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O Albaicín visto da Alhambra e (abaixo) a Alhambra vista do Albaicín |
Uma das coisas mais bacanas que fiz em granada foi o passeio guiado pelo Albaicín. Plantado no topo de um morro bem em frente à Alhambra, o antigo bairro mouro é um dos grandes encantos da cidade. Era lá que vivia o povo, na época do domínio árabe, enquanto a realeza ocupava a "cidadela vermelha" (a Alhambra).
Subir e descer as ladeiras tortuosas do Albaicín é mergulhar em uma atmosfera cheia de história e tradição, descobrindo os encantos de velhas fachadas e jardins para, de repente, desembocar no mirante mais bonito da cidade.
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A primeira vez que prestei atenção no Albaicín foi debruçada nesta varanda do Palácio dos Leões, na Alhamabra |
Para ser "apresentada" ao bairro, o passeio guiado pelo Albaicín foi bem útil como introdução aos segredos do lugar. Depois, voltei várias vezes para explorar o bairro no meu ritmo. Aposto que você também vai gostar da experiência.
Veja as dicas:
Passeio guiado pelo Albaicín, Granada
Um pouquinho da história do Albaicín
Quando os reis Católicos decidiram lançar a ofensiva final sobre o reino mouro de Granada, no finalzinho do Século 15, adotaram a estratégia de ocupar as planuras a Oeste de dois morros, a Sabica, (onde se assentava a cidadela amuralhada e a Alhambra, antiga morada dos governantes), e o Albaicín, o arrabalde mouro.
Quem olha a Granada de hoje tem a sensação de que a lógica dessa distribuição territorial foi deliberadamente perpetuada ao longo do tempo, de tanto que ela ainda é visível, mais de cinco séculos depois de o cerco cristão ter levado Boabdil, último soberano Násrida, à rendição.
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Porta de las Pesas, uma das antigas entradas do Alcaicín |
A Alhambra, felizmente continua sendo a Alhambra — com alguns acréscimos do Século 16, como o Palácio de Carlos V.
E o velho Albaicín preservou suas feições, muito tempo depois de a intolerância pós-Reconquista Cristã ter mandado embora a maioria de seus moradores originais, os mouros.
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As fachadas simples e floridas do Albaicín muitas vezes escondem jardins e pátios exuberantes |
Tudo no Albaicín ainda evoca a povoação moura. O traçado das ruas (melhor dizer ladeiras) ainda leva o caminhante a minúsculas praças bem escondidas onde quase pode ouvir o cantar do muezim (o arauto que, do alto dos minaretes das mesquitas, chama o povo para as preces).
As fontes que abasteciam os moradores do Albaicín com água potável (os aljibes) ainda estão lá, assim como os belos Cármenes, os solares mouriscos escondidos do olhar dos passantes por muros altos e fachadas singelas, mas que explodem em exuberantes pátios floridos e jardins, em seu interior.
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O Albaicín se orgulha de sua fachadas e faz até concurso para eleger as mais bonitas |
Eu caí de amores pelo Albaicín logo na primeira vez que o vi, lá do “outro lado”, de uma das varandas de um dos palácios nazaríes da Alhambra.
Depois, fui muitas vezes ao bairro, pra ver de pertinho os seus encantos. Tanto que acabei resolvendo fazer um passeio guiado pelo Albaicín, para conhecer um pouco mais de seus segredos. E foi uma das coisas mais bacanas que fiz em Granada.
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O jeito mais poético de explorar o Albaicín é subir e descer sua ladeiras e escadarias |
O passeio guiado pelo Albaicín começa na Plaza de Santa Ana, na “cabeceira” da Carrera del Darro, “a rua mais bonita do mundo”, que é onde as alturas do antigo bairro mouro desaguam na parte baixa da cidade (a rua é considerada parte do bairro).
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Minarete da Mesquita Maior de Granada, a primeira construída na cidade (em 2003), desde a Reconquista, no final do Século 15. Abaixo, uma esquina com vista para a Alhambra, coisa coum no Albaicín |
Para poupar panturrilhas e fôlegos, a subida ao Albaicín (cascudíssima) é feita de ônibus.
A Linha 31 do transporte público passa pela Plaza Nueva, no Centro, e sobe a empinadíssima Cuesta del Chapiz até o Albaicín. Lá no alto, atravessamos a Puerta de las Pesas e estamos no coração do bairro.
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Igreja de San Gregorio Magno, do Século 16, em estilo mudéjar. Abaixo, a Igreja de San Nicolás |
A Mesquita Maior de Granada foi inaugurada em 2003 e é o primeiro templo muçulmano erguido na cidade, desde a Reconquista dos Reis Católicos, em 1492.
