Nem tente resistir ao charme de Valparaíso |
Quando o assunto é o que fazer em Valparaíso, é preciso citar mais do que uma lista de atrações da cidade — e sim, há muitas delas.
Formada por 42 morros diante de uma baía, Valparaíso é um encanto feito de muito sobe e desce ladeiras e infinitas paradas para clicar seus grafites |
E quando digo que um bate e volta a Valparaíso é pouco, falo por experiência. Minhas duas primeiras visitas à cidade foram nesse esquema e ambas me deixaram com mais vontade de voltar.
Se você vai ao Chile, recomendo muitíssimo que você programe uma ou duas noites em Valparaíso, pra mergulhar no super bom astral, na boemia e na beleza da cidade, como eu fiz nesse roteiro na Argentina e no Chile.
Veja as dicas sobre o que fazer em Valparaíso e aproveite essa cidade deliciosa.
Fiquei hospedada no Cerro Alegre, totalmente encantada com a minha vizinhança |
O que fazer em Valparaíso
Arte de Rua em Valparaíso
Os grafites de Valparaíso são famosos em todo o mundo. Dizem que tudo começou com Pablo Neruda |
Era uma vez uma cidade que se orgulhava de suas casas coloridas — cada uma de uma cor.
Mas Valpo queria mais. E a diversidade de cores que já acendia suas fachadas começou a virar desenhos cada vez mais bonitos e exuberantes, ao ponto de a cidade hoje ser considerada a capital latino-americana do grafite.
Se Valpo perdeu a importância com a abertura do Canal do Panamá, os murais a recolocaram no mapa dos viajantes do mundo inteiro |
Completamente encantado por Valparaíso e sua alma de mar, Neruda teria sido o responsável por trazer a ideia do Muralismo Mexicano para a cidade. O poeta conheceu o movimento. quando servia como Cônsul-Geral do Chile na Cidade do México, no início dos anos 40 do século passado.
As fachadas coloridas recobertas em placas de ferro já seriam um encanto suficiente. Mas Valparaíso queria mais |
Aquela arte exuberante, atrevida, engajada e profundamente comprometida com as tradições populares pareceu a Neruda o remédio perfeito para iluminar as feições de uma Valparaíso que afundava na decadência econômica.
Os cerros Concepción, Alegre e Bellavista são as mais famosas galerias de Arte de Rua em Valparaíso, mas toda a cidade fervilha com os grafites, que são estimulados pela prefeitura e muitas vezes encomendados por hotéis, restaurantes, bares e comércios locais.
Hoje, a visita de uma delegação de muralistas mexicanos a Valparaíso em 1943, organizada por Neruda, é considerada o ponto de partida para a arte que se espalha pelas ladeiras de Valpo.
O Porto de Valparaíso visto do Paseo Gervasoni |
É impressionante a quantidade de paseos e mirantes que você vai encontrar caminhando (escalando, pra ser mais precisa) a adorável Valparaíso.
E é bem difícil escolher qual deles oferece a melhor vista para a cidade e para o mar.
Paseo 21 de Mayo
Se você estiver na parte baixa de Valparaíso, é bom saber que a estação do Ascensor Artillería fica do ladinho do Edifício da Aduana. Depois da subida, 80 metros acima, estão o Paseo 21 de Mayo e o Museu Marítimo Nacional do Chile.
O Paseo Yugoslavo é o grande queridinho de Valparaíso.
Acima, o Palácio Baburizza, principal construção dessa área |
O Paseo Yugslavo sempre me confronta com aquela dúvida
tostines: ele é o mais querido e popular porque fica no Cerro Alegre ou o Cerro
Alegre é o mais queridinho porque tem o Paseo Yugoslavo?
O fato é que esse senhor mirante à sombra do belo Palácio Baburizza
(onde funciona o ótimo Museu Municipal de Belas Artes de Valparaíso) está
sempre movimentado e animado. Com vários bares e restaurantes nas proximidades,
ele é um hit incontestável de Valparaíso.
A vizinhança do Paseo Yugoslavo é muito colorida |
Para subir ao Cerro Alegre, a melhor opção é o Ascensor El Peral, cuja estação alta fica do ladinho do Paseo Yugoslavo.
A área onde se encontra o Paseo Yugoslavo teve suas
primeiras casas de imigrantes europeus construídas por volta de 1840. Quarenta
anos depois, já era um elegante mirante sobre a encosta, debruçado sobre a
Praça Sotomayor, a principal da parte baixa de Valparaíso.
Em um dia de céu claro, a vista que se tem do Paseo
Yugoslavo alcança até Viña del Mar, cidade vizinha a Valpo que é um famoso
balneário e destino de férias de verão no Chile.
O Paseo Yugoslavo, naturalmente, também tem sua porção de Street Art |
O Ascensor El Peral é a melhor alternativa para subir ao
Paseo Yugoslavo |
Um clique a bordo do Ascensor Concepción, a caminho do Paseo Gervasoni |
Cismei que o Paseo Gervasoni tem sotaque napolitano. Deve ser por causa dos terraços do Grande Hotel Gervasoni |
Paseo Gervasoni
Na parte baixa de Valparaíso, na altura de Reloj Turri (Torre
do Relógio), fica a estação do Ascensor Concepción. Lá em cima, ao desembarcar
do funicular, você já vai dar de cara com o Paseo Gervasoni — e, se já estiver
estado em Nápoles, vai achar que atravessou o Atlântico sem sentir.
