15 de outubro de 2012

Roteiro em Istambul, a cidade que é tudo ao mesmo tempo, agora


Ponte e Torre de Gálata em Istambul na Turquia
A Ponte de Gálata com certeza vai entrar em seu roteiro em Istambul. Ela liga o chamado Chifre de Ouro ao distrito de Beyoğlu. Ao fundo, a famosa Torre de Gálata, herança genovesa do Século 14


Meu roteiro em Istambul foi uma escala da minha tão sonhada viagem à Grécia. Foram apenas quatro dias, mas mal pisei na cidade e já comecei a fazer planos para voltar.

Embora seja um país de maioria muçulmana, achei o clima da Turquia bem tranquilo para uma mulher viajando desacompanhada — além de Istambul, eu também visitei as ruínas de Troia, na margem asiática do Estreito de Dardanelos. Fiquei quatro dias inteiros na Turquia e mais uma noite, na volta da Grécia, apenas uma conexão.

Mesquita Nova em Istambul na Turquia
Teleférico para o Monte Pierre Lotti em Istambul

Os 28 séculos de importância política, econômica e militar da cidade convivem em perfeita harmonia em Istambul. No alto, o trânsito pesado cerca a Mesquita Nova” (Século 16), com a a Mesquita de Suleiman ao fundo. Acima, o teleférico para o Monte Pierre Lotti, que oferece uma vista deslumbrante para a cidade


Fiz todos os passeios e atividades do meu roteiro em Istambul por conta própria, sem guias ou excursões. A única exceção foi o transfer do Aeroporto Atatürk até o bairro de Sultanameht, onde fiquei hospedada.

Contratei um tour apenas para ir a Troia — mas aí foi muito mais pela dificuldade da produção do que por receio de andar só. As ruínas ficam a cinco horas de Istambul, incluindo o trajeto de ônibus, uma travessia de ferry boat e outro trecho pela estrada.

Porto de Kabatas em Istambul naTurquia
No Porto de Kabataş, às margens do Bósforo, é possível tomar um barco e atravessar o estreito. Ele fica na região mais ocidentalizada de Beyoğlu


Passear em Istambul, usar o transporte público e chegar às atrações da cidade foi sempre bem fácil, apesar de eu falar apenas seis palavras em turco — nas áreas turísticas, é fácil encontrar quem fale ao menos algum inglês. O cima na cidade me pareceu sempre cordial e seguro.

Veja as minhas dicas para aproveitar as belezas de Istambul:


Roteiro em Istambul - 4 dias


A Fonte Alemã da Praça de Sultanahmet em Istambul
A Fonte Alemã da Praça de Sultanahmet em Istambul
A Fonte Alemã da Praça de Sultanahmet em Istambul
A Fonte Alemã (Alman Çeşmesi), na Praça de Sultanahmet, foi um presente do kaiser Guilherme II e inaugurada em 1901


O que ver em Istambul 


Há cidades arrebatadoras pela paisagem. Outras, pelas maravilhas construídas pelos homens. Há, ainda, as que seduzem pela história, pela atmosfera e pela personalidade.

E há Istambul, a capital de três impérios, que é tudo isso ao mesmo tempo (e muito!).

Na paisagem, Istambul está impregnada da beleza que se esparrama pela confluência do Mar de Mármara com o Chifre de Ouro e pela longa faixa azul do Estreito de Bósforo, que corta a cidade — o mesmo Bósforo domado pelo herói mitológico grego Jasão, o canal de águas traiçoeiras que ele singrou em busca pelo Velocino de Ouro.

Praça de Sultanahmet e Basílica de Santa Sofia em Istambul
Basílica de Santa Sofia em Istambul
Mesquita Azul em Istambul
A Praça de Sultanahmet é o coração do Centro Histórico de Istambul, local onde estão as duas maiores atrações da cidade, a Basílica de Santa Sofia (no alto e no centro) e a Mesquita Azul (acima)


Não bastasse a forcinha da natureza, os minaretes e cúpulas distribuídos na paisagem fazem de Istambul uma fortíssima concorrente ao título de mais belo skyline do planeta.

A aura conquistada em 28 séculos de importância política e cultural está em cada esquina de Istambul, a cidade que já foi Bizâncio e Constantinopla

Decoração do Palácio de Topkápi em Istambul
Decoração da Basílica de Santa Sofia em Istambul

Em Istambul é essencial olhar para o alto: acima um teto na Basílica de Santa Sofia. No alto, a decoração de um aposento no Palácio de Topkápi, morada dos sultões até o Século 19


Quando era Constantinopla, os gregos a chamavam de “A Cidade” (hē Polis) resumindo com precisão tamanha majestade —  ir a Constantinopla era “ir à cidade” (stimˈboli), termo de cuja corruptela surgiu o nome Istambul.

A herança dos muitos povos que tiveram Istambul como capital ou referência se encontra e dialoga nas ruas movimentadas da atual metrópole.

