A Praça de Maio, o Obelisco e a Casa Rosada: um cenário e muitas histórias |
Música deste post: Libertango, Astor Piazzola
Atualizado em junho de 2019
Fim de tarde de sexta-feira e mais um protesto irrompe na Praça de Maio. São cerca de 100 manifestantes, todos muito jovens, com as faixas e cartazes de praxe, denunciando a tortura e o assassinato... de milhares de cães, recolhidos pela carrocinha da Prefeitura de Buenos Aires.
“Zoonosis = carcel para animales”, afirma o panfleto xerocado, distribuído pelo grupo.
Com todo respeito aos cãezinhos sem dono — nada me enternece mais do que cara de cachorro carente — mas encarei a manifestação como um sinal alvissareiro.
Atualizado em junho de 2019
Fim de tarde de sexta-feira e mais um protesto irrompe na Praça de Maio. São cerca de 100 manifestantes, todos muito jovens, com as faixas e cartazes de praxe, denunciando a tortura e o assassinato... de milhares de cães, recolhidos pela carrocinha da Prefeitura de Buenos Aires.
“Zoonosis = carcel para animales”, afirma o panfleto xerocado, distribuído pelo grupo.
Com todo respeito aos cãezinhos sem dono — nada me enternece mais do que cara de cachorro carente — mas encarei a manifestação como um sinal alvissareiro.
Sinal dos tempos: em 2011 a manifestação na Praça de Maio
denuncia maus-tratos a animais... |
Em plena ditadura e apenas um mês depois da conquista da Copa do Mundo, a Argentina oficial de então queria esconder do mundo a coragem e a ira santa daquelas Madres da Praça de Maio que marcaram o país para sempre.
Torre do Cabildo e à esquerda, o Edifício da Siemmens com seus "colossos" (no detalhe, abaixo) |
Muitos anos depois, numa sexta-feira de Carnaval de 2002, vi a Praça de Maio ferver nos panelaços contra o curralito, logo após a deposição do presidente De La Rua.
E muitas outras histórias passaram por essa praça, porque a Praça de Maio é a sede da alma argentina.
E muitas outras histórias passaram por essa praça, porque a Praça de Maio é a sede da alma argentina.
O que ver na Praça de Maio, Buenos Aires
O Cabildo, local da proclamação da Independência da
Argentina |
Foi na Praça de Maio, no Edifício do Cabildo, que irrompeu a Revolução de 1810, primeiro movimento pela Independência da Argentina.
Também foi na Praça de Maio que Evita Perón inflamou multidões, que Maradona foi proclamado deus e que todos os governos da Argentina souberam exatamente qual era a opinião dos portenhos a seu respeito.
Também foi na Praça de Maio que Evita Perón inflamou multidões, que Maradona foi proclamado deus e que todos os governos da Argentina souberam exatamente qual era a opinião dos portenhos a seu respeito.
Catedral de Buenos Aires: muitos signos em 20 mil metros
quadrados |
Hoje, os defensores dos direitos dos animais dividem as atenções, democraticamente, com os e ex-militares que reivindicam ser reconhecidos como ex-combatentes da Guerra das Malvinas (1982) e mantêm um acampamento na Praça de Maio, desde fevereiro de 2008.
A sede do governo é logo ali, na Casa Rosada. A História está em toda parte na Praça de Maio. Mas não há nada de solene aqui: turistas tiram fotos, portenhos passam apressados, manifestantes vêm e vão com suas bandeiras.
Enquanto rola a manifestação, tem gente que namora,
papeia... |
Mas quem resiste à Praça de Maio, sabendo que é aqui que esta Buenos Aires sem papas na língua se expressa, que esse povo aguerrido solta os bichos e que o coração portenho se derrama nas celebrações?
⭐El Cabildo
Rua Bolívar, 65, Monserrat
Aberto às terças, quartas e sextas, das 10:30h às 17h. Quintas, das 10:30h às 20h. Sábados, domingos e feriados, das 10:30h às 18h.
Pátio interno do Cabildo de Buenos Aires |
Quando Baires atendia pelo quilométrico nome de Trinidad y Puerto de Santa María de los Buenos Ayres e era capital do vice-reinado do Rio da Prata, o Cabildo era sua sede administrativa — nas cidades coloniais espanholas, o Cabildo era uma espécie de câmara de vereadores.
O primeiro edifício do Cabildo de Buenos Aires foi inaugurado em 1610, no mesmo local do atual, que é uma construção do Século 18.
A visita guiada ao Cabildo é um jeito bacana de aprender sobre a Revolução de Maio, que dá nome à praça mais famosa de Buenos Aires |
Hoje, as salas do Cabildo de Buenos Aires abrigam uma exposição sobre os primórdios da cidade e sobre a Revolução de Maio de 1810, quando os portenhos destituíram o vice-rei nomeado pela Espanha e instalaram um governo local. O movimento resultou na deflagração da Guerra da Independência da Argentina e a autonomia do país foi consolidada seis anos depois, em 9 de Julho de 1816.
Se quiser saber mais sobre a Revolução de Maio que dá nome à praça e é considerada a “primeira Independência da Argentina”, experimente ver o Cabildo em uma visita guiada (em espanhol).
Todo dia é dia de manifestação na Praça de Maio |
Os horários das visitas guiadas ao Cabildo são, às terças, quartas e sextas, às 11h e às 15:30h. Às quintas, os horários são 11h, 15:30h e 17h. Aos sábados, domingo e feriados as visitas são às 11h, 12:30h, 15:30h e 16h45.
O ponto de encontro das visitas guiadas ao Cabildo é o hall principal do edifício.
