7 de maio de 2013

Passeio pelo Centro Histórico de Quito


Rua do Centro Histórico de Quito e a Virgem Quiteña
Quito de manhãzinha. Calle Garcia Moreno, no Centro Histórico. Ao fundo, a Virgem Quiteña no alto da montanha

A melhor forma de ser apresentada ao charme equatoriano é fazendo um passeio pelo Centro Histórico de Quito. O maior conjunto colonial das Américas é um espaço pulsante, com as marcas do tempo e do uso — tem aquela beleza de vida vivida, bem distante do parque temático.

Foi assim que aproveitei meu primeiro dia em Quito, uma cidade que estava na minha lista de desejos há muito tempo. 

Igreja de São Francisco, Quito
A Igreja de São Francisco é um dos grandes encantos do Centro Histórico de Quito

Meu primeiro olhar não viu uma cidade propriamente bonita, mas aquela mistura de montanhas e construções é muito instigante, logo de cara. É aos pouquinhos que a gente vai descobrindo a beleza do Centro Histórico de Quito, um encantamento que chega para ficar.

Vamos comigo dar um passeio pelo maior conjunto colonial das Américas?

Passeio pelo Centro Histórico de Quito

Convento de El Cármen Bajo, no Centro Histórico de Quito
O Convento de El Carmén Bajo, na esquina das ruas Venezuela e Olmedo, é famoso pelos túneis misteriosos em seu subsolo. Em 2019, alguns deles foram abertos a visitação

Como chegar ao Centro Histórico de Quito
Do bairro de La Mariscal (onde se hospedam nove entre dez turistas) até o Centro Histórico de Quito, a melhor maneira de chegar é de trólebus, ônibus que circula por uma faixa exclusiva e dribla bem o terrível trânsito da capital equatoriana.

Da parada da Avenida Amazonas (esquina com Gabriel Ignacio de Veintemilla) até o Centro Histórico são apenas 20 minutinhos de viagem com o trólebus. O melhor ponto para descer é o da Avenida Pichincha.

Transporte público em Quito
As cortininhas nos ônibus tão um toque brejeiro ao transporte público de Quito

➡️O trólebus passa a cada 5 minutos e a passagem custa US$ 0,25.

A empresa de transportes públicos de Quito tem um planejador de rotas que funciona bem direitinho. Siga o link para organizar seus itinerários na cidade.

Parada do trólebus de Quito
Engraxate em frente à estação do trólebus de La Mariscal: a paisagem urbana de Quito tem sempre um detalhe meio nostálgico

O que ver no Centro Histórico de Quito
Meu passeio pelo Centro Histórico de Quito começou na Plaza del Teatro, um quadrilátero quase intimista, considerando-se a amplidão que o colonial espanhol gostava de imprimir às suas praças.

A Plaza del Teatro serve de antessala para o espetáculo que vem a seguir. Mas, antes, preste atenção ao belo Teatro Sucre, do Século 19, que domina a praça.

Teatro Nacional Sucre, em Quito
Exposição de fotos na Praça do Teatro, ou Plaza Chica.
Ao fundo, o Teatro Sucre

Ele é o Teatro Nacional do Equador, uma das casas de ópera mais antigas da América do Sul (inaugurado em 1886), um orgulho equatoriano, mais antigo que os famosos Teatro Colón de Bogotá, o Colón de Buenos Aires e o nosso Teatro Amazonas, de Manaus.

Depois da Plaza del Teatro, uma ladeira quase suave (não fosse o leve soroche do primeiro dia na altitude) leva ao coração do Centro Histórico de Quito.

Virgem Alada do Quito
O horizonte de Quito com a onipresente imagem da Virgem Alada

É hora de olhar para o horizonte: você vai começar a ver o maior cartão postal de Quito que brinca de pousar sobre os telhados da cidade, visível de diversos ângulos do Centro Histórico. 

É a Virgen Quiteña ou  Virgen de El Panecillo, monumento de 40 metros de altura, postado sobre uma das colinas que cercam o Centro de Quito. A estátua é inspirada na peça mais famosa da arte sacra equatoriana, a Virgem Alada, obra do Século 18, que tem apenas 30 centímetros de altura.

Olhando para cima, você também verá uma cidade que escala, sem qualquer cerimônia, o majestoso Vulcão Pichincha e outras três montanhas que a circundam. 

Centro Histórico de Quito, Equador
Quito escala montanhas na maior falta de cerimônia

Quito é uma obra-prima de equilíbrio: a miríade de casinhas (e até arranha-céus) galgam as escarpas vertiginosas que hoje já nem tentam fingir que limitam o traçado urbano da capital equatoriana.

