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Córdoba, um cenário que derrete até coração de pedra |
Depois de ver Sevilha, Cádiz, Ronda e Granada, o que uma cidade pode mostrar para seduzir um olhar mimado por tantas maravilhas?
Enquanto meu trem vencia os 150 km que separam Granada de Córdoba, eu já ia me preparando para perdoar a cidade, caso ela falhasse na tarefa de me encantar.
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A Mesquita de Córdoba vista da Ponte Romana, em uma tarde de inverno quase tropical |
Ela me conquistou de cara! Desafio qualquer um a resistir aos encantos de Córdoba ao caminhar pela beira do Guadalquivir, numa tarde ensolarada de inverno, vendo o sol cair sobre a Ponte Romana (Século 2 a.C.) e sobre as velhas construções mouras e mudéjares.
Esse amor à primeira vista só cresceu, nos quatros dias que fiquei por lá.
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A Plaza del Potro, citada até por Cervantes |
Na História, ela ostenta cinco séculos como centro do domínio mouro na Península Ibérica, sede do Califado de Córdoba, coração político e administrativo de um poderio que se estendia além de Gibraltar, para o Norte da África.
No quesito monumentos, Córdoba é dona de uma das construções árabes mais espetaculares do Ocidente, a famosa Mesquita, hoje convertida em Catedral.
Se buscarmos uma marca singular, vamos nos perder de encanto pelos pátios cordobeses — celebrados, inclusive, em um festival anual, que elege os mais bonitos.
E o que dizer das estreitas ruas tortuosas da Judería de Córdoba, prontas a nos sussurrar histórias épicas ou prosaicas?
Neste post eu listei seis motivos para você ir a Córdoba. Poderiam ser muitos mais. Mas acho que você vai adorar descobrir os encantos cordobeses pessoalmente.
Ah, e a Mesquita de Córdoba não está nesta lista, porque ganhou um post só para ela.
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As muralhas do Alcázar de los Reyes Cristianos |
Se buscarmos uma marca singular, vamos nos perder de encanto pelos pátios cordobeses — celebrados, inclusive, em um festival anual, que elege os mais bonitos.
E o que dizer das estreitas ruas tortuosas da Judería de Córdoba, prontas a nos sussurrar histórias épicas ou prosaicas?
Ah, e a Mesquita de Córdoba não está nesta lista, porque ganhou um post só para ela.
O que fazer em Córdoba: 6 razões para se apaixonar
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Torres, muralhas, fontes e laranjeiras: um passeio pelo Alcázar de los Reyes Cristianos |
⭐ Alcázar de los Reyes Cristianos
Mosaicos romanos, muralhas e jardins
Onde fica: Calle de las Caballerizas Reales, s/n.
Horário de visita: aberto diariamente, das 8:30h às 20 horas.
Preço: o ingresso custa € 4,50 ou € 7 (combinado com o show de som e luz, sempre às 20 horas).
Os Reis Católicos (Isabel de Castela e Fernando de Aragão) viveram cerca de oito anos nesse palácio mudéjar fortificado e cercado de lindos jardins.
Eles fizeram do Alcázar de Córdoba um de seus quartéis generais durante a Reconquista Cristã da Andaluzia, no final do Século 15.
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Jardins do Alcázar de Córdoba |
As feições atuais do Alcázar, porém, foram delineadas nos séculos 13 e 14, já sob domínio cristão.
Todas as noites, um espetáculo de som e luz nos jardins do Alcázar conta a história do lugar.
⭐ Palácio de Viana
Pátios cordobeses em versão nobre
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O Palácio de Viana é um painel de cinco séculos da tradição cordobesa de construir pátios encantadores |
Onde fica o Palácio de Viana: Plaza de Don Gome nº 2.
Horário: os pátios podem ser vistos no ritmo que o visitante ditar, mas o interior do palácio, só em visitas guiadas, de hora em hora. Aberto de de terça a sexta, das 10h às 19. Aos sábados e domingos, das 10h às 15h. Em julho e agosto, funciona nos mesmos horários do final de semana.
Preço da entrada: € 8.