Durante o governo Macri, a Casa Rosada viveu cercada de
grades - e de protestos |
⭐ Casa Rosada
Calle Balcarce 50, Monserrat Recebe apenas visitas guiadas aos sábados, das 10h às 18 h, com início a cada 15 minutos. A visita é gratuita e precisa ser reservada na página oficial da Casa Rosada (essa visita foi suspensa durante a pandemia e até setembro/2022, ainda não tinha sido retomada. Cheque no site quando for a Buenos Aires).
Imprima o comprovante da reserva, que deverá ser apresentado na entrada da Casa Rosada, junto com um documento com foto.
Já houve um tempo em que foi mais fácil chegar perto e fotografar a Casa Rosada. Atualmente, com a Argentina atravessando uma tremenda crise econômica e com o governo de Mauricio Macri cada vez mais impopular, prepare-se para encontrar uma barreira de grades na ponta Leste da Praça de Maio, onde está a sede do governo do país.
O palácio da Praça de Maio ainda abriga o gabinete dos presidentes da Argentina. É por isso que só pode ser visitado aos sábados.
Durante o tour guiado à Casa Rosada, os visitantes têm acesso a vários espaços cerimoniais e salões que homenageiam personagens históricos da Argentina e da América Latina. É a oportunidade de ver a arquitetura interior do edifício e sua pompa decorativa.
Mas a Catedral que se vê hoje na Praça de Maio, com suas colunas gregas, é bem mais jovem que os primórdios da cidade, uma obra iniciada no Século 18 e que se arrastou por mais de 100 anos.
A primeira vez que eu entrei na Catedral de Buenos Aires, em 1978, a igreja estava tomada por faixas em branco e celeste, as cores da bandeira do país, emulando uma euforia à beira do desvario — e que tinha uma estranha coerência com os militares vestidos de preto e armados até os dentes no interior do espaço religioso.
Eram os tempos da ditadura de Videla e a Argentina tinha acabado de ganhar uma Copa do Mundo em casa.
Já houve um tempo em que foi mais fácil chegar perto e fotografar a Casa Rosada. Atualmente, com a Argentina atravessando uma tremenda crise econômica e com o governo de Mauricio Macri cada vez mais impopular, prepare-se para encontrar uma barreira de grades na ponta Leste da Praça de Maio, onde está a sede do governo do país.
Desde o Século 16, o local onde se assenta hoje a Casa Rosada tem sido o centro do poder no país. Na época da colônia, era aqui que estava a Fortaleza Real, que servia de vigia ao tráfego de embarcações no Rio da Prata e de gabinete para governadores e, posteriormente, vice-reis.
O protesto aí nesta foto é de 2017 |
A Casa Rosada foi construída após a independência da Argentina e ganhou esse nome graças à pintura aplicada em seu exterior: uma mistura de cal e sangue bovino, muito usado na época.
O palácio da Praça de Maio ainda abriga o gabinete dos presidentes da Argentina. É por isso que só pode ser visitado aos sábados.
Durante o tour guiado à Casa Rosada, os visitantes têm acesso a vários espaços cerimoniais e salões que homenageiam personagens históricos da Argentina e da América Latina. É a oportunidade de ver a arquitetura interior do edifício e sua pompa decorativa.
As colunas gregas da Catedral de Buenos Aires são uma das imagens mais marcantes da Praça de Maio |
⭐ Catedral Metropolitana de Buenos Aires
Avenida Rivadavia, esquina da Calle San Martín
Visitas de segunda a sábado, das 7:30h às 18:45h. Sábados e domingos, das 9h às 18:45h.
Como toda cidade colonial espanhola, Buenos Aires cresceu ao redor de uma plaza mayor (que hoje é a Praça de Maio), onde estavam dispostas as sedes do poder político (a Fortaleza Real e o Cabildo) e do poder religioso, a Igreja Matriz, hoje Catedral Metropolitana.
Avenida Rivadavia, esquina da Calle San Martín
Visitas de segunda a sábado, das 7:30h às 18:45h. Sábados e domingos, das 9h às 18:45h.
Como toda cidade colonial espanhola, Buenos Aires cresceu ao redor de uma plaza mayor (que hoje é a Praça de Maio), onde estavam dispostas as sedes do poder político (a Fortaleza Real e o Cabildo) e do poder religioso, a Igreja Matriz, hoje Catedral Metropolitana.
Mas a Catedral que se vê hoje na Praça de Maio, com suas colunas gregas, é bem mais jovem que os primórdios da cidade, uma obra iniciada no Século 18 e que se arrastou por mais de 100 anos.
A Praça de Maio tem quase zero de grama e de sombra. Ao fundo, a Catedral |
Eram os tempos da ditadura de Videla e a Argentina tinha acabado de ganhar uma Copa do Mundo em casa.
Acampamento de veteranos da Guerra das Malvinas (1982) na
Praça de Maio, em janeiro de 2011 |
Só na segunda vez que visitei a Catedral de Buenos Aires eu pude, enfim, apreciar sua cúpula coberta de afrescos, seu belo piso em mosaico e seu altar barroco. Pude, finalmente, ver o túmulo do General San Martín, herói da Independência da Argentina, do Chile e do Peru.
Quando entrar na Catedral de Buenos Aires, não procure a magnificência dourada dos belos templos coloniais brasileiros. Mas não deixe de fazer uma visita.
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Linda crônica, querida. Mas, pra ficar perfeita pra mim, a trilha sonora havia de ser o Preludio al año 3001, que dice: "renaceré {...) de un sideral subterráneo, Plaza de Mayo a Saturno, o de una bronca de obreros en el sur"...
ResponderExcluirBeijos, saudades.