O Museu da Acrópole de Atenas

O Museu da Acrópole de Atenas (no fundo, ao centro) e o Anfiteatro de Dionísio (em primeiro plano), fotografados do alto da colina sagrada dos gregos

Ao lado do Museu Nacional de Arqueologia de Atenas e do Museu da Ágora Antiga, o Museu da Acrópole de Atenas forma uma trinca essencial ao visitante que quer mergulhar um pouquinho mais na fantástica arte dos helenos.

Os acervos dessas instituições complementam a narrativa estética que a gente começa a descobrir muito antes de estar cara a cara com os famosos monumentos da Grécia — afinal, quem não começou a sonhar com aqueles sítios fantásticos na primeira aula sobre a Antiguidade, diante de um quadro de giz?

Generosas vidraças levam a Acrópole pra dentro do edifício do museu

No final de abril deste ano, fiz minha segunda visita ao Museu da Acrópole de Atenas e fiquei ainda mais encantada do que na primeira vez (as pessoas me perguntam por que repito viagens e taí: os amores mais arrebatados podem ficar ainda maiores).

Museus costumam ser lugares bonitos e o que não falta no mundo é inteligência museológica pra transformá-los em lugares instigantes, instrutivos, esclarecedores e mágicos. Mas o Museu da Acrópole de Atenas tá num patamar acima.

Veja que maravilha é o Museu da Acrópole de Atenas:

Museu da Acrópole de Atenas

Inaugurado em 2009, o Museu da Acrópole de Atenas foi todo pensado pra fazer o visitante se sentir subindo a colina sagrada dos gregos, repetindo o sofisticado ritual dos atenienses da Antiguidade — a liturgia incluía oferendas, purificações e outros protocolos.

Uma arquitetura escancaradamente moderna consegue a mágica de nos transportar para o Século 5º a.C., seguindo as rampas rumo topo da colina que paira 165 metros acima da cidade e onde se reverenciavam as divindades dos atenienses — a principal delas, Palas Atenas, padroeira da cidade, reinava do Parthenon.

O edifício rasgadamente moderno nos transporta ao Século 5º a.C.

A construção moderna celebra, evoca e dialoga com a Acrópole, que fica bem em frente e invade o prédio através de suas generosas vidraças, pensadas exatamente para integrar o cenário e as espetaculares construções da Antiguidade com o acervo de peças rituais, estátuas e decorações que pertenceram aos templos da colina.

Na verdade, o Museu da Acrópole de Atenas existe desde o Século 19, em um predinho ao lado do Parthenon. A sede nova, porém, fez a Acrópole se espraiar colina abaixo, atravessar a rua e funcionar como uma ponte entre tempos e espaços.

A exposição dos achados arqueológicos reproduz a altura da acrópole onde os objetos foram escavados

Asclépio (filho de Apolo e semideus da cura) e sua esposa Epíone (semideusa do alívio da dor) representados em um baixo relevo do Século 4º a.C.

O Museu da Acrópole de Atenas organiza seu acervo com um apuro estético e com uma inteligência que apaixonam. O roteiro da exposição foi todo pensado para que a gente veja, entenda e também evoque o significado da Acrópole, seus templos e demais edifícios na vida social, política e espiritual dos atenienses.

No início do percurso, na galeria térrea, estão peças encontradas nas encostas da Acrópole, objetos de culto ou utensílios da vida cotidiana. 

A culminância do percurso sagrado na Galeria do Parthenon é profundamente comovente. 

Modelo reproduz a decoração do Parthenon

Galeria do Parthenon

As colunas de aço dispostas em um espaço retangular sugerem o mais famoso dos edifícios da colina sagrada dos gregos e servem de moldura à exposição de 50 metros originais do friso esculpido por Fídias para adornar o templo.

(A Grécia continua insistindo em repatriar tesouros da Acrópole, com destaque para os 80 metros de friso do Parthenon exibidos no British Museum, e eu dou a maior força!).

Friso decorativo do frontão de um templo datado do Século 7º ou 6º a.C

Dois pedaços de frisos decorativos do do frontão do Hekatompedon, o primeiro templo construído na Acrópole de Atenas, em 570 a.C. No alto, Hércules lutando com um Tritão. Acima, uma leoa atacando um touro

Decorações do Parthenon

O percurso todo no Museu da Acrópole é de arrepiar, especialmente quando a gente vê a Acrópole de verdade, que está lá do outro lado da rua, nos acompanhando, através das vidraças.

