Construção típica da colonização italiana na Serra Gaúcha |
Faz muito tempo que a Serra Gaúcha deixou de ser apenas um destino de inverno. Grande opção para uma temporada mais longa de gastronomia, vinhos e relax, a serra também rende um ótimo bate e volta de Porto Alegre.
Se o seu tempo é curto, você vai descobrir que tem muito o que fazer em um dia na Serra Gaúcha.
A Serra Gaúcha não tem contraindicações: o frio é um ótimo adereço, mas não ingrediente obrigatório para se curtir esse pedacinho de Brasil talhado por imigrantes italianos e alemães — já estive na serra no calorão de um janeiro e no frio de julho e adorei as duas opções.
Considerada um "destino romântico", a Serra Gaúcha também é muito legal para uma viagem solo e bastante segura para mulheres que viajam sozinhas.
Desta vez, a visita foi parte do TchÊncontro - Encontro de Blogueiros de Viagem no Rio Grande do Sul. Foi só um dia, mas um dia cheio.
Veja o que fazer em uma escapada curta à Serra Gaúcha:
Um dia na Serra Gaúcha
A Serra Gaúcha sempre um bom passeio, seja numa temporada mais esticada, seja em um bate e volta para quem está em Porto Alegre.Para quem vai só fazer o bate e volta a partir da capital gaúcha, basta sair cedo — durante a semana, muito cedo, para fugir do tráfego na região industrial do Vale do Rio dos Sinos.
Foi o que fizemos nós, blogueiros, em um passeio que teve muita comilança, comprinhas várias (de gulodices, naturalmente) e descobertas divertidas.
A Casa da Erva Mate, o antigo moinho Cecconello |
Nosso roteiro contemplou algumas atrações dos Caminhos de Pedra, em Bento Gonçalves — a Casa da Ovelha, a Casa da Erva Mate, a Casa das Cucas, a Salumeria e o Restaurante Casa Angelo, onde almoçamos. Depois, seguimos para o município vizinho de Garibaldi, onde visitamos e participamos de uma degustação na Vinícola Peterlongo.
O que ver em Bento Gonçalves e Garibaldi
⭐ Caminhos de Pedra
Os Caminhos de Pedra são resultado de um arranjo turístico/econômico que procura preservar o patrimônio arquitetônico, as tradições e a memória dos imigrantes italianos que começaram a chegar à Serra Gaúcha a partir de 1875.
A Casa Righesso, de 1889, hoje é sede do Restaurante Casa Angelo |
E tem melhor maneira de preservar saberes e tradições que colocá-los em uso corrente, assegurando fontes de renda para as pessoas que são suas guardiãs?
Foi assim que antigas ferrarias, tecelagens, moendas e salumerias da Serra Gaúcha voltaram à vida, preservando técnicas, receitas e um modo de vida que estaria fadado a desaparecer — ou ficar guardado em formol — com a debandada das novas gerações e a adesão à “praticidade” contemporânea.
A sede da Casa da Ovelha é de 1917 |
São pequenos museus de um jeito de fazer, onde técnicas e receitas aprendidas com os avós e bisavós continuam vivas. Museus onde o visitante, além de ver, também sente o gosto e o cheiro das tradições.
Blogueiros em modo awwwwnnn. Fofura explícita na Serra 😊. Já paparicou uma ovelhinha hoje? |
Linha Palmeiro 400 - Distrito de São Bento
Fala se não dão vontade de trazer pra casa? Abaixo, uma demonstração do pastoreio de ovelhas |
A Casa e o Parque da Ovelha funcionam diariamente, com atividades para crianças e adultos, que podem participar da ordenha, alimentar carneirinhos e fazer passeios de trator. O ingresso vale para um dia inteiro de atividade e custa R$ 20 (crianças pagam R$ 10).
⭐ Casa da Erva Mate
Localidade Santo Antônio
Diariamente, das 9h às 18h. Taxa de visitação R$ 3.
A moenda da Casa da Erva Mate é movida pela roda d'água que você viu lá no começo do post |
O antigo Moinho Cecconcello pertenceu a uma das famílias pioneiras da colonização italiana na região de Bento Gonçalves e, como bem faz questão de lembrar a atual proprietária, é um caso clássico de assimilação, onde a técnica dos imigrantes é usada para beneficiar um produto tipicamente indígena, a erva mate, tão incorporada à cultura dos Pampas, com o chimarrão.
