da cidade, bem ao lado das Termas Romanas, e tem entrada gratuita.

Não tem desculpa, portando pra você deixar essa maravilha fora de seu roteiro em Bath.

⭐Arquitetura Georgiana em Bath

A marca mais forte de Bath são os grandes conjuntos de arquitetura georgiana (Séculos 18 e 19), que abrigaram algumas cenas inesquecíveis da literatura, como os momentos decisivos de Persuasion, meu livro preferido de Jane Austen.

A impecável harmonia das fachadas de The Circus

Bonita, elegante e impecavelmente ordenada, essa face de Bath parece refletir as características preconizadas para as heroínas literárias da época. A gente até fica na duvida se, mais que mera locação, não seria a cidade a verdadeira musa dessas peripécias românticas.

Por toda parte em Bath reina uma harmonia quase obsessiva. São ruas inteiras com fachadas rigorosamente iguais, como num jogo de espelhos onde apenas os pequenos detalhes — a renda de uma cortina ou as cores em uma floreira — distinguem uma casa da outra.

Fachada na Great Pulteney Street

Talhada em pedra clara, que atrai e abraça a luz do sol, essa uniformidade de Bath quase faz a gente andar na ponta dos pés para não perturbar esse equilíbrio.

O mais impressionante desses conjuntos georgianos de Bath é o Royal Crescent, uma meia lua imponente, aberta para o verde do Victoria Park.

A meia-lua do Royal Crescent se abre para o verde do Victoria Park, uma área de lazer bem popular em Bath

O Royal Crescent é o endereço mais chique de Bath desde o tempo em que os reis da Inglaterra se chamavam George — uma sucessão (1698- 1830) de quatro monarcas da Casa de Hannover com esse nome batizou o Estilo Georgiano.

A decana da arquitetura georgiana em Bath é a Queen Square, de 1725. Esse conjunto de casas aristocráticas em torno de uma praça fechada é o mais antigo exemplar do estilo na cidade.

The Paragon: Jane Austen morou aqui, na casa de um tio, no nº 14

A marca georgiana também passa pelo luxo de The Circus (um círculo perfeito de fachadas idênticas, em torno de um jardim), pela curva do menos aristocrático Paragon e pela preciosa Great Pulteney Street, onde um imóvel não custa menos que um milhão de libras, atualmente.

Mesmo os endereços anônimos de Bath estão impregnados por esse encanto e pela delicadeza das linhas discretas da arquitetura georgiana, com sua impecável harmonia de traços.

The Circus, um círculo perfeito de fachadas idênticas

É como se os velhos conjuntos habitacionais do Bloco Soviético tivessem aprendido a essência da leveza em aulas do Bolshoi para receber os visitantes. 

Saiba mais sobre a Arquitetura Georgiana em Bath em um post bem detalhadinho, com roteiro e mapa pelos principais exemplares desse estilo na cidade.

Estive em Bath no verão e pude aproveitar mais que a história e bela arquitetura da cidade. Passear por Parade Green, às margens do Rio Avon, é um programa delicioso

⭐ Bath ao ar livre - parques e jardins

Bath também tem muitas áreas verdes deliciosas (com a grama mais fofa e confortável que já encontrei na vida).

O Victoria Park, em frente ao Royal Crescent, tem um simpático gramado para quem quer tomar sol e um bosque frondoso.

Sidney Park, o favorito de Jane Austen

Já o Sidney Park, no final da Great Pulteney Street, era o favorito da escritora Jane Austen — ela morou praticamente em frente, em Sidney Place.

Sydney Park foi inaugurado em 1790, seguindo o conceito de pleasure garden — jardins públicos voltados para o entretenimento e, portanto, dotados de conchas acústicas para apresentações teatrais e musicais, coretos, casas de chá, grutas e ruínas artificiais, labirintos e outras atrações. Ele é o último remanescente desse tipo de área verde do Século 18 em toda a Inglaterra.

O casarão do Holburne Museum (no alto) foi construído dentro do Sidney Park, para funcionar como um hotel. Na parte de trás do museu, a cafeteria envidraçada é um ótimo lugar para a pausa cercada de verde

Bem ao gosto do Romantismo, escola que estava na crista da onda na época de sua inauguração, o parque tem alamedas encantadoras, pontes, e recantos adornados por fontes. 

O Templo de Minerva fake do Sidney Park é um adendo posterior, inaugurado em 1911. 

A balaustrada da North Parade, antiga alameda elegante de Bath, é um bom lugar para debruçar e contemplar o sossego dos Parade Gardens

⭐ Parade Gardens

O principal espaço verde de Bath são os Parade Gardens, bem no coração da cidade. Esse parque tem a curiosa característica de cobrar entrada (£1,20). Mas vale a pena, pois o lugar é belíssimo.

