24 de julho de 2014

A Mesquita de Córdoba


Colunas da Sala Hipóstila da Mesquita de Córdoba

A Sala Hipóstila da Mesquita de Córdoba parece um fascinante jogo de espelhos


A Mesquita Córdoba é — sem dúvidas e com muita justiça — a maior atração dessa bela cidade andaluza. É também o terceiro monumento mais visitado de toda a Espanha (atrás apenas da Alhambra de Granada e da Sagrada Família, em Barcelona).

Todos os anos, quase dois milhões de pessoas atravessam os centenários portões de bronze da Mesquita de Córdoba, hoje catedral católica.

Interior da Mesquita de Córdoba
O interior da Mesquita de Córdoba é apenas celestial

Mesquita de Córdoba vista da Ponte Romana
Córdoba na Andaluzia
A mesquita Mesquita (no alto, à esquerda) se destaca na paisagem de Córdoba. Essas fotos foram feitas da Ponte Romana sobre o Rio Guadalquivir


Duvido que alguém fique menos do que extasiado com a beleza dessa construção, datada do Século 13, com a harmonia impressionante de seu interior ou com a placidez encantadora de seu Patio de los Naranjos.

Uma visita à Mesquita de Córdoba é uma etapa essencial em um roteiro pela Andaluzia. Você pode vê-la fazendo um pit-stop, no caminho entre Madri e Sevilha ou — muito melhor — programando alguns dias em Córdoba, uma das cidades mais belas da Espanha.

Mesquita de Córdoba
Mesquita de Córdoba

Siga minhas dicas e descubra o esplendor da Mesquita de Córdoba.


Vista à Mesquita de Córdoba


Portão da Mesquita de Córdoba
Portão da Mesquita de Córdoba
A Mesquita de Córdoba fica dentro de um recinto murado, com 23 portas. Muitas conservam as características mouriscas, outras ganharam adornos cristãos, como a da foto lá no alto

Pátio dos Naranjos da Mesquita de Córdoba

O Patio de los Naranjos, dentro do recinto murado. Ao fundo, a Torre del Alminar, que substituiu o minarete da Mesquita, após as reformas cristãs


O que ver na Mesquita de Córdoba


A Mesquita de Córdoba ocupa um recinto murado com cerca de 25 mil metros quadrados de beleza estonteante, onde estão o famoso Patio de los Naranjos (¨Pátio das Laranjeiras"), o edifício principal da Mesquita-Catedral e alas adjacentes.

Esse espaço era acessado, originalmente, por 23 portas. No interior da mesquita, a imagem mais conhecida é a Sala Hipóstila ("sala sustentada por colunas"). Mas a profusão de detalhes presentes nas 37 capelas não deve ser negligenciada: você vai ficar tonta de beleza nesta visita.

Capela na muralha da Mesquita de Córdoba
Muralha da Mesquita de Córdoba
Por trás desses muros tem 25 mil m² de deslumbramento

Pátio de los Naranjos na Mesquita de Córdoba
O Patio de los Naranjos é um dos grandes encantos da Mesquita


O interior da Mesquita de Córdoba é como uma visão do infinito, um jogo de espelhos formado por uma sucessão de colunas dispostas em perfeita harmonia.

A decoração da mesquita é quase um caleidoscópio de infinitos detalhes, que mudam a cada vez que a gente desloca o ângulo de observação.

Capelas da Mesquita de Córdoba
Capela-Mor da Mesquita de Córdoba
A mesquita tem muitas alas e, entre os acréscimos cristãos, 37 capelas. Acima, a Capela-Mor, do Século 15


O mais impressionante, porém, é ver um espaço tão densamente preenchido de elementos decorativos, paredes e colunas parecer tão amplo e tão leve.

E perceber que a harmonia visual produzida por aquela floresta de colunas é resultado de elementos tão diversos — as colunas não são iguais, já que foram retiradas de diferentes construções romanas e visigodas.

Elementos mouriscos e cristãos na Mesquita de Córdoba
Elementos mouriscos e cristãos na Mesquita de Córdoba
Elementos mouriscos e cristãos na Mesquita de Córdoba
Elementos mouriscos e cristãos na Mesquita de Córdoba
Elementos mouriscos e cristãos na Mesquita de Córdoba
Elementos mouriscos e cristãos na Mesquita de Córdoba

Elementos mouriscos e cristãos se entrelaçam no interior da Mesquita-Catedral


A história da Mesquita de Córdoba é bem mais antiga que os 13 séculos de existência do atual edifício, que hoje disputa com a Alhambra de Granada o título de maior espetáculo arquitetônico legado pelos mouros ao Ocidente.

Antes de sua construção, muçulmanos e cristãos compartilhavam as dependências de uma antiga igreja visigoda que havia no mesmo local da mesquita (a Basílica de San Vicente Mártir, do Século 6) para suas orações.

Mihrab (nicho que aponta a direção de Meca) da Mesquita de Córdoba
Mihrab (nicho que aponta a direção de Meca) da Mesquita de Córdoba
Mihrab (nicho que aponta a direção de Meca) da Mesquita de Córdoba
O Mihrab é o nicho que, nas mesquitas, aponta a direção de Meca, para onde devem ser dirigidas as preces. O da Mesquita de Córdoba, do Século 10, é deslumbrante

Mihrab (nicho que aponta a direção de Meca) da Mesquita de Córdoba
Mihrab (nicho que aponta a direção de Meca) da Mesquita de Córdoba
Preste atenção à belíssima cúpula sobre o Mirhab

É a afirmação de Al Andalus como reino independente, não mais um satélite das dinastias do Norte da África, que vai inspirar a edificação da Mesquita de Córdoba.