Horário: os pátios podem ser vistos no ritmo que o visitante ditar, mas o interior do palácio, só em visitas guiadas, de hora em hora. Aberto de de terça a sexta, das 10h às 19. Aos sábados e domingos, das 10h às 15h. Em julho e agosto, funciona nos mesmos horários do final de semana.
Preço da entrada: € 8.
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O Pátio del Recibo, do Século 16 e (abaixo) o Patio del Archivo, do Século 18, no Palácio de Viana |
Os pátios são típicos espaços de sossego e convivência, abrigados do burburinho e do calor das ruas.
Em Córdoba, o pátio foi alçado à condição de obra de arte, com suas fontes, samambaias, laranjeiras e muita luz.
O Palácio de Viana reúne 12 dessas preciosidades, um painel que cobre cinco séculos do requinte dos pátios andaluzes.
Os chamados Patios de Viana variam entre o luxo (o Patio Del Recibo), a exuberância de um frondoso jardim (Patio de los Naranjos) ou a singeleza e o climinha doméstico do Patio del Archivo.
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Patio de las Rejas ("Pátio das Grades"), do Século 17, e o Patio de la Madama, de inspiração barroca |
Antiga morada dos Marqueses de Viana, o palácio tem origem no Século 14. Ao longo de 500 anos, foi ganhando acréscimos e incorporando edifícios vizinhos.
A visita guiada ao Palácio de Viana percorre algumas das suas dezenas de aposentos onde estão expostos um rico mobiliário e muitas obras de arte. Um panorama do modo de viver das famílias da alta aristocracia andaluza.
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O interior do Palácio de Viana não pode ser fotografado, mas é possível fazer alguns cliques através das janelas |
Depois do roteiro guiado ao interior do Palácio de Viana, os visitantes podem circular à vontade pelos 12 pátios, mergulhando na beleza e no silêncio desses espaços.
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Em Córdoba, a bisbilhotice não é falta de educação, é parte do prazer de descobrir a cidade |
Em Córdoba a arte dos pátios não é privilégio dos palácios. A maioria das casas dos bairros históricos ainda mantém os seus espaços de descanso e convivência.
Bem cuidados, verdejantes e lindos, os pátios privados e anônimos encantam, cada um com sua cara.
Talvez o melhor jeito de descobrir Córdoba seja a bisbilhotice: andar na rua sempre espichando o olho para dentro das casas que, muito sedutoras, sempre deixam a porta da rua aberta.
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A Judería, San Fernando e a vizinhança da Mesquita de Córdoba são generosíssimas em pátios encantadores |
É o jeito de Córdoba homenagear sua arte e manter viva a tradição dos moradores que, desde sempre, celebraram a chegada da primavera visitando os vizinhos para ver a exuberância de seus pátios, com suas fontes e jardins.
O Festival de los Patios Cordobeses é uma oportunidade para os turistas irem além das miradas roubadas, tendo contato com espaços vivos, usados no cotidiano, nas casas de gente comum.
As visitas aos pátios são liberadas em horários predeterminados (precisam ser agendadas), às sextas, sábados e domingos, e são gratuitas.
Ao final do festival, um concurso elege os pátios mais bonitos. Para maiores informações, acesse o site do evento.
A beleza do Barroco Cordobês
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A Virgen de los Plateros (à esquerda), de Valdés Leal, uma das obras mais celebradas do Museu de Belas Artes de Córdoba |
Onde fica: Plaza del Potro nº 1.
Horário de visitas: Terças, das 14:30h às 20:30h. De quarta a sábado, das 9h às 20:30. Domingos, das 9h às 14:30h.
Preço da entrada: € 1,5.
Quase não entrei no Museu de Belas Artes, pois eu já tinha fartado o olhar com as maravilhas de seu "irmão", o Museu de Bellas Artes de Sevilha, que é muito mais famoso e espetacular.
Ainda bem que fui seduzida pela bela Plaza del Pozo e (adivinhe...) pelo pátio do antigo Hospital de la Caridad e resolvi esticar o passeio ao interior do museu. Que sorte: excapei de perder um programão.
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O pátio do antigo Hospital de la Caridad, que abriga os museus de Belas Artes e Julio Romero |
O Museu de Belas Artes de Córdoba foi fundado em 1862 e reúne uma coleção centrada no Barroco Cordobês. Sua história não difere muito da de outras pinacotecas andaluzas, cujo acervo foi herdado a partir do fechamento de conventos e mosteiros da região.