Museu Arqueológico de Istambul
Museu Arqueológico de Istambul
Logo no meu primeiro dia, fui ver a incrível coleção de sarcófagos do Museu de Arqueologia de Istambul, que está instalado em um pavilhão do Palácio de Topkápi


Na Praça de Sultanahmet, o antigo hipódromo dos romanos, a Basílica de Santa Sofia dos bizantinos e a Mesquita Azul, obra prima otomana, olham uma para a outra — e a gente fica meio sem saber para que lado olhar, pois as duas são deslumbrantes.

Ali do lado, a Cisterna da Basílica ostenta 336 colunas retiradas de templos romanos — um luxo de palácio aplicado a um equipamento da vida prática, o abastecimento de água da cidade.

Mesquita Azul em Istambul

A Mesquita Azul está de prova: em Istambul,
 é o divino que mora nos detalhes


Pensou nas Mil e Uma Noites? Pois elas estão lá, nos milhões de detalhes e luxos e delicadezas do Palácio de Topkápi, morada dos sultões otomanos durante 400 anos, e em seu sucessor, o Palácio de Dolmabahçe, do Século 19.

Istambul também é o encontro do Oriente com o Ocidente, sintetizado na Estação Ferroviária de Sirkeci, ponto final do legendário trem Orient Express.

Decoração de um portal no Palácio de Topkápi em Istambul
As texturas requintadas dos entalhes, relevos e nervuras, marcas de Istambul, em um portal do Harém do Palácio de Topkápi


E tudo isso temperado por uma luz única, que deixa as cores – os ocres, dourados e centenas de azuis—numa exuberância desconcertante. Até o cinza das pedras de Istambul tem um tom especial.

Uma cidade que dá vontade de tocar, por conta da textura requintada que se espalha por todos os cantos, das nervuras das cúpulas aos entalhes decorativos, passando até pelas as lanterninhas em mosaico de vidro colorido, vendidas nos bazares e lojinhas de suvenir.

Estreito de Bósforo em Istambul
O Estreito de Bósforo diante das muralhas do Palácio de Topkápi. Na mitologia, ele é o mar cruzado por Jasão e seus argonautas até a Cólquida (hoje, Geórgia)


No caminho do Aeroporto Atatürk até o bairro de Sultanahmet, no Centro Histórico de Istambul, o que se vê é o mar emoldurando uma cidade totalmente contemporânea. É a orla do Mar de Mármara, muito arborizada e lotada de gente que aproveita a brisa do cair da tarde. 

O trânsito infernal de uma cidade de quase 14 milhões de habitantes, os letreiros luminosos que anunciam produtos familiares ao meu olhar ocidental, a trepidação de uma metrópole.

De repente, o chamado dos muezins invade meu quarto de hotel, anunciando a última oração do dia, e o Ocidente se esvai. Pronto, já estava definitivamente fisgada por Istambul.

Minaretes em Istambul
Minaretes em Istambul
Minaretes em Istambul
Minaretes em Istambul
Minaretes em Istambul
"Siga aquele minarete"

Meu roteiro em Istambul dia a dia 

Se eu soubesse o que sei agora, jamais teria dedicado uma estadia tão curta a Istambul. Fiquei quatro dias, mas um deles eu "roubei" para ver Troia — o cenário da Ilíada de Homero foi um dos grandes presentes que as viagens já me deram.

Voo da Turkish Airlines para Istambul
Cheguei a Istambul acompanhada pelo time do Barça, estampado no avião da Turkish Airlines. Foi só um stop-over a caminho da Grécia, mas a cidade merece muuuuuuito mais

Tive, portanto, dois dias e meio "líquidos" em Istambul (sem contar a chegada). Escrevi posts detalhados sobre a maioria das atrações que visitei nesse roteiro em Istambul (siga os links para ver os detalhes e as dicas práticas). Em resumo, dividi minha passagem pela cidade assim:

1º dia em Istambul

Visita ao Museu de Arqueologia de Istambul e ao Palácio de Topkápi, ambos no bairro de Sultanahmet (na verdade, o museu funciona em dois pavilhões que já pertenceram ao palácio). Depois, fui ver o Palácio Dolmabahçe, às margens do Estreito de Bósforo, próximo ao Porto Turístico de Kabatas.

Foi interessante ver o Palácio de Topkápi e o Palácio de Dolmabahçe no mesmo dia, já que um é a continuação do outro. Explico: Topkápi foi a sede da Corte Otomana desde a tomada de Constantinopla, em 1453 e por quatro séculos foi sendo coberto de tesouros arquitetônicos e decorativos para expressar o poder dos sultões e de seu vasto império. 

Entrada do Palácio de Dolmahbaçe em Istambul
Pátio do Palácio de Topkápi em Istambul
No alto, os portões monumentais do Palácio de Dolmabahçe. Acima, um pátio do palácio de Topkápi

Em meados do Século 19, porém, o Império Otomano começou a desenhar uma aproximação maior com o Ocidente — na política e nos costumes. Uma expressão desse movimento é a construção do Palácio de Dolmabahçe, tão esplendoroso quanto Topkápi (só os tetos da construção consumiram 14 toneladas de ouro em sua decoração), mas em estilo francamente europeu.

A partir de 1853 até a queda do Império Otomano, em 1922, o palácio de Dolmabahçe foi a sede da Corte Otomana.