Durante a visita à Casa da Erva Mate, são apresentadas as etapas de beneficiamento da erva, que vão desde a secagem em fornos a lenha até a trituração, feita em um moinho tradicional, com diversos pilões de madeira acionados por polias movidas por uma roda d'água.
Os pilões tradicionais que fazem parte do mecanismo da moenda |
A erva mate não me encanta, mas a compota de laranja que comprei estava de rasgar a roupa...
A erva mate pronta para consumo |
⭐ Casa das Cucas Vitiaceri
Para saber os preços e fazer reservas, ligue: 054 3455-6362.
Casa das Cucas, nos Caminhos de Pedra |
Bem em frente à Casa da Erva Mate fica essa tentação em forma de loja de bolos artesanais, vinhos e espumantes de fabricação própria e suco de uva orgânico, sem adição de açúcar e obtido com uvas cultivadas em agrotóxicos.
A cuca é um bolo típico das colônias alemãs, geralmente com frutas e coberto com açúcar.
Outras atrações da Casa das Cucas Vitiaceri é a visita ao parreiral (com degustação livre das uvas) e a possibilidade de fazer um piquenique sob as árvores, esparramada em edredons e almofadas providenciados pela casa, que fornece diversas opções de cestas de piquenique com produtos locais.
A cuca é um bolo típico das colônias alemãs, geralmente com frutas e coberto com açúcar.
Outras atrações da Casa das Cucas Vitiaceri é a visita ao parreiral (com degustação livre das uvas) e a possibilidade de fazer um piquenique sob as árvores, esparramada em edredons e almofadas providenciados pela casa, que fornece diversas opções de cestas de piquenique com produtos locais.
Linha Palmeiro, 26 - Distrito São Pedro
De terça a domingo, das 9h às 18h.
Amei esta salumeria tradicional |
Outra tentação que foi posta no nosso caminho pela organização do TchÊncontro, a Salumeria Caminhos de Pedra vale muito a parada para escolher salames, copas e culatellos (uma espécie de presunto cru) feitos a partir de diferentes cortes do porco.
Mais curado, menos curado, com ervas, apimentados... tem de tudo por lá. Eu amei o salame de javali que trouxe para casa, assim como a copa muito curada.
Dá para fazer uma degustação dos produtos na loja, antes de decidir o que vai comprar. A casa também tem cervejas artesanais.
Rua Manoel Peterlongo Filho, 216, Garibaldi
Recebe grupos com agendamento prévio. Visitas e degustações: diariamente, das 9h às 16h. Informações pelo telefone (54) 3462-1355 ou pelo site > Peterlongo
Saindo dos Caminhos de Pedra, nossa última parada na Serra Gaúcha foi na Vinícola Peterlongo, no município de Garibaldi, vizinho a Bento Gonçalves.
O castelinho sede da Vinícola Peterlongo, construído nos anos 20 |
A sede da vinícola é um castelinho construído nos primeiros anos do Século 20 pelo visionário fundador da casa, uma obra arquitetônica interessante e bem conservada.
Durante a visita à cave da Peterlongo (friiíssima, leve casaco, mesmo no verão), fizemos uma degustação de alguns espumantes premiados da vinícola e vimos todo o processo de fabricação e armazenamento.
⭐ Casa Angelo
Estrada da Colônia São Pedro, 26
De terça a domingo, apenas para almoço, das 11:30h às 16h. O rodízio custa R$ 48 por pessoa, de terça a sexta. Nos fins de semana, o preço é R$ 58.
O restaurante funciona numa típica casa de pedra, tipo de construção que deu o nome à rota que leva milhares de turistas à Serra Gaúcha |
Uma das memórias mais queridas que eu tinha (e continuo tendo) da Serra Gaúcha é aquele rodízio pantagruélico de comida da colônia que é servido na maioria dos restaurantes de Bento Gonçalves e região.
A farra sempre começa com capeletti in brodo, aquela sopinha inacreditável de boa que eu tenho que me esforçar pra não repetir e repetir e repetir — se não tiver ninguém olhando, eu faço isso, mesmo. Pronto, acabo de revelar uma das minhas fraquezas mais inconfessáveis 😋.