Uma das obras mais impressionantes que vi no Museu de Belas Artes de Córdoba foi o Cristo atado à coluna, de Alejo Fernández (também autor da famosa Virgen de los Mareantes que adorna os salões da Casa de Contratación, no Alcázar de Sevilha).
Outra tela maravilhosa é a Virgen de los Plateros, do Século 17, pintada por Valdés Leal para um altar de rua encomendado pela Corporação dos Ourives.
Em frente ao Museu de Belas Artes funciona o Museu Julio Romero, com acervo composto por obras mais recentes.
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Um hammam é o lugar perfeito para esquecer da vida |
Final de viagem, quase 20 dias de muita bateção de pernas, inverno... Imagine, então, como caiu bem o meu momento relax no Hammam Al Andalus, um banho árabe que faz de tudo para preservar a tradição.
Esse hammam de Córdoba é muito bonito, reproduzindo em arcos e colunas as marcas da arquitetura mourisca.
A iluminação mínima, com muitas velas, a música baixinha, os aromas de rosa, lavanda, âmbar e azahar (flor de laranjeira) que escapam dos vidrinhos de óleo de massagem e a absoluta ausência de conversas já seriam suficientes pra ganhar meu coração.
Depois de duas horas alternando as piscinas (quente, tépida e fria) e recebendo uma massagem bem relaxante, eu fiquei novinha.
Hammam Al Andalus - Calle Corregidor Luís de la Cerda nº 51, fone 957-484-767. Funciona diariamente, das 10h às 24 horas. Os preços variam de acordo com o tratamento escolhido.
O mais simples é o banho (com acesso às três piscinas, quente, morna e fria e mais a sauna) com 15 minutos de massagem relaxante, que custa €36. O mais caro é o banho Ritual, com direito a kessa (exfoliação) e massagem (€ 67). Se quiser só os banhos, o preço é de € 24.
⭐ Judería de Córdoba
Ruas de poesia e história
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Se Córdoba fosse só a Judería, já valeria programar vários dias pra se perder nesse rendilhado de ruas e se achar nesses preciosos cantinhos |
Tem lugares que são tão bonitos que nem precisariam ter história para contar. A Judería de Córdoba tem tudo que eu mais adoro: ruas estreitas e tortuosas, margeadas por lindas fachadas caiadas e salpicadas por vasinhos de flores (que resistem bem ao inverno ameno da cidade, com temperaturas de até 17 graus).
O bairro judeu de Córdoba tem uma longa história, ocupado pela comunidade desde o Seculo 10. Um de seus filhos mais ilustres, o filósofo Maimônides, é homenageado com uma estátua, na praça que leva seu nome.
A Judería de Córdoba é um lugar para a gente se perder em caminhadas sem pressa. Simplesmente encantadora!
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No Zoco Municipal, na Calle Averroes, funciona um mercado de artesanato |
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A estátua do filósofo Maimônides |
A Mesquita de Córdoba
Como chegar a Córdoba
Hospedagem em Córdoba
Onde comer em Córdoba
A Espanha na Fragata Surprise - post-índice
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Andaluzia: Cádis, Córdoba, Granada, Ronda e Sevilha
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Eu só acrescentaria que à noite é possível disfrutar de música flamenca de ótima qualidade nas casas de espetáculos da cidade.
ResponderExcluirÉ verdade, Mauro. Faz um tempinho que estou batucando um post sobre as apresentações de flamenco nas cidades que visitei pela Andaluzia e Córdoba, com certeza, tem ótimas opções :)
ExcluirOlá! Ótimo o teu blog! Parabéns! Inicio de maio ou final de abril seria uma boa época para visitar a Andaluzia? Planejo ir a Sevilha(4 dias completos ), Córdoba(2dias) e Granada (3dias). E fazer de trem o percursso entre elas.Obrigada.
ResponderExcluirOi, Lucia, obrigada :)
ExcluirOlha, a Andaluzia é bem quente no verão, mas creio que nesse período que vc vai esteja agradável. Eu peguei 17 graus em Córdoba em pleno janeiro, pra vc ter uma ideia...