Estação de Sirkeci do Oriente Express em Istambul
Estação de Sirkeci do Oriente Express em Istambul
Estação de Sirkeci do Oriente Express em Istambul
Istambul é o ponto de encontro do Oriente com o Ocidente. Isso está sintetizado na Estação Ferroviária de Sirkeci, ponto final do Orient Express


2º dia em Istambul

No meu segundo dia em Istambul, fiz o "circuito Praça de Sultanahmet" e visitei a Basílica de Santa SofiaCisterna da Basílica e a Mesquita Azul

Santa Sofia (Ayasofya) é, com certeza, o monumento mais conhecido de Istambul. A antiga basílica bizantina do Século 6º foi convertida em mesquita pelos otomanos e simplesmente deixa a gente sem fôlego com sua beleza. 

A Cisterna da Basílica é um equipamento urbano sofisticado, construída também no Século 6º para assegurar o abastecimento de água da pujante Constantinopla. A construção subterrânea é sustentada por 336 colunas pilhadas de templos e outros edifícios da Antiguidade. 

Já a Mesquita Azul é apontada como a mais bela e importante de Istambul. Postada frente a frene com a Basílica de Santa Sofia, essa obra do comecinho do Século 17 reúne todas as riquezas e requintes que caracterizam a arte otomana.

Por fim, fui ver a Estação de Sirkeci. Apesar de não ser muito listado entre as grandes atrações de Istambul, esse terminal ferroviário rende uma visitinha bem interessante, que vai exigir um desvio curtinho da rota mais conhecida na cidade.

Estação de Sirkeci em Istambul
Estação de Sirkeci em Istambul
Em um salão da Estação de Sirkeci funciona um pequeno museu

Ela fica do ladinho do bairro de Sultanhamet, tem uma decoração de cair o queixo e um pequeno museu sobre os tempos de ouro das viagens ferroviárias. A Estação de Sirkeci era nada menos do que o ponto final do legendário trem Orient Express, que começava a viagem em Paris.

Construída em in 1890, a Estação de Sirkeci continuava em uso quando a visitei, tanto para trens de cercanias como para rotas de longa distância e até internacionais.

Basílica de Santa Sofia em Istambul
Cisterna da Basílica em Istambul
A beleza da Basílica de Santa Sofia (no alto) me deixou sem palavras. Acima, a fascinante Cisterna da Basílica

3º dia em Istambul

Minha despedida de Istambul teve uma farra de doces no Bazar Egípcio (Bazar das Especiarias) e uma vista à Mesquita Nova, em Eminönü, às margens do Chifre de Ouro. Também atravessei a célebre Ponte de Gálata, que liga o Chifre de Ouro ao bairro de Beyoğlu para ver de perto a famosa Torre de Gálata, construída pelos genoveses no Século 14.

Não deu tempo de ir, mas meu amigo Allan Patrick visitou e super recomenda o Museu de História da Ciência e Tecnologia do Islã, pertinho do Palácio de Topkápi. Ele escreveu um post aqui para a Fragata a respeito.
Bazar Egípcio de Istambul
A visita ao Bazar Egípcio de Istambul é um programaço

As dicas práticas de Istambul estão nesses posts
. Viajar sozinha: Istambul sem neuras
. O que comer na Turquia
. Duas dicas de hospedagem em Istambul

Comunicação na Turquia: seis palavrinhas mágicas
Como eu disse, aprendi apenas seis palavras em turco. Um vocabulário assim tão enxuto não serve para conversar, mas o esforço de conhecer um pouquinho do idioma do lugar que estamos visitando é uma gentileza com os locais. E sempre ajuda na aproximação.

➡️ Merhaba (pronuncie merabá) – Olá, oi, alô

➡️ Teşekkür ederim (pronuncie te-shê-kür edêrim, o ü turco exige o mesmo biquinho do ü francês) – obrigada/o

➡️ Evet
(évet) - sim

➡️ Hayır (haír, com h aspirado) - não

➡️ Lütfen (lüt-fén) – por favor

➡️ Bayan (baián) – senhora (essencial para identificar o toalete feminino 😉)

Todas as dicas de Istambul

Bate e volta de Istambul
Ruínas de Troia, Turquia - o poder da palavra

Curtiu este post? Deixe seu comentário na caixinha abaixo. Sua participação ajuda a melhorar e a dar vida ao blog. Se tiver alguma dúvida, eu respondo rapidinho. Por favor, não poste propaganda ou links, pois esse tipo de publicação vai direto para a caixa de spam.
Navegue com a Fragata Surprise 
Twitter | Instagram | Facebook

4 comentários:

  1. Olá Cyntia, tudo bem? Quantos dias você recomenda em Istambul para uma primeira vez? Gosto de viajar sem pressa. muito obrigada antecipadamente.

    ResponderExcluir
  2. Oi, Marina, se você gosta de viajar sem pressa, fique pelo menos quatro dias inteiros em Istambul. Cabe até mais, porque a cidade é deslumbrante e cheia de atrações. Como você viu no post, fiquei menos do que isso e sofri demais com a obrigação de ter que cortar coisas da minha lista.
    Abs

    ResponderExcluir