30 de março de 2002

Machu Picchu: aniversário nas nuvens


Machu Picchu ao amanhecer

Machu Picchu de manhã cedinho: tem jeito melhor de celebrar um aniversário?


Atualizado em fevereiro de 2018

Música deste post: Wish you were here, Pink Floyd

Eram 7:30 da manhã quando atravessei os portões de Machu Picchu pela primeira vez. A cidade-santuário dos incas, lá em baixo, ainda estava coberta de nuvens.

Confesso que economizei: não quis olhar de vez. Fiquei um tempo contemplando o vale e as montanhas e, depois, fui virando aos pouquinhos. Cercada de montanhas, Machu Picchu ia se descobrindo devagar, à medida que a brisa leve ia afastando as nuvens, ainda meio douradas pelo sol nascente.

Machu Picchu Peru
Será que eu estava feliz na minha primeira visita a Machu Picchu?

Chegar a Machu Picchu de manhã cedinho tem todas as vantagens. O visual é lindo, o sol é camarada e a maior parte dos visitantes ainda está a caminho.

Veja como foi meu aniversário em Machu Picchu:

Machu Picchu Peru
Antes de ser estabelecido o limite de visitantes por dia, chegar cedinho em Machu Picchu era fundamental para evitar as multidões


Dicas para visitar Machu Picchu

Eu, William e Ana Rosa, os amigos que viajaram comigo, contratamos um guia para percorrer Machu Picchu. Ele era um estudante de História, completamente apaixonado pela tradição do povo quéchua, transbordando entusiasmo, mostrando a perfeição da técnica construtiva usada por seus antepassados para erguer a cidade.

Uma coisa muito bacana que observei em todo o Peru — e, especialmente, na Cordilheira — é a qualidade dos guias de turismo. Acostumada ao discurso meio decorado e vazio que, quando criança, ouvia dos guias que se ofereciam para mostrar os Centros Históricos de Salvador, Olinda e outras cidades brasileiras, fiquei muito bem impressionada com o trabalho dos guias peruanos.

Wayna Picchu em Machu Picchu Peru

Wayna Picchu ("Montanha Velha") é a primeira coisa que a gente avista quando entra no sítio arqueológico. Abaixo, terraços de cultivo e o "bairro cerimonial" de Machu Picchu

Terraços de cultivo em Machu Picchu Peru

É muito importante dar uma primeira volta por Machu Picchu com um guia, para compreender o que se está vendo. O cenário é lindo, mas a visita fica muito melhor com o contexto histórico e de cada construção nos acompanhando.

Saiba mais: O que ver em Machu Picchu

Depois, pode dispensar o guia — e as companhias. Porque contemplar em silêncio e no próprio ritmo também faz parte (e como!) da mágica de Machu Picchu. E aí, quem nos acompanha melhor é a música.

Esta minha primeira visita a Machu Picchu ainda foi no tempo do disc-man, aquele toca-CDs portátil que uma hora dessas vocês verão em um museu 😉.

Lhamas pastando em Machu Picchu
As lhamas pastam alheias ao frisson dos turistas. Abaixo, o Templo do Sol de Machu Picchu

Templo do Sol de Machu Picchu

Machu Picchu Peru

Depois de explorar Machu Picchu, deu tempo de sentar e ouvir música nesse cenário maravilhoso


Levei um monte de disquinhos pra ouvir lá no alto: João Gilberto (sabe que combina maravilhosamente?), Rolling Stones, Chet Baker e Pink Floyd (é claro!). Wish You Were Here foi a mais tocada, mas o repertório do velho Pink caiu inteirinho à perfeição.

Depois de caminhar mais um pouco, escolhi uma pedra confortável, pendurada sobre a cidade, e fiquei curtindo o vento e o sol quentinho. A sensação era de felicidade absoluta.

Machu Picchu Peru

La dolce vita com meu disc-man, hoje uma relíquia. Essa foto foi feita na Praça Central de Machu Picchu, onde agora é proibido deitar e rolar na grama


Praça Central de Machu Picchu
Praça Central de Machu Picchu
Machu Picchu
Em quatro visitas a Machu Picchu, a única vez que não peguei alguma chuva foi no mês de junho

Pouco depois das 11h, quando o trem de Cusco chega a Águas Calientes, Machu Picchu começa a se encher de visitantes. É o pessoal que vem e volta no mesmo dia. Nós escolhemos chegar na véspera e pernoitar em Águas Calientes para poder ver o sítio arqueológico de manhã cedinho, com menos público. 

Os grupos do bate e volta já chegam apressados: há muito o que ver até às 16 horas, quando parte o trem de volta a Cusco. Geralmente, são pessoas que viajam em excursão, com aqueles guias meio espalhafatosos, gritando instruções e explicações surradas em todos os idiomas possíveis.

Machu Picchu Peru
Will e Ana Rosa prontos para o piquenique na Praça Central de Machu Picchu. Em 2002 ainda era permitido entrar com comida no sítio arqueológico

Percorrer Machu Picchu de cima abaixo exige joelhos fortes — é um tal de subir e descer pedras que não acaba. Os degraus das escadarias dificilmente têm menos que 40 cm de altura.

Apesar disso, idade não é limite para visitar Machu Picchu. Muitos visitantes usam os famigerados bastões de caminhada, que andam pensando em proibir por aqui, pois as pontas de ferro que ajudam no impulso da subida estão danificando os calçamentos (em 2010, quando eu voltei pela terceira vez a Machu Picchu, esses bastões já estavam proibidos. Agora em 2018, vi algumas pessoas usando, mas com pontas de borracha).

intihuatana um observatório astronômico em Machu Picchu
A Intihuatana ("Pedra de Amarrar o Sol") era uma instrumento de observação astronômica

Machu Picchu Peru
A sensação de caminhar entre as nuvens é uma das grandes emoções em Machu Picchu

Por volta do meio dia, já tinha uma multidão na cidade-santuário. Uma algazarra que nem os fones de ouvido conseguem abafar por completo. Hora de bater em retirada para a “área rural”: os terraços de Machu Picchu que eram destinados ao cultivo e onde tem sempre menos gente (hoje é proibido deitar o sentar na grama).

Antes dos terraços, a Praça Central (outrora um dos lugares cerimoniais mais importantes de Machu Picchu) é um refúgio tranquilo, cheio de lhamas simpáticas pastando, o abrigo certo para quem chegou cedo, já viu a cidade e agora quer ficar quietinho, só na contemplação.

É um bom lugar para fazer um lanchinho — sanduíches e frutas trazidas de Cusco, pois os preços da lanchonete daqui são exorbitantes.

Águas Calientes Peru
Eu e Ana Rosa em Águas Calientes, ansiosas pela visita a Machu Picchu

(Atualmente é proibido comer no interior do sítio arqueológico ou mesmo entrar com comida e bebida, exceto água. Mas a fiscalização não revista as mochilas e vi várias pessoas comendo sanduíches em cantinhos mais discretos de Machu Picchu).

Tudo muito bucólico, só que esqueceram que as lhamas fazem xixi naquela graminha tão convidativa e que o cheiro vai grudar nas suas roupas. Felizmente, eu não era a única "perfumada" a tomar o trem de volta a Cusco...

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