O interior da Casa Angelo e capeletti in brodo, uma das minhas fraquezas mais inconfessáveis |
Depois do brodo, o céu é o limite no menu, com polenta, costela assada, todo o tipo de massas, galeto al primo canto (ai, como eu gosto!!) e outras delícias simples e irresistíveis.
Bom, tudo isso pra dizer que o almoço na Casa Angelo fez jus à minha memória afetiva da Serra Gaúcha. Pena que não houve espaço para a sobremesa...
Como chegar à Serra Gaúcha
A forma mais confortável, claro, é com carro próprio, para ter mais flexibilidade e poder mandar nos seus horários. Mas se você não dirige ou não quer arriscar a estrada, a Serra Gaúcha está ficando cada vez mais amigável aos sem automóvel (e a pedestre aqui aplaude).
➡️ O Centro de Atendimento ao Turista dos Caminhos de Pedra, por exemplo, oferece roteiros em grupo para visitas a diversas atrações locais.
➡️ Outra dica legal para quem quer ver a Serra Gaúcha sem ter que dirigir é a linha turística inaugurada em Gramado, no esquema hop on-hop off.
Você compra o ingresso, desce nas paradas que quiser e torna a embarcar nos ônibus seguintes. É o mesmo esquema que faz tanto sucesso nas cidades turísticas europeias.
➡️ Alexandra Aranovich, do blog Café Viagem, fez um post bem explicadinho sobre esse serviço, veja lá: BusTour – o ônibus turístico de Gramado e Canela - Café Viagem
A forma mais confortável, claro, é com carro próprio, para ter mais flexibilidade e poder mandar nos seus horários. Mas se você não dirige ou não quer arriscar a estrada, a Serra Gaúcha está ficando cada vez mais amigável aos sem automóvel (e a pedestre aqui aplaude).
➡️ O Centro de Atendimento ao Turista dos Caminhos de Pedra, por exemplo, oferece roteiros em grupo para visitas a diversas atrações locais.
➡️ Outra dica legal para quem quer ver a Serra Gaúcha sem ter que dirigir é a linha turística inaugurada em Gramado, no esquema hop on-hop off.
Você compra o ingresso, desce nas paradas que quiser e torna a embarcar nos ônibus seguintes. É o mesmo esquema que faz tanto sucesso nas cidades turísticas europeias.
➡️ Alexandra Aranovich, do blog Café Viagem, fez um post bem explicadinho sobre esse serviço, veja lá: BusTour – o ônibus turístico de Gramado e Canela - Café Viagem
O cair da tarde na Serra visto da varanda do castelinho Peterlongo |
Como ir de Porto Alegre a Bento Gonçalves
➡️ De carro - São 120 km pela Rodovia RS-122. Outra rota, mais comprida, segue pela BR-448 e depois pela BR-543, evitando o tráfego pesado em São Leopoldo e Novo Hamburgo, região industrial da Grande Porto Alegre. Isso vai alongar seu percurso em mais 40 km, mas em horários de muito trânsito pode encurtar a viagem.
➡️ De ônibus – a empresa Unesul Transportes tem diversas frequências diárias de ônibus para a Serra Gaúcha que passam por Bento Gonçalves.
A viagem dura em média 2h40. Os percursos, paradas e preços das passagens variam (de R$ 26,63 a R$ 33,95).
➡️ Para Garibaldi, o ônibus das 13 horas (Porto Alegre-Passo Fundo) para na cidade. Para maiores informações, consulte o site da Unesul.
➡️ Na volta da Serrra Gaúcha, há a opção de ônibus direto de Bento Gonçalves para o Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre.
A empresa que faz a rota é a Bento Transportes e dá até para comprar passagens pela internet. A rota de ida (Aeroporto- Bento), porém, ainda está em estudos. Consulte preços e horários no site da empresa ou ligue (54) 3452-2977 e (54) 3452-1311.
De Bento Gonçalves aos Caminhos de Pedra
A melhor referência é a Estrada do Barracão, que leva à primeira colônia italiana assentada na Serra Gaúcha (e que você ouvirá os locais chamando de Baracón, com um escancarado sotaque dos antepassados). A Leste do centro de Bento Gonçalves, a RS-444 tem um entroncamento para essa estrada.