A nova mesquita já nasceu profundamente impregnada de significado histórico — ou será que foi meu eterno otimismo que celebrou a tolerância quando viu as linhas sóbrias do minarete tão à vontade, na companhia dos muitos campanários do bairro?
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O Generalife visto de uma ladeira do Albaicín. Abaixo, o palácio de verão da corte moura e a Sierra Nevada clicados do Mirante de San Nicolas |
O Sacromonte fica em um morro contíguo e ainda mais alto que o Albaicín. A passadinha por lá é rápida, mas dá para ver algumas das cuevas (grutas) transformadas em moradias pelos ciganos, que ainda hoje têm presença na áreas. .
Muitas dessas grutas foram escavadas para ampliar o espaço. O que se vê, do lado de fora, são casinhas brancas, baixinhas, sempre com chaminés.
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O Bairro do Sacromonte visto da Cuesta del Rey Chico, uma ladeira que liga a Alhambra à parte baixa de Granada |
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Mirante de San Nicolás: é lá que você vai querer estar quando a tarde estiver caindo em Granada |
O Mirador de San Nicolás, em frente à igrejinha dedicada ao santo, é o ponto mais cobiçado do Albaicín, principalmente ao cair da tarde, quando o ângulo do sol está perfeito para contemplar a Alhambra, com suas torres meio douradas e meio avermelhadas, com os picos branquinhos da Sierra Nevada servindo de moldura, lá atrás.
É uma imagem arrebatadora, mesmo. Sozinha, justifica o passeio.
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Sabe o que eu acho mais fascinante? É ver a vida cotidiana acontecendo em um cenário desses |
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As cuevas de Sacromonte: essas casas foram escavadas na montanha, aproveitando grutas naturais |
Com um bom mapa e um guia das principais atrações, você pode descobrir sozinha os recantos mais bonitos do Albaicín. O maior prazer de andar pelo bairro é se perder pelas ruazinhas tortuosas.
O melhor jeito de chegar ao Albaicín é caminhando bem devagarzinho, pois a subida é muito íngreme. Escolha qualquer uma das ruelas que começam na margem Oeste da Carrera del Darro e pronto.
Se preferir poupar o fôlego, suba com o ônibus 31, que tem uma parada na Plaza Nueva, próxima à Real Chancillería.
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O Albaicín e Sacromonte vistos da Alhambra |
Fiz o passeio guiado pelo Albaicín com uma agência chamada Play Granada, que tem ênfase em tours de segway pela cidade, mas também oferece passeios a pé e em bicicleta elétrica.
Gostei muito da guia que acompanhou meu grupo (seis pessoas), que pareceu ter bastante conhecimento histórico sobre o Albaicín.
O escritório da agência fica na Calle Santa Ana nº 2, que é mais uma escadaria do que uma rua, iniciada na Plaza de Santa Ana.
Por essa caminhada de duas horas pelo Albaicín e Sacromente eles cobram € 25 por pessoa.
A Espanha na Fragata Surprise - post-índice
A Europa na Fragata Surprise
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Oi, Cyntia! Adorei o seu post, parabéns!
ResponderExcluirEstou programando uma ida à Granada com a minha mãe em março do ano que vem e gostaria de saber se seria perigoso circularmos sozinhas pelas ruas do Albaicín. Tenho boa noção de direção e já fiz até um mapa com o nosso itinerário, destacando os principais pontos. Mas olhando o street view, achei as ruas estreitas e meio desertas.
Isso procede? Ou há bastante movimento de pessoas nessas vielas estreitas?
Abs
Fernanda
Oi, Fernanda,obrigada :)
ExcluirOlha, eu andei pelo Albaicín de dia e de noite, sozinha, sem problemas. As ruas são estreitinhas, mesmo, mas o bairro tem movimento de turistas e moradores (e olha que eu fui no inverno, quando costuma ter menos gente nas ruas).
Tome os cuidados que você tomaria em qualquer cidade, confie no seu instinto diante de situações suspeitas (que acontecem em qualquer lugar) e aproveite o passeio.
abs
Muito obrigada pelo retorno rápido, Cyntia!
ExcluirFico mais tranquila de saber que há certo movimento. Mas ficarei de olho por precaução.
Valeu pela dica! :)
Abs
Como não amar este bairro? Além das suas fotos lindas o texto foi dos poucos (senão o único) que consegue evocar a alma daquele bairro, parabens.
ResponderExcluirObrigada 😊. O Albaicín é mesmo encantador. A alma de Granada está lá.
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