Mais do que um templo religioso, ela é uma inquestionável expressão de poder, com mais de 14 mil metros quadrados em seu recinto interior — o suficiente para congregar 20 mil pessoas, sem aperto.

As feições atuais da Mesquita de Córdoba, porém, expressam muito mais do que a opulência planejada pelo emir Abd al-Rahmán I (o primeiro governante de Al Andalus como reino independente) e seus sucessores da dinastia Omíada.

Órgão e Sala do Coro da Mesquita de Córdoba
Órgão e Sala do Coro da Mesquita de Córdoba
Órgão e Sala do Coro da Mesquita de Córdoba
Órgão e Sala do Coro da Mesquita de Córdoba

Após a Reconquista cristã de Córdoba, no Século 13, uma série de elementos católicos foram sendo introduzidos no edifício, até que uma ampla reforma, no Século 16, demoliu parte do templo muçulmano para a construção de uma basílica no coração da Mesquita, convertida em catedral.

Para nossa sorte, porém, muito da arquitetura original da Mesquita de Córdoba sobreviveu e ainda podemos contemplar elementos extremamente marcantes da presença muçulmana. Um exemplo é o Mihab, nicho de orações que aponta a direção de Meca e diante do qual se posta o pregador — equivalente ao altar mor em um templo cristão.

Capela do Tabernáculo na Mesquita do Córdoba
Capela do Tabernáculo na Mesquita do Córdoba
Capela do Tabernáculo na Mesquita do Córdoba

A Capilla del Sagrario ("Capela do Tabernáculo", onde são guardadas as hóstias consagradas) é um acréscimo do Século 16 e ocupa o espaço que já abrigou a biblioteca do bispo de Córdoba 


É curioso (e muito bom) que em uma Espanha de paixões religiosas tão inflamadas, como a da Reconquista, a mais emblemática das mesquitas mouras tenha sido poupada da descaracterização que foi imposta a praticamente todas as suas congêneres.

(Em Granada, por exemplo, todas as mesquitas foram destruídas após a derrocada da Dinastia Násrida, em 1492. Só em 2009 a cidade da Alhambra voltaria a ter um templo muçulmano).

Fontes do Pátio de los Naranjos na Mesquita de Córdoba
Fontes do Pátio de los Naranjos na Mesquita de Córdoba
As fontes do Patio de los Naranjos irrigam as laranjeiras e também serviam para que os fiéis muçulmanos fizessem a ablução antes das preces na mesquita


Uma explicação objetiva para a preservação das características mouriscas da Mesquita de Córdoba talvez seja a mentalidade do período da reconquista da cidade pelos cristãos: o Século 13 foi muito menos feroz no antagonismo entre os devotos da cruz e os mouros.

Basta lembrar que quando o rei Pedro, o Cruel, mandou construir seu palácio no Alcázar de Sevilha, na mesma época, fez questão de preservar a estética mourisca, ele que, sendo um rei cristão, se apresentava aos súditos majoritariamente muçulmanos como "sultão".

Já no final do Século 15, quando os Reis Católicos retomaram a tarefa de expulsar os mouros da Península Ibérica, a pressão para consolidar seu poder sobre o novo Reino da Espanha os levou a ser bem mais radicais, sucumbindo, inclusive, aos ditames da Inquisição.

Eu, porém, sou muito mais romântica e gosto de pensar que o grande motivo para a preservação da Mesquita de Córdoba tenha sido sua beleza absolutamente arrebatadora 😊.

Pátio de los Naranjos da Mesquita de Córdoba

Como organizar a visita à Mesquita de Córdoba


Mesquita Catedral - De segunda a sábado das 10h às 19h. Aos domingos, das 08:30h às 11:30h e das 15h às 19h. No inverno (novembro a fevereiro), fecha uma hora antes, às 18h.

Entrada € 8. De segunda a sábado, das 8:30h às 9:30h, a visita é gratuita, mas não é permitida a entrada de grupos.

Mesquita de Córdoba
Ingresso para a Mesquita de Córdoba
Comprei o ingresso para a Mesquita na hora da visita, sem filas

Visitação noturna à Mesquita de Córdoba 

Limitada a apenas 100 pessoas por vez, a visita noturna à Mesquita de Córdoba dura cerca de uma hora. É combinada com exibições audiovisuais que narram a história da mesquita, sua importância artística e arquitetônica.

Toda a narração é acompanhada por audioguias e está disponível também em português. Cheque as datas e horários no site oficial da Mesquita. Os ingressos custam €18.

Bilheteria da Mesquita de Córdoba
A bilheteria da Mesquita de Córdoba (à direita na imagem) funciona no Patio de los Naranjos

Patio de los Naranjos da Mesquita de Córdoba


Boa notícia: ao contrário de seu "primo" da Catedral de Sevilha, acessível apenas aos visitantes da igreja, o Patio de los Naranjos ("Pátio das Laranjeiras")  da Mesquita de Córdoba tem ingresso livre e gratuito. É um ótimo lugar para uma pausa, durante as visitas ao Centro Histórico de Córdoba.

Índice de museus e sítios arqueológicos 

Mais sobre Córdoba
Como chegar a Córdoba
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O que ver em Córdoba: Muito além da Mesquita - 6 motivos para amar a cidade

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2 comentários:

  1. o melhor post que já vi sobre a catedral de Córdoba.
    Inclusive o comentário pessoal sobre a preservação de parte da mesquita.
    Parabéns. Finalmente o ponto vista semelhante ao meio. Fiquei feliz.
    Ah! As imagens são espetaculares.
    Em 2012 tive o prazer de conhecer toda a Andaluzia.

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  2. Obrigada :). Essa viagem à Andaluzia foi uma das melhores da minha vida. Espero voltar em breve

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