No meio das montanhas — em uma área que um dia foi um lago — o Centro Histórico de Quito tem quase 4 km² e foi o primeiro conjunto arquitetônico a ser tombado como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, em 1978.

Plaza de la Independencia, Centro Histórico de Quito, Equador
Plaza de la Independencia, coração do Centro Histórico de Quito

Pouco mais de 400 metros separam a Plaza del Teatro (chamada de Plaza Chica) da Plaza Grande, apelido da Plaza de la Independencia, o coração do Centro Histórico de Quito.

A Plaza Grande foi o centro da vida política, social e religiosa da Quito colonial — como soem ser as plazas mayores das cidades espanholas. 

Palácio de Carondelet, sede do governo do Equador, em Quito
Palácio de Carondelet, sede do governo do Equador, na Plaza Grande

Ainda hoje, é lá que estão a Catedral de Quito, o Palácio de Carondelet, sede da Presidência da República do Equador, a sede da Prefeitura da cidade e o Palácio Arquiepiscopal.

As feições do Palácio de Carondelet foram bastante alteradas ao longo do tempo, mas a construção original é da segunda metade do Século 16, quando serviu de sede ao governo colonial no Equador.

Catedral de Quito, Equador
As excursões escolares aos prédios históricos são uma constante no Centro de Quito. Ao fundo, a Catedral

A Catedral de Quito também é do Século 16. O edifício é bastante discreto por fora, mas é belíssimo por dentro. 

Eu super recomendo a visita à Catedral, assim como a outras duas preciosidades do Centro Histórico de Quito, a Igreja de São Francisco e La Compañia, a igreja dos Jesuítas, cujo interior, com detalhes mudéjares e totalmente recoberta de ouro, é uma visão que simplesmente não é deste mundo

Saiba mais sobre essas três lindezas: Quito - roteiro por tês igrejas coloniais 

Igreja de La Compañia, Quito, Equador
A rebuscada fachada de La Compañia, talhada em pedra vulcânica

Por falar na Igreja de São Francisco, isso nos leva à terceira praça importante do Centro Histórico de Quito, a Plaza San Francisco, outrora centro cerimonial e político da cidade inca. 

O tempo da colônia, a Plaza de San Francisco foi uma espécie de contraponto lúdico à formalidade da Plaza de la Independência, que está a poucos passos de distância (450 metros, para ser jornalisticamente precisa).

Era lá que funcionava o mercado e onde se realizavam as festas, as os comícios e os encontros sociais. 

Praça de São Francisco, Quito, Equador
Essa menininha estava encantada com os pombos da Plaza de San Francisco

A Igreja de São Francisco domina completamente a praça, mas preste atenção ao belo Palácio Gangotena, do Século 18. A casa pertenceu a uma poderosa família quitenha e hoje é um hotel de luxo.

Outra igreja que vale a pena visitar no Centro Histórico de Quito é El Sagrario, construída entre os séculos 17 e 18. Ela fica bem atrás da Catedral.

Igreja de El Sagrario, Quito, Equador
A Igreja de El Sagrario tem um altar que é um marco do Barroco Quitenho

O altar-mor da Igreja de El Sagrario, todo recoberto de ouro, é uma obra-prima do barroco quitenho, entalhado pelo artista Bernardo Legarda, um dos grandes expoentes da arte sacra colonial do Equador.

Quito tem mais de quatro milhões da habitantes, um trânsito pavoroso e todas as comodidades de uma capital moderna.

Piñatas para festas infantis, Quito, Equador
Piñatas numa loja de festas infantis no Centro Histórico de Quito

Mas a cidade mantém um ar que o esnobismo cosmopolita arriscaria chamar de ingênuo. São cortininhas nos ônibus, os uniformes retrô dos estudantes e as casas de festa que vendem piñatas decoradas com papel crepom para aniversários infantis.

Esse passeio pelo Centro Histórico de Quito foi um jeito muito gostoso de me aproximar da cidade e começar a entender sua lógica.

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O Equador na Fragata Surprise

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Um comentário:

  1. Uma delícia de texto, com informação de qualidade. As imagens então!! eu piro, de tanta qualidade em luz e angulos perfeitos. Como não posso me dar ao luxo e aos riscos de estar a 2.800 metros (já estive a 2.300, em escarpas rochosas, escorregadias em limo neblinado, no Pico dos Barbados, Chapada Diamantina- Bahia, que um dia em procuro a matéria e compartilho), então, vou me deliciando em filminhos de verbos subvertidos em imagens super color. Muito legal mesmo esse serviço de puro altruismo, presenteado com tanta alma. Parabéns e espero o próximo, para vc nos contar as emoções da quintura do Cotopaxi.

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