Durante toda a visita, a Acrópole está lá, do outro lado da rua, de olho na gente — e a gente nela

Na primeira vez que visitei o Museu da Acrópole de Atenas, em 2012, as Cariátides originais (as famosas colunas com a forma feminina que adornavam o Erectéion da Acrópole), estavam em restauração.

Longe de ser uma frustração, isso acabou rendendo um dos momentos mais interessantes da visita, pois o trabalho estava sendo realizado à vista do público e consistia na aplicação de uma técnica ultra sofisticada para a remoção de fungos das Cariátides.

Impossível não dar uma carona a outros visitantes em qualquer foto das Cariátides

Desta vez, as Cariátides estavam lá, lindonas e plenas. Mas boa sorte pra conseguir fotografá-las sem levar outros visitantes de carona no seu clique.

O Museu da Museu da Acrópole de Atenas promove uma série de atividades educativas — e não só para crianças. Em 2012, havia uma Oficina de Cores onde técnicos aplicavam pigmentos identificados em estudos arqueológicos em réplicas das estátuas, para que o público tivesse uma ideia da aparência original das peças.

(A gente se acostuma com a ideia de que a arte grega clássica se sustentava na brancura do mármore e se surpreende com a exuberância multicor que os helenos aplicavam às peças e também aos edifícios — sim, o Parthenon era feericamente colorido).

O Terraço do Museu é parada obrigatória para olhar a paisagem. O restaurante tem comidinhas legais e preços razoáveis

Quando você for ao Museu da Acrópole de Atenas, não deixe de reservar um tempinho para curtir o fantástico terraço do segundo andar (com uma senhora vista para a Acrópole, claro) e aproveite a pausa para provar um dos pratos tradicionais gregos servidos no bom restaurante que funciona lá.

O cardápio muda, de tempos em tempos, mas é sempre composto por receitas típicas das diversas regiões do país. Os preços são bem camaradas, o WiFi gratuito é veloz e o ar condicionado funciona às mil maravilhas.

Durante as obras do edifício do Museu da Acrópole de Atenas, escavações revelaram vestígios de construções da Antiguidade. Hoje, esses vestígios arqueológicos podem ser visitados

Dicas para organizar uma viagem à Grécia

⭐Museu da Acrópole de Atenas 
Dionysiou Areopagitou nº 15, Makrigianni, em frente à portaria principal da Acrópole

Maquete do Teatro de Dionísio. A construção fica na encosta da Acrópole

Rosto do deus Dionísio

Máscaras teatrais do Século 2º a.C.

Os arqueólogos acreditam que esta placa, escavada na Acrópole, adornava um templo do período Arcaico (Século 7º a.C.). A figura representada é uma górgona, uma das três irmãs malignas cujo olhar transformava humanos em pedra. A Medusa era uma delas

Como chegar: a estação de metrô mais próxima é a Acropolis (ακρόπολη, no alfabeto grego), que tem uma saída bem atrás do museu, na Rua Makrigianni. As linhas 1, 5 e 15 do tram (bonde) têm paradas quase em frente ao museu.

Horários: de abril a outubro, o Museu da Acrópole funciona às segundas, das 9h às 17h. De terça a domingo, das 9h às 20 (às sextas, até as 22h). De novembro a março, de segunda a quinta das 9h às 17h, sextas das 9h às 22h e aos sábados e domingos das 9h às 20h.

Fecha 1º de Janeiro, Domingo e segunda-feira de Páscoa, 1º de Maio, 25 e 26 de dezembro.

Cabeça em bronze de um hoplita (soldado) datada de 480/470 a.C.

Hermes, deus das comunicações e das viagens (bença, pai)

Ingresso para o Museu da Acrópole: € 10 de novembro a março € 15 de abril a outubro. Crianças até 5 anos não pagam e visitantes entre 6 e 25 anos pagam entrada reduzida de € 5 de novembro a março e de € 10 de abril a outubro.

Entrada gratuita para todo o público nos dias 25 de Março (Independência da Grécia), 18 de maio (Dia Internacional dos Museus) e 28 de Outubro (Dia do Não, feriado nacional que celebra a recusa do governo grego a permitir que as tropas do ditador fascista Benito Mussolini usassem o território da Grécia como passagem ou base para atacar outros países durante a II Guerra Mundial).

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