10 de abril de 2016

Museu Botero e a coleção do Banco da República da Colômbia


Fernando Botero: "A Guerrilha de Elizeo Velásquez" no Museu Botero de Bogotá

A Guerrilha de Elizeo Velásquez, o quadro de Botero de que mais gostei


Uma tremenda vantagem de ficar hospedada no bairro da Candelária, em Bogotá, foi ficar pertinho de um dos acervos públicos de arte mais importantes da América Latina. O Museu Botero e Coleção de Arte do Banco da República da Colômbia têm entrada gratuita e são um show de bola que não pode faltar no seu roteiro.

O Museu Botero tem 123 trabalhos do artista e mais 85 obras que compunham sua coleção particular — um tesouro que tem Picasso, Chagall, Calder, Torres García, Miró... —, acabou virando meu “programinha de vizinhança”.

Escultura de Fernando Botero no Museu Botero de Bogotá
Escultura de Fernando Botero no Museu Botero de Bogotá
Gosto ainda mais das esculturas de Botero do que dos quadros


Aproveitando que a entrada é gratuita, acabei fazendo várias visitas ao bonito casarão, antiga sede da Casa da Moeda, que também abriga a Coleção de Arte do Banco da República da Colômbia, um panorama das artes visuais desde a colônia até os dias de hoje, com ênfase em artistas colombianos e latino-americanos.

Mona Lisa de Fernando Botero
A famosa Mona Lisa de Botero


 Dois acervos bacanérrimos para ver e rever durante sua estada em Bogotá. Veja as dicas:

Museu Botero de Bogotá


Obras de Fernando Botero no Museu Botero de Bogotá
"A Praia" de Fernando Botero no Museu Botero de Bogotá
O Museu Botero de Bogotá reúne 123 obras doadas pelo artista ao povo da Colômbia. Embora os gordinhos e gordinhas sejam as imagens mais famosas (como essa em A Praia, tela em primeiro plano na foto acima), vale a pena descobrir outros ângulos do trabalho dele 


Os gordinhos de Botero 

É claro que minha primeira motivação para ir ao Museu Botero foi contemplar cara a cara os famosos gordinhos de Botero, o colombiano mais conhecido em todo o planeta, nas artes visuais.

A característica mais conhecida do trabalho de Fernando Botero são exatamente suas figuras volumosas. Os homens têm sempre o rosto do próprio pintor, ou de seu pai.

Nesse quesito, o Museu Botero não desaponta. Estão lá a famosa Mona Lisa, os nus A Praia e A Carta, a empetecada Primeira Dama e o Casal Dançando, para citar algumas das obras mais conhecidas e marcantes do artista.

"Um Povoado" de Fernando Botero no Museu Botero de Bogotá
"Terremoto em Popayán" de Fernando Botero no Museu Botero de Bogotá
Botero: Um Povoado (no alto) e Terremoto em Popayán

"Casal dançando" de Fernando Botero no Museu Botero de Bogotá
"Natureza Morta com Violino" de Fernando Botero no Museu Botero de Bogotá
Casal Dançando (no alto) e Natureza Morta com Violino


Mas o mais bacana é descobrir outros aspectos e sotaques da obra de Botero, perceber influências e comprovar que ele está muito acima da apropriação folclórica que a indústria cultural fez de sua arte.

O mito dos gordinhos de Botero, por um lado, ajudou a popularizar o artista, mas está sempre a um passo de vulgarizar seu trabalho.

Museu Botero de Bogotá
O Museu Botero funciona em um casarão colonial que já serviu de sede à Casa da Moeda da Colômbia. O espaço também abriga a Coleção de Arte do Banco da República da Colômbia, uma bela pinacoteca e acervo de esculturas com obras do Século 17 até a atualidade

Vênus de Fernando Botero no Museu Botero de Bogotá
Vênus de Fernando Botero no Museu Botero de Bogotá
Vênus de Fernando Botero no Museu Botero de Bogotá

As "vênus" de Botero

 
Botero além dos gordinhos

Indo além dos gordinhos, foi maravilhoso descobrir obras de Botero como A Guerrilha de Elizeo Velásquez.

Gostei imensamente de quadros como a Natureza Morta com Violino, da representação pacata de Um Povoado e de seu contraponto dramático, o Terremoto em Popayán — essas duas telas não estão expostas juntas, como aparecem aqui no blog, mas eu invoquei que uma é a continuação da outra. E, como sou otimista, acho que o terremoto vem antes 😊 . 

E fiquei encantada com algumas das esculturas de Botero, especialmente de suas “vênus” de formas copiosas.

"A Grande Espiral" de Alexander Calder no Museu Botero de Bogotá
"Arlequim com Bolas de Neve" de Alexander Calder no Museu Botero de Bogotá
Botero também reuniu uma ótima coleção de outros artistas. Estas obras são de Alexander Calder: A Grande Espiral (no alto) e Arlequim com Bolas de Neve

"O Palhaço Voador" de Marc Chagall no Museu Botero de Bogotá
"Estrutura com Esquema de Objetos" de Torres García no Museu Botero de Bogotá
Mais da coleção pessoal de Botero: Chagall (O Palhaço Voador) e Torres García (Estrutura com Esquema de Objetos). Como não amar um cara que, além de tudo, ama os meus amores?


Botero colecionador de arte

Outro motivo pra me encantar com Fernando Botero é que ele parece amar vários dos meus amores, a julgar por muitas das 85 obras de sua coleção pessoal.