Sim, o Paseo Gervasoni tem um senhor sotaque napolitano e o
melhor jeito de curtir a beleza do lugar é em uma das mesas ao ar livre do
Hotel Gervasoni.
O Cerro Concepción é considerado o berço da tradição de Street Art em Valparaíso |
No início da colonização espanhola, a área onde hoje está o Paseo Gervasoni abrigou a Fortaleza de Nuestra Señora de la Concepción (Nossa Senhora da Conceição), que pretendia defender a Baía de Valparaíso de ataques de piratas.
Dizem que seus canhões jamais tiveram a chance ou necessidade de disparar um único tiro, mas o forte pelo menos deu sua contribuição à História batizando o Cerro Concepción, onde estava assentado.
Estação do Ascensor Concepción |
O Paseo Gervasoni ganhou seu nome de Tomazzo Gervasoni, que foi cônsul da Itália em Valparaíso.
Aproveite para fazer um grafitti safari pela área, super
decorada com arte de rua. O Cerro Concepción é apontado como o berço dos murais de Valparaíso.
O Paseo Atkinson, pintado em 1896 por Alfredo Helsby,
exposto no Museu Municipal de Belas Artes de Valparaíso |
A Igreja Anglicana de São Paulo e as "costas" do
Paseo Atkinson fotografados do Paseo Dimalow |
Paseo Atkinson
A apenas 200 metros do Paseo Gervasoni, o Paseo Atkinson é outro irresistível mirante do Cerro Concepción, um bairro animado e com ótimos bares, restaurantes e cafés
Nos primórdios, esse morro foi uma das
áreas preferidas pelos ingleses e alemães que migraram para Valparaíso e
deixaram belas mansões às margens de suas ladeiras. O Paseo Atkinson talvez seja o dono do melhor conjunto arquitetônico de Valpo.
O Paseo Dimalow fica mais distante do mar, mas também oferece vistas muito bonitas |
Paseo Dimalow
Nessa passagem mais recente por Valparaíso, achei o Paseo Dimalow o mais descolado dos que visitei, cheio de bares e cafés muito charmosos. Ele fica no Cerro Concepción e o funicular mais cômodo para chegar até lá é o Ascensor Reina Victoria.
Menos terraço e mais caminho, mesmo, o Paseo Dimalow é uma trilha comprida sobre a encosta, com vistas espetaculares para o mar e também para as ladeiras de Valpo. Estava movimentadíssimo em pleno 19 de setembro, último dia do feriadão das Fiestas Pátrias (quando, em tese, nada funciona no Chile).O Paseo Dimalow é um caminho bem estreito, à beira da encosta, que percorre 150 metros entre a Calle Almirante Montt e a estação do Ascensor Reina Victoria (acima) |
A visita ao Museu Municipal de Belas Artes vale pelo acervo e para ver o interior do Palácio Baburizza |
Ingresso: $ 1.200 pesos
Instalado no Palácio Baburizza, o Museu Municipal de Belas
Artes de Valparaíso é um programa imperdível na cidade. Só percorrer o edifício
já vale muito a pena.
O Palácio Baburizza tem desenho Jugendtil e foi inaugurado em 1916 |
Inaugurado em 1916, o Palácio Baburizza foi traçado em belas linhas Jugendstil — a art nouveau vienense, estilo que me mata de paixão. Que edifício lindo, gente! E olhar a Baía de Valparaíso de seus janelões é um programaço.
O núcleo original do acervo do Museu Municipal de Belas Artes de Valparaíso é exatamente a coleção de arte europeia do dono da casa, Pascual Baburizza, que a deixou como herança para a cidade. Baburizza viveu na mansão de 1925 até sua morte, em 1941.
O Reloj Turri, imagem bem conhecida de Valparaíso, pintado em 1952 por Camilo Mori |
Los Patipelados ("Os despossuídos), obra de 1942 do chileno Jim Mendoza McRay |
Praça da Bastilha, do francês Eugène Galien-Laloue |
Ao longo do tempo, o acervo do museu foi sendo enriquecido com obras de artistas chilenos, como Juan Francisco González e Alfredo Valenzuela.
A Antiga Doca Prat (1892), de Enrique Swinburn |
A Alminha, de Marco Bonta, foi a obra que mais me impressionou no acervo do Museu de Belas Artes de Valparaíso |
Com a chegada dos europeus, a Baía de Santiago foi cada vez mais se consolidando como escala fundamental para as embarcações que faziam a travessia do Atlântico para o Pacífico pelo Canal de Beagle ou pelo Cabo Horn. A cidade é até hoje a sede da Marinha Chilena e seu porto é mais movimentado do país.
Era em La Sebastiana que Neruda e sua companheira Matilde Urrutia costumavam passar as festas de ano novo, admirando o mar que invade a casa por enormes janelas e curtindo a coleção de mapas e objeto náuticos que decoram a residência.
Meu plano original, quando montei o roteiro na Argentina e no Chile, era visitar La Sebastiana, em Valparaíso, e Isla Negra, outra casa de Neruda — dizem que é a mais bonita e interessante de todas — que fica 80 km ao Sul, em El Quisco.
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