Os Parade Gardens foram inaugurados em 1709, às margens do Rio Avon.

Acesso aos Parade Gardens

Os jardins foram projetados para que a alta sociedade,  que vinha de todas as partes da Inglaterra para aproveitar os tratamentos das Termas de Bath, tivesse um parque elegante para passear, naquele ritual de tira-chapéu-faz-uma-mesura que era tão apreciado no Século 18 — quem já leu um romance da época, já imagina a cena.

Parade Gardens

Hoje, os Parade Gardens continuam tão movimentados quanto nos áureos tempos de Bath — embora seus frequentadores/as já não usem luvas, bengalas ou espartilhos.

Numa tarde de domingo de verão, é impressionante a quantidade de gente que deita e rola na grama, aproveita as espreguiçadeiras com um livrinho ou simplesmente pensa na vida, sentada em algum romântico banco de pedra, cercado pelas flores em cores vivas. Cena de livro.

O rio que corta Bath é um dos nove chamados Avon em terras britânicas

⭐ Passeio de barco pelo Rio Avon

Um jeito simpático de explorar esse lado mais verde de Bath é embarcar num passeio pelo Rio Avon, nos barcos que partem do ancoradouro ao lado de Pultney Bridge.

Não espere vistas muito retumbantes ao longo do percurso. Apenas a tranquilidade e o silêncio de um dos rios mais limpos da Inglaterra, como orgulhosamente anunciarão os barqueiros.

Fazer um passeio de barco pelo Rio Avon é uma maneira bacana de ver Bath por outros ângulos

Eles também tratarão de explicar que esse não é o mesmo curso d’água que corta a cidade natal de Shakespeare, Stratford-Upon-Avon, apenas um dos seus oito xarás.

É que “avon”, na antiga língua bretã, significa “rio”, daí a repetição do nome, Inglaterra a fora.

O River Walk, às margens do Rio Avon. Abaixo, o cenário rural clicado durante o passeio de barco

Quanto tempo ficar em Bath

Bath é um destino popular das excursões bate e volta que partem de Londres, mas, sinceramente, acho que essa opção deve ser bem frustrante.

Há muito para ver na cidade e vale a pena ficar mais um pouco. 

Eu, por exemplo, cheguei para passar uma noite e, de cara, resolvi esticar para duas. 

Reserve pelo menos dois dias inteiros para Bath, para poder explorá-la com calma e aproveitar as termas.

Os Parade Gardens são locação frequente de filmes e séries de época

O que ver nos arredores de Bath

Bath também pode ser uma ótima base para passeios bate e volta para atrações próximas, como Salisbury e sua bela catedral, Stonehenge e Glastonbury, famosa pelas ruínas de sua abadia e velhas lendas druídicas.

Roubei umas horinhas da minha estadia em Bath e fiz um bate e volta a Stonehenge. Sonho realizado

Transporte em Bath

Bath foi feita para ser percorrida a pé, pois embora não seja exatamente plana, tem um relevo bastante suave — e essa é a melhor maneira de descobrir a beleza de sua arquitetura.

Estação Ferroviária de Bath-Spa 

Como chegar a Bath

Bath está a 190 quilômetros a Oeste de Londres, no condado de Somerset. A viagem de trem, partindo da Estação de Padington, dura cerca de uma hora e meia.

Vale muito a pena comprar a passagem de trem para Bath com antecedência, pois a variação de preço é brutal.

Uma caminhada curta separa a estação de trens ao Centro Histórico de Bath. Eu também fui pra o hotel arrastando a minha malinha

Só para dar uma ideia, a passagem Londres-Bath Spa (este é o nome da estação da cidade) para esta segunda-feira, 17/09, comprada hoje, custaria £40,50. Comprada hoje pata viajar em outubro, custaria £17,20.

Eu cheguei a Bath vinda de Winchester, outra maravilha da Inglaterra, uma viagem de cerca de uma hora. 

Bath é super amigável às caminhadas. E a gente vai descobrindo um monte de detalhes no percurso

Hospedagem em Bath

No verão, vale o alerta: programe sua hospedagem com antecedência em Bath, pois a cidade é bem concorrida.

Cheguei a bath om reserva apenas para a uma noite. Como resolvi ficar mais um pouco, tive que trocar de hotel, pois já não havia vaga para uma segunda noite no meu primeiro alojamento.

Fiquei hospedada no Best Western Abbey e, depois, no Parade Park Guesthouse. Siga o link no título do post para ver minha avaliação sobre essas acomodações.

Todas as postagens sobre hotéis, pousadas e hostels publicadas no blog estão organizadas no índice Hospedagem comentada.

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