O site dos Caminhos de Pedra oferece mapas, roteiros, informações sobre cada uma das atrações e muitas outras dicas úteis. Os empreendimentos funcionam diariamente. Lojas e oficinas (como a Tecelagem e a Casa da erva Mate) funcionam, em geral, das 9h às 17:30h. Para ver os horários dos restaurantes, consulte o site.
➡️ Dica do meu amigo Grant Mariano, que morou na Serra recentemente: "Há um caminho mais rápido para Canela e Gramado, via Gravataí e Taquara, feito por "ônibus direto", e não pelo pinga-pinga que vai pelo Vale dos Sinos e passa por uma dúzia de cidades antes de chegar na Serra. Com menos tráfego e curvas, a viagem encurta em pelo menos meia hora. Os ônibus saem de hora em hora da Rodoviária de Porto Alegre. E de Gramado você vai para a Região da Uva via Caxias, passando antes por Nova Petrópolis, a menos conhecida da Região das Hortênsias".
O site dos Caminhos de Pedra oferece mapas, roteiros, informações sobre cada uma das atrações e muitas outras dicas úteis. Os empreendimentos funcionam diariamente. Lojas e oficinas (como a Tecelagem e a Casa da erva Mate) funcionam, em geral, das 9h às 17:30h. Para ver os horários dos restaurantes, consulte o site.
➡️ Dica do meu amigo Grant Mariano, que morou na Serra recentemente: "Há um caminho mais rápido para Canela e Gramado, via Gravataí e Taquara, feito por "ônibus direto", e não pelo pinga-pinga que vai pelo Vale dos Sinos e passa por uma dúzia de cidades antes de chegar na Serra. Com menos tráfego e curvas, a viagem encurta em pelo menos meia hora. Os ônibus saem de hora em hora da Rodoviária de Porto Alegre. E de Gramado você vai para a Região da Uva via Caxias, passando antes por Nova Petrópolis, a menos conhecida da Região das Hortênsias".
TchÊncontro
Encontro de Blogueiros de Viagem no Rio Grande do Sul
Porto Alegre/Serra Gaúcha
31/07 a 02/08 de 2105
Organização
Paula Brum e Naiá Mânica, blog Viagens da Mochilinha Gaúcha,
Laura Botton, blog Colecionando Viagens,
Glacy Machado, do Blog da Glacy
Blogs participantes
A Fragata SurpriseAcross The Universe
Andarilhos do Mundo
Brasil Naturista
Colecionando Imãs
Devaneios de Biela
Dicas e Roteiros de Viagem
Ensaios de Viagem
Giros por Aí
Férias de Mochila
Janela ou Corredor
Nós no MundoPor aí Por aqui
The Way Travel
Viaje com a Flora
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Excelente post.Essa região é incrível e precisa ser mesmo bem divulgada.
ResponderExcluirDeu saudade do nosso encontro.
Obrigada, Lilian :)
ExcluirBjo
Cyntia, que gostoso relembrar nosso passeio. Adorei finalmente te conhecer pessoalmente. Já quero te ver de novo. Se vira rs
ResponderExcluirBeijocas
Rafa, querido, foi mesmo muito legal. Na minha próxima passada por Sampa vc não escapa de uma farrinha :)
ExcluirBjo
Cyntia saudades só foi pouco, revivi nosso passeio, excelente relato! Beijos
ResponderExcluirSaudades de você, Glacy. Ainda bem que tem o blog Brasil Naturista para acompanhar suas peripécias por aí :)
ExcluirBeijo
Oi Cyntia! Deve ter sido uma delícia fazer este post né?! Àquele dia foi otimo!!!
ResponderExcluirTambém sou suspeita em falar sobre a Serra Gaúcha. Para mim, toda hora é válida para fazer uma visita! Bj
Um dia massa, Gabi. A Serra gaúcha realmente é um destino para qualquer estação do ano e qualquer temperatura. Beijo
ExcluirOie:
ResponderExcluirBacana (e ÚTIL!) o blog...
Alias achei por uma imagem de ÓBIDOS.
Tens até uma experiência em viagens/onde acrescenta e como.
B.G. é bacana mesmo. Fui algumas vezes e conheço gente. Pois moro no RS (SERRA GAÚCHA & outras regiões encantam bastante).
Estudei TURISMO e até posso dar dicas.
E como sou do RJ olharei o tópico da cidade e se possível acrescento mais coisa.
Até,
Rodrigo