Esse acervo também foi doado por Botero ao povo da Colômbia, junto com os trabalhos de próprio punho que compõem a coleção do museu.

Além dos artistas que você já viu nas fotos acima, ainda tem Kokoshka, Matisse, Monet, Braque, Degas, Max Ernst...

São obras que Botero reuniu ao longo da vida e também ajudam a expressar o olhar que ele tinha do mundo. Passear por essa parte da exposição do Museu Botero é outra festa imperdível.

Obra de Joan Miró no Museu Botero de Bogotá
Obra de Pablo Picasso no Museu Botero de Bogotá

Essas obras de Miró (no alto) e Picasso estão expostas lado a lado no Museu Botero 

Toulouse-Lautrec no Museu Botero de Bogotá
Monet no Museu Botero de Bogotá
Toulouse-Lautrec e Monet também estão representados na coleção de Fernando Botero


Coleção de Arte do Banco da República da Colômbia

Mas você pensa que a festa acabou? Pois o antigo casarão sede da Casa da Moeda de Bogotá ainda guarda belas surpresas para o visitante.

Em uma das alas do edifício está exposta a Coleção de Arte do Banco da República, com obras que pertencem ao patrimônio do Estado colombiano e estão organizadas em um roteiro inteligente, que consegue ser didático sem ser professoral.

"Camponeses" de Alipio Jaramillo na Coleção de Arte do Banco Nacional da Colômbia
"A Violência", de Alejandro Obregón, na Coleção de Arte do Banco Nacional da Colômbia
No alto, Camponeses, de Alipio Jaramillo. Acima, A Violência, de Alejandro Obregón, sobre a repressão aos estudantes colombianos em 1954


A mostra se divide em salas dedicadas à arte colonial (Século 17 e 18), ao Século 19, período da independência da Colômbia e primeiros anos da República (onde o título de "Rupturas e continuidades" expressa o contexto da época, na arte, na política e na sociedade colombiana), às vanguardas do Século 20 e aos contemporâneos.

"Estrutura Acrílica Sinética", de Jesús Soto, Coleção de Arte do Banco da República em Bogotá
"Estrutura Acrílica Sinética", de Jesús Soto, Coleção de Arte do Banco da República em Bogotá
Os dois ângulos da Estrutura Acrílica Sinética, de Jesús Soto, na deliciosa sala reservada aos "Clássicos, Experimentais e Radicais" da Coleção de Arte do Banco da República


A coleção de arte do Banco da República da Colômbia é uma excelente oportunidade para descobrir artistas colombianos como Alejandro Obregón, Alipio Jaramillo e Luiz Roberto Acuña (que reencontrei em seu museu-casa, na Villa de Leyva).

Também fui apresentada a dois uruguaios danadinhos de bacanas, Francisco Matto e Julio Alpuy, discípulos e integrantes do ateliê de Joaquín Torres-García (que vocês já sabem que é um amor da minha vida). Ambos aprenderam direitinho com o mestre.

E ainda tive direito a pulinhos de felicidade ao reencontrar outro queridinho meu, o venezuelano Jesús Soto.

Obra de Francisco Matto na Coleção de Arte do Banco da República em Bogotá
Obras deJulio Alpuy na Coleção de Arte do Banco da República em Bogotá
Matto (no alto) e Alpuy, discípulos de Torres García


Por fim, quando você pensa que já viu tudo, uma sala do primeiro andar do casarão transformada em cofre exibe a coleção de custódias e outros objetos sacros pertencentes ao Banco da República da Colômbia.

Os objetos são riquíssimos, recobertos de pedras preciosas, deslumbrantes — e, por isso mesmo, para garantir a segurança, não podem ser fotografados.

Obras de Max Ernst no Museu Botero de Bogotá
Esculturas da coleção pessoal de Botero. A obra em primeiro plano e a que aparece lá no fundo são de Max Ernst


A Casa da Moeda de Bogotá

Além de todos esses bons motivos que já citei, a visita ao complexo de museus do Banco da República da Colômbia vale também para você ver por dentro um belíssimo edifício colonial.

Construído em 1621 para sediar a Casa da Moeda do Vice-Reino de Nova Granada, foi entre aquelas paredes espessas que foram cunhadas as primeiras moedas de ouro das Américas.

Essa história você descobre em mais uma ala do casarão, no Museu de Numismática. São mais de 8 mil peças entre moedas, maquinário e mobiliário de época.

Casa da Moeda em Bogotá
Casa da Moeda em Bogotá

Casarão da Casa da Moeda, sede do museu Botero e a da Coleção do Banco da República


Museu Botero e Coleção do Banco da República da Colômbia
Casarão Casa de La Moneda, Calle 11, nº 4-41

➡️ Fecha às terças-feiras. Visitas das 9h às 19h, exceto aos domingos, quando o horário é das 10h às 17h. Entrada gratuita.

São realizadas visitas guiadas, sem necessidade de agendamento prévio, para grupo de no máximo 30 pessoas. O percurso dura uma hora.

Nos dias de semana, as visitas guiadas são iniciadas às 12:30h, às 16h e às 17:30h. Aos sábados, às 10h, 12h, 14h e 16h. Aos domingos, apenas às 10h e às 13:30h.

Todas as dicas da Colômbia: post-índice com mapa
Mais dicas de Bogotá, Cartagena, Ilhas do Rosário e Villa de Leyva




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